Capítulo 105 - Desespero [1/2]
O Byk riu, com um brilho divertido nos olhos.
— Que a Grande Mãe me poupe de destinos tão terríveis. Sem ofensa, mas para ser um parceiro de acasalamento decente você é muito magro, muito pequeno, sem pelos e muito humano.
Graças à sua sensibilidade de mana recentemente descoberta, Lith percebeu que o Byk não estava realmente falando. Ele estava usando magia do ar para transformar os sons da floresta em palavras para ele entender.
— Não ofendido. Para ser honesto, estou feliz em ouvir isso. Até onde sei, estou interessado apenas em mulheres humanas. Só de pensar o contrário estava me assustando. — Ele respondeu.
— O que é um amigo? — O Byk perguntou rindo.
— Excelente pergunta. — Lith suspirou. — Em teoria, é alguém que se importa com você tanto quanto você se importa com ele. Alguém em quem confiar durante os momentos difíceis ou quando você estiver em apuros.
— Parece uma mãe ou uma líder de matilha.
Talvez fosse porque era jovem, ou talvez apenas porque era um animal, mas Lith tinha a impressão de que a conversa não levaria a lugar nenhum.
— Você sabe alguma coisa sobre o castelo? — Lith apontou para as torres da academia, claramente visíveis acima da linha das árvores.
— A montanha feita pelo homem? Claro, todo mundo sabe sobre ela. É o lugar onde os filhotes de pelo branco como você residem.
Lith estava prestes a dar uma palmada na testa em frustração, mas então o Byk lhe fez uma pergunta estranha.
— Agora que você mencionou, pode me explicar por que seus colegas de toca ficaram loucos?
— Do que você está falando? — Lith respondeu confuso.
— Até o inverno passado, o povo da floresta e o povo das montanhas artificiais coexistiam pacificamente. Claro, de tempos em tempos uma grande briga acontecia, mas essa é a natureza da natureza selvagem. O forte vive, o fraco morre. — Ele deu de ombros.
— Mas agora as coisas são diferentes. Os de pelo branco vagam pela floresta não por comida ou ervas, eles agora nos caçam ativamente, tentando nos matar. E quando digo nós, quero dizer jovens feras mágicas, se não ninhadas.
Aquela notícia não fazia sentido. De acordo com o que Selia disse a Lith no passado, um filhote não tinha valor de mercado, nem morto nem vivo. A pele era muito áspera em comparação a um espécime adulto, e ninguém jamais conseguiu domar um.
Bestas mágicas não eram apenas poderosas, elas também eram obstinadas. Se um filhote fosse alimentado e cuidado adequadamente, ele logo seria capaz de escapar, ou pelo menos morreria tentando. Se não, eles simplesmente morreriam de fome ou de abuso.
Além disso, matar um filhote estava fadado a incorrer na ira de seus pais, era um movimento de alto risco e sem recompensa. Um caçador de vagabundos pode não se importar, mas para os alunos da academia era suicídio fazer isso.
Eles poderiam encontrar as feras novamente durante uma prova, ou pior ainda, quando estivessem sozinhos, e isso significaria receber uma nota baixa por receber ajuda de um professor ou morrer.
— Felizmente, a maioria deles é furtivo como uma tempestade, então apenas alguns foram mortos. Depois que retaliamos, o Senhor da floresta nos disse para recuar, para tentar resolver as coisas com o Senhor da montanha.
— Mas então as coisas pioraram ainda mais. Mais e mais estranhos chegaram, fortes o suficiente para matar adultos. — O Byk apontou para os caçadores inconscientes com seu focinho.
Lith conseguia entender como aqueles eventos estavam relacionados ao Diretor. Era uma manobra de pinça, para tornar a academia perigosa tanto dentro quanto fora de seus muros. Se um aluno morresse ou desaparecesse na floresta, especialmente durante um exame, jogar a culpa em Linjos seria brincadeira de criança.
O que ele não entendia era porque tais eventos estavam ligados à sua própria alma. Ainda havia algo errado, ele podia sentir que a visão ainda não havia se revelado. O coração de Lith começou a bater forte em seu peito.
Um medo irracional estava picando sua mente como inúmeras agulhas, suor frio cobrindo seu corpo. Ele não tinha ideia do que deveria fazer ou encontrar, mas sabia que a janela de oportunidade estava prestes a se fechar.
A única carta que lhe restava para jogar eram os caçadores. Ainda era dia claro, e ele não podia se dar ao luxo de ser descoberto ou interrompido, então ele trocou de roupa novamente e lançou o feitiço Silêncio ao redor deles.
Agora, não importa o que ele fizesse ou o quanto gritassem, ninguém os ouviria. E mesmo que alguém tropeçasse nele, tudo o que ele veria seria um caçador matando a competição.
Ele acordou todos eles com um jato de água gelada. Eles descobriram que tinham as mãos e os pés presos dentro da terra abaixo deles, que Lith tinha transformado em pedra. Suas bocas estavam cheias de argila, impedindo-os de falar.
Lith os havia revistado um por um, até mesmo na boca, pegando todos os itens encantados ou alquímicos que possuíam, deixando apenas suas roupas. Eles estavam à sua completa mercê, mesmo conjurar a primeira magia seria incrivelmente difícil.
Ele tirou a mordaça da mulher corpulenta, ela era a menos propensa a saber algo útil, então era a escolha perfeita para dar o exemplo para as outras duas.
— Liberte-me e lute como um homem, se tiver coragem, seu filho da puta! — Ela cuspiu nele, seu cabelo castanho molhado dançava descontroladamente enquanto ela lutava para se libertar, ignorando a dor de suas fraturas.
A resposta de Lith foi atacar bem no esterno quebrado, fazendo-a tossir sangue e a agonia nublando seus olhos com lágrimas.
— Vocês perderam lutando três contra um, quando estavam no auge da sua condição. Você estar livre ou presa não mudaria o resultado. — Ele disse tentando esconder a necessidade desesperada que tinha por informação.
— Diga-me quem são vocês e o que estão fazendo aqui.
Ela riu na cara dele, mostrando um sorriso de lobo e desafio.
— O homenzinho tem um cronograma, uh? Faça o seu pior. Mate-me, eu não dou a mínima. Espero que seu mestre lhe dê uma morte de cachorro pelo seu fracasso.
Outro calafrio invadiu o corpo de Lith, imagens da viagem excruciante de táxi apenas para encontrar o corpo morto de Carl o empurraram para o abismo, fortalecendo-o o suficiente para deixar o abismo que habitava dentro dele vagar livre mais uma vez.
— Você acabou de cometer seus dois últimos erros. Primeiro, eu não sirvo a nenhum mestre, segundo, você não tem ideia do que é o meu pior. Eu sou um curandeiro. — Essas palavras tinham a intenção de ser uma ameaça, mas ela achou hilário.
— Um curandeiro? Então me cure para que eu possa arrancar sua cabeça do seu pescoço.
Lith removeu a luva da mão direita e colocou-a sobre a barriga esculpida dela, logo acima do plexo solar.
— Se você quer me estuprar, esse é o lugar errado, garoto. — Lith a ignorou.
— Veja, um curandeiro é obrigado a conhecer o corpo humano melhor do que qualquer outra pessoa. Sabemos como lidar com a dor máxima enquanto mantemos nosso paciente vivo.
Após usar Revigoração nela, ele localizou seu núcleo de mana. De acordo com o Professor de Alquimia, enviar mana para o corpo de outra pessoa era como injetar veneno. Lith agora estava curioso para ver o que aconteceria se ele injetasse sua mana diretamente no núcleo de mana dela.
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