Capítulo 76 - Banquete de comemoração
Todos os que estavam assistindo ficaram tão surpresos que ficaram sem palavras.
Scarlett e o diretor ligaram um para o outro tão rápido que era impossível saber quem tinha ligado para quem.
— O que diabos é essa coisa? — perguntou Linjos.
— Como diabos uma aluna do quarto ano conseguiu o veneno de um Stunner Clacker? — Perguntou Scarlett.
Já tendo obtido sua resposta, Linjos retribuiu o favor.— Ontem aquele grupo foi atacado por Clackers. Um dos alunos foi envenenado, resgatado e conseguiu se desintoxicar. Eu nunca imaginei que ele realmente armazenaria o veneno para uso posterior.
— Filho da… — Scarlett se virou para a briga, onde a situação estava rapidamente mudando.
Termyn conseguiu pousar em segurança, mas suas reservas de energia estavam raspando o fundo do barril. Belia, por outro lado, finalmente pôde mostrar toda sua destreza.
Ao reorganizar o fragmento de gelo que compunha sua armadura, ela foi capaz de mudar o formato e o tamanho de todas as suas partes.
Sacrificando sua defesa, ela transformou seus membros em espadas gigantes, martelos, foices, tudo o que lhe veio à mente que fosse mais adequado para controlar o Cingy no ar, enquanto suas armas conjuradas disparavam ao redor, acumulando dano.
Phloria continuou perto do Ry, enquanto o veneno começava a fazer efeito, tornando seus movimentos lentos e descoordenados.
Lith, em vez disso, podia sentir que algo estava errado. Apesar de todos os seus esforços, depois de alguns golpes, Sentar conseguiu colocar alguma distância entre eles, bloqueando os ataques recebidos com almofadas de ar que dissipavam a força de cada golpe antes que pudesse atingir o corpo do Cron.
“Droga! Solus, me lembre de nunca chegar perto de uma besta mágica até que eu tenha uma arma decente. Primeiro o Ry, agora o Cron, eu sou fraco demais para receber qualquer tipo de ataques físicos, foda-se a minha vida.”
“Calma, calma.” Solus respondeu. “Olhe pelo lado bom, você aprendeu isso durante um exercício, em vez de arriscar sua vida em uma aposta.”
“É, você está certa. Dessa vez o copo está meio cheio, até para mim.”
Lith parou de perseguir e começou a conjurar outro feitiço poderoso, mas Sentar era rápido demais, mesmo em seu estado debilitado. Engolindo seu orgulho, o Cron admitiu a derrota, usando fusão de ar e magia de ar para fugir o mais rápido que podia.
Sentar desceu rapidamente, resgatando Termyn das garras de Belia antes que fosse tarde demais. Com uma súbita reviravolta, ele agarrou também M’Rook, usando magia verdadeira de ar para tornar ambos os seus companheiros leves.
Foi só então que Visen completou a terceira matriz, conjurando múltiplas esferas elementais que atacariam qualquer oponente que ele designasse como alvo. Infelizmente, não havia mais ninguém.
Em sua defesa, a luta toda durou apenas um minuto, e toda vez que ele teve que ativar um conjunto ou desviar de um ataque, sua velocidade de conjuração foi severamente afetada.
Os feitiços dos guardas eram mais adequados para serem preparados na retaguarda, em vez de na linha de fogo.
— Porra! — Ele gritou. — Agora mesmo? Todo esse esforço e suor por nada?
— Quem se importa? — Belia estava nas nuvens. — Nós vencemos! Dessa vez eles é que estavam fugindo. Nós deveríamos comemorar…
— Onde está Lith? — Phloria a interrompeu, recusando-se a baixar a guarda ainda.
— Bem aqui. — Disse uma voz de cima.
Observando seu rosto, alguém poderia pensar que eles realmente perderam. Lith mal conseguia conter sua raiva e frustração.
“Por que eu perdi todo esse tempo aprendendo artes marciais nesmo? Elas são inúteis contra bestas mágicas, e contra humanos eu só preciso da magia mais simples para matá-los ou incapacitá-los.”
“Bem, talvez porque você fosse tão desajeitado que tropeçava nos próprios pés?” Solus o lembrou sarcasticamente.
“Além disso, eles não são inúteis. Toda essa prática de trabalho com os pés salvou nossas vidas inúmeras vezes. Se no futuro você for encurralado, o que você diria se não tivesse feito isso? ‘Oh, por que eu fui tão arrogante? Por que não os aprendi de novo?
Você é inacreditável, nada é bom o suficiente para você. Muito frio, muito quente, muito morno. Chega de problemas de controle, pare de choramingar e alegre-se! Você vai arruinar o humor de todo mundo.”
Só de olhar para ele, todos retomaram suas posições de combate, acreditando que o comportamento de Lith era causado por um perigo iminente sobre o qual ele iria alertá-los.
— Onde está o inimigo? — Perguntou Phloria olhando para a esquerda e para a direita, mantendo os ouvidos atentos a qualquer barulho suspeito.
Lith usou a Visão da Vida, procurando nas proximidades por qualquer sinal de perigo.
— Eu diria que se foi. Mesmo de cima, só o que vejo são árvores e pequenos animais.
— Então, nós realmente vencemos? — Um sorriso radiante apareceu no rosto de Phloria, finalmente abaixando sua espada. Ela se virou para seus companheiros, seus braços erguidos para o céu em sinal de alegria. Os outros seguiram seu exemplo, ficando próximos uns dos outros.
Antes que algo fosse dito, como pedir para ele participar de um abraço coletivo, pudesse acontecer, Lith estourou a bolha deles.
— Você realmente quer começar a gritar nessa floresta esquecida pelos deuses? Eu digo que com toda a confusão que fizemos, é melhor voltar para o nosso refúgio, antes que outro hóspede indesejado apareça.
“Estraga-prazeres!” Solus o repreendeu. “Mesmo assim, vamos sair daqui. Os anéis estão vazios, e suas reservas de mana estão perigosamente baixas.”
“Eu sei. Usar uma magia de nível quatro que requer hexaconjuração, enquanto usa três tipos de magia de fusão realmente cobrou seu preço. E eu não consigo nem usar a Revigoração, é demais. Ter uma capacidade de mana aparentemente infinita levantaria muitas perguntas.”
Suas palavras estragaram o clima feliz e, quando voltaram para a caverna, a maior parte da euforia já havia desaparecido.
— Ainda não consigo acreditar. — As bochechas de Belia coraram ao pensar na batalha.
— Eu me ressinto disso. Meu plano era sólido como uma rocha. — Phloria objetou.
— De fato foi. Mas você me entendeu mal. Eu quis dizer que ainda não consigo acreditar que não estraguei tudo! Depois de como me comportei durante o primeiro dia, eu estava começando a acreditar que era um caso perdido.
— Calma, calma. Um único deslize não significa nada, pode acontecer até com o melhor de nós. — Visen estava falando principalmente sobre si mesmo, tentando ser solidário ao mesmo tempo.
Eles começaram a compartilhar os destaques da contribuição de cada um para a vitória, dando tapinhas nas costas e elogiando uns aos outros.
Lith já estava enjoado de todas aquelas gentilezas e estava pensando seriamente em cortar a próxima mão em seu ombro.
— Se quisermos comer mais do que ar quente hoje, precisamos preparar a carne. Alguém de vocês já esfolou e estripou alguma caça?
Lith usou magia da terra para conjurar vários potes do chão e coletar as partes não comestíveis antes de destruí-los com magia das trevas.
Um silêncio constrangedor se seguiu.
— Eu nunca cozinhei sozinha antes. Eu sempre dava minha caça para o cozinheiro. Ele sempre cuidava do resto.
Phloria ficou envergonhada, então ela brincou com o pé no chão.
“Interessante.” Lith pensou. “Phloria faz isso toda vez que se sente desconfortável. Eu poderia explorar essa dica, se eu decidir plagiar o pôquer.”
“Ou se você estiver curioso sobre em quem ela está interessada!” Solus entrou na conversa.
“O que?”
“Vamos lá, estraga-prazeres. Você não quer ver um pouco de romance? Vocês são todos tão jovens e cheios de hormônios, não seria fofo se dois dos seus companheiros de equipe ficassem juntos?”
“Seria um desastre. Primeiro, a mente deles ficaria ainda mais vazia, e segundo, não quero assistir a algumas crianças se pegando. A caverna é pequena e minha paciência ainda menor.” Solus fez beicinho para ele.
De acordo com as observações de Solus, Phloria não se sentia desconfortável perto de nenhum de seus companheiros de equipe. Isso foi decepcionante para ela, ela realmente queria que alguém gostasse de Lith, só para ver sua reação.
— Só sei o básico, mas aprendo rápido. — Visen se ofereceu, piscando para as meninas.
“Nenhuma das duas é realmente fofa, mas mendigos não podem escolher.” Ele pensou. “Vou mostrar às garotas que um homem de verdade não teme um pouco de carne e sangue.”
Já tendo passado pelo ensino médio, Lith podia reconhecer aquele olhar à primeira vista. Era como a confiança imerecida misturada com desespero e a vontade de foder qualquer coisa que se mexesse parecia.
— Tudo bem. — Lith disse escondendo um sorriso cruel por trás de uma máscara gentil.
— Primeiro, você tem que drenar o sangue. Para fazer isso, você os pendura de cabeça para baixo e então corta a cabeça. — Ele fez um movimento exagerado de propósito, mandando um pouco de sangue para todo lado.
O rosto de Visen perdeu a cor, ficando pálido. Lith impiedosamente entregou a ele um grande coelho fofo. Apesar de já estar morto, seus grandes olhos redondos estavam encarando Visen, como se perguntassem: “Por que você me matou?”
Enquanto Visen tentava inventar uma desculpa para voltar com as meninas, Lith já havia arrancado a pele de sua presa, entregando-a também a Visen.
— Coloque em uma jarra para mim, por favor. — Lith nunca parava de sorrir com uma expressão gentil e fraterna no rosto.
Visen deixou o coelho cair com o choque. Quando suas mãos tocaram o lado oleoso e pegajoso da pele, ele ficou verde, lutando contra a vontade de vomitar.
“Você é um monstro!” Solus o acusou.
“Culpado como acusado.” Ele confessou.
— Neste ponto, você precisa fazer uma grande incisão e retirar todos os órgãos. Assim! — Ele virou o coelho eviscerado em direção a Visen, para que ele pudesse apreciar melhor a vista.
Só para garantir, Lith reforçou a barreira do Silêncio e conjurou um pote bem perto de seu companheiro de equipe.
— Por que você ainda está segurando a pele? — Lith fingiu não ter percebido que ele estava congelado.
— Aqui, jogue fora as tripas para mim, por favor. — Quando Lith the entregou as vísceras também, foi demais para Visen. Ele desmaiou no chão como um peso morto. Lith esperava alguns gritos e vômitos, mas isso também estava bom.
— O que aconteceu? — As meninas perguntaram após ouvir o som da pancada. Elas tinham corrido para o banheiro depois do primeiro sangue.
— Nada. Mas parece que Visen não foi feito para ser um caçador. — Depois de se livrar do posador, os movimentos de Lith se tornaram muito mais rápidos e precisos. Não levaria muito tempo para ele terminar.
— Alguém sabe cozinhar? — Ele perguntou.
— Você está perguntando isso só porque somos meninas? — Phloria parecia bastante enfurecida.
— Não, só porque espero que alguém possa me dar uma mão.
— Desculpe. — Belia disse. — Mas eu só sei comer.
— E você, ó líder destemida? — Lith a cutucou, já que Phloria ainda se recusava a responder.
— Eu nunca tive a chance nem o desejo de aprender. Mas eu sou muito habilidosa em comer também, obrigada por perguntar. — Phloria fez uma nota mental para pelo menos aprender a cortar carne, caso contrário sua habilidade de caça não teria utilidade prática.
Antes de começar a cozinhar, Lith limpou tudo e destruiu os potes e seu conteúdo. Ele chamou as meninas para acordar seu companheiro caído e mostrar a elas como usar a primeira magia para cozinhar.
Quando o cheiro delicioso de carne assada começou a se espalhar, Visen recuperou completamente seus sentidos e apetite. Usar tantos feitiços poderosos enquanto lutava uma batalha tão difícil, havia esgotado a maior parte de sua mana e stamina.
Eles conseguiram devorar tudo o que tinham conseguido durante a manhã, não sobrando nada para o jantar. Apesar de não ter sal ou qualquer tempero, a refeição deles foi temperada com vitória e fome, fazendo daquela a melhor refeição que os três já tiveram na vida.
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