Capítulo 23
【Notícias ao Vivo】 ▽Principais Manchetes ▽Mais Recentes ▽Mais Vistas ▽Recomendadas
Assunto do Momento: Debate sobre a Farsa da Princesa da Chama Negra Continua
Caçadora de Rank F Varre um Portão de Rank B? Possível Erro no Dispositivo de Avaliação
Suborno Entre a Guilda Lobo e a Associação dos Caçadores Vem à Tona
Princesa da Chama Negra: Internautas Criticam Conceito Exagerado
Título: A Chama Negra ou sei lá
Escrito por: □□(126.339)
23/06/2031 17:49h
Visualizações: 181.172
Recomendações: 7.894
Faz sentido uma Rank F varrer um portão de Rank B? E nem foi como coletora, foi como combatente??? Se a máquina de avaliação não estiver quebrada, acho que a Lobo subornou a Associação ou algo assim kkk.
Comentários: 651
↪□□: Desde quando caçadores de conceito trabalham na Lobo? Acho que a Lobo não quer formar ela como caçadora, e sim como estrela.
↪□□: Né? kkkkk
↪□□: Fanática por temática 😐 Quero extinguir todos esses junto com as baratas.
↪□□: Aff, foi pro portão de vestido de novo? KKKK não tem vergonha? Olha a idade da mulher.
↪□□: Né? Isso vai contra tudo, pqp.
↪□□: Não acho que seja farsa não? Dizem que ela eliminou um monstro Nv. 30 com um golpe na outra vez.
↪□□: Não tem como a Lobo aceitar uma Rank F inútil, né? Ela deve ter algo mais.
↪□□: Acho que ela só quer chamar atenção.
↪□□: Ganhe dinheiro fácil em casa. Salário diário até 680mil won!! http://kmoney.com/askl/dVJA?332 Aceitamos desempregados, donas de casa, universitários. Suporte 24h via KeTalk, bônus de 140mil won após o cadastro.
— Ler mais —
Si-u parou de encarar a tela e fechou o navegador.
Já esperava por isso. Não achava que a opinião pública ficaria a favor dela. Esse era o público: um dia, o caso extraconjugal de um ator dominava os holofotes; no outro, o escândalo de patrocínio de um streamer famoso tomava o lugar. Si-u conhecia bem esse comportamento, e havia encontrado alguém para atrair os holofotes em seu lugar. E ela estava cumprindo esse papel muito bem, sem qualquer reclamação.
Graças a Eunha, sentia que o interesse recentemente enfraquecido pelo Lobo Branco estava reacendendo. Nesse ritmo, Si-u poderia desaparecer do foco do público, como sempre quis, dentro de um ano… como se nunca tivesse existido. Poderia terminar assim. Até agora, tudo tinha saído conforme o plano. Estivessem falando bem ou mal dela na internet, para Si-u, honestamente, não importava.
No entanto, sentia-se estranhamente desconfortável. Estaria mesmo certo em fazer isso? A pergunta surgiu de repente. Era mais como uma ansiedade — como se estivesse trilhando um caminho errado. Por quê? Não sabia. Si-u se levantou da cadeira.
— Ah, senhor. Aqui é o Park Jehwi. É que… a Yura se machucou um pouco.
Si-u pensou por um instante, então pegou o celular que havia deixado virado para baixo ao lado do computador.
<Sênior Yura Lee>
010-XXXX-XXXX
Ring!
Os toques continuaram por alguns segundos, até que a voz já familiar surgiu do outro lado da linha. — Alô.
— Ouvi dizer que você se machucou.
— Ah. — Chomp. O som de um lanche sendo mastigado. A voz indiferente continuou: — Não foi nada demais.
Ou seja, ela estava ferida, mesmo que só um pouco. — …O que está fazendo agora?
— Tô assistindo uma coisa, por quê?
Não é possível. A testa de Si-u se franziu. Com o celular entre o ombro e a orelha, Si-u pegou o casaco às pressas. — Posso saber o que está assistindo?
— Um especial de músicas populares dos anos 90.
“Graças a Deus, é só uma bobagem qualquer.” Si-u pressionou o chapéu preto contra a cabeça. — Sozinha?
— Com o Gat… digo, sim. Sozinha. — A voz dela soou um pouco nervosa.
Com o ouvido colado ao alto-falante do celular, os olhos de Si-u vasculharam o ambiente. As chaves do carro que ele deixara sobre a mesa de vidro estavam à vista. — É divertido?
— É… sim.
— Sério? Posso assistir com você? — Ela não respondeu. — Tô indo agora.
Click.
Si-u desligou antes que Eunha pudesse dizer qualquer coisa.
— Jovem Mestre? Vai sair?
Ao abrir a porta, esbarrou com um membro da guilda que caminhava pelo corredor. Si-u puxou o chapéu para baixo e passou apressado. — Vou sair um instante.
— Como é? Agora? — O membro conferiu o relógio no pulso e correu para detê-lo. — É-é hora da visita ao hospital.
— Eu volto antes disso.
— Mas… — O membro não pôde fazer nada além de ficar parado no corredor.
Hoje era o dia em que Si-u deveria visitar o mestre da Lobo, seu pai, Gwihun. Quando pensava no homem deitado em uma cama, apenas esperando por essa visita, era difícil deixá-lo para trás.
“No fim das contas, o Jovem Mestre Si-u também não fora no mês anterior.”
Era fato conhecido por todos os membros da guilda que Si-u não tinha intenção de herdar a Lobo, assim como não escondia o desagrado que sentia pelo pai. — Jovem Mestre, e se partir agora para o hospital?
— Isso é mais urgente.
— Se ao menos encontrasse o Mestre antes de…
Si-u lançou um olhar irritado para ele. — Para de me atrapalhar e cai fora.
Eunha encarava o celular com uma expressão indiferente.
“Hã? Ele se interessa por músicas dos anos 90 sendo que nem era nascido? Isso é inesperado”, pensou ela, abaixando o celular e voltando-se novamente para a TV. Também tinha em mãos a cerveja que Jehwi havia colocado na geladeira.
Ídolos populares da época cantavam e dançavam na tela que tomava uma parede inteira da sala. As legendas das letras flutuavam em branco acima deles enquanto a câmera girava loucamente em 360 graus. O ídolo na tela usava mousse para levantar a franja como antenas e óculos laranja berrante. Na época, Eunha não percebia, mas agora ele parecia bem antiquado. De repente, ela congelou no meio de um gole da cerveja enlatada.
“…Talvez eu não esteja em posição de pensar isso.”
Eunha lançou um olhar ao vestido pendurado num canto da sala. Não era de um design antiquado. Era apenas muito extravagante. Se ele fosse vermelho ou amarelo, em vez de preto… Talvez devesse agradecer por ele ser preto.
De qualquer forma, os figurinos de palco daqueles ídolos dos anos 90 e o vestido que ela usava para caçar tinham algo em comum: não combinavam com a era atual.
Pouco tempo depois, a campainha tocou.
— Senhorita Yura.
Era Si-u. Mesmo considerando que sua mansão ficava próxima, ele havia chegado incrivelmente rápido. Seus olhos azuis vasculharam rapidamente o interior do apartamento por sobre os ombros de Eunha. A TV estava ligada e as músicas dos anos 90 ecoavam pelos alto-falantes. Quando constatou isso, o rosto de Si-u se tingiu levemente de alívio.
— Qual a pressa? Não se preocupe, ainda não acabou. — Eunha o deixou entrar. — Parece que está chovendo lá fora? — perguntou, estendendo-lhe uma toalha seca. Si-u a pegou com um olhar atônito. Estava de chapéu, mas o cabelo estava molhado.
— …Parece que sim.
Eunha o encarou e falou enquanto ia até a geladeira. — Eu ia gravar o começo do programa, mas não soube como. E também não tinha fita.
— Não tem problema não ter gravado. Obrigado pela toalha. — Si-u a dobrou cuidadosamente e a colocou sobre a mesa, então sentou-se diante da TV com o rosto bem mais tranquilo. — Como estão os ferimentos?
— Só uns arranhõezinhos. Estou bem.
Como Eunha dizia, ela realmente não parecia diferente do normal, o que era um alívio. Ao desviar o olhar, Si-u notou que o notebook sobre a mesa estava ligado.
↪□□: Eu realmente queria que fanáticos por tema morressem. Odeio todos eles.
Tudo que ele não queria que ela visse estava escancarado na luz tênue da tela. Eunha lançou um olhar a Si-u, que ficou paralisado no lugar, com uma nova lata de cerveja na mão. — O que foi?
— …Você viu?
Eunha acompanhou o olhar de Si-u e deu de ombros levemente. — Ah.
Pst.
Eunha abriu a lata e engoliu o líquido gelado. Limpou os lábios molhados com as costas da mão e falou com indiferença. Agora que pensava nisso, havia algo que queria perguntar. — O que é um fanático por tema?
Os olhos de Si-u vacilaram com o dilema diante da pergunta direta. Como ele deveria explicar aquilo? Ou mesmo: deveria? Vários pensamentos pareciam girar como um tornado nos olhos azuis. — …Desculpa. — No fim, o que saiu de seus lábios não foi explicação, mas um pedido de desculpas.
Eunha parou de comer o peixe seco grelhado e o encarou. Si-u olhava fixamente para o notebook. Os pixels escuros se tornavam frases espinhosas e desciam pela tela branca como lâminas e flechas. O veneno deveria ser direcionado a ele, não a ela.
— Por que está se desculpando?
— Porque é minha culpa você ouvir esse tipo de coisa.
— Como assim?
— Porque eu… — “Quis me esconder na sua sombra.”
As palavras que não conseguiu dizer se desfizeram no ar como poeira. Si-u fechou a boca com força. Claro, aquilo era um contrato. Eunha o aceitara e Si-u prometera pagar uma quantia enorme. Isso deveria bastar. Com o selo no contrato, não deveria se importar com qualquer consequência negativa para ela.
Mas o problema era que ela era uma caçadora da primeira geração. O começo da turbulência, era assim que os caçadores chamavam o fim dos anos 90, quando os portões surgiram pela primeira vez.
Ele conseguia sentir o quão sombrios e terríveis foram aqueles tempos só de ler sobre eles. Se lhe dissessem para viver naquela época, não tinha certeza de que conseguiria. E foi ele quem a colocou diante do público, uma retornada que sobreviveu por anos em um Portão Desconhecido após viver naquela era. Fez isso porque precisava dela e pagaria o preço correspondente, mas estava manchando o nome de uma caçadora da primeira geração apenas para alcançar seu objetivo. E isso não o deixava tão confortável quanto imaginava.
— Você não precisa se desculpar se não fez nada contra o contrato. — O perfil dela segurando a lata parecia mais calmo do que nunca. — Por acaso eu deveria me importar com a reação deles? Eles não ajudam em nada na varredura dos portões nem no cumprimento do contrato.
— A imagem de uma caçadora afeta bastante suas atividades. Se essas críticas não diminuírem, podem afetar suas ações no futuro.
Mesmo assim, a expressão de Eunha não mudou. Ela apenas o encarou. — E daí? — Eunha inclinou levemente a cabeça após responder. — Você não vai romper o contrato.
— Eu…
— Olhe pra cima. — Eunha falou com firmeza para Si-u, cujo rosto quase encostava na mesa de vidro. — Você é meu parceiro de negócios. E a única pessoa em quem posso confiar neste mundo moderno que me é estranho.
— …Senhorita Yura.
— Então não precisa abaixar a cabeça. Nem pra mim, nem pro público.
Si-u ergueu lentamente o olhar e encarou Eunha.
— Não peça desculpas cegamente. Me aponte uma direção. Não é esse o seu trabalho agora?
Os olhos negros, firmes e inabaláveis, pareciam sustentá-lo, para que ele não abaixasse a cabeça, nem agora nem no futuro. Si-u finalmente entendeu, diante daquele olhar, o motivo de se sentir tão desconfortável. Provavelmente, era porque ela era uma pessoa brilhante demais para ser ofuscada, ou para ser soterrada sob a palavra ‘conceito’.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.