Capítulo 15: Predador Oculto (Parte 2)
Ele desapareceu mais uma vez. Minha respiração estava pesada, difícil de controlar. Era uma sensação horrível saber que poderia ser morto a qualquer momento. Meus sentidos alertavam para fugir. Logo, senti um corte na minha coxa direita. Sem perder tempo, reagi com um chute alto usando minha perna esquerda, mas ele reapareceu e se esquivou para baixo.
Coloquei minha mão sobre o ferimento. Era superficial; ele não estava mirando em pontos vitais, apenas queria me machucar e me exaurir. Seu rosto exibia sempre aquele sorriso maníaco.
— Impressionante, mesmo depois de tudo isso, você ainda está com essa expressão.
— Cala a boca, seu pedaço de lixo.
— Vamos ver por quanto tempo essa confiança vai se manter. Haha!
Ele avançou invisível. Mesmo tentando ouvir alguma coisa, não escutava nada; apenas sentia os cortes sobre minha pele. Tentava acertá-lo, mas ele sempre desviava. Se eu não encontrasse um jeito de detê-lo, sangraria até morrer.
Quando ele acertou minha perna esquerda, encontrei uma pequena abertura e, com meu braço direito, finalmente consegui acertar um soco nele. No entanto, ele colocou o braço na frente para se defender, reduzindo quase totalmente o impacto.
— Até sua perna esquerda é de aço! Você é um brinquedinho cheio de surpresas.
— Da pra parar com essa merda de brinquedo, que irritante.
— Mas vocês todos são meus brinquedinhos.
— Você é uma criança por a caso?
— Haha. Antes de receber esse poder, eu já tava entediado, sempre quando ia brincar todos faziam a mesma expressão. Mas depois que o mestre me escolheu tudo mudou.
Mestre? Será que há alguém além dos 5 Corrompidos, alguém acima deles, ou será que é um deles?
— Mestre? Quem é esse?
— Ele é uma pessoa incrível, ele vai mudar este mundo. Quando me escolheu, encontrei um significado pra tudo o que eu fazia. Tudo era obra do destino pra que eu me encontrasse com ele.
— Que piada. Você é só um peão descartável.
Ele me encarou com aquele sorriso sádico e, sem aviso, avançou invisível. Cerrei os punhos com força, lutando para manter a concentração. No momento em que senti o corte abrir em meu ombro direito, reagi instintivamente, lançando um soco com meu braço esquerdo naquela direção. Ele desviou outra vez, mas desta vez, foi por muito pouco.
— Sabe o que eu mais amo nisso? Quando encontro um brinquedo, brinco bastante com ele e, depois, desapareço, o dando a esperança de que fui embora e o deixei viver. Mas, na verdade, fico ao lado dele o tempo todo. Sabe o que eu faço depois?
— Cala a boca.
— Eu o deixo voltar pra casa, se recuperar um pouco e acreditar que realmente está a salvo. Então, nesse momento, apareço bem na sua frente. A expressão que fazem não tem preço. Sexo, álcool… nada é mais prazeroso que isso. Kuhahahaha! — Ele abriu os braços com um sorriso insano, a língua para fora.
Escoria. Como pessoas assim podiam existir? Sem dúvidas, os humanos estavam decaindo cada vez mais. Uma onda de ira percorreu meu corpo. Finalmente, controlei minha respiração; a sensação de medo desapareceu. Treinei praticamente minha vida toda para isso, para acabar com esses desgraçados e fazer aquele que machucou a Yuri e matou o tio Jack pagar por tudo.
Fugir? Que se foda. Se fosse pra fugir, eu nunca teria partido.
— Eu vou acabar com a sua raça, seu pedaço de merda. — Apontei para ele, meus olhos ardendo como chamas.
— Haha! Vamos ver… Eu vou fazer você implorar como todos os outros. — Ele avançou, desaparecendo em meio às sombras.
Naquele momento, meus sentidos se expandiram. Ignorei tudo e apenas deixei minha audição trabalhar. Quando ele estava prestes a cravar sua espada na minha perna direita, recuei rapidamente e, com meu braço esquerdo, acertei um soco em seu rosto. Peguei de raspão, mas ainda assim o atingi. Ele reapareceu e recuou, o sangue começou a escorrer de seu rosto e sua risada maníaca desapareceu.
Finalmente, estava começando a sentir sua presença através do som do vento que produzia ao se mover. Ele passou a mão no rosto, viu o sangue escorrendo entre os dedos e me encarou com fúria.
— Não precisa ficar com essa cara de raiva, vou fazer de você meu brinquedinho — disse com um sorriso de canto.
Ele desapareceu. Rapidamente, puxei dois fios na diagonal em sua direção. Ele reapareceu e pulou agilmente entre eles, tornando-se invisível novamente. Aparentemente, para realizar movimentos mais ágeis, ele precisava aparecer. Agora, ele vinha com tudo. Sentia sua sede assassina.
Quando estava prestes a acertar meu pescoço, segurei sua lâmina com minha mão esquerda. Ele reapareceu e lançou um chute no meu rosto, mas consegui segurar sua perna com minha direita. Apertei-a com força, soltei a lâmina e lancei um soco. Ele colocou o braço para minimizar o impacto, mas ainda assim foi atingido e lançado para trás.
Ele tentou se recuperar a postura, mas não dei brecha. Avancei rapidamente com um soco com meu braço direto; ele se esquivou para o lado, mas, com meu braço esquerda, puxei um fio que estava ali. Me abaixei, pois, o fio vinha de trás de mim, forçando-o a fazer o mesmo. Nesse instante, acertei um gancho direto no seu rosto com meu braço esquerdo, lançando-o para longe.
Ele se levantou, passou a mão na boca e cuspiu sangue. Era impressionante; um soco desses com certeza mataria uma pessoa normal. Esses desgraçados eram muito mais resistentes.
Aproveitei o momento e espalhei mais alguns fios. Ele veio para cima invisível, mas agora eu conseguia desviar de todos os ataques. Ele começou a desistir da invisibilidade, focando apenas em sua impressionante velocidade. Continuei desviando habilmente, passando entre meus fios, e ele fazia o mesmo. No entanto, isso era ruim, pois agora a luta se tornava uma batalha de resistência, e ele teria vantagem nisso. Mas eu já tinha um plano pronto. Continuei espalhando meus fios.
No momento em que ele tentou uma estocada mais baixa, usei minha mão esquerda e meu pé direito para passar um fio pela lâmina, prendendo-a. Ele tentou recuá-la, mas a lâmina ficou presa e deslizou, soltando faíscas. Sua cabeça abaixou junto, e aproveitei para acertar uma joelhada com minha perna esquerda. Ele cambaleou para trás com a mão sobre o rosto. Nesse breve instante, corri para trás de um tronco.
— Seu filho da puta! acha que pode fugir?
Sem perde tempo ele lança um ataque com tudo no troco onde eu tinha se escondido, cortando ele completamente, mas era obvio que eu não estava mais ali, ele ficou parado de olhos arregalados, por não me encontrar e começou a olhar ao redor.
— O que foi? Achou que fiquei invisível?
Quando ele olha na direção da minha voz, me vê acima dele. Eu estava sobre um fio esticado. Não estava apenas desviando à toa, mas sim conduzindo-o para o local certo. Assim, puxo vários fios com meu braço esquerdo, enrolando-o completamente. Rapidamente, ele leva a lâmina à altura do rosto, mas já havia vários fios presos nele. Ele tenta forçar para se soltar, mas apenas causa ainda mais cortes.
— Se tentar se mover, só vai morrer mais rápido.
— Seu merdinha, esse tempo todo você não tava atacando, apenas desviando pra me levar até esse lugar.
Eu me agacho sobre o fio, olhando para ele com uma expressão fria. Fecho meu punho esquerdo, apertando ainda mais os fios e aprofundando os cortes em sua pele. Qualquer outra pessoa seria destroçada por esse movimento, mas sua resistência era anormal.
— Hmph. Me diga, para alguém que considera as pessoas meros brinquedos, como é agora se sentir como a presa em vez do caçador?
— Eu vou te fazer em pedaços. — Ele me olhou com uma expressão de ira.
— Ainda não entendeu? Quem será despedaçado aqui é você! Apenas uma frágil borboleta presa na teia da aranha. O jogo acabou. Afinal, lixo deve ser descartado.
— Eu não esperava ter que usar isso com uma criança…
Em seguida, o ar ficou denso, e uma leve fumaça negra começou a emergir do corpo dele. Quando olhou para mim, seus olhos eram idênticos aos da criatura, seus dentes se transformaram em presas e suas unhas cresceram. Um calafrio percorreu meu corpo, uma sensação pior do que encarar aqueles monstros.
Sem perder tempo, puxei os fios com força, mas todos foram cortados. Um vento forte soprou e, por reflexo, levei a mão ao rosto. O fio onde eu estava foi cortado, e caí diretamente no chão, sentindo a dor do impacto nas costas.
Tento me recuperar rapidamente, mas, ao olhar para frente, vejo que ele está agachado, me encarando diretamente. Viro-me para correr, mas ele já está lá; sua velocidade aumentou a níveis inacreditáveis. Tento socá-lo, mas é como se meu braço simplesmente atravessasse seu corpo.
Ofegante, corro novamente para trás de uma árvore, mas, de repente, sinto uma dor cortante no meu braço direito. O tronco onde eu estava é completamente cortado, mas, ao olhar para ele, percebo que ainda está distante demais para um ataque próximo.
No instante seguinte, à distância, ele realiza um movimento de ataque com a espada, e logo sinto um corte na minha perna direita. Um pouco atrás de mim, percebo que algumas plantas também foram cortadas. Sem dúvidas, ele possuía outro poder. Tento puxar alguns fios, mas ele os corta sem sequer precisar se aproximar.
Minha respiração estava pesada, e o cansaço me consumia. Ele repetiu os movimentos de ataque com a espada sem sequer sair do lugar. Pulei para o lado, e tudo atrás de mim foi cortado.
Sem saber o que fazer, recuo um pouco na tentativa de encontrar outro plano. Me escondo atrás de um tronco, encostando minhas costas nele, e ergo a cabeça para cima ofegante. Tento pensar em algo, mas os ferimentos me incomodavam demais.
— O que tá fazendo? Não viu o aviso? — Uma voz ecoou próximo ao Corrompido.
Movo minha cabeça lentamente, tentando identificar quem era, mas a figura permaneceu oculta atrás de uma árvore. A escuridão e a distância impediam que eu distinguisse seu rosto, e minha ansiedade aumentou. Se fosse mais um deles, eu estaria condenado.
— Só vou acabar com um merdinha e já vou.
— Você só pode tá de brincadeira, não se lembra como ele tá puto após o que Arald fez. E ainda quer se atrasar.
Ele respirou fundo e retornou à sua forma normal.
— Garoto, o destino lhe salvou desta vez. Mas lembre-se bem, da próxima vez, farei você sofrer lentamente.
— Espera! — Corro na direção deles, mas já haviam desaparecido.
Caio sentado no chão, ofegante. Eles escaparam. Não sei se isso foi bom ou ruim. Aquilo… parecia que sua força e velocidade haviam triplicado. Se os outros também puderem usar esse poder, não sei se conseguirei derrotá-los. Uma sensação de impotência tomou conta de mim.
Agora, não havia muito o que fazer. Com dificuldade, me levantei e comecei a caminhar de volta para os outros, para verificar se estavam bem.
Pouco depois, avistei Talia, Diana e Elias. Um alívio momentâneo me invadiu ao perceber que os únicos monstros eram aqueles que eliminei, mas a incerteza permaneceu: onde estaria o restante? Assim que me viram, correram em minha direção.
— Saito você tá bem? — perguntou Talia com uma expressão de preocupada.
— Foram só alguns arranhões, estou bem.
— Saito, é a Clarice.
— O que tem ela?
— Ela foi levada.
— O que? — Senti um choque no coração ao ouvir isso.
— O Darian e Richard a levaram. Eles tentaram nos subornar também, dizendo que ouviram falar que, se a vendessem no Norte, ficariam ricos.
— Eles foram pra onde?
— Eles pegaram a carroça com o burro e seguiram pro norte. Otto Edrian e Marco saíram à procura do cavalo.
Pouco tempo depois, Otto apareceu montado a cavalo. Assim que desceu, tomei as rédeas e montei sem hesitar. Sem perder tempo, disparei na direção norte. Meus olhos se estreitaram, e com a determinação ardendo em meu peito, misturada à raiva, eu estava decidido a salvar Clarice.
Uma obra de: Matheus Andrade.
Mapa do Mundo.
Abra este link se quiser dar zoom: https://ibb.co/RGQkGbQy

A escala não é exata, já que fui eu quem fez e não sou bom nisso kkk. É apenas para termos uma ideia de onde estamos. Ele vai se revelando ao decorrer da história.
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