Capítulo 97 - Progresso
Lendo os relatórios sobre a luta interna que estava acontecendo no Reino Griffon, a Imperatriz Maga teve a impressão de estar lendo um livro de história. Séculos atrás, o Império Gorgon havia enfrentado uma crise semelhante.
Depois que Magus Lochra Silverwing divulgou sua herança mágica para o mundo inteiro, as artes místicas começaram a melhorar aos trancos e barrancos. O conhecimento que ela havia liberado interrompeu o longo período de estagnação que a pesquisa mágica havia sofrido.
Como qualquer mudança, o pensamento, junto com novas soluções, trouxe novos problemas. Até aquele momento, a magia tinha sido limitada a magias de nível três, e isso tinha permitido que famílias ricas e poderosas tivessem o monopólio delas.
A herança continha a base para muitas magias de nível quatro e plantou a semente do que seria conhecido como especializações. Percebendo as inúmeras aplicações militares, os escalões superiores de cada país foram colocados em uma situação difícil.
Manter o uso da magia limitado apenas aos descendentes de suas famílias tornaria qualquer progresso lento e difícil. A magia sempre foi um talento raro, e agora havia muito o que estudar, mas tão poucos magos.
Por outro lado, permitir que plebeus estudassem magia teria alterado o equilíbrio de poder. Uma vez que eles tivessem acesso a magias de nível quatro, quem poderia garantir que os novos magos não morderiam a mão que os alimentou?
Enquanto o Reino Griffon optou pela criação da Associação dos Magos, concedendo até mesmo aos plebeus status e riquezas de acordo com suas contribuições, o Império Gorgon descartou tal ideia como suicida.
Eles preferiram focar em Forjaria Mestre, investindo todos os seus recursos no desenvolvimento de coleiras de escravos. Graças a esses itens mágicos, os plebeus podiam ser recrutados com segurança e sua atitude para a magia verificada.
Todo candidato a mago era forçado à submissão, incapaz de desobedecer às ordens de seus mestres. A escravidão dos magos plebeus durou décadas, até que um velho e astuto Mestre Forjador conseguiu encontrar uma brecha.
Seu mestre pediu que ela criasse um artefato capaz de desabilitar temporariamente itens mágicos, para usá-lo no campo de batalha e prejudicar os recursos dos inimigos quando eles mais precisassem, mas ele nunca disse nada sobre evitar que isso afetasse os colares.
Quando, a pedido dele, ela the mostrou como funcionava, as coleiras de todos os magos da casa dispararam e a revolta começou.
Combinando o uso do artefato para libertar novos magos e a aplicação de coleiras em seus algozes, eles exterminaram ou escravizaram lenta mas inexoravelmente todas as famílias nobres.
O artefato era um segredo, então tudo o que ela tinha que fazer era usar seu mestre agora obediente como um cavalo de Troia, deixando a rebelião se espalhar silenciosamente, até que fosse tarde demais. Depois de matar todos os nobres, os magos tomaram o poder, destruindo cada traço ou menção de como criar os colares.
Até mesmo pesquisar o assunto havia se tornado uma ofensa capital. De monarquia, o Império se tornou uma oligarquia baseada apenas na meritocracia. Títulos não seriam herdados, cada posição seria ocupada por aqueles que fossem considerados dignos.
A maioria dos magos não tinha interesse em mansões luxuosas ou estátuas de ouro em tamanho real de si mesmos; eles investiam a maior parte de sua renda em suas famílias e pesquisas.
A primeira lei promulgada pelo primeiro Imperador Mago e seu Conselho Mágico foi a liberdade de estudar magia, independentemente do status social, e a introdução da magia doméstica no conjunto básico de disciplinas que as crianças tinham que estudar.
O sistema não era perfeito. Um bom mago poderia ser um governante incompetente ou cruel, sem mencionar que, em sua morte, a substituição de até mesmo um governador local poderia levar algum tempo, deixando o território aberto à corrupção ou ataques de fora.
Além disso, como a maior parte dos recursos era investida em pesquisas e desenvolvimento constantes de novas formas de magia, seu exército humano era considerado o mais fraco entre os três países vizinhos.
No entanto, o Império Gorgon era agora o país mais avançado no campo da pesquisa mágica. A capital era uma cidade flutuante fortificada, cujas paredes brancas brilhavam à luz do dia como um farol para os viajantes.
As torres de guarda se estendiam acima e abaixo do muro, com cristais mágicos gigantes em cada extremidade, alimentando os círculos místicos de runas, visíveis a olho nu. Cada torre era capaz de ataque ou defesa, de acordo com as circunstâncias, tornando a cidade virtualmente inconquistável.
— Idiotas. — Disse a Imperatriz Maga. — Eles apenas atrasaram o inevitável, colocando um tipo diferente de coleira em seus magos. Não importa quanto tempo, uma coleira é sempre uma coleira. Ordene aos exércitos em nossas fronteiras que estejam prontos para o ataque.
— É só uma questão de tempo até que alguém faça algo estúpido e as coisas piorem. Devemos ser os mais rápidos para colher os benefícios da loucura deles.
Na manhã seguinte, Lith não tinha esperança real de ter sucesso na segunda aula de magia dimensional. Depois de ensinar conjuração tripla para as meninas, ele passou a noite inteira praticando, mas com pouco progresso.
Quando chegaram à arena de treinamento, o Professor Rudd já estava lá, esperando. A sala tinha 30 metros de comprimento, 20 metros de largura e estava completamente vazia. Pequenos círculos haviam sido desenhados no chão, indicando onde os alunos deveriam se posicionar.
O chão e as paredes não mostravam nenhum traço de fendas. O cômodo parecia ter sido esculpido em uma única pedra maciça, em vez de montado a partir de outras menores.
— Comecem. — Ele disse antes mesmo do último gongo anunciar o início da aula.
Normalmente, Lith teria fingido incompetência por um tempo antes de levar a coisa a sério, mas dessa vez ele não tinha motivos para fingir.
O professor Rudd andou lentamente entre eles, tomando nota mental daqueles que eram realmente capazes de conjurar três vezes. O pequeno fio amarelo era o indicador disso.
Lith, Lyam e apenas alguns outros foram capazes de completar o primeiro passo. Muitos estudantes, após várias falhas, pegaram seus livros tentando entender o que estavam fazendo errado.
Graças a todo seu treinamento, Lith conseguiu entender o momento necessário para estabilizar o fogo-fátuo com magia de água, permitindo adicionar mais energia ao núcleo, transformando-o em duas pequenas esferas pretas.
O problema era que ele não tinha ideia de como continuar. Depois de centenas de tentativas, ele ainda era incapaz de fazê-los aumentar e esticar. A forma do horizonte de eventos era o último passo antes de completar o exercício corretamente.
“Segundo passo já, nada mal, para um plebeu.” Rudd estalou a língua, notando a falta de progresso do resto da turma.
Depois de uma hora sem fazer mais nenhum progresso,
Lith decidiu pedir ajuda.
— Professor, tenho uma pergunta.
— Que coincidência! Eu também. Diga-me, você leu meu livro ontem?
— Sim.
— Você entendeu o que está escrito?
— Sim. — Lith entendeu onde queria chegar. Algo parecido aconteceu com ele durante uma aula na faculdade.
— Então, para seu próprio bem, você não tem perguntas. Volte para seu lugar.
Furioso, Lith retomou o feitiço.
Mais tempo passou, e como ele ainda estava preso no segundo degrau, ele parou por um momento para verificar como os outros estavam. Yurial e Phloria ainda não tinham produzido o fogo-fátuo amarelo, enquanto Friya parecia ser capaz de gerá-lo regularmente.
“Parece que ela finalmente entendeu a conjuração tripla. Vamos ver como Quylla está.”
Depois de olhar um pouco ao redor, Lith conseguiu encontrá-la. Para sua surpresa, ele a viu gerar o fogo-fátuo, transformá-lo nos dois pontos pretos e até mesmo começar a dar a eles o formato de funil.
O professor Rudd era incapaz de decidir se ficava mais surpreso com ela ou furioso com a turma. Vários alunos tentaram pedir dicas e conselhos a ele, mas ele deu a todos a mesma resposta que deu a Lith.
Quando a aula terminou, ninguém havia feito mais progresso. Mais da metade da classe não havia conseguido atingir nem o primeiro passo do feitiço Loop.
— Antes de vocês irem, quero que saiba que estou enojado com sua atitude. — d
Disse Rudd.
— Eu não acredito em igualdade, todos nós nascemos diferentes por uma razão. Eu também não acredito em solidariedade, uma academia não é caridade. É um campo de batalha onde cada mago luta por si mesmo.
— Mas quando ontem eu disse a vocês que a tripla conjuração era essencial, por que ninguém teve coragem de me dizer que muitos de vocês não estão nesse nível? Vocês esperavam que, de alguma forma, eu ficaria cego e não perceberia?
— Bern, tudo o que você conseguiu fazer hoje foi desperdiçar meu tempo e paciência. A partir de amanhã, é melhor para aqueles que são incapazes de atingir os requisitos mínimos não comparecerem à minha aula. Dispensados.
Uma vez lá fora, Lith correu ansiosamente até Quylla, esperando que ela pudesse ajudá-lo a superar o gargalo.
— Como você chegou ao terceiro passo? Consegui entender como estabilizar o primeiro núcleo de energia, alimentando-o com mana suficiente para crescer e se dividir. Mas depois disso, ele enlouquece. Ou eu uso magia de água para estabilizar um dos Portais ou o outro. Não posso fazer as duas coisas.
— Ou melhor, eu tentei, até mesmo recorrendo à conjuração quádrupla para usar dois pulsos mágicos de água ao mesmo tempo, mas nada funcionou.
— Você não precisa de magia quádrupla, na verdade é muito simples. — Quylla respondeu.
— Os dois Portais estão tão profundamente conectados que agem como um. Você não deve tratá-los como entidades separadas, mas como um todo. É como curar alguém com um ombro deslocado e dedos quebrados.
— Dois pontos no espaço, mas apenas um braço. Você deve simplesmente fazer a magia da luz circular por todo o membro danificado para cuidar de ambos os problemas. Fácil e moleza.
Lith lançou Loop mais uma vez, seguindo as instruções.
“Quylla está certa! Eu posso fazer a mana da água circular de uma ponta a outra, Eureka!”
Mas, em vez de se esticarem, os dois pontos pretos se desintegraram com um som de estalo.
— Não, não é! — Ele respondeu com um suspiro.
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