Há algumas coisas boas quando se trata de sobreviver em um apocalipse… ou pelo menos eu achava isso. O simples fato de não ter que se comprometer com nenhuma tarefa escolar já parecia ser o suficiente pra mim. Imagine viver uma vida sem trabalhar ou ter que prestar contas para chefes irritados com a própria vida. Isso parecia ótimo até um tempo atrás, mas agora eu faria de tudo para ter a minha vida normal outra vez.

        Estamos caminhando em uma das avenidas principais do país há mais de duas horas e meia. Mesmo suado, ainda consigo manter a minha cabeça erguida para enxergar a cidade de Tajo. O seu nome verdadeiro é muito mais complicado, mas, vá por mim, não seria tão prazeroso ouvir esse nome.

        Catarina não alternou o ritmo de seus passos sequer um segundo depois que abandonamos a última casa há horas atrás. Ela parece estar empenhada para recomeçar em outro lugar… ou pelo menos recuperar o que foi perdido para aqueles saqueadores de merda. Eu ainda sinto raiva. Quem não sentiria? Espera… Talvez o que ela tenha dito realmente faça sentido. Sinto raiva porque Dan e Olivia se sacrificaram naquele dia para que a gente conseguisse escapar… para que tivéssemos alguma parcela de esperança do lado de fora do ponto zero da doença. Se seguirmos a lógica mais uma vez… então tudo aquilo… foi em vão? Não, eu não posso deixar… que tenha sido. Ah, que droga! Como eu fui tão burro a ponto de não entender as suas palavras, irmã.

        — Eu prometo… — Não era a minha intenção, mas as minhas palavras causaram algum tipo de sentimento em Catarina que afetou diretamente no seu caminhar. Com o decorrer dos segundos, ela desacelerou enquanto eu tomei o seu lado, desacelerando também logo em seguida, tomando a sua frente em seguida e me virando para que a encarasse de fato.

        Eu nunca havia visto o seu rosto tomado por raiva. Isso nunca foi comum. Consequências de um apocalipse.

        — Eu prometo que todas as vidas sacrificadas por nós… terão valido a pena no final. — Nossa! Eu consegui! Mesmo com uma expressão séria, com a cara erguida e até mesmo forçando um pouco da minha voz, eu não posso deixar de pensar que consegui! Que droga, isso parece tão bobo.

        Catarina moveu apenas um pouco do seu lábio para apenas um lado, como um “pseudo sorriso”, e balançou a cabeça de maneira positiva algumas vezes, retomando a sua caminhada. Quando a vi se aproximar da placa que indicava os novos limites da cidade, tive aquela cena marcada em minha mente. Não quero me gabar, mas a minha memória fotográfica pode me salvar de pensamentos ruins em alguns momentos da vida. E, com toda certeza, aquele momento foi único para mim. Eu havia acabado de me superar.

        A cidade de Tajo estava abandonada e completamente revirada. Havia carros queimados e tombados, ruas tomadas pelo lixo e desordem, móveis e bugigangas espalhadas pelas lojas de conveniência.

        Catarina deu a ideia de nos dividirmos na pequena cidade para que ganhássemos tempo em nossas pilhagens enquanto procurávamos algum lugar para passar a próxima noite. Mesmo sabendo dos saqueadores naquela região, ela me convenceu com a ideia de que eles não voltariam para uma cidade abandonada em um horário tão próximo da noite. Por que eu ainda me deixo ser convencido por essa garota!? É tão óbvio que a sua ideia é irresponsável, ineficaz, insegura e BURRA! Mas, mesmo assim, ainda permiti isso.

        — Nos reencontramos naquela igreja no início da noite! Não se perca! — Foram as últimas palavras dela antes de nos separarmos de vez. Quando foi que ela passou a confiar tanto assim em mim?

        Vinte minutos caminhando sozinho pela parte esquerda de todo aquele covil de paredes de concreto e casas solitárias foram suficientes para que eu adquirisse um pouquinho de coragem. A ideia de ser independente me faz tão bem, mesmo que eu não queira que isso se torne realidade… pelo menos não tão cedo! Não… agora.

        Restam apenas uma hora e meia para o início dessa noite e ainda não avistei nenhum lugar apropriado para que pudéssemos nos abrigar. Ah! Esqueci de contar isso! Quando pilhamos aquela pequena vila há alguns dias atrás, encontrei um relógio de pulso que ainda funcionava! Isso não é o máximo? Quer dizer, ter ciência das horas talvez não façam tanta diferença nos dias de hoje…, mas eu sempre fui um pouco metódico nesse quesito.

        Depois de usar um grande alicate, que havia pilhado em uma mecânica, para cortar um arame que impedia a ultrapassagem de um grande quarteirão para o outro, tive uma enorme surpresa ao pisar naquela bendita rua: uma casa de repouso! Que sorte a minha, não? Será que ainda oferecem serviço de quarto?

        Me desculpe, eu tento contar algumas piadas ruins quando fico ansioso.

        Bom, agora me sinto muito mais aliviado. Uma última exploração no centro da cidade poderia adiantar de algo, não acha? Eu visitei lugares como um salão de beleza, uma oficina de mecânica, um posto de gasolina, uma loja de móveis e até mesmo a igreja ao qual havia citado. Não que isso tenha sido ruim, mas não foi uma experiência muito boa considerando o fato de não ter encontrado nenhuma comida ou fonte d’água. Talvez eu seja apenas mais um egoísta miserável, sim, entenda como quiser.

        Caminhando pela cidade nesse fim de tarde me causa uma pequena nostalgia das ruas de Madrid, quando… tudo ainda era normal. Eu não era a pessoa mais sociável do mundo naquela época. Na verdade, eu nem tinha amigos além da minha própria irmã. Isso me faz pensar e refletir o quanto a amizade dela significa para mim. Será que eu tenho sido um tolo durante esse tempo? Cara, eu não vou me sentir muito bem se algum dia chegar a concordar com isso. Tipo, precisou acontecer um apocalipse para que eu caísse na real? Que droga.

        As árvores caídas no meio da rua me forçaram a desviar da minha rota planejada, mas isso custou apenas alguns segundos. Os carros com cadáveres mortos não me assustam mais. Eu ainda tenho medo de que alguma aberração apareça a qualquer hora, mesmo que Dan tenha dito há alguns meses que os arredores da cidade já estavam começando a serem “administrados”. Eu deveria acreditar naquele homem? Eu nunca acreditei! Nem mesmo quando ainda ouvia as suas histórias surreais ao meu lado.

        Depois de cruzar a rua, me deparei com a placa de um grande supermercado há aproximadamente quinze metros de distância. Aquilo foi como achar um bilhete dourado. Mesmo que ainda houvesse a chance de que o local já tivesse tido a maioria dos seus produtos pilhada, ainda existia uma pequena chance do contrário, não é? Quando o assunto é “comida”, não há negatividade que me impeça de pensar o melhor nessas condições.

        Apressei meus passos enquanto observava meu próprio reflexo no vidro de janelas dos prédios ao redor do extenso quarteirão, desacelerando quando me pus frente a frente com a entrada principal, totalmente aberta e receptiva para novos clientes.

        Depois de adentrar o local, não acreditei quando vi as prateleiras cheias de itens, praticamente intactas. Era como um sonho! Pacotes de biscoitos, de cafés, de macarrões e infinitas outras coisas. Havia latas em conserva dos mais variados… e até mesmo da minha carne predileta: atum! Não se preocupe, eu também me importei com os outros produtos que não eram comestíveis: fósforos, gazes, esparadrapos, algodões e curativos.

        Passeando pelos corredores do lugar mal iluminado pelos raios solares, não mais tão fortes naquele horário, eu saboreava alguns biscoitos de chocolate que não comia há mais de meses. É claro que aquilo me daria sede nos próximos minutos, mas havia dezenas de garrafa d’água em uma certa prateleira, então não havia problema algum… a não ser que… tudo não parecesse tão incrível como eu imaginava ser.

        Com a diferença de apenas dez passos, me deparei com uma aberração, que instantaneamente notou minha presença, girando todo o seu corpo e esbugalhando os seus olhos, passando a se movimentar lentamente até a minha direção. Em pânico, quase tropecei para trás quando estava prestes a iniciar uma corrida contra aquela aberração, no mesmo corredor, e assim o fiz, alternando a minha rota de corredor a corredor até que finalmente alcançasse a entrada principal do supermercado.

        Não é que as aberrações sejam rápidas, mas elas também não se enquadrariam como criaturas tão lentas. A realidade é que a maioria delas são mancas, já que tiveram a capacidade de corrida duramente afetadas depois da “transformação”, perdendo o máximo de potencial comum do ser humano. Mas que droga… por que estou falando disso agora!? Eu estou apenas a alguns passos errados de morrer! Merda de ansiedade!

        — Merda! Merda! Merda! — Berrei depois de chegar perto da entrada principal, me deparando com mais duas daquelas criaturas que haviam acabado de chegar na loja. Escorreguei no chão e me recompus a tempo de não sofrer um arranhão da primeira criatura que me perseguia há apenas alguns segundos atrás.

        Deu pra notar que não sou um grande fã desse piso, não é? Droga, o que estou falando? Que tipo de pessoa faria esse tipo de comentário numa situação como essa? ESTOU MUITO NERVOSO! PRECISO CORRER!

        Na tentativa de despistá-los entre os corredores, à medida que ia correndo, tentava derrubar qualquer item de todas aquelas prateleiras para causar qualquer mínimo atraso. Entre os corredores do supermercado, tentei ludibriá-los ao dar uma volta inteira de maneira completamente aleatória, e, quando estava quase outra vez na mesma porta principal, me deparei com duas aberrações. Ao girar o meu corpo para fugir, lá estava a primeira criatura a apenas alguns metros, ainda no início do mesmo corredor.

        Já era tarde demais para despistar todas elas. Eu estava completamente cercado. As prateleiras eram muito altas e eu mal conseguiria as escalar com segurança devido à fragilidade de sua estrutura. Pelos meus cálculos, não tão precisos, eu deveria ter algo em torno de dez segundos antes que algum daqueles monstros me atacasse e arrancasse algum pedaço do meu corpo para fora. Nos primeiros três, impulsivamente, procurei alguma coisa ao meu redor para que pudesse me defender, e lá estava: uma seção de tacos de golfe. Logo, demorei cerca de dois segundos para retirar um dos mais grossos do saco plástico. Com cada uma das criaturas a apenas alguns metros do meu corpo naquele instante, tentei afastar as duas mais próximas na minha primeira tentativa de as golpear, não obtendo qualquer êxito. Tive sorte ao não ser arranhado no avanço de uma delas, no exato instante em que golpeei em cheio a cara da primeira criatura que havia encontrado naquele lugar.

        Que sentimento… único. À beira da morte e mesmo com o corpo completamente tomado por adrenalina, as imagens se passavam ainda assim em câmera lenta bem na minha frente. Eu havia acabado de matar a primeira aberração em toda a minha jornada naquele apocalipse de merda. Uau! Isso é… inexplicável. Porém, mesmo assim, esse fato não anulava as outras duas criaturas que já estavam praticamente em minhas costas.

        Com uma passagem livre para uma rápida corrida até a porta principal do supermercado, que estranhamente balançava naquele instante, como se mais aberrações tivessem a atravessado, tropecei no corpo sem vida e me debrucei no chão, machucando minhas costas ao deslizar pelo chão escorregadio. Com meu rosto coberto pelo sangue fresco daquela criatura, que pingava dos fios do meu cabelo e escorria pela minha testa, enxuguei meus olhos para tirar o excesso daquela poça vermelha da minha cara antes de me levantar outra vez, mas as outras duas criaturas já haviam saltado contra o meu peito.

        Rapidamente, surpreendendo até a mim mesmo, puxei o taco de golfe do chão e coloquei entre o meu peito e os pescoços daquelas criaturas, que estalavam suas mandíbulas rapidamente, sedentas em arrancar alguma parte do meu corpo. Elas erram burras, é claro! Quando poderiam simplesmente devorar as minhas mãos para que alcançassem a minha face, não o fizeram. Mas… isso não mudava o fato de que o taco já quase se rompia pela metade, provocando um barulho fino entre os berros intrigantes das aberrações. Eu berrava ao me esforçar ao máximo para segurar aquele taco de golfe enquanto encarava os rostos apodrecidos dos bichos que estavam prestes a ceifar a minha vida. No fim, aceitei minha morte quando ouvi o último estalar do rompimento daquela barra de ferro, acompanhado do barulho de dois disparos rápidos contra as cabeças de cada uma das criaturas.

        Eu não podia acreditar. Sem mais nenhuma força em meus braços já totalmente dormentes, me deixei ser esmagado pelo peso das criaturas, que largaram os seus corpos sobre as laterais da minha cabeça de maneira aterrorizante, mesmo que não estivessem mais vivas.

        Depois de dez segundos, comecei a fazer os meus primeiros esforços para retirar os corpos das criaturas de cima de mim enquanto tossia incessantemente devido ao sufocamento anterior que elas haviam me causado. Em um primeiro momento, não quis acreditar que havia sido salvo por alguém nos meus “segundos finais de vida”, mesmo visualizando a silhueta de uma pessoa alta bem na direção da porta principal, atrás de mim. Não podia aquela ser Catarina. Não! A sua altura nunca foi uma das coisas que lhe favorecessem.

        — De pé, garoto! — É. Claramente aquela pessoa não se tratava de Catarina. Ao ouvir a voz grave, do que parecia pertencer a um velho rabugento e ranzinza de mais de quarenta anos de idade, eu ainda me esforçava para apoiar as minhas mãos no chão, numa tentativa de me reerguer para encarar o rosto do meu “salvador”.

        — DE PÉ! — Ele berrou. Aquilo fez com que as últimas doses de adrenalina que ainda restavam no meu corpo fossem gastas para que eu obedecesse ao comando do desconhecido o mais rápido possível.

        Com o corpo trêmulo e as mãos para cima, me esforcei ao máximo para equilibrar o meu corpo enquanto observava aquele chão, com medo, notando as três aberrações sem vida e esparramadas, cercadas pelo próprio sangue que vazavam de seus rostos. No próximo segundo, me pus a encarar a face do senhor que apontava a sua arma contra mim. Eu tinha razão! Aquele com certeza era um velho e rabugento. O seu rosto coberto por uma barba acinzentada e sutil, além dos cabelos que quase se esbranquiçavam, me amedrontou quando a sua expressão de raiva e desumanidade ficou nítida perante os meus olhos. Seus olhos esverdeados e olheiras não se destacavam tanto quanto o rosto esbranquiçado e marcado por manchas e ferimentos.

        — Ei, Senhor Dawn! — Era outra voz, que vinha de outro corredor do supermercado. Deu pra ouvir os seus passos se aproximando de longe. Essa era tão grave quanto a do velho ranzinza. Logo, o dono dessa voz surgiu em minhas costas, tomando cautela em seu pisar ao notar a situação. — Senhor Dawn!?

        — Eu não mandei você se virar. — Falou o velho quando movi um pouco do meu rosto para encarar quem havia acabado de chegar. Depois da sua provocação, voltei a encará-lo com um pouco de calma dessa vez, já que as aparências daqueles dois homens não eram tão semelhantes aos saqueadores que tínhamos lidado mais cedo. Definitivamente, eram apenas mais dois sobreviventes desconhecidos naquele mundo cruel, eu achava.

        Apenas com o mínimo do que pude encarar do outro homem que havia acabado de chegar, notei que suas roupas eram pesadas e sua pele amorenada. Ele segurava uma espingarda e a apontava na minha direção com uma desconfiança inexplicável. Qual foi, cara!? Que tipo de ameaça eu poderia ser!? Eu estou completamente debilitado, sem forças e acabei de encarar a morte bem na minha frente! Mas é claro. Desconhecidos sempre tem os seus motivos, não posso julgá-los.

        — Tira a camisa. — Ordenou o velho.

        — O que? — Respondi instantaneamente, desentendido e desacreditado.

        — Eu mandei… você tirar a porra da camisa! — O velho não estava de brincadeira. Ele tinha acabado de gesticular com a mão que empunhava a arma que me salvara há segundos atrás. Sério, nunca confie em alguém armado que acabou de fazer algum gesto! Eu pelo menos não confio!

        Sem opção, fui obrigado a obedecer àquela ordem de merda. Velozmente, retirei aquela camisa azul, suada e rasgada do meu corpo, sentindo um frescor sutil que invadia as janelas escancaradas do supermercado e logo penetravam a pele do meu abdômen.

        — Vire-se. — Ele gesticulou outra vez com a mesma mão armada.

        Não perdi a oportunidade de encarar o outro homem com exatidão dessa vez e me pus de costas contra o tal velho, agora encarando o seu parceiro com firmeza. O seu rosto oval e repleto de desconfiança não denotava tanta atenção quanto a roupa suada que marcava os grandes músculos de seu peitoral e dos seus braços. Aquilo era provocante, mesmo que na situação de merda onde eu me encontrava. Ele apontava uma espingarda de cor prateada contra a minha direção, a segurando com suas grandes mãos. O cara era quase um gigante.

        — Ótimo! — Falou o velho. Ouvi o barulho do gesticular com aquela arma em sua mão em seguida, como se ele me ordenasse para me virar de volta. E, assim, o obedeci. — Agora, as calças.

        — O… que!? — Não. Ele realmente disso aquilo?

        — Não vou repetir outra vez. Eu mandei tirar as calças. — A face daquele velho continuava estranhamente série mesmo com a sua ordem tão invasiva. Mesmo assim, aquilo já era demais para mim. Hesitei por alguns segundos na tentativa de ganhar algum tempo, pensando na minha próxima atitude desesperadamente.

        — Larga a arma. — Han? Catarina? Sim! De alguma maneira, ela já estava atrás do velho.

        O velho ranzinza deu uma leve risada enquanto levantava as mãos, me encarando ao fechar as sobrancelhas.

        — EU DISSE PRA LARGAR A ARMA, CARALHO! — O comando de Catarina foi cumprido no mesmo momento devido ao seu berro violento e convincente, como se realmente tivesse prestes a meter uma bala na cabeça daquele merda. Espera? Agora eu consigo ver! Catarina está armada! Será que ela teve sorte enquanto pilhava o resto da cidade? Não… É claro que não. Seria muito difícil encontrar uma arma intacta como aquela, sem contar a sua munição. Isso é um blefe, Catarina? Eu não consigo desvendar a sua cara enfurecida.

        — Olha só… — O velho insistiu em convencer a minha irmã de alguma maneira depois de jogar a arma no chão e se afastar para um pouco adiante da minha lateral, quase encostando suas costas em uma das prateleiras cheia de utensílios, continuando a gesticular com suas mãos cheias de calos. — Você pode atirar na minha cabeça e… segundos depois… o meu amigo vai estourar os miolos do magricelo aqui. No final, vocês atiram um contra o outro e todos saímos perdendo.

        Catarina me encarou, ainda que inexpressivamente, enquanto ouvia o resto daquela proposta:

        — Ou… todos nós podemos abaixar as armas e darmos uma chance ao outro para que a gente possa resolver todo esse mal-entendido da maneira mais clara possível. Podemos negociar, dialogar ou qualquer outra coisa que chame ou reconheça por “fazer as pazes”. Você decide, garota.     Ela continuou a me encarar. Notei que as suas mãos tremulavam um pouco. Nossas vidas estavam em suas mãos e eu nem podia imaginar o peso daquela decisão. Enfim, fechei os olhos e abaixei a cabeça, na esperança de que tudo desse certo enquanto me concentrava em qualquer barulho daquele corredor.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota