Capítulo 232 - A Verdade Sobre Este Mundo — Adendo
『 Tradutor: Crimson 』
≪Aviso do Servidor do Sistema Fronteira do Caos≫
≪Uma ‘Convocação’ destinada a Kudou Kazuto chegou≫
≪Deseja acessar o Servidor do Sistema Fronteira do Caos?≫
“……”
Fico confuso com termos que estou ouvindo pela primeira vez.
O que aconteceria se eu escolhesse ‘sim’, afinal?
“… Tô curioso, mas talvez seja melhor esperar a Liberel sair de lá…”
Ela provavelmente saberia de alguma coisa.
Logo deve sair da ‘Área Sagrada’, e quando isso acontecer, eu posso consultar…
≪Confirmado≫
≪Acessando o Servidor do Sistema Fronteira do Caos≫
“… Hã?”
Por quê?
Eu nem respondi ainda.
No mesmo instante, a paisagem ao meu redor se distorce como se fosse derreter, e minha consciência é engolida pela escuridão.
***
“… Onde é isso?”
Quando percebo, estou em um espaço estranho.
Incontáveis engrenagens flutuam no ar, e entre elas correm feixes de luz, também incontáveis.
Não há chão — e mesmo assim, apesar de eu estar simplesmente suspenso, sinto claramente como se estivesse de pé.
≪Bem-vindo ao Servidor do Sistema Fronteira do Caos≫
Uma voz fala.
É a mesma voz que sempre ouço nos anúncios.
Normalmente ecoaria dentro da minha cabeça, mas agora vem… de baixo.
Olho, e vejo uma garota pequena.
Uma menina completamente branca, com longos cabelos prateados e olhos dourados.
Ela lembra um pouco a Liberel.
A garota branca faz uma reverência.
≪Por aqui≫
A menina começa a andar à minha frente, dando passinhos curtos.
“Ah— espera…”
Eu a sigo.
Estranho… mesmo sem piso, meus passos se movem normalmente.
Depois de caminhar um pouco, chegamos a um espaço onde engrenagens maiores e uma infinidade de molduras flutuam suspensas.
“O que é isso…?”
Nas inúmeras molduras, aparecem imagens diversas:
Um Alto Orc lutando.
Uma domadora de monstros invadindo uma escola.
Imagens do Titã destruindo a prefeitura com projéteis.
Imagens da Peônia devorando por completo a nossa cidade.
Todos os monstros que aparecem são inimigos que já enfrentei.
Mas…
(Eu… não apareço em nenhuma?)
Não só eu — Momo e Aka também não.
Nem Ichinose-san.
E além disso, as situações mostradas são diferentes.
O Alto Orc está lutando no shopping contra Nishino e Rikka.
A Domadora de Monstros não usa o Schwarz — só força bruta, esmagando a escola com números.
O Titã já começa usando seus clones, cobrindo o prédio da prefeitura com uma chuva de entulho.
O que é isso…?
≪Isto é uma ramificação. Uma possibilidade do mundo onde você não adquiriu ‘Precocidade’≫
A menina branca, que deveria estar caminhando à minha frente, agora estava ao meu lado.
Quando ela…?
“Ramificação…? Isso quer dizer que, se eu não tivesse ganho ‘Precocidade’, o mundo teria ficado assim?”
≪É apenas uma possibilidade. Uma ramificação já apagada — um mundo que não pode existir≫
Um mundo paralelo, então?
≪O mundo está cheio de possibilidades. Usando o estado atual como base, prevemos ramificações para minimizar danos futuros ao Sistema. Usuários das Cinco Grandes Habilidades, Habilidades dos Seis Reis e Habilidades dos Sete Pecados têm impacto especialmente grande≫
… É como previsão computacional avançada?
Tipo meteorologia… ou sistemas de alerta de desastres.
≪Sua interpretação está quase correta≫
Parece que acertei.
Mas sério, podia parar de ler meus pensamentos assim.
≪A transmissão mental é mais rápida e evita erros de interpretação. A eficiência é prioridade≫
“Tá, tá. Entendi… Mas então, por que me trouxe pra cá? Eu nem escolhi ‘sim’. Isso tem a ver com a tal ‘Permissão de Administrador’ que ganhei agora há pouco?”
≪Ali≫
A menina branca aponta para um local.
Ali flutua uma moldura muito maior que as outras.
E o que aparece nela é uma paisagem totalmente distinta de tudo até agora.
Não é o Japão moderno — lembra a Europa medieval.
≪Aquele é o outro mundo, que em breve será fundido a este≫
“O outro mundo… Você quer dizer o mundo de onde vieram a Liberel-san, Aiba-san, e os monstros…?”
A menina branca acena afirmativamente.
Aquele é o mundo apontado como origem de tudo — e que, segundo Liberel, está prestes a atingir o fim de sua vida útil.
Mas as pessoas das imagens parecem felizes, vivendo normalmente.
Nada lembra um mundo à beira do colapso.
(Então só a alta hierarquia sabe?)
Provavelmente.
Divulgar algo assim para cidadãos comuns causaria apenas pânico.
Sinto uma mistura estranha de emoções ao encarar aquelas pessoas.
São iguais a nós — apenas vivendo suas vidas, sem imaginar o que se aproxima.
“… Hm?”
De repente, a imagem treme.
Ela muda, e o novo cenário é completamente diferente.
Um quarto frio, despido de qualquer aconchego.
E nele, um homem e uma mulher.
『Por quê? Por que a mamãe tem que morrer!? Me diz, por quê!?』
『Já chega, Liberel. A decisão já foi tomada. Afastem-na daqui.』
『Não! Eu não aceito uma coisa dessas! Se esse é o método que vocês vão usar, então eu—!
Um deles é a Liberel.
A outra pessoa é um jovem com olhos afiados, como um leão dourado.
Liberel, normalmente tão calma e racional, gritava a plenos pulmões.
O jovem permanecia frio — mas o simples fato de ele conseguir segurá-la imobilizada revela que é um guerreiro extremamente poderoso.
O jovem grita, como se tentasse convencer a Liberel.
『Para evitarmos a destruição, não temos outra escolha! Você mesma concordou com isso!』
『Eu não sabia que isso significava sacrificar a minha mestra — minha mãe! E nem sabemos se o mundo-base vai nos aceitar! É um plano cheio de incertezas demais pra dar certo!』
『Eu já disse que temos contramedidas! Tsc… Shuri! Glenn! Mantenham-na detida! Não deixem que ela se aproxime até o ritual terminar!』
『Sim, senhor!』
『Randall! Você só pode estar— gah!?』
Do nada, um homem de cabelo vermelho e uma mulher de cabelo preto aparecem e prendem a Liberel.
O jovem loiro a golpeia, fazendo-a desmaiar, e os dois levam seu corpo para fora da sala.
O jovem, agora sozinho, respira fundo.
『Realmente… sua filha é igual a você em tudo — Sábia tola.』
O olhar dele se volta para outra mulher que estava ali.
Idêntica à Liberel, mas um pouco mais velha.
Correntes a envolviam completamente, e ao redor dela flutuava uma quantidade absurda de círculos mágicos.
(Então… a Sábia era a mãe da Liberel…)
Eu já desconfiava, pelo jeitão da Liberel e do Aiba, mas agora era certeza.
Por isso a Liberel estava tão furiosa naquela memória.
『Escolher uma única pessoa em vez do mundo inteiro… não acha isso insensato? Com apenas um sacrifício, nosso mundo poderia ser salvo. Se eu pudesse, eu mesmo me ofereceria para ocupar o lugar dela.』
O jovem estende a mão em direção à mulher acorrentada.
『E… mesmo assim, o que estou prestes a fazer agora… sei que nem você, nem ela me perdoariam.』
Uma parte dos círculos mágicos ao redor muda de forma.
『Primeiro, vou transferir somente os monstros que habitam este mundo. Não sei o quanto isso vai reduzir a população do mundo-base, mas é melhor do que não fazer nada. Além disso, quem sabe o Rei dos Mares, o Rei Dragão, a Árvore Divina e a Besta da Lâmina não acabem se matando entre si.』
“—!!”
Assim que ouvi aquelas palavras, senti uma onda de fúria subir pelo meu corpo —
como se meu sangue tivesse entrado em ebulição.
— Eu achei que tinha criado um sistema perfeito… mas quem o operava não era perfeito.
Pelo contrário, eram terrivelmente egoístas e tolos.
A Liberel tinha me dito isso uma vez.
Que alguém havia corrompido o sistema da Sábia, distorcendo tudo para atender à própria conveniência.
(Então foi ele… Foi por causa dele que tudo isso aconteceu…!)
Seguro meus punhos trêmulos com força.
No vídeo, o jovem continuava reescrevendo um círculo mágico após o outro —
provavelmente reescrevendo o Sistema inteiro.
Depois que todas as alterações terminaram e o jovem deixou a sala, a imagem finalmente se encerrou.
“… Foi para me mostrar isso que você me trouxe até aqui?”
≪……≫
A menina branca permaneceu em silêncio.
Mas balançou devagar a cabeça negativamente.
≪Isto≫
A menina branca estende a mão.
Na palma dela surge uma esfera completamente branca de luz.
A bola flutua suavemente no ar — e então se dissolve contra o meu corpo, sendo absorvida.
“O que… foi isso agora…?”
≪Com isso, a transferência da ‘Permissão de Administrador’ está concluída≫
Permissão de Administrador…?
Aquela esfera que entrou em mim?
Que tipo de coisa isso permite fazer?
≪É possível intervir, alterar e sobrescrever o Sistema Fronteira do Caos≫
Ou seja… eu posso fazer qualquer coisa?
≪Se for algo derivado do Sistema, sim — tudo≫
Caramba… Isso é literalmente poder de um deus.
≪Porém, sem possuir a Chave Mestre, a Permissão de Administrador só pode ser ativada uma única vez. Após isso, na segunda tentativa, o corpo e o cérebro de Kudou Kazuto sofrerão uma sobrecarga de informação e poderão ser destruídos. Além disso, mesmo a primeira utilização causa uma carga extrema≫
Uma vez só, então… Mesmo assim, considerando o que ela faz, é uma habilidade completamente absurda.
Espera…
A Liberel tem uma réplica da Chave Mestra, não tem?
Se eu usasse aquilo… poderia ativar esse poder várias vezes?
Eu poderia pegar qualquer habilidade, aumentar meus atributos infinitamente, impedir a Força Expedicionária de chegar aqui…
Isso é perigoso. É poder demais.
≪… Kudou Kazuto≫
A menina branca olhou diretamente para mim.
≪Chamas intensas demais queimam até o próprio portador. Eu acredito que você fará bom uso desse poder≫
A voz dela, pela primeira vez, soou preocupada — sincera.
≪E mais…≫
Ela dá um passo à frente e encosta sua pequena mão em meu peito.
≪Aquela garota — confie na Liberel. Não importa o que ela faça daqui em diante. Você… só você precisa acreditar nela≫
Meu corpo começa a desaparecer aos poucos.
“Você é… não me diga que…”
Mas as palavras não chegam ao fim.
『Até logo』
A menina branca acena gentilmente.
E de novo, minha consciência se apaga.
***
“!!? O que… foi aquilo…?”
Olho ao redor e vejo o mesmo lugar destruído onde a batalha terminou.
“Kuuhn?”
“…? (furu furu)”
“Kyuu?”
Momo e os outros me encaram, preocupados.
(Minhas feridas, minha roupa suja… tudo igual. Então minha consciência foi levada pra lá, mas meu corpo ficou aqui…)
Sora me encara com um olhar meio severo.
『Kazuto, mesmo com a batalha terminada, baixar a guarda nem por um instante é perigoso demais, não achas?』
“Um instante…”
Então aquilo tudo aconteceu… em apenas um instante?
O Servidor do Sistema Fronteira do Caos.
Aquela menina branca.
A Permissão de Administrador.
O passado da Liberel… e daquele jovem…
(Tem muita coisa na minha cabeça agora, mas… preciso focar no que está diante de mim primeiro.)
O efeito do Hino do Herói vai acabar em breve.
Liberel e Schwarz ainda não saíram da Área Sagrada, mas devem aparecer a qualquer momento.
Concentro-me e ativo a detecção de longo alcance.
(… Há alguns sinais de monstros, mas nenhum deles hostil…)
Provavelmente são os subordinados do Schwarz, mencionados no e-mail da Ichinose-san.
Nesse caso, é melhor enviar aquela Formiga Soldado que eu havia protegido.
“Momo, por favor.”
“Au!”
Retiro a Formiga Soldado da sombra e a envio na direção da Ichinose e dos outros.
Eles não parecem ter intenção de lutar — deve ficar tudo bem.
“E agora… aquilo.”
Olho para o ponto onde Arroganz desapareceu.
Cravada no chão, está a espada mágica que ele deixou para trás.
“É melhor eu pegar isso também.”
Guardo a espada mágica na Caixa de Itens.
No menu, ela aparece listada como “Espada Mágica Arroganz”.
Arroganz… por que o nome da espada é o nome dele?
“Hm?”
De repente, a espada se materializou sozinha.
O quê…?
Instintivamente, seguro a espada — e DOKUN, algo estranho pulsa dentro de mim, como se algo fluísse para o meu corpo.
≪Novo portador confirmado≫
≪Registrando Kudou Kazuto como portador da Espada Mágica ‘Arroganz’≫
O anúncio ecoa na minha mente.
Então isso significa que… agora eu sou o dono desta espada?
E então, uma voz surge dentro da minha cabeça novamente.
『Sinceramente… mesmo após a batalha acabar, tocar numa espada mágica sem nem usar “Identificação”… te falta senso de perigo, não acha?』
“… Hã?”
Essa voz… não pode ser…
A espada brilha como se estivesse dizendo sim à minha suspeita.
『Ah, faz pouco tempo que nos vimos, Kudou Kazuto』
KIEEEEEEEE— A ESPADA FALOOOU!!??

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