Capítulo 3: Códigos e Ranking
Assim que puxei a adaga do espaço negro, vi.
O sorriso.
Ren sorriu. Um daqueles sorrisos que você não sabe se é de interesse, deboche ou pura curiosidade.
— “Entendi… você pode invocar uma lâmina desse espaço negro? Ou pode guardar nela também?” — ele falou, como se analisasse uma peça rara em exposição. — “Hm… era de se esperar de alguém do Clã da Escuridão.”
Ele cruzou os braços, observando cada detalhe da minha arma.
— “Me diga seu nome.”
— Ken Orquídea.
Ren levantou uma sobrancelha, surpreso por um segundo, mas logo disfarçou com um leve balançar de cabeça.
— “Ora… não é da família Achlys? Que pena…” — fez uma pausa. — “Enfim. Venha me atacar.”
Como é?
Atacar ele?
Isso só pode ser loucura…
Ren nesse momento estava pensando — Esse moleque… não é da linhagem Achlys?
E ainda assim… essa presença. Essa firmeza no olhar.
E o mais impressionante: já consegue manipular código genético dessa forma tão jovem?
Interessante… muito interessante.
— “Venha. Me ataque, Ken.”
Não pensei duas vezes. Me movi.
Fui direto, rápido, minha adaga rasgando o ar com precisão.
Mas no instante seguinte… tudo desmoronou.
Ren nem se mexeu direito.
Com dois dedos da mão direita, ele desviou minha adaga como se estivesse afastando uma folha no vento.
E antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, sua palma já estava encostando em meu pescoço.
Mas ele parou. A mão pairou ali, a milímetros de me acertar.
Congelado.
Eu só conseguia pensar numa coisa: eu teria morrido.
Ele suspirou, com aquele ar de quem não precisou nem aquecer.
— “Você é forte, moleque. E é impressionante que tenha coragem de vir direto pra cima de mim.”
Por algum motivo, aquilo me fez sorrir de canto.
Coragem.
Era exatamente o que meu mestre dizia que eu tinha… e que isso me mataria um dia.
Guardei a adaga de volta na fenda negra. Ela sumiu com um som sutil, quase como um suspiro.
E foi só então que percebi: os Rankeadores… tinham sumido.
Sem alarde. Sem som. Só… desapareceram.
Logo depois, Shin deu um passo à frente, cruzando os braços como se fosse só mais um dia normal.
— “Professor… por acaso tem alguma arma que possa me emprestar? Ou algo do tipo?”
Ren inclinou um pouco a cabeça.
— “Hm…? Bem…”
Antes que ele terminasse a frase, Cael se moveu.
Sem dizer uma palavra, o homem da máscara caminhou devagar, o manto ondulando, e jogou uma faca no chão entre eles.
Simples. Fria. Nada especial à primeira vista.
Shin a pegou, analisou brevemente, e deu um leve sorriso.
— “É… vai servir.”
E então… algo mudou.
A faca escureceu.
Não como uma sombra… mas como se fosse engolida por um buraco de densidade absurda.
Cresceu. Alongou. Até se transformar em uma espada quase viva, pulsando em um negro espesso, como tinta fervendo.
— “Nada mal…” — Ren comentou, olhos semicerrados. — “Para outro membro do Clã da Escuridão também. Qual seu nome?”
— Shin Heada.
Ren estalou a língua, quase desapontado.
— “Hm. Outro de família distante, né… Certo. Venha.”
Shin avançou sem hesitar.
Mas o que se seguiu… foi humilhante.
Ren não precisou nem suar. Desviou, derrubou, imobilizou. Com um movimento de punho, mandou Shin ao chão como se fosse uma criança tentando bater em um adulto.
Depois foi o garoto do boné virado para trás. Seu código criava luvas de energia — estilo bruto, direto, mas sem precisão.
Também caiu em segundos.
O próximo, o garoto de cabelos castanhos e olheiras profundas, era do tipo suporte. Tentou criar distância, mas não tinha o que fazer.
Ren só o observou e falou: “Você já está fora.”
No fim, só restavam as duas garotas.
Ren suspirou, então se virou para Cael.
— “Seria covardia.”
Cael não disse uma palavra. Mas sua vela…
A chama tremeu.
Depois cresceu.
Cresceu muito.
O fogo branco se esticava para o alto, como se estivesse invocando algo. Ou alguém.
O campo inteiro pareceu prender a respiração.
O ar ficou pesado. Denso.
Era como se algo estivesse prestes a descer dos céus — ou subir do fundo do mundo.
De longe, vi algo se aproximando do céu como um raio de luz invertido — rápido, mas sem violência.
A coisa… não. A pessoa.
Ela pousou com leveza absurda, como se o chão tivesse sido feito para recebê-la. Nenhuma rachadura, nenhum estrondo.
Era uma mulher.
Seus cabelos azul-claros caíam como ondas calmas, lisos, longos e bem cuidados, dançando no ar junto com o adorno preso na parte de trás — penas coloridas e fitas que balançavam como se tivessem vida própria. Seus olhos dourados me atravessaram, e por um segundo, senti que ela via muito mais do que aparência ou expressão. Ela enxergava por dentro.
A pele bronzeada brilhava sob o sol, e seu traje era… estranho. Mas fascinante. Um top assimétrico, com cortes ousados e detalhes metálicos que tilintavam levemente, combinava com uma saia longa, fluída, presa por argolas douradas que refletiam a luz.
Ela estava sorrindo. Um sorriso confiante, quase travesso.
Mas o que mais me chamou atenção foi aquilo no pescoço.
Rank: 30.000.
Mas que…?
Cael deu um passo à frente e falou casualmente, como se ela não fosse um monstro disfarçado de modelo exótica:
— “Vamos trocar. Te chamei pra observar tudo e também testar as duas garotas. Eu vou sair por enquanto.”
A mulher assentiu devagar, com um sorriso ainda mais estranho, e levantou a mão num sinal de paz.
— “Sayra K’alani. Observadora de lutas. Muito prazer.”
Apesar do jeito despreocupado… era intimidadora. Tinha algo nela que gritava perigo em silêncio.
Ren também se virou pra ela.
— “Quero que assuma por aqui, Sayra.”
— “Beleza, mestre.” — ela respondeu, relaxada, como se isso fosse rotina.
Logo ela estava frente a frente com a garota do Clã Misticia.
Todos nós sabíamos o que vinha: apresentação e demonstração de código genético.
A garota respirou fundo, e sua voz saiu firme, mas serena:
— “Meu nome é Mina Mei.”
Com um movimento leve, ela puxou dois leques da cintura e os abriu com um estalo.
No mesmo instante, pétalas de lírios começaram a cair ao redor dela.
Pétalas reais.
Flutuando com graça, guiadas por uma brisa que nem existia.
A sala ficou em silêncio por alguns segundos. Até Ren, sempre tão seguro, arregalou levemente os olhos.
Sayra ergueu as sobrancelhas, claramente surpresa.
Algo ali não estava normal.
Alguns alunos também trocaram olhares e murmúrios.
Eu, pra ser sincero, não entendi de imediato. Nunca me liguei muito nesses nomes dos Top 10… nunca me importei.
Mas aí Ren falou:
— “Garota… você está me dizendo que tem o mesmo nome da Rank 4, Una Mei? Isso é alguma brincadeira? Uma piada de mal gosto?”
Ele não parecia irritado. Era outra coisa.
Surpresa misturada com dúvida.
Filha da Rank 4? Sério isso…?
Talvez fosse verdade, talvez não. Mas o nome dela agora estava marcado na minha cabeça.
Sayra não perdeu tempo. As duas mãos dela brilharam com uma energia translúcida, formando dois escudos redondos que flutuavam como esferas em sincronia com seus pulsos.
Mina atacou.
Cada passo dela parecia parte de uma dança antiga, coreografada com precisão.
Os leques cortavam o ar com leveza, enquanto as pétalas seguiam seus movimentos como uma aura viva.
Era bonito. Quase hipnótico.
Sayra defendia com calma. O som metálico dos leques batendo nos escudos se misturava com o farfalhar das pétalas.
Mas de repente, num único movimento fluido, Sayra girou o corpo e desferiu um chute.
O golpe parou a milímetros da garganta de Mina.
Parou. Mas o ar cortado já tinha deixado claro: se acertasse… seria fim de luta.
Sayra baixou a perna com um sorriso satisfeito.
— “Gostei. Você é interessante.”
Mina recuou, ofegante, mas com um leve sorriso também.
Parecia satisfeita por ter impressionado.
Logo depois, a outra garota se aproximou.
Cabelos rosa claros, pele delicada, um jeito meio bobinho.
Ela parecia deslocada ali, como se tivesse caído no campo errado por engano.
Mas bonita. E por isso, muitos alunos ao redor suspiraram ou sorriram.
“Fofa demais”, ouvi alguém sussurrar.
Ela olhou ao redor, meio tímida, depois falou:
— “Meu nome é Holi Rasca.”
Sayra esperou, e então Holi simplesmente firmou os pés no chão.
O corpo dela pareceu… enrijecer.
Não de tensão, mas de força.
Era sutil, mas dava pra ver os músculos sob a pele se tornando mais densos, mais resistentes.
O código genético dela… fortificava o corpo.
Sayra atacou algumas vezes, testes leves, mas com força suficiente pra quebrar alguém comum.
Holi resistiu a todos. Sem cambalear. Sem desviar.
Ela ficou ali, firme, com um olhar inocente e determinado ao mesmo tempo.
Sayra deu um passo pra trás, cruzou os braços e soltou um riso curto.
— “Nada mal, princesa cor-de-rosa. Nada mal mesmo.”
Depois das demonstrações de códigos genéticos, uma coisa ficou bem clara pra mim: não existe padrão.
Cada um ali tinha uma habilidade completamente diferente da outra.
Era como se o mundo tivesse distribuído aleatoriamente talentos únicos em corpos humanos só pra se divertir vendo o caos.
E por mais que eu fingisse costume, não vou mentir — ver de perto aquela diversidade toda me pegou desprevenido.
No fundo, achei… interessante. Curioso. Até legal, vai.
Depois daquilo, fomos levados pra conhecer os outros professores.
O primeiro a aparecer foi um cara de aparência bem alinhada. Rosto jovem, cabelo castanho penteado com perfeição, uniforme ajustado no corpo como se ele tivesse sido costurado direto na pele. O nome dele?
Ative.
Sim, só isso. Nada de sobrenome.
Disseram que ele vem de uma família que não usa nomes completos, e que todos os membros possuem códigos genéticos ligados a relâmpagos.
Não é só papo. De toda a academia, ele é o mais rápido.
Vai ser o professor de Cálculos, Matemática aplicada ao uso de energia e controle de concentração.
O tipo de cara que fala pouco, mas quando fala, parece que está resolvendo uma equação dentro da própria cabeça.
Logo depois, veio uma figura completamente diferente.
Mulher, cabelos desgrenhados, bagunçados de um jeito que parecia ter lutado com o travesseiro e perdido. Olheiras profundas como se tivesse feito maratona de estudos por sete vidas, mas… absurdamente animada.
Falava demais, gesticulava o tempo todo e parecia ter tomado café com adrenalina.
Ela será nossa professora de Biologia das Camadas — vai ensinar tudo sobre os ecossistemas tanto das camadas normais quanto das camadas negativas.
Apesar do visual caótico, dava pra sentir que ela sabia o que estava fazendo. Provavelmente uma daquelas gênias excêntricas.
Ah, e claro… o Ren Tianyū ficou responsável pela matéria sobre códigos genéticos.
Combina com ele. A aula já promete ser cheia de tensão.
As coisas estavam indo até bem.
Organizadas, até demais.
Até que…
Um homem entrou na sala como se o mundo ao redor tivesse parado só pra ele.
Óculos elegantes, olhos azuis frios, cabelo amarrado com precisão cirúrgica, roupas de corte fino com listas negras e… uma faixa cobrindo o pescoço.
Hizu Jorney.
Ele olhou pra gente com calma, como quem já sabia tudo o que precisava saber.
— “Muito prazer. Sou Hizu Jorney, vice-diretor desta academia.”
A voz dele era firme, mas carregava certa… elegância. Como se cada palavra fosse calculada.
— “Como vocês são uma das turmas novatas deste ano, é melhor que eu explique diretamente. Devido ao aumento nos ataques de demônios nas camadas inferiores, nosso diretor está temporariamente ausente. Ele está ajudando os membros do exército dos Três Palácios…”
Uma pausa. Ele ajeitou os óculos com o dedo médio.
— “…portanto, por hora, estarei me comunicando com vocês no lugar dele. O diretor pede desculpas por não poder recepcioná-los pessoalmente.”
Aquela frase… soou séria.
O diretor tá lá embaixo nas camadas onde os demônios aparecem?
É… o negócio tá feio.
Hizu então ergueu uma mão e continuou:
— “Primeiramente… os Ranks que vocês possuem fora da academia não serão usados aqui. Dentro da instituição, vocês terão rankings próprios, definidos pela classe de entrada e progresso interno.”
Um brilho percorreu meu pulso.
Rank D – 79
— “Como calouros, todos começarão como Rank D, acompanhados de um número individual. Isso não significa que são fracos. Significa que estão no primeiro ano. Temos atualmente cerca de três mil alunos ativos, somando todas as salas e anos.”
Olhei pro lado. Shin, como sempre, com aquele ar despreocupado…
Rank D – 67.
Espiei a pulseira da Mina.
Rank D – 14.
Baixo demais. Justificava os olhares em volta.
E a Holi…
— “Rank D – 130.” — ela murmurou baixinho, meio cabisbaixa. Aquele jeitinho meio bobo dela deixava tudo mais… sensível.
Ela não parecia entender que aquilo não era definitivo. Mas, por algum motivo, fiquei com vontade de dizer isso a ela.
Hizu não parou.
— “Em três meses, haverá um teste de reclassificação que irá definir os Ranks mais precisamente. Até lá, seus números ainda podem variar.”
— “Lembrem-se: vocês podem pedir ajuda para qualquer professor, não apenas o responsável pela sua matéria. Inclusive a mim. Qualquer dúvida, instrução ou questão importante, podem me procurar diretamente.”
Ele deu um passo para trás, mas parou uma última vez:
— “A saída da academia é proibida sem autorização. E o uso de códigos genéticos sem supervisão de um Observador também. Temos vários professores do Clã Enola aqui. Não tenham medo de buscar conhecimento.”
E então… se virou e saiu.
Simples assim.
Mas algo na presença dele ficou no ar. Uma sombra leve, mas persistente.
Talvez fosse só impressão.
Ou talvez… só o começo.
“Rank D – 79…”
Olhei de novo para o número no meu pulso.
Já sei o que esperar daqui pra frente.
Mas o que realmente me aguarda… ainda é um mistério.
Depois de toda aquela apresentação, fomos finalmente encaminhados aos dormitórios. Cinco prédios enormes se erguiam à nossa frente como pilares de um novo começo. Não havia separação entre meninos e meninas nos prédios — o que tornava os corredores movimentados e, de certo modo, animados — mas os quartos, ao menos, eram divididos por sexo.
Infelizmente, eu e o Shin não caímos no mesmo quarto, o que me deu uma pontada de desapontamento. A gente se despediu com um aceno meio preguiçoso e segui em direção ao meu novo lar… ou pelo menos, onde eu dormiria pelos próximos anos.
Peguei a chave no sistema da entrada e caminhei até o quarto. Quando a porta deslizou e se abriu, a primeira coisa que senti foi o cheiro de algum tipo de colônia forte e amadeirada, preenchendo o ar como uma presença sólida.
E então eu o vi.
Um garoto — não, um homem. Alto, de cabelos compridos que desciam soltos até as costas, como uma cortina escura. Estava sem camisa, exibindo um corpo absurdamente definido, quase como se tivesse sido esculpido em mármore negro. Seus músculos tensionavam conforme ele se movia, e o som do espelho sendo fechado ecoou pelo quarto.
Ele virou lentamente, e seus olhos me encontraram. Eram negros. Profundos. Como se pudessem engolir qualquer um que ousasse encará-los por tempo demais. Frio. Intenso.
E no lado direito do pescoço, quase como uma tatuagem viva: Rank B 2.
Eu congelei por um segundo. B 2? Isso significava que… ele era o segundo mais forte do terceiro ano? Droga. Por que eu?
Ele me analisou de cima a baixo, os olhos se estreitando, e então esticou uma das mãos em minha direção, ergueu o queixo num gesto teatral e falou alto, como se estivesse num palco:
— Me diga seu nome, garoto do Clã da Escuridão!
A voz dele reverberou pelo quarto, como se a parede tivesse dado uma leve tremida. Engoli em seco e respondi:
— Ken… Ken Orquídea.
— Belo nome, garoto! — Ele riu alto, o som quase fazendo o abajur balançar. — Ken Orquídea… me lembra das orquídeas que florescem lá na camada 8. Tão frágeis, tão belas… tão perigosas, hahahahaha!
Com um gesto dramático, ele me mandou entrar. Fechei a porta com cuidado, ainda tentando entender com que tipo de pessoa eu estava lidando. Tinha algo de intenso nele… algo que fazia parecer que o quarto era pequeno demais pra conter sua presença.
— Levi Gressi, é o meu nome. Como você pode ver, sou do terceiro ano… e o segundo mais forte entre eles — ele girou sobre os calcanhares e caminhou até a penteadeira, pegando um pente fino para escovar seus cabelos longos com uma dedicação quase religiosa. — E você, garoto belo… tem algo em você que brilha. Esses olhos… são extravagantes.
Definitivamente egocêntrico. E provavelmente problemático. Mas forte… isso era evidente. O quarto era praticamente dominado pela energia dele.
— Ah, a cama de cima é minha. A de baixo é sua. Simples. Meu antigo colega foi embora — indigno. — Disse com um desprezo quase teatral, jogando os cabelos para trás.
Comecei a guardar minhas coisas em silêncio, tentando não chamar atenção. Quando me virei, ele já estava me encarando de novo, com um brilho curioso nos olhos.
— Me diga, como última pergunta… só pra ver o quão “expendido” você é, garoto Orquídea. — Disse, sorrindo de canto como se estivesse prestes a avaliar uma joia rara.
Eu travei por um momento. Até agora, não tinha realmente parado pra pensar nisso. Só tenho 16 anos. E, tecnicamente, estamos em tempos de paz. Não há demônios invadindo as camadas neutras, nem guerras ou grandes tragédias rolando. Então, por que estou aqui?
— Acho que… quero subir. Chegar no topo. — Comecei, cruzando os braços. — Viver uma vida tranquila, aproveitar o que ela tem de melhor… depois de me esforçar. Mas se nada disso der certo, eu…
As palavras travaram na garganta. Me lembrei de algo que sempre empurrei pro fundo da mente. Minha mãe biológica. A mulher que me deu a vida e me deixou. Eu quase não sabia nada sobre ela. Nem o nome. Mas Karina… Karina dizia que eu me parecia muito com ela. E que ela estava… nas camadas negativas.
Virei o rosto em direção ao Levi, os olhos mais firmes.
— …Quero entender esse mundo. Encontrar minha mãe. Descobrir por que ela me abandonou. Não é como se fosse o propósito da minha vida… mas acho que é uma curiosidade que não consigo ignorar.
Levi sorriu. Um sorriso largo, brilhante. E então…
— EXTRAVAGANTE! — gritou, jogando os braços pro alto como se celebrasse um espetáculo. — Desde o momento que você cruzou aquela porta, eu soube! Rosto belo, características belas, estilo belo… e sonho belo! Verdadeiramente… extravagante!
Eu só consegui soltar um suspiro.
Definitivamente, essa convivência vai ser… diferente.
Mas algo estava acontecendo, sem eu saber, algo que, futuramente, iria mudar meu futuro.

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