Eu prometo ser sincero sobre tudo.

        Já fazem trinta e dois meses, vinte quatro dias e algumas horas desde que ouvi aquela notícia. As palavras emitidas por aquela televisão assombram a minha mente até hoje:

        “Atenção! Moradores de todos os cantos desse país! O presidente acaba de declarar lei marcial em todo o território nacional. Não saiam de suas casas! O vírus da Doença Debilitante Crônica avançou em níveis extremos e já não temos mais o controle da situação. Pedimos a compreensão de toda a população. No mais, não me resta mais nada a não ser desejar… uma boa sorte a todos.”

        Aquele vírus debilita todo o sistema nervoso das pessoas que se infectam e as transformam em verdadeiros mortos-vivos, que só têm um único interesse: devorar qualquer coisa viva.

        No início, apenas algumas pessoas relatavam falta de ar e febre alta. Mas depois tudo isso se alastrou.

        Desde então, eu e minha irmã estamos lutando para sobreviver nesse inferno de cidade a cada dia. E, sinceramente, nunca imaginei que chegaríamos tão longe.

        Depois de conflitos e conflitos por todo esse tempo, perdemos parentes e inclusive nossos pais. Amigos que estavam ao nosso lado se sacrificaram. Pelo menos é assim que penso.

        Caminhando pela sombra de cada rua dessa cidade, encontramos um casal de amigos, Olívia e Dan. Esse encontro foi há apenas três meses atrás. Aquele dia foi um pouco conturbado, já que apontamos nossas armas uns contra os outros no meio de um supermercado abandonado. Porém, estamos juntos desde aquele dia.

        Os primeiros raios solares estão aparecendo. Estou observando uma escola da janela do segundo andar da catedral da cidade.

        As pessoas… ou infectados… estão vagando por toda a grande rua que separa a catedral e aquela escola.

        Os recursos no centro da cidade já estão quase esgotados. Eu não sei se a caminhada para a parte exterior já não vale mais a pena. Nossa última porção de comida acabou há dois dias. Água? Fazem apenas algumas horas desde que esvaziamos a última garrafa.

        Fico me perguntando… será que ainda vale a pena estar vivo… para ficar escutando o ronco do Dan todas as noites? Sério, isso já está me matando.

        Acabo de escutar os primeiros passos no andar debaixo. Provavelmente deve ser Olívia. Ela gosta de sempre acordar cedo só para observar o sol. Que mania estranha.

        Ah, espera! Acho que esqueci de me apresentar. Meu nome é Tom e tenho apenas dezesseis anos. Minha irmã, Catarina, que é apenas um ano mais nova, está dormindo ao meu lado. Ela é um anjo, mas só enquanto dorme. Seus cabelos pretos e curtos realmente são estilosos, mas esse vestido azul, sujo e rasgado pode estragar um pouco a sua reputação.

        Mas enfim, o que eu posso dizer? Roupa limpa não é o que se encontra em um apocalipse. Pelo menos eu posso me vangloriar dos meus olhos verdes, se é que isso importa agora. Que merda, por que eu disse isso!?

        Bom, eu sou um ótimo memorizador! Mas isso não resolve muita coisa quando estamos frente a frente com aqueles infectados.

        Ei! Os roncos do Dan no andar debaixo cessaram. Parece que ele acordou. O dia sempre fica mais alegre depois que isso acontece.

        — Ei… Você sabe que hoje é o dia, não é? — Disse minha irmã, com uma voz preguiçosa, enquanto abria seus olhos.

        Não a respondi. Toda a situação que estávamos prestes a presenciar me deixava completamente tenso. Por que ela foi me lembrar disso? Me desculpe, eu sou um pouco medroso. Mas um medroso sincero.

        Como eu havia dito, os recursos estão completamente esgotados. A única coisa que temos é um galão cheio de gasolina além da informação de um carro em perfeito estado, que se encontra na saída daquela escola. Dan e Olívia que nos informaram sobre isso. Parece que eles estudaram toda a área externa do local nos últimos dias enquanto ainda tínhamos recursos.

        Mas, devido ao esgotamento de toda a comida e água, foi necessário traçar um plano totalmente arriscado.

        Em instantes, vamos invadir aquela escola e fazer de tudo para chegarmos até o carro considerado perfeito pelo Dan.

        Pelo que pude extrair nos últimos dias das conversas que fazíamos ao anoitecer, percebi que Olívia é uma verdadeira fã desses modelos clássicos de carro. Ela disse que aquele carro era um Seat 850. Ela se amarrou mesmo naquela pintura esverdeada.

        Em uma noite, tive a chance de conversar com Dan a sós em um canto da catedral. Pude perceber alguns pensamentos suicidas, mas apenas ignorei.

        Sobre o plano, por incrível que pareça, a maior parte dele está sob minhas costas. Por que? Eu estudei naquela escola nos últimos onze anos, antes de toda essa merda. Então a responsabilidade de guiar o grupo até o carro caiu toda sobre mim. Contudo, não posso negar que eu conheço cada pedaço daquele colégio.

        — Vamos, Tom! — Falou minha irmã, alegre.

        Naquele momento, ela já havia se levantado e recolhido o grande pano que sempre utilizava para improvisar sua cama. Em seguida, ela desceu pelas escadas para se encontrar com o casal de amigos.

        Enquanto ainda observava os raios do sol se aflorarem pelo meu quarto, finalmente tomei coragem e me enchi de determinação ao me lembrar de todos aqueles que morreram ao meu lado, enfrentando aquelas aberrações lá fora. Não posso deixar que todas as vidas deles tenham sido em vão.

        Parti daquela janela e comecei a descer as escadas. Preciso urgentemente trocar esses sapatos desgastados.

        — Eu me lembro até hoje… quando aquelas festas radiantes do centro dessa cidade maravilhosa de Madrid ocupavam todas as ruas. Nenhum carro era visível. Apenas as roupas coloridas de todas aquelas pessoas. Que saudade, garota… — Dan disse aquilo enquanto dançava lentamente, encarando Olívia. Ela estava terminando a última sessão da sua malhação matinal. Seus cabelos e olhos negros sempre chamavam minha atenção.

        — Por que você não se junta com todas elas? Estão bem ali fora! Só que desta vez vão dançar sobre o seu sangue! — Falou Olívia. Claramente ela estava tensa por causa do nosso plano. — Agora se concentre!

        Apesar de serem adultos, aqueles dois sempre discutiam como crianças. Isso sempre foi vergonhoso.

        — Está vendo isso, menina? — Dan perguntou para minha irmã. — Espero que não fique assim quando você crescer. — Ele riu em seguida.

        Minha irmã estava se divertindo diante daquela situação.

        Aquele andar estava completamente vazio. O chão de madeira já estava apodrecendo. As cadeiras, que eram utilizadas para os cultos daquele lugar, estavam todas bagunçadas. O lugar, que estava dominado pelo breu, agora começou a ser iluminado pela luz do sol com o passar dos segundos.

        — Ei, Tom! Você está pronto? — Olívia disse aquilo enquanto se aproximava de mim.

        — Ah… Claro! — Droga, não consegui disfarçar minha tensão. Acho que ela percebeu!

        — Ei. — Olívia pegou no meu ombro. — Não tem o que temer! Vai dar tudo certo!

        Dan começou a andar na minha direção. Eu juro que podia sentir o chão quase quebrando diante da massa exorbitante daquele homem. Como ele não perdeu todo esse peso em quase um ano e meio de recursos escassos? Bom… Talvez seja uma condição biológica desfavorável.

        — É claro que vai dar tudo certo! — Dan falou aquilo após me dar dois tapas pelas costas. Tapas que doeram por causa daquela mão pesada. — O garoto conhece todas as rotas daquela escola!

        Acho que ele colocou mais pressão sobre mim. Droga.

        — Vamos, não podemos perder mais tempo! — Alertou Olívia.

        Dan e Olívia começaram a organizar algumas coisas em suas respectivas mochilas.

        Nosso armamento até que estava formidável. Pelo que eu me lembre, Dan ainda tinha dez balas para a sua escopeta. Já Olívia, dois pentes de doze balas cada para a sua pistola. A última vez que encontramos algum tipo de munição foi há mais de um mês atrás, então eu acho que tivemos uma boa administração.

        Catarina adquiriu uma nova habilidade desde o início de todo aquele pesadelo. Ela ficou ágil com qualquer tipo de faca. Mas não posso deixar de confessar que a lentidão daqueles infectados sempre a favoreceu.

        Quanto a mim? Eu sempre dependi da minha irmã para sobreviver quando tínhamos que lidar com aquelas aberrações. Sim, eu não sei manusear qualquer tipo de utensílio ou arma. Eu realmente invejo a coragem dela. Se meu pai estiver nos vendo de algum lugar, acho que ele não teria muito orgulho do seu filho.

        Começamos a andar em direção à porta principal da catedral. No caminho, Olívia nos alertou:  

        — Lembrem-se! — Olívia era a nossa linha de frente. — A partir do momento que cruzarmos aquela porta, não podemos nos separar. Apenas façam o que já sabem! Não inventem moda e muito menos hesitem!

        — E quanto ao querido Tom? — Dan colocou sua mão sobre minha cabeça após dizer aquilo. Que sensação horrível. — Vai apenas ficar olhando? Já que ele se treme todo de medo perante aquelas bestas! — Ele soltou umas risadas logo depois.

        — Deixe-o — disse minha irmã. Ela realmente era meu anjo da guarda. — Ao menos ele sabe dirigir um pouco.

        — É sério? Por que não nos disse isso antes? — Dan me confrontou, surpreso dessa vez. — Então você vai dirigir quando estivermos na estrada, garoto! Enquanto eu tiro uma bela soneca!

        Apesar da extrema chatice, não posso esconder o fato dele ser divertido às vezes. Raramente, às vezes.

        Quando chegamos na porta principal, já escutávamos os pequenos barulhos emitidos daqueles infectados. Eu tentava imaginar que as pessoas ainda estavam naqueles corpos, e que algum dia elas poderiam ser curadas. Mas isso é excesso de fantasia.

        — Não parem de me seguir por um minuto! — Ordenou Olívia. — Ei, Tom. Quando entrarmos no colégio, precisaremos chegar até o pátio florido. Você sabe o caminho, não é?

        Catarina me confrontou. Os olhares da minha irmã me transmitiram muita confiança.

        — Sim! — Eu acho que nunca disse uma frase com tanta determinação em toda a minha vida.

        — Então, vamos! — Berrou Olívia, dando um chute naquela grande porta em seguida e chamando a atenção de todos os infectados que dominavam aquela rua.

        A porta principal do colégio estava a aproximadamente vinte metros de distância de nós.

        Começamos a avançar.

        Havia carros quebrados para todos os lados. Corpos apodrecidos. Postes de luz caídos.

        O barulho daquelas aberrações que vinham em nossa direção me aterrorizou por alguns instantes, mas consegui me recuperar a tempo.

        — Venham aqui… seus pedaços de merda! — Gritou Dan.

        Corríamos aos poucos. Olívia e Catarina matavam as aberrações que estavam no caminho para a porta da escola, enquanto Dan me protegia.

        Finalmente chegamos até a porta principal. Um daqueles infectados quase me agarrou, mas Dan conseguiu arrebentar a cabeça dele com sua escopeta. O barulho daquela arma me deixou tonto, porém Olívia e minha irmã conseguiram me agarrar e me puxar para dentro da escola.

        Estávamos dentro do colégio a partir dali.

        — Ei, Tom! Está me escutando? — Berrou Catarina.

        O barulho da escopeta de Dan ainda zumbia nos meus ouvidos.

        Consegui ouvir o barulho de outras aberrações. É claro que eles também estariam dentro do colégio.

        — Não temos tempo! Vamos, Tom! Se recupere! — Era a voz de Olívia.

        Após alguns segundos, tudo voltou ao normal. Consegui enxergar e ouvir claramente a partir dali. Me levantei e observei todo o local. Tracei a rota que precisávamos cursar para chegar ao pátio florido, onde encontraríamos aquele carro.

        — Por aqui, me sigam! — Falei com confiança.

        Disparamos entre os corredores do colégio. Tivemos que lidar com vários infectados no caminho.

        Quando chegamos no salão principal, fomos recebidos por uma grande horda das aberrações.

        — Para onde vamos, Tom!? — Perguntou Olívia, com um pequeno tom de desespero.

        O caminho mais fácil para o pátio florido era através do salão principal do colégio, mas aquela horda havia o dominado.

        Estávamos cercados. Aquela horda vinha em nossa direção, enquanto alguns infectados que deixamos para trás no caminho já nos alcançavam.

        Diante de tudo aquilo, consegui manter a calma e recalcular a melhor rota possível em minha mente.

        — Tenho uma ideia, mas pode ser arriscada… Vamos, vamos! — Falei aquilo que aquelas aberrações se aproximassem o suficiente. Seguimos para um dos corredores principais, e logo depois para as escadas que levavam ao segundo andar da escola.

        Contabilizando mentalmente tudo que havíamos gasto até então, Dan só tinha apenas mais duas balas para utilizar em sua escopeta. Já Olívia, ainda tinha metade do último pente da sua pistola.

        Após uma pequena corrida, conseguimos chegar ao segundo andar.

        — O que você está planejando? — Perguntou minha irmã.

        A respondi com confiança, enquanto me esforçava para que minha recuperação ofegante não atrapalhasse a minha dicção ao longo do caminho:

        — Vamos saltar do segundo andar até o pátio florido!

        — Como é… garoto? — Dan parecia estar incrédulo. Na verdade, com certeza ele estava!

        — Da janela da minha antiga sala até o chão daquele pátio! Podemos saltar sobre um tapete de grama macia de uns quatro ou cinco metros de distância do chão.

        Percebi que Dan se preocupou com aquela ideia.

        — Tudo bem, não temos tempo para discutir, vamos! — Disse Olívia. Alguns infectados se aproximavam.

        Corremos até minha antiga sala. As cadeiras estavam quebradas e completamente fora de ordem. Não havia nenhum infectado ali. Dan conseguiu trancar a porta, arrastando um armário até a frente da mesma, impedindo qualquer passagem.

        Começamos a saltar sobre aquela janela, um a um. Olívia foi a primeira. Logo depois, a minha irmã saltou em grande estilo. Após alguns segundos, adquirindo coragem, consegui saltar até aquela grama fofa.

        Dan estava receoso de saltar daquela altura devido ao seu peso.

        — Vamos! Pule daí! — Gritou Olívia, chamando a atenção de vários infectados e inclusive de toda aquela horda do salão principal.

        Dan finalmente tomou coragem e saltou. Mas talvez aquela não tenha sido a melhor escolha. Ele começou a gemer de dor logo após a sua colisão com o chão.

        Vários infectados começaram a se aproximar. Olívia só estava com mais três balas em seu pente.

        — Vão! Me abandonem aqui! Vocês não vão conseguir me salvar! — Berrava Dan.

        Olívia se recusava a deixar Dan em meio às lágrimas que já escorriam de seu rosto.

        — Não! Não! — Berrava ela.

        — Vamos, Olívia! Eles estão se aproximando! — Gritou minha irmã.

        — Anda, garoto! Pegue aquele carro e fuja daqui com elas! —  Dan jogou a sua mochila e aquela escopeta na minha direção. — O galão com a gasolina está aí!

        Minha irmã, friamente, pegou aquela mochila e jogou sobre minhas mãos, e logo em seguida se armou com aquela escopeta:

        — Vamos! — Gritou ela.

        Começamos a correr em linha reta até aquele carro, que mesmo que estivesse longe, já era visível.

        Enquanto corríamos entre aqueles infectados, podíamos ouvir os primeiros gemidos de Dan enquanto era devorado. Olívia ainda choramingava.

        Após uma extensa corrida, finalmente chegamos até aquele carro. Ele tinha que funcionar. Todas nossas fichas estavam ali.

        — Encha um pouco do tanque com o galão, Tom! — Gritou Olívia.

        Abri rapidamente aquela mochila e retirei o galão.

        Corri em direção ao capô daquele carro e o abri. Seu motor estava realmente perfeito.

        Comecei a encher o tanque com o galão, utilizando o auxílio de uma pequena mangueira. Mas vários infectados já se aproximavam.

        Estávamos começando a ficar cercados novamente. Vários infectados naquele grande pátio se aproximavam cada vez mais.

        — Estou sem nenhuma bala! — Gritou Olívia depois de zerar todo o seu pente.

        Minha irmã ainda conseguiu parar algumas daquelas aberrações, mas não foi suficiente.

        Depois de alguns segundos, não tínhamos mais nenhuma saída. Precisávamos ir.

        — Ei, crianças! Vocês precisam entrar no carro! Agora! — Gritou Olívia, caminhando em minha direção.

        Quando ela se aproximou, tomou o galão de minhas mãos e assumiu a minha função.

        — O que? — Replicou minha irmã, confusa.

        — Andem logo! — Olívia estava furiosa.

        Minha irmã gastou as últimas duas balas que ainda restavam naquela escopeta para matar alguns infectados que se aproximavam de Olívia.

        Obedecemos ao comando e entramos no carro.

        Ainda que eu fosse inexperiente, eu ainda me lembrava um pouco do que meu pai havia me ensinado sobre a fiação de carros, mas não foi preciso. A chave daquele automóvel estava justo em cima do painel. Talvez a sorte realmente estivesse ao nosso lado?

        Olívia, depois de alguns segundos, finalmente fechou o capô e jogou o galão para dentro do carro. Porém, um infectado a alcançou e a arremessou no chão daquele gramado.

        — Não! — Gritou minha irmã, que estava ao meu lado, desesperadamente.

        Depois de conectar a chave, passei a dar partida naquele maldito carro, mas ele não ligava de jeito nenhum!

        Os infectados começaram a se mutuar em cima do corpo de Olívia, e também sobre as janelas do carro.

        Após a quarta tentativa, a droga do carro finalmente ligou. Minha irmã comemorou instantaneamente, mas eu precisava manter a cabeça fria para nos tirarmos daquela situação.

        Dei ré em rápida velocidade. Consegui perceber o rosto sorridente de Olívia antes que nos distanciássemos de todo o pátio, enquanto ela era devorada.

        Atropelei uma grande parte daquela horda e finalmente cheguei até o estacionamento daquele colégio. Dali, parti de uma pequena avenida que se conectava com aquele local. Eu não me lembrava que dirigia tão bem assim.

        Foi possível ver o corpo de Dan, ainda sendo devorado por aqueles infectados enquanto fugíamos.

        Depois que entrei na pequena avenida, pedi para que Catarina retirasse um mapa de dentro de sua mochila, que Olívia a havia entregado enquanto ainda estávamos na catedral. Ela me guiou pelas ruas da cidade que não estavam ocupadas por quase nenhum carro ou que eram impossíveis de serem transitadas.

        Após meia hora, finalmente chegamos até uma grande estrada cercada pela natureza. Não havia corpos ou qualquer coisa que se assemelhasse àquele apocalipse de merda.

        Percebi que Catarina estava triste. Notei uma pequena lágrima saindo de seu olho. A enxuguei e a confortei com meu braço direito em seguida.

        Dá pra acreditar que o rádio do carro ainda funcionava? As músicas gravadas e contagiantes que tocavam ali ao menos aliviaram um pouco dos nossos sentimentos.     Com aquela quantidade de gasolina, com certeza conseguiríamos chegar até a próxima cidade. Se vai haver recursos lá? Se vai haver infectados? Se vai haver algum grupo de sobreviventes? É impossível saber sem conferirmos. Mas, pelo menos conquistamos a nossa primeira vitória em todo esse tempo. Até que enfim estávamos saindo de todo aquele inferno. E, talvez, prestes a entrar em outro.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota