Capítulo 33: O verdadeiro exame
As lutas nas outras quadras seguiram num ritmo frenético.
Rápidas. Eficientes. Brutais.
Alunos entravam cheios de esperança e saíam carregados ou mancando, julgados pelos olhos frios de Nivellen.
A cada segundo, mais nomes eram chamados pelo sistema de som.
Até que o meu dispositivo vibrou no bolso.
Bip-bip.
E o de Rina também.
Ela trocou um olhar comigo. Sério, focado.
— Não morra, calouro. — disse ela, seca, antes de se virar e marchar para a Quadra 2.
Respirei fundo, o ar cheirando a ozônio e suor, e caminhei para a Quadra Central.
O nome dela ecoou nos alto-falantes antes que eu pudesse pisar no tatame.
“Luta 14: Ken Orquídea vs. Sahira D’Alani.”
Ela subiu.
Não houve tensão na postura dela. Ela sorria como quem vai brincar no parque, não lutar num exame.
Seus pés descalços deslizavam no chão da arena, as correntes de ouro nos tornozelos tilintando suavemente — tim, tim, tim. Era uma música própria. Ela girava, saltitava de um lado para o outro, com o corpo fluido como água.
Seus ombros balançavam ao ritmo de uma melodia que só ela parecia ouvir.
Os olhos âmbar, sem foco, brilhavam.
Ela parou no centro.
Colocou a mão esquerda na cintura. A direita, ergueu para o alto, espalmada para o céu.
— Nossa luta vai ser diferente, tá? — disse ela. A voz era melodiosa, quase um canto. — Eu não gosto de lutas chatas. E você é um calouro meu, um “irmãozinho” de academia… então vou te dar um desafio. Bem fácil.
A pausa foi teatral. O sorriso dela se afiou, mostrando dentes brancos.
— Se você me fizer usar as mãos… para atacar ou defender… eu desisto. E você vence. Que tal? Não é mais divertido assim?
Eu travei.
O público ao redor, que ouviu, começou a murmurar.
O quê? Sério?
Era só isso?
Ela não podia estar falando sério… ou podia?
Olhei para a postura dela. Relaxada, aberta. Havia algo nela — não era arrogância barata como a do Rico. Era confiança. Uma confiança absoluta e perigosa de quem sabe que é intocável.
Por um segundo, meu coração idiota pensou: “É moleza.”
Mas minha cabeça, treinada por Don Verk e espancada por Levi, corrigiu na hora: “É uma armadilha. Não subestime.”
Fechei os punhos.
Sem armas. A adaga ficaria guardada. Se ela queria uma dança, eu ia dar uma dança.
— Aceito. — rosnei.
Mas dentro de mim… algo dizia que essa música ia terminar em sangue.
Nivellen ergueu a mão.
— Comecem.
Sem hesitar, ativei meu código.
O ar rasgou.
A distorção se abriu ao meu lado, e em um instante, mergulhei no vácuo.
Teleporte.
Saí nas costas dela.
Rápido. Limpo. Um soco direto na base da coluna.
Mas Sahira…
Ela não se virou. Ela não olhou.
Ela apenas sorriu.
Com um movimento gracioso, ela flexionou os joelhos e saltou.
Para trás.
Por cima de mim.
Ela passou voando sobre a minha cabeça, de ponta-cabeça no ar, o cabelo vermelho roçando meu rosto como fogo.
A ponta do pé descalço dela tocou meu ombro suavemente.
Tuc.
O toque foi leve, mas a força cinética foi absurda. Fui empurrado para a frente, tropeçando nos meus próprios pés.
Girei na hora, em guarda.
Ela já estava lá, de pé, a alguns metros de distância.
De olhos fechados.
— Eu sou cega. — disse Sahira, apontando delicadamente para as próprias pálpebras com o indicador, sem encostar. — Isso é uma desvantagem, sabia? Mas… você se teleporta? Sinto o vácuo no ar. Que habilidade interessante…
Cega…?
Aquilo não fazia sentido.
Ela havia reagido ao meu teleporte com precisão milimétrica.
— E o seu corpo… — continuou ela, inclinando a cabeça como um pássaro curioso. — Você usa uma lente de contato no olho direito, né? Sinto a leve elevação da curvatura da córnea e a textura sintética vibrando diferente do tecido orgânico.
Gelei.
Ela sentiu isso…?
Uma lente fina? A metros de distância?
Entendi na hora: se ela era realmente cega, os outros sentidos dela não eram apenas “bons”. Eram sonares biológicos de nível monstruoso. Ela “via” o som, o deslocamento de ar, a temperatura.
Mas isso também significava uma vantagem… se eu usasse o barulho a meu favor.
Avancei. Velocidade pura.
Nada de portais agora. Queria testar o reflexo físico.
Meus punhos voaram. Sequência de jab, direto, cruzado.
E ela… dançava.
Ela não bloqueava. Ela escoava.
Cada esquiva parecia parte de uma coreografia ensaiada. Ela girava a cintura, dobrava as costas num ângulo impossível, passava por baixo do meu braço.
Seus quadris balançavam, os sinos nos tornozelos tocavam tim-tim-tim.
Era como tentar socar fumaça.
Mas eu sabia: em algum momento, ela teria que atacar para manter a distância.
Esperei por isso.
Quando ela finalmente levantou a perna direita — alta, elegante, num arco perfeito para um chute descendente — eu vi a abertura.
Ela estava em um pé só. Equilíbrio comprometido.
Agora.
Teleporte.
Apareci atrás dela, no ponto cego (se é que ela tinha um).
Avancei para agarrá-la.
Mas ela não perdeu o equilíbrio.
Ela usou o momento do chute que errou para girar o corpo inteiro no ar, como um peão.
A perna esquerda dela veio voando.
BAM.
O calcanhar dela conectou com o meu abdômen.
O impacto me fez perder todo o ar. Dobrei o corpo.
Mas não recuei.
A dor clareou minha mente.
Agarrei a perna dela.
Minhas mãos fecharam no tornozelo fino dela antes que eu fosse lançado.
— Te peguei! — gritei.
Com um grito abafado de esforço, usei a força bruta para girá-la e arremessá-la para o alto.
Ela voou.
Abri três portais ao redor dela no ar.
Confusão sonora.
O som de vácuo vindo de três direções.
Ela rodopiava no ar, de cabeça para baixo.
Mas ela estava sorrindo.
Eu surgi de um quarto portal — logo abaixo dela, no chão, esperando a queda para finalizar.
Mas ela não caiu como uma pedra.
Ela contorceu o corpo no ar. Pousou com uma graça felina, dobrando os joelhos, absorvendo o impacto sem fazer nenhum som.
E sem usar as mãos.
Inacreditável.
Nem me dei tempo de respirar. Ativei outro portal e apareci atrás dela de novo — soco armado.
Mas, como se tivesse lido minha mente, ela se abaixou antes do portal abrir completamente.
Era impossível.
Estava começando a ficar… frustrante.
Ela não usava as mãos. Elas continuavam, provocativamente, na cintura ou para trás.
Ela estava me vencendo com os pés e com o sorriso.
Então, a ideia veio.
Som.
Ela reage ao som do portal abrindo e ao deslocamento de ar.
Comecei a brincar com a física.
Avancei direto.
Abri dois portais: um na frente dela, o outro atrás.
Fingi, com o movimento do corpo, que passaria pelo de trás.
Mas desativei o da frente no último milésimo de segundo.
Ela, como previsto, virou o pescoço para trás, reagindo ao som do portal ativo.
Mas eu não fui por ali.
Usei um portal de corpo inteiro no chão, aos meus pés.
Caí nele.
E saí no teto da quadra (ou o mais alto que a minha exaustão permitia).
Enquanto ela virava para a direção errada, focada no som falso…
Eu caí em silêncio, com a gravidade.
Apareci nas costas dela, vindo de cima.
Criei vários mini-portais ao redor, estalando o ar, criando uma cacofonia de ruídos para cegar o sonar dela.
Era meu momento.
O soco perfeito.
Ataquei.
Mas…
Ela não ouviu. Ela sentiu.
Talvez o calor do meu corpo. Talvez a intenção assassina.
Ela apenas deu um passo para o lado.
Um passo simples.
Inclinou o corpo como um salgueiro ao vento.
Meu punho passou raspando o nariz dela.
Errei.
Eu congelei, o corpo estendido no golpe falho.
Incrédulo.
E então ouvi a voz dela, bem no meu ouvido. Suave, quente, sem arrogância — apenas alegria pura.
— Pela audácia e pela criatividade… eu deixo você ganhar.
O golpe dela veio seco.
Ela girou. Um chute rodado, forte e preciso, bem no meio das minhas costas expostas.
PLAFT.
Fui jogado de cara no chão. Comi poeira.
A dor explodiu na minha coluna.
Fiquei lá, estirado.
Derrotado. Humilhado.
Mas então…
— O vencedor é Ken Orquídea, por desistência! — A voz de Nivellen anunciou.
Levantei a cabeça, cuspindo areia.
Sahira estava saindo da quadra.
Ela saltitava, rindo baixinho como uma criança que acabou de ganhar um doce, as mãos ainda nas costas.
— Foi divertido, D-79! — cantarolou ela, sem olhar para trás.
Eu venci.
Mas perdi.
Não era sobre pontuação.
Era sobre domínio.
Ela me conduziu pela luta inteira como se eu fosse um parceiro de valsa desajeitado. Ela controlou o ritmo, a distância e o final.
E no fim… ela escolheu o resultado porque estava entediada ou satisfeita.
Me ergui devagar, ofegante, limpando a roupa.
A arena parecia mais silenciosa para mim.
Ou talvez fosse só meu orgulho ferido tentando processar a lição.
Saí da quadra, mancando.
Ainda dava para ouvir o barulho das outras lutas ao redor — gritos, aplausos, ossos quebrando.
Mas o som que ecoava na minha cabeça era o tilintar dos sinos dela.
Eu preciso ficar mais forte.
Logo depois, Rina saiu da quadra.
Nem parecia cansada. O uniforme estava impecável, sem uma gota de suor ou um fio de cabelo fora do lugar. Ela caminhava como se tivesse acabado de sair de uma volta no parque, não de um combate de Rankeados.
— Acredito que venceu, né? — disse ela, casual, ajeitando a faixa da cintura. — Pela sua cara de quem mastigou limão, foi uma vitória técnica.
Eu só assenti com a cabeça, exausto demais para explicar os detalhes.
Usei portais demais… Minha cabeça latejava, uma enxaqueca rítmica atrás dos olhos. Meu corpo inteiro estava pesado, como se a gravidade tivesse aumentado só para mim. Cada fibra muscular pedia arrego.
Foi então que senti uma mão pousando com força — mas sem agressividade — no meu ombro.
— Você foi muito bem, Garoto Orquídea. — A voz era inconfundível.
Virei o rosto. Levi Gressi estava lá, com aquele sorriso confiante e brilhante de sempre. Mas seus olhos não tinham escárnio.
— Estou orgulhoso. — disse ele. — Você manteve a elegância, mesmo na desvantagem.
Travei.
Levi Gressi. Me elogiando.
Talvez o mundo realmente estivesse de cabeça para baixo hoje. Ou talvez eu tivesse batido a cabeça forte demais.
— E agora eu tenho que… — comecei a falar, tateando o bolso em busca do próximo passo.
Mas Rina me cortou, seca:
— É só esperar. Aquele dispositivo vermelho vai apitar de novo. O papel que você pegou é a chave. Ele mostrará o seu próximo oponente.
Eu ia responder, mas o mundo explodiu.
BOOOOM!
Uma onda de choque sacudiu a Arena 4. Poeira de concreto voou para todos os lados.
Todos viraram a cabeça para a Quadra 3.
A parede de proteção estava destruída. Havia uma cratera fumegante no concreto armado.
E, no centro da cratera, fincado como um prego torto… estava um aluno.
Inconsciente. Sangrando. Quebrado.
E de pé, no centro da quadra, limpando a poeira da calça com tédio…
Rico Zyx.
Nivellen Dreyo, a Observadora, apareceu ao lado dele num piscar de olhos. O rosto dela, geralmente inexpressivo, estava trincado de desaprovação.
— Perderá pontos por conduta excessiva, Candidato Zyx. — A voz dela cortou a poeira. — Isso foi desnecessário. O combate já tinha acabado.
Rico apenas deu de ombros. Ele baixou a perna lentamente.
Então, ele olhou para cima.
Diretamente para a arquibancada.
Diretamente para mim.
O olhar dele era um abismo de sadismo. Um lembrete: “Você é o próximo.”
Se fosse há três meses, minhas pernas teriam tremido. Eu teria desviado o olhar.
Mas hoje?
Eu sustentei o olhar. Absorvi o ódio dele e devolvi com frieza.
Vem.
Rico sorriu, um sorriso torto de quem aceitou o desafio, e saiu da arena pisando nos destroços.
Respirei fundo, voltando a atenção para o papel amassado no meu bolso.
Desdobrei.
D – 22.
Franzi a testa. Esse número…
Era o mesmo do Vastelion Viar. O garoto orgulhoso do Clã da Luz que tinha sido humilhado pelo professor Ren no primeiro dia.
Para falar a verdade, fazia tempo que eu não prestava atenção nele. Ele tinha sumido do radar.
— Vou lutar contra alguém do meu ano. — murmurei. — Que sorte. Pelo menos não é um monstro veterano.
Olhei para a arena novamente.
Vastelion estava entrando na quadra.
Mas… algo estava errado. Ou melhor, certo demais.
Vastelion estava diferente.
A postura arrogante e desleixada tinha sumido. Ele caminhava com as costas retas, focado. Mesmo através do uniforme, dava para ver que ele tinha ganhado massa muscular. O garoto mimado de três meses atrás tinha desaparecido. No lugar dele, havia um soldado.
Ele estava sério. O olhar dourado fixo no oponente.
O adversário dele era um tal de Marco.
Um garoto de óculos escuros (dentro de uma arena?) que chupava um pirulito com uma cara de confiança exagerada e irritante.
Marco ajeitou os óculos que escorregavam no nariz e sorriu com desdém.
— Luzinha, né? Vai ser fácil.
Nivellen ergueu a mão.
— Comecem.
Vastelion não gritou. Não fez discurso.
Ele abriu os braços, mantendo-os baixos.
Na palma das mãos, a luz se condensou. Gotas de energia pura pingaram e se esticaram, formando chicotes finos e brilhantes.
Com um movimento rápido de pulso, ele jogou as linhas para cima. Elas descreveram arcos perfeitos e desceram como cobras luminosas em direção a Marco.
Marco riu.
— Lento!
Quando as linhas iam tocar nele, o corpo de Marco se dissolveu em fumaça cinza.
Código de Névoa.
Ele reapareceu dois metros ao lado, ainda com o pirulito na boca.
Mas Vastelion não se abalou.
Ele correu.
Enquanto corria, suas mãos se moviam como as de um maestro regendo uma orquestra violenta. Ele criava mais linhas, tecendo uma rede no ar.
Marco continuava desviando, virando fumaça, rindo.
— Não consegue me pegar, Luzinha!
Mas Vastelion não estava tentando pegar ele. Estava cercando.
Num instante, ele fechou o punho.
As linhas de luz, que pareciam ter errado, mudaram de direção no ar. Elas brilharam intensamente, queimando a fumaça.
SHHHK.
— Ai!
Uma linha rasgou a manga de Marco. Outra fez um corte superficial na bochecha. Outra na perna.
A fumaça se dissipou. O sorriso de Marco sumiu. Ele cuspiu o pirulito, mordendo-o de raiva.
— Seu merda…
Vastelion parou. Ele estava ofegante, mas os olhos dourados queimavam com uma determinação nova. Ele não era mais apenas um riquinho. Ele era um guerreiro.
Rina me cutucou, interrompendo minha análise.
— É melhor você ir comer algo, Ken. — disse ela, observando Vastelion preparar o golpe final. — Você está pálido. Se desmaiar de fome na próxima luta, eu te mato antes do seu oponente.
Fechei os olhos e concordei. Minha barriga roncava mais alto que a torcida.
Saí da Arena 4.
Deixei Rina e Levi para trás.
Eu só queria água. Um pouco de açúcar. E silêncio.
Mas é claro que o destino tinha outros planos e um senso de humor questionável.
No meio do corredor principal, Shin apareceu do nada. Surgiu atrás de mim como um fantasma tagarela e elegante.
— Ken! — Ele tocou meu ombro. — Como foi sua luta? Eu ainda estou esperando a minha, acredita? Estou meio ansioso. A fila da Arena 3 está uma bagunça.
Pensei em responder, em contar sobre a “vitória” estranha contra Sahira, mas meu cérebro estava em modo de economia de energia.
Continuamos andando em direção aos bebedouros, quando um som estranho começou a crescer.
Vozes.
Gritos eufóricos ecoando pelos corredores de pedra.
— Você viu?!
— Corre! É na Arena 2!
— A Solara vai lutar contra a Kaira Misticia Ilyssan! Isso vai ser insano!
Pessoas começaram a correr.
Não um ou dois alunos. Uma multidão. Um êxodo em direção à Arena 2.
Shin parou, os olhos roxos brilhando de empolgação.
— O quê?! Solara contra Kaira? — Ele agarrou meu braço. — Vamos, Ken! A gente tem que ver isso!
Fiquei pensativo por um momento, a mente lenta.
O nome “Kaira Misticia Ilyssan” me soava familiar… como um eco de realeza.
— Quem é ela? — perguntei, deixando ser arrastado.
— A mais forte do Quarto Ano! — respondeu Shin, como se fosse óbvio. — Ela é a Rank A-1. A “Imperatriz de Jade”. Dizem que ela é a única que pode bater de frente com a Solara. Elas nunca lutaram publicamente antes. Isso é histórico!
Meu corpo se encheu de adrenalina. O cansaço foi esquecido por um segundo.
Ver o topo do mundo colidir? Eu queria.
— Vamos. — disse eu, apressando o passo.
Mas então…
Tudo parou.
Não foi como o “tempo parado” comum.
Foi diferente.
Foi como se a gravidade tivesse aumentado cem vezes apenas ao meu redor.
O som dos passos, das vozes, da multidão empolgada correndo para ver a luta… tudo ficou abafado, distante, como se eu estivesse debaixo d’água.
O corredor, que estava cheio, pareceu desaparecer. As pessoas viraram borrões cinzas.
E então senti aquilo.
Uma pressão absurda.
Não era quente como a de Solara, nem fria como a de Nivellen.
Era densa. Escura. Primordial.
Uma aura afiada como uma lâmina de obsidiana encostou na minha nuca.
Uma voz surgiu no meio do caos abafado. Firme, calma e aterrorizante.
Só eu parecia ouvi-la.
— Ken Orquídea…
Congelei.
— Por acaso tem um minuto? Quero falar com você.
Meu coração falhou uma batida.
Me virei devagar, cada vértebra do pescoço protestando contra a pressão.
E ali.
Em meio à multidão que corria na direção oposta, alheia à presença do monstro entre eles.
Ela estava parada. Imóvel como uma rocha num rio corrente.
Cabelos negros presos em coques altos. Quimono escuro que parecia absorver a luz do corredor.
E olhos roxos que me prendiam no lugar como pregos.
Acara Achlys.
A Chefe do Clã da Escuridão.
Ela sorriu. E o sorriso dela fez o meu sangue gelar.

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