Capítulo 940: Tantas Questões

— Sim, fiz algum progresso com a Manipulação de Zephyx recentemente — disse um homem de cabelo azul com um sorriso orgulhoso.

— Oh? — disse o Escudo à sua frente.

O homem assentiu e ficou em silêncio por um momento.

Depois disso, o homem de cabelo azul, um Protetor no Pináculo, começou a explicar em detalhes sobre a Manipulação de Zephyx.

O Escudo ouvia com interesse.

— Hã? — ele perguntou de repente.

— As terceiras linhas triangulares — disse o Protetor. — Você sabe quais são.

— Sim, claro — respondeu o Escudo.

Enquanto o Protetor continuava explicando, o Escudo intercalava sons de confusão de tempos em tempos.

Esses sons não eram incomuns, pois sempre surgiam durante partes muito complexas da explicação.

No entanto, ao relembrar essas conversas, o Campeão percebeu que havia algo suspeito.

“Eles não perguntam nada específico”, pensou. “Se realmente não entendessem partes da explicação, fariam perguntas mais diretas.”

“Em vez disso, apenas emitem sons de confusão.”

O Campeão entendeu imediatamente o que estava acontecendo.

“São duas conversas ao mesmo tempo. Uma é falada, e a outra é feita por transmissão de voz.”

O Campeão observava o mundo inteiro o tempo todo, mas seu foco era limitado.

Ele tinha o poder de escutar transmissões de voz com sua habilidade, mas havia tantas ocorrendo ao mesmo tempo…

Ele vinha observando o mundo há séculos e precisava priorizar sua atenção.

Uma conversa aleatória sobre Manipulação de Zephyx entre um Escudo e um Protetor no Pináculo não estava na lista de prioridades.

Após um tempo, a conversa se tornou mais animada.

O Escudo começou a fazer perguntas mais diretas e demonstrar interesse genuíno no assunto.

“Nesse ponto, a manipulação já foi realizada”, pensou o Campeão.

“A explicação longa no início levou cerca de três minutos, e foi isso o que o Trapaceiro precisou para manipular os Escudos.”

“Que habilidade aterrorizante.”

“Com apenas uma breve conversa, o Trapaceiro consegue transformar Escudos em servos leais.”

“Mas como ele soube da habilidade de rastreamento?”

“Eles contaram a ele?”

“A habilidade de rastreamento também funciona como uma habilidade perceptiva do lado deles. Os Escudos podem rastrear Zephyx básico com ela. Eles não sabem que ela também emite um tipo especial de Zephyx que os torna rastreáveis.”

“As Linhas de Manipulação de Zephyx são tão complexas quanto consegui torná-las, e tenho certeza de que nenhum dos Escudos consegue decifrar o verdadeiro propósito dessa habilidade.”

“Isso significa que o Trapaceiro não poderia ter descoberto o propósito real só conversando com eles. Afinal, nem eles sabem.”

“Além disso, o fato de ele começar com uma conversa sobre Manipulação de Zephyx também é suspeito.”

“Não sei como, mas ele descobriu sobre a habilidade de rastreamento antes mesmo de falar com qualquer um deles.”

Nesse momento, um Espectro morto há muito tempo surgiu na mente do Campeão.

“A Inveja também tinha a habilidade de decifrar as habilidades dos Extratores, mas ela precisava olhar fisicamente para o Sincronizador Zephyx do Extrator para fazer isso.”

“O Trapaceiro consegue decifrar habilidades apenas olhando para um Extrator?”

“Mas como isso seria possível?”

“Não há dúvida de que o Trapaceiro é muito conhecedor de Manipulação de Zephyx, mas decifrar as habilidades de alguém só olhando para ele é como tentar entender como funciona uma estação de tratamento de esgoto apenas observando a água que sai no fim.”

“Há múltiplas formas de alcançar um efeito, e só olhar para o resultado não é o suficiente para descobrir qual método foi usado.”

Mas então, o Campeão pensou na Enfermeira Alice.

“A Enfermeira Alice também sabe todas as minhas habilidades. Mantive várias delas em segredo justamente para poder suprimí-la, mas ela sempre esteve preparada para elas.”

“A Enfermeira Alice ensinou essa habilidade ao Trapaceiro?”

“O Trapaceiro é extremamente inteligente, mas não acho que ele tenha a capacidade de criar uma habilidade tão avançada. No futuro, talvez, mas agora é cedo demais.”

“Mas por que a Enfermeira Alice o ajudaria?”

O Campeão refletiu sobre essa pergunta por um tempo, mas não conseguiu encontrar uma resposta.

A Enfermeira Alice era um Espectro, e não havia nada que o Trapaceiro pudesse fazer que ela não pudesse também.

Espectros não compartilhavam conhecimentos importantes de graça.

“A única coisa que tornaria isso possível seria se o Trapaceiro pudesse ameaçar a vida da Enfermeira Alice, mas isso é impossível.”

“Consigo matar o Trapaceiro se tiver uma oportunidade.”

“Não consigo matar a Enfermeira Alice, ela é rápida demais.”

“A Enfermeira Alice é mais forte e mais rápida que o Trapaceiro. Não há como ele ameaçar sua vida.”

“Seria o Sol?”

“O Sol quer transformar o Trapaceiro em um Eterno?”

“Mas então, não teria sido o Sol quem lhe deu essa habilidade?”

“Isso não faz sentido.”

“A humanidade já superou quase todas as nossas amarras.”

“Essa era é um sucesso.”

“A tecnologia está progredindo num ritmo aceitável. O próprio Sol disse isso.”

“Os humanos estão ficando mais fortes.”

“Finalmente temos uma chance de romper e impedir a invasão alienígena para a qual o Sol está nos preparando.”

“Por que o Sol precisaria de outro Eterno?”

“Também suspeitei que o Sol tenha dado sua bênção para que o Trapaceiro matasse a Boca. Caso contrário, o Trapaceiro já não existiria.”

“Por quê?”

“Não faz sentido.”

Foi quando o Campeão se lembrou das perguntas que o antigo Braço Direito e o Inferno haviam feito a ele.

Ele não conseguira responder à maioria delas, mas isso era de se esperar.

Afinal, eles fizeram perguntas com respostas incognoscíveis.

“Os dois também agiam de forma muito diferente dos outros servos, e a demonstração de obediência no final parecia quase forçadamente falsa.”

As perguntas que os dois Escudos haviam feito ao Campeão voltaram à sua mente, uma após a outra.

Por que o antigo Campeão queria matar o Sol?

Um Demônio poderia manipular um Escudo?

Por que o Nulo existia?

— O que vai acontecer agora? — perguntou um dos dois Escudos à frente do Campeão.

O Campeão não ouviu.

Ele acabara de se lembrar de algo.