Índice de Capítulo

    “Por que você não disse a ela que o derrotou sozinho?”

    Solus ficou surpresa com a reviravolta repentina dos acontecimentos.

    “Porque ela não me perguntou como eu consegui, ou se eu tive ajuda. Ela se precipitou e assumiu que era um esforço de equipe. Isso significa que eu não enfraqueci a planta Abominação o suficiente, ou simplesmente que uma criança matando um monstro é algo inédito.”

    Ansioso para mudar de assunto, Lith tirou do bolso dimensional a caixa de madeira que Rodimas havia lhe entregado e uma letra codificada aleatoriamente.

    A marquesa Distar lançou um olhar para a carta e, sendo incapaz de entender seu significado, apenas a copiou com magia de água. Um movimento de seu pulso e a tinta voou do poço para um pedaço de papel em branco, recriando o original em alguns segundos.

    Quando a réplica em tamanho real da caixa apareceu, sua expressão tornou-se severa.

    — Não reconheço a fechadura, mas conheço essas runas. Esta não é apenas uma caixa de madeira, é um item dimensional de ponta, capaz de armazenar estruturas complexas em vez de objetos únicos. Poderia até conter uma casa inteira mobiliada.

    — É definitivamente algo que um caçador de bestas mágicas nunca poderia pagar, muito menos dar para um estranho. Dependendo do que estiver dentro, pode valer milhares de ouro, se não dezenas de milhares. Mas por que você está mostrando para mim em vez de Linjos? E por que tem medo disso?

    Depois de respirar fundo para acalmar os nervos, Lith contou a ela tudo sobre a visão e como ela terminou, junto com sua hipótese sobre ela.

    — A última vez que falamos, você me disse que está do lado da Rainha. Se o que a dríade me mostrou for verdade, então preciso de toda a ajuda possível para evitar que esses eventos aconteçam.

    — Com todo o respeito, o diretor é um bom homem, mas provou ser um tolo ingênuo demais para ser confiado a um assunto tão delicado. Ele esperava que as pessoas não precisassem de Votos de sentença, mas agora elas estão todas em uso.

    — Ele não previu que suas mudanças radicais saíriam pela culatra tão rápido e tão forte, ou se previu, seu plano de contingência deve ter falhado feio. Além disso, ele não me conhece, você conhece. Para ele, eu poderia muito bem ser um garoto com saudades de casa pregando uma peça.

    — Não tenho tempo para fazê-lo me ouvir e acreditar em uma história ridícula sobre dríades, almas e visões.

    — Preciso de alguém capaz de ver o quadro geral e reagir de acordo. Seja o que for, suas ramificações vão além da academia.

    A marquesa tamborilou os dedos na mesa, ponderando sobre as palavras de Lith. O julgamento dele sobre o caráter de Linjos foi duro, mas ela concordou plenamente com ele.

    E embora a Diretora levasse em conta apenas as possíveis consequências para a academia e seus preciosos alunos, ela era capaz de entender também as repercussões políticas que os eventos descritos por Lith poderiam ter.

    Seu feudo já estava dilacerado por inimigos internos e externos, tentando substituí-la por alguém mais maleável para um lado ou outro do conflito. Se uma tempestade realmente estivesse se formando sob seu nariz, ela poderia se dar ao luxo de ignorar um aviso tão oportuno?

    A resposta era não. Depois de todos os sacrifícios que ela fez tentando proteger sua filha e seu marido, após as tentativas frustradas de assassinato, essa foi a primeira pista que a marquesa teve que lhe permitiu agir em vez de reagir.

    Além disso, daria a ela uma oportunidade de provar seu valor e lealdade à Coroa em um momento de necessidade, potencialmente colhendo benefícios infinitos. Todas as coisas que tornavam essas informações mais valiosas para ela, mas eram insignificantes para Linjos.

    O dedicado diretor não tinha interesse em política, sua mente parecia incapaz de considerar qualquer coisa fora dos limites da academia. O que o tornava um excelente professor, também o tornava um peão terrível.

    “Eu me pergunto se ele levou todos esses fatores em consideração antes de entrar em contato comigo. Seria incrível para um jovem de origem humilde ser tão astuto. Ele pode ser um grande trunfo no futuro.” Ela concluiu.

    “Pelo que vi no passado, a Marquesa não é uma nobre sedenta por poder. Ela realmente se importa com sua família. Além disso, ela é a pessoa mais poderosa e influente que conheço.

    Se a guerra civil realmente acontecer, uma vila remota como Lutia seria simplesmente um dano colateral. É a cidade dela, Derios, a capital do Marquesado, que seria a primeira a ser queimada até o chão durante as lutas.

    Ela tem muito mais a perder em comparação a mim.”

    Em nenhuma de suas existências Lith se importou com esquemas. Seu raciocínio era simples, mas direto.

    — Tudo bem. — Com essas palavras, Lith suspirou de alívio, finalmente seu corpo conseguiu relaxar, a tensão acumulada desapareceu rapidamente.

    — Não importa o quão louca sua história pareça, eu acredito em você. Só tem um problema. É impossível abrir Passos de Dobra dentro da academia sem a permissão de um membro da equipe.

    — Portanto, para colocar as mãos naquela caixa, preciso falar com Linjos primeiro. Ele provavelmente vai convocar vocês, crianças, para ouvir o seu lado da história. Se eu fosse você, esperaria que ele ficasse bem puto com a sua falta de confiança.

    Lith olhou para o holograma com olhos inflexíveis e uma expressão séria, sem dizer uma palavra.

    — Essa é a atitude, enfrente-o assim e você não terá nada a temer.

    Mais olhares e silêncio se seguiram.

    — Lith? — Ela perguntou começando a ficar preocupada.

    — Está tudo bem?

    Seus olhos permaneceram aguçados, mas um leve ronco se tornou audível.

    — Você realmente dormiu com os olhosnabertos? Acorde! — O som do punho dela batendo na mesa fez o truque.

    — Desculpe, fiquei distraído por um segundo. — Ele disse, ganhando tempo para Solus colocá-lo a par do assunto.

    — Eu esperarei a ligação do Diretor junto com meus companheiros. Conforme seu pedido, eles ainda estão alheios à nossa parceria. Você quer manter as coisas desse jeito ou posso informá-los?

    —A essa altura, não importa mais. Não sei que desculpa você usou para ficar sozinho e fazer essa ligação, mas se você não começar a dizer a verdade, vai perder a confiança deles.

    Após encerrar a comunicação, Lith correu para o quarto de Quylla, onde seus colegas de escola deveriam passar o dia todo praticando magia tripla e dimensional.

    “Que azar. Pensar que sou obrigado a pedir ajuda a um bando de crianças.”

    “Você não reclamou que ficou obsoleto como pessoa há algumas horas? Talvez esta seja uma boa ocasião para começar a se abrir. Seja positivo pelo menos uma vez.”

    “Sim, eu reclamei. Mas eu estava falando sobre coisas estúpidas como compartilhar sentimentos, hobbies e todo esse jazz. Não potencialmente confiar alguns dos meus segredos a outros!”

    Em sua mente, Lith podia ver muitos obstáculos crivando o caminho que ele tinha sido forçado a tomar. Linjos podia convocar para seu escritório não apenas Lith, mas também os outros. E diferente da Marquesa, sendo capaz de vê-los calmos e descansados, ele podia ver além das mentiras de Lith.

    Para evitar revelar a capa que ele havia criado ao longo dos anos, Lith precisava que seus chamados “amigos” desempenhassem perfeitamente seu papel. Havia tantas coisas que poderiam dar errado, e ele tinha tão pouco tempo para convencê-los a ajudá-lo.

    O que ele mais odiava era ser pego desprevenido. Sua única opção era torcer para ter sorte pelo menos uma vez na vida.

    Poucos segundos depois de bater na porta, Phloria o deixou entrar.

    O clima na sala era sombrio, todos os presentes tinham rostos abatidos e olheiras. Parecia que tinham terminado um turno em uma mina enquanto lamentavam a morte do avô.

    — Graças aos deuses todos vocês parecem uma porcaria.

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