Capítulo 40
Havia seis caçadores Rank S na Coreia.
‘Doutora Planta’, Rose Geum, amplamente reconhecida como a melhor curandeira da Coreia e líder da Guilda Rosa.
O ‘Grande Sábio, Igual ao Céu’, Yuhwan, também chamado de irmão mais velho de todos os caçadores, além de magnata dos tipos de aprimoramento físico.
‘Trapaceiro’, Minju Song, o notório maníaco militar e caçador Rank S mais jovem.
A ‘Ladra Misteriosa’, Ayeon Kang, que insistia em não pertencer a nenhuma guilda, varria Portões em Erupção e agia sozinha.
‘Lobo Branco’, Si-u Shin, o ranker misterioso sobre quem não havia nenhuma informação e o mais recente anunciado caçador Rank S novato.
E o ‘Sol da Meia-Noite’ Gwihun Shin, o verdadeiro dono da Lobo e primeiro caçador Rank S da Coreia.
No entanto, havia sete caçadores Rank S na Coreia.
“Maestro, Ijun Baek.”
Logo, Ijun apareceu atrás de Catherine. O homem tinha traços faciais graciosos e um blazer preto jogado sobre os ombros largos. A camisa branca sem um único amassado e o cabelo loiro penteado para trás de forma despretensiosa passavam uma impressão impecável.
— Este é o Maestro, meu superior que mencionei antes.
O único asiático entre os cinco primeiros do ranking mundial. O caçador mais famoso, ainda mencionado nas Academias de Caçadores. E, acima de tudo…
“…o verdadeiro primeiro caçador a atingir Rank S da Coreia.”
Um coreano cujo rank foi determinado como S mesmo antes de Gwihun Shin, o mestre da Lobo. Mas, ironicamente, ele não era incluído entre os seis caçadores Rank S da Coreia.
O motivo era simples: ele havia renunciado à cidadania coreana e escolhido a americana. Muitos o criticaram por escolher os Estados Unidos em vez da Coreia. Mas até hoje, ninguém negava que ele era um dos caçadores mais reconhecidos do mundo.
“Por que um homem desses viria até aqui?”
Si-u permaneceu sentado e o observou em silêncio. Seu olhar nunca era gentil. Mas Ijun não desviou. Na verdade, sorriu calorosamente e curvou os olhos.
— Posso me sentar um pouco?
Tom informal. Ele não parecia exatamente contente, mas não havia motivo para apontar isso. Si-u sabia sua verdadeira idade, escondida por trás da aparência jovem, e também que era um veterano bem mais velho que ele.
— …Fique à vontade.
— Obrigado.
Ijun se sentou e lançou um olhar a Catherine. Então, Catherine se curvou e se afastou.
— …Ficarei do lado de fora por enquanto.
— A-Ah, s-se precisar de algo, é só chamar. Senhor.
Jehwi também lançou um olhar ao seu superior e saiu seguindo Catherine.
— Parece que esta é sua mansão. — Ijun percorreu o amplo cômodo com os olhos e comentou. — Foi mesmo certo me chamar aqui, em vez de na sede da Lobo? Ou você teve algum motivo?
Na sala profundamente silenciosa, olhares de cores diferentes se encontraram. Si-u parecia relutante em responder. Apenas o encarava com olhos afiados. Ijun ergueu um canto dos lábios em tom brincalhão.
— O que foi, se surpreendeu porque pareço mais jovem do que esperava?
— …
Si-u também não respondeu a isso. Mas seus olhos azuis continuavam fixos em Ijun.
Quanto mais alto o rank, mais habilidades incomparáveis aos civis normais eram obtidas. Isso não se limitava às habilidades únicas que o sistema concedia. Autocura, agilidade, poder destrutivo, visão ou audição evoluíam imensamente. Envelhecer lentamente era uma das características dos rankers de alto nível. No entanto…
“…isso não é normal.”
Ijun Baek, o homem à sua frente, era jovem demais. Si-u já o tinha visto em fotos, mas pensou que eram de quando era mais novo. O homem diante dele era idêntico às fotos, talvez no fim dos vinte, no máximo início dos trinta. Parecia que ele tinha rejuvenescido, e não apenas envelhecido devagar.
Ijun tirou as luvas de couro preto e as colocou sobre a mesa de vidro. Passou a mão elegante pelos cabelos e sorriu.
— Eu entendo, mas agradeceria se parasse de encarar. É um pouco desconfortável, sabe?
— …Por que você está aqui? — Si-u foi direto ao ponto. — Já conversei com ela. Não tenho nada a acrescentar.
De fato. Havia um motivo para Catherine ter falhado. Aquele tom firme e decidido não parecia ser facilmente abalado.
— Eu sei. Também não gosto de repetir o que já disse.
— Então…
— Queria te encontrar faz tempo. Você.
— …
Si-u lançou um olhar sombrio. Estava tirando sarro?
— …Por quê?
Ijun riu em resposta.
— Por que acha? Tinha algo que queria te perguntar pessoalmente.
Mas o sorriso durou apenas um instante. Quando a expressão leve desapareceu, seus lábios endurecidos se moveram.
— Por que você fez um contrato com a Princesa da Chama Negra?
As sobrancelhas de Si-u se contraíram. Não pelo tom de voz, que era tão baixo que deu arrepios. Mas pelo nome familiar que saiu da boca dele.
— …Eu sou obrigado a responder?
— Claro. — Ijun apoiou o cotovelo no braço da cadeira e descansou o queixo na mão. Os olhos acinzentados sob os cabelos louro-claro se tornaram frios. — Já que minhas ações futuras vão depender do motivo.
Si-u sabia instintivamente que não era uma ameaça nem um aviso naquele olhar.
Era hostilidade.
E bastante intensa, aliás.
Mas por quê? Por que o Maestro vindo dos Estados Unidos demonstraria hostilidade contra ele, alguém que nunca havia visto antes?
Si-u o encarou diretamente nos olhos e falou:
— Qual a sua relação com ela?
— Você quer dizer que tem o direito de perguntar isso?
— E você tem? — Si-u franziu o rosto. — Que direito você tem de vir até mim e perguntar sobre ela?
— …
— …
Um silêncio sufocante envolveu os dois. Nem sequer piscavam enquanto se observavam.
“Que irritante.” Si-u rangeu os dentes em silêncio. Isso contrastava com o rosto sorridente que tinha à frente. “O Trapaceiro, mais cedo, e agora o Maestro?”
Ele não entendia por que coisas tão irritantes estavam acontecendo. Mas uma coisa da qual tinha certeza era que, não importava quantas outras situações irritantes surgissem, Si-u não tinha a menor intenção de romper o contrato. Nunca.
— Se está curioso sobre o contrato que tenho com ela, pode procurá-la, em vez de vir até mim, que já te rejeitei uma vez. Mas não fez isso… e ainda gastou seu tempo vindo até mim de novo.
Parando ali, Si-u ergueu a cabeça e observou o homem à sua frente.
— Então acho que podemos considerar assim. — No momento em que os olhares se encontraram, Si-u curvou levemente os olhos. — Você tem um motivo pelo qual não pode encontrá-la ou perguntar diretamente a ela.
Ijun não respondeu. Apenas abaixou a cabeça. Após um momento de silêncio, os ombros escondidos sob o blazer preto pareceram tremer ligeiramente. — Haha. Interessante — de repente, ele soltou uma risada. — Parece que consegui a resposta que queria.
Os lábios de Si-u se endureceram. Ele nem lembrava de ter respondido nada.
— Que resposta…
Toc, toc.
Alguém bateu na porta.
— Com licença, Caçador Baek. Uma mensagem da Associação de Jurisdição dos Caçadores da Coreia.
Era a voz de Catherine, do lado de fora da porta fechada.
— Ah. Tudo bem. — Ijun assentiu e se levantou. — É por isso que eu não queria vir pra Coreia — murmurou em voz baixa, estendendo a mão para pegar as luvas de couro.
Depois de colocar cada luva nas mãos, Ijun se ergueu da cadeira. Ele parecia ainda mais imponente em pé, já que era alto.
— …
Mesmo assim, Si-u o encarou firmemente, sem desviar. Após trocarem um breve olhar, Ijun sorriu.
— Com licença — Ijun acenou com a mão enluvada e segurou a maçaneta. — Nos veremos de novo, Lobo Branco.
— …!
Click.
Quando Si-u arregalou os olhos, a porta já havia se fechado firmemente. Alguns minutos depois, a porta se abriu novamente.
— S-Senhor.
Era Jehwi. Ao ver Si-u, que à primeira vista parecia estar no fundo de um poço, Jehwi ficou boquiaberto.
— E-Eu trouxe bebidas…
— Leve embora. Eles já foram.
— Sim, senhor.
Jehwi se virou com a bandeja do chá intocado. Estava prestes a sair correndo quando uma voz gélida o travou pelo pescoço.
— E ligue o carro.
— O c-c-carro? O senhor vai sair?
Salta.
Si-u se levantou e puxou o capuz sobre a cabeça. Seus olhos azuis percorreram o ambiente sob a sombra tênue sobre seu rosto.
— Casa da Yura Lee.
Ding dong…
Eunha acordou e levantou a cabeça ao som da campainha. Devia ter cochilado enquanto assistia TV.
“Quem poderia ser?”
Havia apenas duas pessoas que viriam procurar por Eunha: Si-u Shin e Jehwi Park.
E, de fato, ela viu Si-u com um capuz azul-marinho escuro na tela do interfone. Quando apertou o botão de abrir, Si-u desapareceu da imagem. Pouco depois, ele chegou à porta do 17º andar pelo elevador.
— O que houve?
Ela abriu a porta e o encarou. Quando ele entrou no apartamento, lançou um olhar para a sonolenta Eunha e falou:
— Yura.
— Hm.
— Estava dormindo?
— Sim, por um instante.
— É mesmo? — murmurou Si-u em voz baixa antes de dar uma olhada rápida dentro do apartamento. De fato, não havia sinal de que alguém tivesse entrado. Só quando terminou de verificar, voltou-se para Eunha com a expressão de sempre.
— E por que não respondeu minhas mensagens?
— Ah. — Eunha remexeu no bolso e tirou o celular. — Porque ele está assim.
— …
Si-u piscou lentamente. O telefone na mão de Eunha estava enegrecido, como se tivesse sido queimado pelo fogo.
Eunha falou enquanto batia na tela apagada. — Isso aconteceu quando fui pega no Portão em Erupção.
Se o celular tivesse sido destruído desde então, ela não teria como ver as mensagens que Si-u havia enviado.
— Acha que dá pra consertar?
— Seria mais rápido comprar um novo.
— Entendo…
Eunha acariciou o telefone em silêncio, como se lamentasse por ele.
— Já comeu?
— Ainda não.
— Vou usar a cozinha emprestada.
Si-u tirou o capuz e seguiu direto para a cozinha. Eunha o seguiu com um olhar levemente desaprovador.
— …Você sabe cozinhar?
— Só algumas coisas simples — respondeu Si-u de forma breve enquanto colocava o avental pendurado na parede. Jehwi provavelmente já tinha abastecido os ingredientes, então não haveria problema. Si-u se virou enquanto vasculhava a geladeira. Viu Eunha sentada sozinha à mesa.
— Yura… — Si-u hesitou por um momento antes de abrir a boca. — Por acaso, você conhece o Maestro?
— Maestro? — Eunha lançou um olhar para ele enquanto mexia no celular quebrado. — Não. Nunca ouvi falar.
Si-u observou Eunha em silêncio. Não parecia que ela estava mentindo. Ele não a conhecia há tanto tempo, mas sabia que ela não mentiria para ele.
— …Sério?
Si-u voltou a olhar para dentro da geladeira. Cenouras, cebolinha, batatas… Daria um bom karê com arroz. Pegou os legumes nos braços e fechou a porta da geladeira.
— Então você não conhece o Ijun Baek.
— Ijun Baek?
A voz de Eunha veio de trás. Uma batata caiu com um baque dos braços de Si-u. Não era uma resposta que soasse como alguém que não conhecia a pessoa.
— Como você o conhece?
Si-u congelou diante da expressão estranha no rosto de Eunha. Ela arregalava os olhos como se estivesse feliz ao ouvir aquele nome. Será que ela percebia a expressão que estava fazendo?
— Não, eu…
Si-u não conseguiu dizer facilmente as próximas palavras diante daquele rosto.
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