Capítulo 132 - Desespero [1/2]
Embora sua entrada tenha parecido autoritária e dramática para os membros dos Talons, Lith estava, na verdade, bastante desesperado, assim como Solus. No momento em que o homem sarcástico revelou sua presença, ele soube que tinha acabado de ir de frito para tostado.
Quem quer que fossem aqueles caras, eles dominavam a área da magia espacial a ponto de torná-la uma forma de arte. Lith só podia correr ou voar, mas contra um oponente que dobrava o espaço, teletransportava ou mudava de local, era inútil.
Sua única opção era avançar e matá-los tão rápido que eles nem entenderiam o que os havia atingido. Era hora de testar os limites do seu novo corpo.
“Primeiro, precisamos matar o Guardião.” Pensou Lith, sem saber que era a cabeça de seu alvo que ele estava jogando para o inimigo mais próximo, fazendo com que ambas as cabeças se abrissem com a violência do impacto.
“Nossa única esperança é encontrá-lo antes que ele lance outra formação, senão estamos ferrados. O único lado bom é que os feitiços dos Guardiões são lentos pra caramba.”
“Se concentre na matança.” Respondeu Solus.
“Vou coletar o máximo de informações que puder sobre nossos oponentes. Se eu vir o menor indício de magia do Guardião, eu te conto.”
Infelizmente, a unidade dos Talons era composta apenas por veteranos, então, assim que Lith decapitou Seephit, eles levaram apenas um segundo para se recuperar e se reagrupar. Aquele que Lith havia matado com uma cabeçada nada convencional estava simplesmente perto demais para se esquivar do projétil.
Farion Negal, o General, imediatamente emitiu ordens codificadas, que seus homens estavam prontos para executar. O elemento surpresa já havia desaparecido, e Lith ainda não havia enfrentado mais que nove pessoas.
— Preto dois! Vermelho três! Branco quatro! — Apesar de o alvo ser apenas uma criança, Negal empregou uma tática extremamente agressiva. Seu lema era: não importa o oponente, nunca subestime, nunca relaxe, nunca fale até que a morte seja confirmada.
Os dois especialistas mais habilidosos em combate corpo a corpo o matariam ou, na pior das hipóteses, o manteriam ocupado, enquanto três especialistas em combate de médio alcance os cobririam e dariam tempo suficiente para que os quatro conjuradores de longo alcance pusessem fim à luta.
Amaldiçoando sua má sorte pela enésima vez desde que nascera na Terra, Lith se preparou para enfrentar os inimigos que se aproximavam. Primeiro, ele levou seu núcleo de mana ao limite, emitindo uma aura ciano-clara que envolveu o espaço ao seu redor com uma mana tão densa que o ar começou a crepitar.
Então, ele infundiu seu corpo com todos os seis elementos, enquanto lançava um de seus novos feitiços o mais rápido que podia. Os dois Garras eram um homem e uma mulher, o primeiro usando uma combinação de espada e escudo, a segunda, espadas gêmeas.
A sede de sangue e a loucura distorceram suas feições, a tal ponto que nem mesmo Yurial perderia tempo pensando se ela era gostosa ou não.
“Cuidado! Todo o equipamento deles está no mesmo nível do corpo! Até as tatuagens parecem encantadas.” Solus o alertou.
“Que sorte a minha. Preciso de uma arma para bloquear lâminas encantadas, mas ainda não posso pagar os preços das que tem na academia!”
Um pedaço das tatuagens desapareceu, aumentando sua velocidade como uma poção de alta qualidade e permitindo que alcançassem Lith antes que ele pudesse terminar de conjurar. Elas se posicionaram em direções opostas, forçando Lith a criar um ponto cego em seu campo visual.
Para a surpresa deles, ele nem tentou acompanhar os movimentos dos dois com os olhos. Em vez disso, virou as costas para o homem do escudo, concentrando-se apenas na mulher que empunhava o escudo duplo.
Mesmo assim, eles não perderam o foco, executando um ataque duplo em que cada golpe visava encurralar a presa, tornando os ataques do parceiro mais difíceis de desviar. Mesmo assim, Lith se esquivou de todos eles perfeitamente, mesmo aqueles vindos de suas costas.
A primeira troca foi mais que suficiente para Negal entender o que estava acontecendo, forçando-o a violar seu credo.
— O que vocês estão fazendo, seus idiotas?! Isso é Guarda Total! Vermelho e branco, recuem! — Para impedir que seu alvo escapasse, Negal começou a tecer a matriz mágica antiaérea.
Por uma fração de segundo, os Talons congelaram, pensando que seu General tinha enlouquecido.
Guarda Completa era uma magia comum dos Cavaleiros Magos, que criava uma aura azul esférica com um raio de 1,65 metros ao redor do conjurador.
Graças à Guarda Completa, um Cavaleiro Mago não tinha pontos cegos. Qualquer coisa que entrasse na esfera seria detectada, permitindo-lhe contra-atacar e esquivar com precisão cirúrgica, sem nem olhar.
O que Negal disse, no entanto, não fazia sentido. A aura ciano ao redor do alvo tinha um raio de mais de vinte metros, algo que todos sabiam por experiência ser impossível.
O alcance da magia, mesmo no nível cinco, deveria cobrir apenas o comprimento dado pelo braço mais o comprimento da arma. Quando seu instinto e disciplina entraram em ação, obrigando-os a obedecer à ordem, já era tarde demais.
Lith havia ignorado anteriormente o jargão de treinador de futebol, mas agora, violando seu credo, Negal havia se exposto.
“Guardião às três horas!” Solus gritou no momento em que reconheceu o padrão de energia.
Lith aproveitou a oportunidade, disparando em direção a Negal enquanto estendia os braços, com um movimento que não fazia sentido para seus inimigos. Aquela distância, qualquer feitiço vindo de um anel poderia ser facilmente evitado.
A equipe vermelha e branca recuou, sem parar de conjurar, tentando manter distância da presa enquanto a equipe preta a perseguia avidamente. O problema deles, porém, era duplo.
Lith era rápido demais para seus perseguidores, e ninguém nos Talons sabia da existência da magia espiritual.
Rápidos como uma cobra, tentáculos de mana puro e invisível percorriam o espaço entre o predador e a presa, enrolando-se em volta da cabeça de Negal. Feitiços choviam sobre Lith de todas as direções.
Alguns ele conseguiu desviar, outros ele teve que suportar para não perder o foco, deixando que os efeitos combinados da fusão de terra e seu uniforme bloqueassem a maior parte do dano, enquanto a fusão de luz regenerava os ferimentos assim que eles eram abertos.
A cada passo que dava, a força mágica de Lith se tornava forte o suficiente para superar as proteções encantadas de Negal, deformando horrivelmente sua cabeça antes de estourá-la como um balão.
O alcance da magia espiritual já havia atingido cinquenta metros quando ele salvou a família do Conde Lark.
Agora, a distância podia atingir até onde Lith conseguia enxergar, mas quanto mais longe ele estivesse do alvo, mais fracos seriam os efeitos.
“Certo, o Guardião caiu. Faltam mais oito. Com um pouco de sorte, o choque do meu uso de magia espiritual deve atordoá-los por alguns segundos, me dando tempo de sobra para equilibrar o campo.”
No entanto, a sorte era uma amante inconstante. O que Lith ignorou, sem saber nada sobre forças armadas, exceto o que aprendera nos filmes, era que em unidades tão unidas havia apenas dois tipos de generais.
Aqueles cuja morte destruiria o moral, transformando-os em alvos fáceis, como ele esperava, e aqueles cuja morte transformaria seus soldados em demônios frenéticos de batalha, sem medo da morte.
Farion Negal pertencia à segunda categoria. A maioria dos membros dos Talons eram psicopatas desprovidos de empatia ou assassinos de sangue frio, que não se importavam com nada além de si mesmos.
Matar Negal foi o equivalente a cortar a linha de vida deles; eles não tinham ideia de como sobreviver fora do campo de batalha sem ele. Alguns até ficaram gratos a ele por tê-los resgatado antes da execução.
Cada um deles levou isso para o lado pessoal
Para piorar a situação, a brigadeira Phita Beruit, a segunda no comando, rapidamente recuperou a calma, evitando que a situação se transformasse em caos.
— Preto quatro! Vermelho dois! Branco dois! Não deixem a morte do General passar em branco. Matem-no, porra!
A Brigadeira-General Beruit era ex-membro do Corpo da Rainha. Foi graças ao seu conhecimento do protocolo e dos equipamentos do Corpo que a missão transcorreu tão bem, até a morte de Seephit.
Ao contrário dos outros, ela já vira alguém se movendo tão rápido. Certa vez, Beruit fizera parte da equipe da Rainha e testemunhara sua velocidade desumana. Durante uma emboscada, ela matou três agressores antes mesmo que seus guarda-costas pudessem se mover.
Em sua mente, tudo finalmente fazia sentido, todas as suas perguntas haviam encontrado uma resposta. Por que seis membros do corpo haviam sido enviados para proteger um plebeu insignificante? Por que o pagamento era obscenamente bom, mesmo para os padrões dos Talons?
— Esse filho da mãe é um membro da família real! — Ela gritou.
— Temos que fazer isso rápido, antes que mandem alguém procurá-lo!
Todos na Garra já tinham ouvido a história de Beruit pelo menos uma vez. Ninguém jamais acreditara nela, pensando que era uma autoilusão de quando ela ainda era novata. Mas agora as coisas haviam mudado.
Beruit não conseguia acreditar que Negal tivesse escondido deles uma informação tão valiosa. Ela sabia que nem mesmo o General levava sua história a sério, mas sendo tão meticuloso, aquele ato de descuido, parecia tão fora de seu caráter.
“Eu o quê?!” Lith não conseguiu evitar um sorriso irônico diante daquela bobagem.
“Primeiro, sou filho bastardo do Conde Lark, e agora da Rainha?”
“Mais dois inimigos chegando perto!” Solus o avisou.
Lith só conseguiu suspirar de alívio.
“Exatamente o que o curandeiro me receitou.”
Então, ele ativou o feitiço que havia lançado anteriormente, tornando o mundo ao seu redor escuro.
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