Capítulo 21 – Desejo de Vingança
Naquela manhã, por volta das 10h10, o clima no mercado estava tenso. Todos se reuniam, organizando o que podiam antes de partir dali. O silêncio predominava, mas não era um silêncio tranquilo — era um silêncio pesado, sufocante, carregado de incerteza e medo.
Samira, sentada em um canto, segurava os próprios braços como se tentasse se proteger do frio, mas a verdade era que seu corpo tremia de outra coisa: da dor. Depois de tanto negar para si mesma, finalmente aceitava que seu irmão estava morto. O olhar perdido no chão, os olhos marejados, a respiração pesada… Agora ela se sentia completamente sozinha. Não havia mais ninguém que a protegesse como ele fazia.
João Paulo se aproximou, sem dizer nada. Ajoelhou-se ao lado dela e lhe estendeu um pacote de biscoitos. Não era muito, mas era o que ele podia oferecer naquele momento.
— Come alguma coisa — disse baixo, tentando soar reconfortante.
Samira levantou os olhos, hesitou por um instante e, por fim, pegou o pacote sem dizer uma palavra.
A alguns metros dali, Anael e Arthur estavam juntos. Nenhum dos dois falava, mas, de vez em quando, se entreolhavam, compartilhando a mesma esperança silenciosa: a de que Bruno ainda estivesse vivo e voltasse para eles.
Raziel, por outro lado, parecia cada vez mais distante. Desde o começo de tudo, ele havia se fechado para o mundo. A cada dia que passava, ficava mais retraído, mais calado. Sentia uma falta imensa dos pais, e agora, a preocupação com seu primo só aumentava. Já fazia um dia inteiro desde que Bruno desaparecera, e ele simplesmente não conseguia afastar os piores pensamentos.
Enquanto isso, Reidner, decidido a tomar as rédeas da situação, começou a separar mantimentos em algumas sacolas, movendo-se rapidamente pelo mercado. Seus gestos eram apressados, como se ele quisesse sair dali o quanto antes.
Alonso percebeu sua movimentação estranha e franziu o cenho.
— O que cê tá fazendo? Tá planejando sair pra algum lugar? — perguntou, cruzando os braços.
Reidner nem parou o que estava fazendo para responder.
— Aqui não é seguro pra gente. Precisamos sair antes que algo ruim aconteça.
Sua resposta foi direta, mas ninguém gostou da forma como ele falava como se já tivesse decidido por todos.
De repente, ele parou, respirou fundo e olhou para o grupo. Todos estavam encarando-o agora, esperando que ele explicasse melhor aquele comportamento impulsivo.
— Pessoal… — ele começou, passando os olhos por cada um deles. — O mercado não é mais seguro. Ontem já foi um aviso do que pode acontecer se ficarmos parados aqui esperando. Precisamos encontrar um lugar onde estejamos protegidos, um lugar que realmente nos mantenha vivos.
Ele fez uma pausa, então virou o olhar para Samira, Arthur, Anael e João Paulo. Sua expressão endureceu.
— E, sejamos sinceros… ficar aqui esperando, acreditando que ele sobreviveu sozinho àquela horda e que vai voltar ileso… é perda de tempo. Bruno já deve estar morto.
O silêncio caiu como uma pedra sobre o grupo.
Reidner queria manter o grupo seguro, mas ficar ali, dentro do armazém do mercado, fazia com que ele se sentisse como um porco à espera do abate. Cada minuto parado era um risco maior.
— E quem foi o culpado daquela maldita horda ter sido trazida pra cá, HEIN? QUEM FOI?! — Arthur se levantou de súbito, sua voz transbordando fúria. Ele tremia de raiva, os punhos cerrados. Para ele, se Bruno estivesse morto, a culpa era de quem trouxe aquela desgraça até o mercado.
— Ele tá certo, Arthur — Camille interveio, tentando conter a tensão. — Quanto mais tempo perdermos aqui, mais arriscado vai ser sair. O ideal seria encontrar um abrigo melhor antes do fim do dia.
Arthur soltou um suspiro pesado, ainda irritado, mas não retrucou.
No meio da discussão, Alicia, que observava tudo de braços cruzados, bufou.
— Ao meu ver, esse grupo não vai dar certo.
— Concordo — disse João Paulo, levantando uma das mãos, sem hesitar.
Alonso, que analisava o descontentamento geral, não se surpreendeu. Ele já sabia qual era o verdadeiro problema do grupo. Se quisessem sobreviver, precisavam parar de agir como um bando desorganizado e começar a funcionar como algo maior. Antes que a tensão explodisse de vez e o grupo se dividisse, ele decidiu tomar as rédeas da situação.
— Pessoal, eu sei que todos estamos estressados, tristes, confusos e com raiva uns dos outros — começou, sua voz firme, chamando a atenção de todos. — Mas, com tudo isso que aconteceu, a gente devia se unir, não se separar. Precisamos expor os problemas do grupo e nos organizar de uma forma que realmente funcione. Se não fizermos isso, não vamos durar muito tempo.
Ele fez uma breve pausa, escaneando os rostos ao seu redor. Então continuou:
— O que precisamos é nos estruturar como um grupo sólido… ou melhor, como uma nova comunidade, preparada para tudo que vier.
João Paulo ergueu o olhar, encarando Alonso nos olhos.
— E o que você sugere?
Alonso se endireitou, certo de sua ideia.
— Um sistema interno pra equilibrar as coisas. Líderes selecionados para funções específicas. Assim, ninguém mais vai precisar competir pra ver quem manda mais.
Ele olhou diretamente para Reidner ao dizer isso.
Mas antes que alguém pudesse responder, Alicia soltou uma risada amarga e balançou a cabeça.
— Tanto faz o que decidam… sem o Bruno, não temos ninguém que saiba enfrentar essas coisas, ainda mais em desvantagem numérica.
Pedro se adiantou, batendo no próprio peito.
— Eu e o Gui podemos lutar, se for preciso.
Alicia bufou, claramente irritada.
— Acho que vocês não entenderam. Todos aqui são fracos e medrosos! — Sua voz vacilou por um segundo, mas ela se recompôs. — Se não fosse o irmão da Samira se arriscando ontem, provavelmente geral aqui já estaria morto. Ele era o melhor de todos! E agora vocês querem agir como se ele fosse descartável, só porque ainda não voltou?!
Seus olhos brilharam de raiva e frustração, sua respiração acelerada. Ela estava à beira das lágrimas.
O silêncio caiu sobre o grupo novamente.
Dessa vez, ninguém teve coragem de responder.
João Paulo não hesitou. Saiu de onde estava e, sem dizer nada, abraçou Alicia. Ela ficou tensa por um momento, mas não se afastou.
Então, ele ergueu o rosto e olhou para todos ao redor, sua expressão era séria, sem vestígio de dúvidas.
— Me escutem com atenção — sua voz ecoou firme. — Vocês sabem que o Bruno é meu melhor amigo, como um irmão pra mim. Mas sejamos realistas: se ele não tá morto a essa altura, então ele com certeza virou um mutante… ou um infectado. Ele foi mordido lá na casa da Alicia.
O impacto das palavras de João Paulo foi imediato. O silêncio que se seguiu foi sufocante. Alguns arregalaram os olhos, outros desviaram o olhar, incapazes de encarar a verdade brutal que acabavam de ouvir.
— Eu não quero saber o que vocês pensam dele — João continuou, sua voz ficando mais pesada. — Mas enquanto ele não tiver se transformado num deles, ele foi um herói pra mim. E isso significa que é minha responsabilidade cuidar dos parentes dele. Então, vocês não precisam esperar por ele.
Ele deixou as palavras caírem como uma pedra no meio do grupo. Não havia espaço para debates ou ilusões.
Mas, antes que alguém pudesse responder, um barulho repentino ecoou pelo mercado.
Algo — ou alguém — passava pelo portão escancarado que os infectados haviam arrombado antes.
Na mesma hora, todos ficaram imóveis, os corações disparados, a respiração contida. O medo era quase palpável.
Passos.
Pesados, lentos, avançando pelo corredor escuro do mercado.
João Paulo apertou a faca na mão. Os músculos do braço ficaram rígidos, prontos para reagir ao menor sinal de perigo. Se fosse um infectado, ele não deixaria que chegasse perto dos outros.
Os passos se aproximavam.
Cada segundo parecia uma eternidade.
E então…
Alguém surgiu na entrada do armazém.
De repente, um estrondo violento fez o armazém tremer.
A porta foi chutada com tanta força que voou para dentro, caindo sobre João Paulo. Ele sentiu o impacto brutal, mas, com um esforço sobre-humano, conseguiu se manter firme, segurando a estrutura pesada para não ser esmagado.
O silêncio tomou conta do ambiente.
Todos estavam paralisados, chocados, encarando a figura que acabava de invadir o local.
Uma risada baixa e macabra ecoou pela entrada.
João Paulo lançou a porta para o lado e, ao erguer os olhos, seu coração afundou no peito.
Bruno estava ali.
Mas algo nele não era o mesmo.
Seu corpo estava coberto de sangue seco, os olhos brilhavam em um vermelho infernal, pulsantes como brasas vivas. Seu olhar… não havia mais humanidade ali. Nem fúria, nem dor. Apenas algo estranho, frio e profundamente errôneo.
Até sua voz, quando finalmente falou, carregava um tom mais grave, quase sobrenatural.
— Bruno! — Daniel gritou, mas sua voz saiu hesitante, carregada de descrença.
O invasor sorriu de canto. Um sorriso torto, cheio de algo perverso.
— Meu nome não é Bruno.
O ar pareceu ficar mais pesado.
— Agora cale a boca… — seus olhos brilharam ainda mais. — Mortos não falam.
Aquela frase fez um arrepio gelado percorrer a espinha de todos ali.
Samira, Raziel e Guilherme sentiram algo diferente, algo inexplicável. O ambiente ficou sufocante, como se o próprio oxigênio estivesse sendo drenado.
— Droga… POR QUE EU NÃO CONSIGO ME MEXER?! — Gabriel gritou, o desespero transbordando na sua voz. Seu corpo estava rígido, como se correntes invisíveis o prendessem ao chão.
A resposta veio de maneira cruel.
Bruno — ou o que quer que ele fosse agora — moveu-se silenciosamente, como uma sombra, surgindo na frente de Gabriel antes que alguém pudesse reagir.
— Porque você, meu caro… já está morto.
E então, num único movimento brutal, cravou os dentes no pescoço de Gabriel.
O som da carne sendo rasgada foi horrível.
Sangue jorrou como uma fonte vermelha, tingindo o chão, as paredes, os rostos dos que estavam perto demais. Gabriel tentou gritar, mas apenas um gorgolejo saiu de sua garganta mutilada.
Bruno não apenas o mordeu. Ele se alimentou.
Bebeu o sangue diante de todos, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Mais monstruoso que os próprios infectados.
O terror tomou conta do armazém.
As garotas começaram a gritar, suas vozes ecoando como um coro de puro horror.
Samira, Alicia, Raziel e Camille não suportaram a cena grotesca. O choque, o medo e o peso sufocante da presença de Bruno foram demais para seus corpos aguentarem.
Elas desmaiaram, uma a uma, caindo como bonecas de pano.
E Bruno, ou Mohammad — como agora queria ser chamado —, apenas sorriu.
Um sorriso de predador diante da presa.
Os homens ali parados lutavam contra seus próprios corpos, tentando se mexer, mas era como se estivessem presos em correntes invisíveis.
O medo os paralisava.
O armazém, que antes era um refúgio, agora parecia uma câmara de execução.
— P-por que você fez isso? — João Paulo finalmente conseguiu perguntar, sua voz vacilante, carregada de terror ao encarar o amigo.
Ou melhor, o que restava dele.
Bruno—ou Mohammad, como se autodenominava agora—arqueou a cabeça de leve, como se achasse a pergunta engraçada.
— Porque eu quero — respondeu, sua voz carregada de um tom seco e cruel. Seus olhos vermelhos brilharam intensamente quando ele avançou um passo. — E, antes de sinalizar minha chegada, ouvi toda a conversinha de vocês…
Ele ergueu a mão, batendo com os dedos na própria têmpora.
— Tenho um bom ouvido.
O sorriso que se formou em seus lábios era perturbador, carregado de algo distorcido.
— A sorte de vocês… é que o Bruno ainda está aqui dentro, vivenciando a morte de cada um de vocês.
O silêncio que se seguiu foi absoluto.
Então, sem aviso, Mohammad girou nos calcanhares e avançou sobre Daniel.
O soco veio tão rápido que ninguém teve tempo de reagir.
Daniel mal teve chance de entender o que estava acontecendo antes de sentir o impacto brutal da primeira pancada. Seu corpo foi jogado para trás, batendo contra uma das prateleiras. Mas Mohammad não deu tempo para ele se recuperar.
Ele estava em cima do garoto novamente, os punhos descendo com violência.
Soco.
Outro soco.
E mais outro.
O barulho dos ossos estalando ecoava pelo armazém como o som seco de madeira se partindo.
— P-PARA! — alguém gritou, mas era como gritar para uma tempestade parar de cair.
Os demais estavam em choque, seus gritos se misturando ao desespero dos primos de Bruno, que imploravam para que ele parasse.
Mas aquilo…
Aquilo não era Bruno.
Nem de longe.
O jeito como falava, como se movia, como olhava para eles… era como se algo dentro dele tivesse despertado. Algo novo, cruel e sem piedade.
Mohammad finalmente parou. Olhou para as próprias mãos sujas de sangue e depois para o rosto inchado e ensanguentado de Daniel, que soluçava baixinho no chão.
Ele riu.
— Sabe… vocês são muito folgados. Eu observava tudo pelos olhos do Bruno.
Ele passou a língua pelos lábios, saboreando a tensão no ar, como um predador que se diverte com a presa antes de abatê-la.
Então virou-se para João Paulo, os olhos ardendo em vermelho como brasas.
— E, Jão… eu tenho que te agradecer.
Ele se aproximou devagar, saboreando cada passo como um rei inspecionando seu reino.
— Se não fosse aquele corte no Bruno com sangue infectado, eu ainda estaria preso dentro dele. Mas, graças a isso…
Ele abriu os braços, como quem exibe uma obra de arte.
— Agora sou parte da mutação. Sou a evolução.
E, antes que alguém pudesse reagir, Mohammad girou o punho e acertou outro do grupo com um golpe seco no estômago, fazendo-o cair de joelhos.
— E agora…
Ele olhou ao redor, o sorriso se alargando, os olhos brilhando de pura diversão.
— Vou surra-los um por um… até que eu me sinta satisfeito.
E então o massacre começou.
João Paulo sentiu o estômago revirar enquanto observava o caos diante de si.
Cada soco, cada grito, cada gota de sangue espalhada pelo chão tornava ainda mais difícil acreditar no que via.
Bruno…
Ou melhor, o que restava dele.
A fúria começou a ferver dentro de João Paulo, subindo por seu peito como um incêndio incontrolável. Ele sentia raiva. Não só de Mohammad, mas também de si mesmo.
Porque sabia que aquilo um dia poderia acontecer.
E soube no exato momento em que as palavras de Bruno voltaram para assombrá-lo:
“Sabe que tu é o único freio que eu tenho, caso eu perca minha humanidade e decida sair matando qualquer um sem muita necessidade.”
As palavras ecoaram, cortando sua mente como navalhas afiadas.
Ele olhou para o monstro diante de si.
Bruno sempre soube.
Sempre soube que existia algo dentro dele, algo que ele não conseguia segurar sozinho.
E agora João Paulo entendia o que aquilo significava.
Porque esse era o momento.
O momento de cumprir a promessa que nunca quis fazer.
Seus punhos se cerraram, e a fúria começou a tomar conta de seu corpo. Cada músculo pulsava, exigindo ação, implorando para que ele fizesse algo.
Seu melhor amigo não estava mais ali.
O que estava à sua frente era uma entidade cruel e sádica, usando o corpo de Bruno como um fantoche para espalhar dor e terror.
E João Paulo tinha a obrigação de detê-lo.
Mas ele não conseguia se mexer.
O peso era esmagador, como se correntes invisíveis o segurassem no lugar.
Seus músculos estavam rígidos, seus ossos pesados como chumbo.
Ele tentava lutar contra aquilo, contra a influência sufocante que o prendia ao chão. Mas cada vez que seus olhos encontravam os de Mohammad, sentia sua força ser drenada.
Aqueles olhos vermelhos pareciam puxá-lo para um abismo sem fundo.
Enquanto isso, Mohammad seguia impiedoso.
Cada soco, cada golpe, fazia os corpos caírem um a um ao redor de João Paulo.
Até que, no fim, só restavam os dois.
O silêncio no armazém era opressor.
Corpos caídos ao redor, sangue espalhado pelo chão, respirações fracas e soluços abafados.
Mohammad se aproximou de João Paulo devagar, a satisfação estampada em seu rosto.
— Sabe, Jão… — ele disse, a voz carregada de escárnio. — Eu não vou matar vocês.
Ele riu, um som baixo e arrastado, cheio de um prazer distorcido.
— Quero que vivam… para os planos que tenho para vocês.
Ele inclinou a cabeça, olhando João Paulo nos olhos, deixando que aqueles olhos vermelhos consumissem o pouco de controle que ainda lhe restava.
— Quero que me cacem.
O sorriso dele se alargou.
— Quero que tentem me matar.
João Paulo sentiu o coração martelar contra o peito, um ódio puro borbulhando dentro dele.
Mas ainda assim… não conseguia se mover.
— E se você quer saber o porquê… — Mohammad deu um passo à frente, deixando o rosto próximo ao de João Paulo.
A voz dele saiu como um sussurro venenoso:
— Quanto mais traumatizado, frustrado e sem vontade de viver o pobre do Bruno fica…
Ele abriu um sorriso largo, os olhos brilhando como brasas incandescentes.
— Mais eu me faço presente.
O tempo pareceu parar.
João Paulo arregalou os olhos, sentindo um calafrio cortar sua espinha.
Mohammad se afastou um pouco, estendendo um dos braços.
— E para garantir que vocês não morram tão fácil…
Então, sem hesitar, ele ergueu a outra mão e cortou o próprio pulso.
O sangue escorreu, quente e denso, pingando no chão como tinta carmesim.
João Paulo tentou gritar.
Mas sua voz não saiu.
Mohammad, com um sorriso torto, se aproximou de João Paulo, o olhar fixo e penetrante. Ele cortou a testa do amigo com a lâmina afiada de uma forma precisa, o sangue de João Paulo começando a escorrer pelo rosto, enquanto ele tentava lutar contra a perda de consciência.
Com calma, Mohammad mergulhou o dedo na ferida, pegando o sangue e, com uma expressão satisfeita, o passou sobre a testa do amigo, misturando-o com a própria essência de seu ser.
— Agora você é meu servo. — Ele murmurou, a voz grave, cheia de uma malícia fria. — Pelo vínculo de sangue, você não terá escolha. Durma agora, João, e quando acordar, tente me matar. Mas eu sei que você falhará.
João Paulo, com os olhos pesados e a visão turva, lutou contra o desmaio iminente, mas o comando de Mohammad foi mais forte que sua resistência. Ele caiu no chão, sua mente mergulhada na escuridão, sem controle sobre seu corpo, agora vinculado ao inimigo de sua alma.
Enquanto isso, Mohammad se virou para Samira, que ainda estava inconsciente no chão. A cena era aterradora, e ele parecia sentir prazer em cada movimento. Ele forçou a boca de Samira a se abrir, os olhos brilhando com um brilho cruel.
— Eu sou a contraparte de Bruno… — Ele disse com um tom de voz quase suave, como se estivesse compartilhando um segredo sombrio. — Mas você ainda é minha irmã, e por isso… vou dar a você meus olhos, minhas habilidades.
Com um sorriso satisfeito, ele fez o sangue do corte no pulso pingar na boca de Samira, observando enquanto ele descia lentamente por sua garganta, infiltrando-se nela de forma insidiosa.
— Hum… vai ser um jogo divertido, com você. Agora, só falta alterar as memórias de Bruno, para que ele pense que todos vocês estão mortos… e logo, não sobrará ninguém aqui além de mim.
Ele se afastou, o olhar fixo e calculista, caminhando em direção ao carro Fiorino estacionado do lado de fora.
— Vamos ver como ele vai reagir… — ele murmurou para si mesmo, ao trocar de consciência com o corpo de Bruno.
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