Capítulo 27 – Ivana a Cruel
Quando entraram em uma das casas, a tensão estava no ar. Ivana observava tudo atentamente, esperando o momento certo para agir. Quando Leonardo, um tanto distraído, se afastou ligeiramente, ela não perdeu tempo. Com um movimento rápido, puxou a arma carregada da cintura dele e, sem hesitar, atirou diretamente na barriga de Leonardo. O impacto foi forte, e ele caiu de imediato, sentindo a dor aguda que irradiava por seu corpo.
Em um piscar de olhos, Ivana já havia apontado a arma para Donizetti e disparado um tiro certeiro na sua cabeça, matando-o instantaneamente. O sangue espirrou em várias direções, manchando as paredes e o chão da casa. Thiago, completamente paralisado pela cena, levantou os braços em um gesto de rendição, tentando desesperadamente salvar a própria vida.
— Por favor, Ivana, não atira em mim! Eu… eu só segui a ordem deles, foi só isso! — ele implorou, os olhos marejados de lágrimas.
Ivana olhou para ele com um sorriso cruel, aproveitando o momento de humilhação. Ela deu uma risada curta e sarcástica, antes de responder com a mesma frieza:
— Quem perdoa é Deus, mas eu… eu não perdoo ninguém.
Sem dar mais atenção a suas palavras, ela deu dois tiros rápidos nos pés de Thiago. Ele gritou de dor e caiu no chão com um estrondo, suas mãos apertando os ferimentos enquanto tentava se proteger. Ivana, com um olhar impassível, se aproximou e o pegou pelos cabelos, levantando sua cabeça de maneira brutal.
— A partir de agora, você vai andar na coleira e será meu cachorrinho. Me entendeu, seu verme?
Thiago, em uma mistura de medo e dor, balbuciou, quase sem fôlego:
— S-Sim, eu entendi…
Sem mais palavras, Ivana ergueu sua perna e deu um chute poderoso no rosto de Thiago, que caiu de novo, sua cabeça batendo contra o chão com força. Ela se agachou e apontou o dedo em seu rosto, com um sorriso macabro, dizendo em voz baixa, mas clara:
— Você não vai falar mais, vai é latir, seu cachorro ordinário!
O som de tiros e gritos havia atraído uma multidão, e logo uma pequena multidão se formou ao redor da casa. Alguns olhavam de longe, outros se aproximavam com curiosidade, mas ninguém ousava interromper o que estava acontecendo. A cena estava longe de ser sutil.
Com um movimento firme, Ivana amarrou o cinto da calça de Thiago no pescoço dele, como se fosse uma coleira, e o forçou a se levantar. Ela caminhou em direção à porta da casa, arrastando-o como se fosse uma posse. Thiago, com os olhos cheios de pavor, seguia a cada passo, sua dor intensificada pelos ferimentos e pela humilhação.
— Vamos, cachorrinho, você tem uma nova dona agora — disse Ivana com um sorriso vitorioso, sua voz tranquila, mas carregada de crueldade.
A multidão observava, alguns com expressão de horror, outros com uma mistura de admiração e medo. Ivana se importava pouco com o que eles pensavam. Ela estava no controle, e isso era o que importava.
Quando Ivana saiu, ela adorou ver a multidão que se formava em frente à casa. O povo ali estava visivelmente horrorizado com a cena que ela havia causado, subjugando Thiago de maneira tão brutal. Ela se aproximou, sorrindo de forma fria e confiante, e se sentou nas costas de Thiago. O silêncio ao seu redor era quase palpável, mas Ivana estava longe de se importar com a reação dos outros. Em voz alta, com um tom de quem já sabia que dominava a situação, ela começou a falar:
— Pessoal, esse filho da puta e seus amigos tentaram me estuprar… E eu, como qualquer pessoa faria, fui obrigada a me defender. Tomei a arma deles e os mandei pra porra. Mas a questão aqui não é o que acabou de acontecer, e sim o que vai acontecer de agora em diante…
Ivana se levantou, com o sorriso de quem tinha o mundo sob seus pés. Colocou um pé em cima das costas de Thiago, pressionando com força, e continuou:
— Porque, com a morte do Léo e a submissão desse otário aqui, saibam de uma coisa… Sou eu quem manda agora. O que eu disser será a porra da lei. E se alguém aqui se atrever a se opor, a porta está aberta. Agora, se alguém ousar desafiar minha autoridade, prepare-se, porque a morte será a única coisa que vão encontrar.
Ela olhou para a multidão, que permanecia em silêncio, provavelmente temerosa demais para se manifestar. Ivana olhou para os lados e, sem perder o controle, estendeu a mão para dois rapazes, que estavam ao seu lado. Eles eram bonitos, com um olhar durão, mas a presença de Ivana os fazia parecer pequenos. Ela segurou suas mãos com firmeza e disse, com um sorriso perverso:
— Vocês dois serão a minha guarda pessoal. Vão andar comigo e proteger o que é meu, entenderam?
Os rapazes, sem hesitar, responderam:
— Sim, Ivana.
Ela então desviou o olhar para o canto, onde uma jovem se destacava. Ela parecia ter cerca de 18 anos, com um sorriso estranho que contrastava com o clima pesado e tenso que tomava conta do lugar. A garota tinha uma aura tão psicótica quanto a de Ivana, e algo nela chamou a atenção da líder.
Ivana caminhou até a garota, observando-a com um brilho nos olhos. Ela estava impressionada com o jeito que a jovem sorria, parecia estar na mesma sintonia de loucura e caos. Quando chegou mais perto, perguntou, com um sorriso torto no rosto:
— Você parece tão louca e caótica quanto eu. Qual é o seu nome, mina?
A garota, sem perder a compostura, respondeu:
— O meu nome é Aghata. Por quê?
Ivana riu, um riso que transbordava confiança e poder, e então disse:
— Gostei do jeito que você tava sorrindo, Aghata. A partir de agora, você vai andar comigo, vai ser minha parceira.
No dia seguinte, como Ivana havia ordenado, Aghata saiu em busca de recursos e também de mão de obra escrava para aumentar ainda mais o domínio de Ivana sobre a granja. A jovem estava animada com a tarefa, sentindo-se empoderada pela oportunidade de agradar a nova líder e mostrar sua lealdade de forma prática. A mudança estava sendo rápida, e Ivana sabia exatamente o que queria. Ela tinha o controle, e todos ali seriam obrigados a seguir suas regras.
O jogo havia mudado.
As duas haviam decidido que Ághata, junto a um grupo, deveria se infiltrar em qualquer comunidade e fazê-la triplicar de tamanho a longo prazo. O objetivo era obter o máximo de recursos por conta própria antes que fossem invadidos e escravizados por Ivana, sendo levados para a Granja das Hortênsias.
Depois que Ághata partiu, Ivana reuniu todos os homens da granja. Ela tinha planos para fortalecer o local enquanto sua aliada estava fora.
O céu estava coberto por nuvens escuras, pesadas, ameaçando chuva a qualquer momento. O vento carregava o cheiro pútrido dos infectados que vagavam por perto, misturado ao aroma de terra molhada e ferrugem dos portões enferrujados da granja.
Algum tempo depois, todos estavam reunidos na entrada do lugar. Eram dez homens ao todo, alguns mais robustos, com braços marcados por cicatrizes e músculos que denunciavam o trabalho braçal, enquanto outros pareciam magros e esguios, com olhares inquietos e respirações pesadas. As roupas estavam sujas, esfarrapadas em alguns pontos, e muitos carregavam olheiras fundas, resultado de noites mal dormidas e da constante tensão que viver ali exigia.
Ivana, com sua postura imponente, ergueu a voz:
— Rapazes… Chamei vocês aqui porque tenho algumas ideias interessantes para a criação de um esquadrão de reconhecimento. Quero homens fortes e destemidos, que lidem diretamente com os infectados e também treinem novos recrutas para esse esquadrão. Dentro das minhas possibilidades, darei privilégios a vocês aqui na granja. Aqueles que estiverem interessados, deem um passo à frente.
Houve um breve instante de hesitação, mas, um a um, os dez homens avançaram ao mesmo tempo.
Ivana sorriu.
— Ótimo… Me acompanhem. Quero ver o quão corajosos vocês realmente serão depois disso — comentou, puxando o grande cadeado do portão e empurrando as grades metálicas, que rangeram como um animal ferido ao serem abertas.
Do lado de fora, o cenário era de puro abandono e morte. O solo era rachado e pontilhado por poças escuras de sangue seco. Carcaças de carros enferrujados estavam espalhadas pela estrada de terra, algumas ainda com vidros quebrados e marcas de luta visíveis. Árvores retorcidas erguiam seus galhos como garras para o céu, e entre elas, pedaços de roupas pendiam, balançando ao vento.
Um dos homens, um sujeito de rosto sujo e barba rala, olhou em volta, desconfiado. Ele percebeu que estavam saindo desarmados e resolveu perguntar:
— Ivana, por que estamos saindo da granja sem armas?
Ela não respondeu de imediato. Primeiro, deixou que o silêncio criasse uma tensão quase sufocante, então sorriu de maneira macabra antes de finalmente dizer:
— Simples. Vocês serão minhas armas vivas. Portanto, devem ser capazes de capturar alguns zumbis sem qualquer tipo de armamento, apenas com as mãos limpas.
O impacto daquelas palavras atingiu o grupo como um soco. Um sujeito careca e atarracado bufou de nervoso, enquanto outro, magro e alto, cruzou os braços, desviando o olhar. Dois irmãos gêmeos, de pele escura e porte atlético, se entreolharam, claramente desconfortáveis.
Três homens, no entanto, decidiram se manifestar. Um deles, um jovem de feições magras e cicatrizes no pescoço, balançou a cabeça, incrédulo.
— Isso é loucura! — exclamou. — A gente já mal consegue enfrentar essas coisas com armas… Sem nada? Isso é suicídio!
Os outros dois murmuraram concordando, e logo os três deram meia-volta, voltando para dentro da granja.
Ivana revirou os olhos e fez um estalo com a língua.
— Hm, fracotes… Quando voltarmos, esses três serão escravizados. Quem mais desistir terá o mesmo destino. Entenderam?
Os homens remanescentes não disseram nada. Nenhuma palavra, nenhum protesto. Apenas continuaram a segui-la, mas agora com uma arma apontada para eles, carregada e pronta para ser usada.
O caminho à frente estava repleto de destroços e cadáveres em diferentes estágios de decomposição. Alguns eram apenas esqueletos cobertos por farrapos de roupas desbotadas, enquanto outros ainda conservavam pedaços de carne podre, com moscas se alimentando dos restos. A estrada de terra, antes firme, estava cheia de pegadas profundas, como se muitos pés tivessem passado por ali nos últimos dias.
Após alguns minutos de caminhada, Ivana parou abruptamente. Os homens se encolheram, temendo uma emboscada ou, pior, uma execução. Mas ela apenas começou a contar, apontando o dedo para cada um.
— Pelo visto, sobraram sete de vocês. Quero que capturem e imobilizem quatro infectados por estas redondezas. Se eu perceber que alguém está com medo ou pretende fugir… bom, se forem mordidos, serão mortos na hora. Agora vão e tragam o que eu mandei!
A tensão pesou ainda mais no ar. O careca atarracado engoliu seco. Os gêmeos cerraram os punhos, e o homem de barba rala soltou um longo suspiro antes de olhar para os outros. Sem outra opção, eles se dividiram em pequenos grupos, tentando bolar alguma estratégia para capturar os infectados sem serem devorados no processo.
O primeiro grupo era composto por três homens, amigos de longa data, que estavam juntos desde o início do surto. O tempo e a violência do mundo apodrecido em que viviam haviam criado um laço inquebrável entre eles, um tipo de irmandade forjada na sobrevivência.
Eles caminhavam em formação triangular, atentos a qualquer movimentação ao redor. O mais alto e magro do grupo era extremamente pálido, com traços germânicos que lhe renderam o apelido de “Alemão”. De personalidade dominante, ele naturalmente assumia a liderança, sendo o mais articulado e dono da última palavra na maioria das decisões. Seus olhos azuis vasculhavam o ambiente com frieza, enquanto seus dedos estalavam num tique inconsciente.
Na ponta esquerda da formação estava o menor dos três, apelidado de “Cassique” devido à sua aparência indígena. Criado na roça, Cassique era um caçador nato, com olhos e ouvidos afiados como lâminas. Sua percepção aguçada fazia dele o melhor rastreador do grupo, sempre atento a sons sutis e detalhes que passariam despercebidos pelos outros. Ele se movia com leveza, o corpo baixo e próximo ao chão, como se estivesse em uma caçada silenciosa.
Na ponta direita caminhava Denis, o mais forte e habilidoso no combate corpo a corpo. Era ele quem havia dado os apelidos aos companheiros, um reflexo de seu espírito criativo e de sua inteligência afiada. Sempre pronto para improvisar, Denis sabia usar qualquer objeto ao alcance como arma. Suas mãos calejadas e a cicatriz na sobrancelha direita contavam histórias de lutas ferozes pela sobrevivência.
O trio avistou uma casa pequena, mas resistente, com portas e janelas trancadas. As paredes estavam cobertas de sujeira e fuligem, e um cheiro de madeira velha impregnava o ar. O lugar parecia abandonado, mas nada era o que parecia naquele mundo.
Cassique avançou primeiro, com movimentos suaves e cuidadosos, até encostar o ouvido na porta de madeira desgastada. Prendeu a respiração e se concentrou. Lá dentro, um ruído baixo e arrastado. Então, um som mais nítido… uma respiração pesada, irregular, molhada, como se os pulmões da criatura estivessem cheios de líquido podre.
Seu coração acelerou. Ele se afastou lentamente e olhou para os outros dois.
— Aê, Alemão… tô ouvindo alguma coisa respirando pesado lá dentro. Não tenho dúvida de que tem um zumbi aí dentro — sussurrou Cassique, seu tom era firme, mas carregava um peso de alerta.
Alemão estreitou os olhos, encarando a porta fechada. Denis estalou os dedos e deu um sorriso torto.
— Então… como a gente vai abrir essa porra sem virar comida?
A tensão pairava no ar. Eles precisavam de um plano.
Denis lançou um olhar para os dois, mas antes que pudessem agir, Alemão perguntou:
— Mano, cê consegue ouvir mais alguma coisa além dessa única respiração?
Cassique manteve o ouvido encostado na porta por mais alguns segundos, franzindo a testa em concentração. O silêncio era cortado apenas por aquela respiração densa e pegajosa.
— Não… Parece que tem só um aqui dentro — respondeu, afastando-se com cautela.
Alemão assentiu, então, sem cerimônia, puxou a camisa e a tirou, revelando um corpo atlético, definido por anos de corridas e resistência. Seu físico lembrava o de um jogador de futebol, magro, mas incrivelmente resistente.
Denis ergueu uma sobrancelha e soltou um riso debochado.
— Oxi, tu é viado, é? Tirando a roupa no meio de homem? Ninguém quer essa tua teta rosa, não, louco!
Cassique segurou o riso, enquanto Alemão revirava os olhos, já acostumado com as piadas do amigo.
— Sai fora, cara. Vou usar minha camisa pra amarrar as mãos dele, porra! — resmungou, incomodado com a brincadeira.
Denis deu de ombros e estalou os dedos, confiante.
— Já que é assim, eu derrubo o bicho e imobilizo. Aí vocês amarram. Justo?
Cassique olhou para Alemão, que apenas assentiu.
— Por mim, tudo certo.
Cassique então se posicionou na lateral da porta, pronto para abrir. Alemão se afastou alguns passos, deixando espaço para Denis agir. Quando a porta se abriu com um rangido seco, Alemão bateu na parede com força, produzindo um estrondo. O som ecoou pela casa, arrastando um silêncio assustador logo em seguida.
E então…
Algo explodiu para fora do breu da casa.
Denis esperava um infectado comum, um cadáver trôpego e selvagem correndo em sua direção. Mas o que surgiu não era nada que ele já tivesse visto.
A criatura saltou para fora como um felino predador, seu corpo negro rasgando o ar em um movimento veloz e preciso. Denis mal teve tempo de reagir antes de ser atingido com força, o impacto jogando-o para trás enquanto ele lutava para agarrar os braços da coisa.
Seus olhos, arregalados de espanto, fixaram-se na criatura. Ela não era um simples infectado.
Os olhos do monstro brilhavam em um amarelo febril, como brasas ardentes dentro de uma poça de petróleo. Em volta da íris, uma mancha negra se espalhava como tinta escorrendo, substituindo completamente o branco dos olhos. A pele era escura e lustrosa, marcada por veias saltadas, como se o vírus tivesse tomado conta de cada fibra de seu corpo.
Mas o pior eram suas garras.
No lugar de unhas comuns, ele possuía lâminas pontiagudas, afiadas como adagas, perfeitas para rasgar carne com um único golpe. Seus dentes eram um pesadelo à parte, uma fusão grotesca entre os de um tubarão e um leão, prontos para destroçar qualquer coisa que ficasse ao alcance de sua mandíbula.
Pelos grossos e irregulares cobriam seus antebraços, ombros e laterais do rosto, como se a criatura tivesse sido moldada entre a humanidade e a selvageria.
Denis sentiu a força absurda da coisa enquanto segurava seus braços, tentando impedir que as garras se cravassem em sua carne. O peso do monstro sobre ele era esmagador, e por um instante, ele se perguntou se havia cometido um erro ao subestimá-lo.
Cassique e Alemão observaram a cena, petrificados. Aquilo não era um infectado comum.
Era algo muito, muito pior.
Denis sentia os músculos dos braços queimarem de esforço enquanto segurava a criatura. O monstro se debatia violentamente, tentando cravar os dentes afiados nele. A mandíbula estalava no ar, errando sua carne por milímetros a cada tentativa frenética. O cheiro pútrido da respiração da fera era sufocante, um misto de carne podre e sangue coagulado.
Ele grunhiu, tentando manter a criatura afastada, mas a força dela era absurda. Seus braços começaram a ceder.
— CARALHO, TIREM ESSA MERDA DE CIMA DE MIM! — berrou, sentindo os músculos falharem.
Cassique e Alemão agiram rápido. Ambos avançaram ao mesmo tempo e agarraram a criatura pelos braços, puxando-a para longe de Denis com um esforço colossal. O monstro se contorceu violentamente, tentando se soltar, emitindo um som gutural e raivoso, algo entre um rosnado e um chiado animalesco.
Denis rolou para longe e se levantou, o coração martelando em seu peito. Seu rosto estava suado e pálido. Nunca tinha sentido tanto medo.
Ele olhou em volta, os olhos frenéticos buscando algo. Foi quando viu uma pedra grande, pesada, jogada na rua cheia de rachaduras.
Sem pensar duas vezes, pegou-a com ambas as mãos e avançou.
— FILHO DA PUTA!
Com toda a fúria e adrenalina do momento, ele desceu a pedra com força brutal sobre a cabeça da criatura. O impacto foi seco, um estalo horrível de crânio se partindo. O monstro estremeceu, seus membros se contorceram em espasmos violentos e, então, apagou, caindo inerte.
O silêncio se instalou.
Os três ficaram parados por alguns segundos, respirando pesadamente, sentindo o peso do que tinham acabado de enfrentar.
À distância, observando tudo, Ivana sorria.
Ela caminhou até eles, os olhos brilhando com um misto de admiração e excitação.
— Espetacular… simplesmente espetacular. — murmurou, quase sem conseguir conter o entusiasmo. Então, ergueu a voz: — Como recompensa por capturarem esse espécime único, assim que possível, darei a vocês garotas escravizadas para fazerem o que quiserem.
Os três homens trocaram olhares surpresos, mas Ivana ainda não tinha terminado.
— E melhor ainda… estou tão orgulhosa que farei de vocês meus três grandes generais. — anunciou, enquanto observava de perto os olhos do monstro desacordado.
Seu olhar ficou fixo na criatura por longos segundos, seu sorriso se tornando ainda mais perverso.
“Com certeza esse vírus ainda está evoluindo… E agora sei. Eles não são apenas zumbis… São uma nova espécie… Fantástico!”
Cassique, ainda respirando com dificuldade, olhou para Ivana.
— O que faremos com ele?
Ela desviou o olhar da criatura e voltou-se para ele com um brilho frio nos olhos.
— Vamos prendê-lo dentro da granja… e achar alguém para estudá-los. Todos eles.
Os três assentiram, ainda impactados pelo que tinham acabado de enfrentar. Seguiram as ordens e amarraram a criatura com firmeza, arrastando-a para dentro da granja.
Logo depois, os outros homens começaram a voltar. Haviam conseguido capturar apenas dois infectados. Ivana os avaliou com um olhar impassível.
— Dois? — sua voz saiu carregada de desprezo.
Os homens engoliram seco.
Ela cruzou os braços e balançou a cabeça, desapontada.
— Pedi quatro. Mas… — seus olhos voltaram a brilhar de satisfação ao olhar novamente para a criatura caída no chão — já estou satisfeita com o que encontramos hoje.
Com um gesto indiferente, ordenou que levassem os infectados para dentro da granja. Mas, diferentemente de Denis, Alemão e Cassique, aqueles homens não receberiam nada.
— Vocês não fizeram nada além do mínimo. Não merecem recompensa. — decretou, antes de se afastar.
De volta à granja, os infectados e o monstro recém-descoberto foram amarrados e trancados em um espaço isolado, presos com cordas grossas que tinham encontrado em uma das casas abandonadas.
Ivana então voltou-se para os quatro homens e ordenou:
— Peguem algumas facas. Quero vocês patrulhando lá fora. Levem quem quiserem com vocês.
A noite se aproximava, e a escuridão prometia esconder ainda mais horrores.
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