Capítulo 50
Drama em Changwon desaba, apesar da ausência de alerta do Escritório de Gerenciamento de Portões… Feridos graves, mortes não confirmadas
Portão aparece em canteiro de obras do apartamento P, em Gimhae, Gyeongsangnam-do; Associação e caçadores são criticados por resposta tardia
Praia de Haeundae fechada por tempo indeterminado devido ao surgimento consecutivo de portões, comerciantes locais demonstram preocupação
58 aparições de portões em Busan neste mês, aumento de 24% em relação ao ano passado
Guilda Imortal declara atividades intensivas em Gyeongnam
Portão Desconhecido aparece no dia 30 nas imediações do Mercado Jagalchi em Busan. Reaparecimento após 5 meses
O dedo que deslizava pela tela parou. Devia ser verdade que havia muitos portões na região de Gyeongnam. Eunha levantou a cabeça e olhou pela janela.
— Instalei um app de rastreamento no celular dela, só por precaução. E quando rastreei a localização dela hoje de manhã… Essas são as últimas coordenadas dela, ali perto do Mercado Jagalchi de Busan.
A paisagem do lado de fora passava tão rápido que era impossível acompanhar com os olhos.
— Este trem chegará em breve à Estação Daejeon. Obrigado por usar o KTX hoje. Em instantes, chegaremos à Estação Daejeon…
O anúncio soou acompanhado de uma música de fundo animada. Estando em Daejeon, será que já estava na metade do caminho? Eunha conferiu o painel eletrônico e voltou ao celular.
【Buscar】 ► Mercado Jagalchi na Estação Busan
Na última mensagem trocada com Jehwi, ele dizia ter chegado ao Mercado Jagalchi. Se algo tivesse acontecido, teria sido lá.
“…Mas será que isso é mesmo necessário?”
Eunha olhou fixamente para a passagem de trem sobre seu colo. A gravação provavelmente já havia começado na emissora. Como não conseguiriam falar com seu assessor, entrariam em contato com a Lua Prateada e com o Si-u. Em outras palavras, ela sabia que um escândalo estava por vir. Mesmo assim, comprou uma passagem para Busan e não foi à gravação.
【Assessor Park】 【13:02】
socorrooo
Ela não conseguia tirar da cabeça a última mensagem dele. Sentia um pressentimento ruim. E esses pressentimentos sempre se provavam certos.
Claro, Jehwi era um adulto capaz de cuidar de si mesmo. Mas idade não importava dentro de um portão. Se ele tivesse feito alguma loucura, como entrar no portão para procurar a irmã, sua segurança — ainda mais sendo um não desperto, não estaria garantida. Ainda mais se fosse um Portão Desconhecido.
“Espero que nada aconteça.”
Ela não queria ver ninguém ao seu redor sendo destruído por portões ou monstros. Era por isso. Foi esse o motivo de ter decidido pegar o trem expresso, mais rápido que o convencional. Custava 150.000₩1 de Seul a Busan, isso sem contar a volta, Mesmo considerando a inflação, ainda era só um trem, nem era avião. Até mesmo Eunha, normalmente alheia a essas coisas, hesitou. Mas a essa velocidade, ela chegaria a Busan em menos de três horas. Talvez fosse esse o motivo do preço tão alto.
— Com licença.
Ela pesquisava online por informações sobre Busan quando ouviu uma voz estranha vinda do corredor. Alguém apontava para a sombrinha de Eunha.
— Aqui, esse é meu assento.
Parecia ser uma passageira que embarcou na Estação Daejeon. A garota de cabelo castanho até os ombros usava um boné rosa e parecia uma estudante do ensino médio. A jaqueta de aviador com ursos desenhados destoava da estação do ano.
Eunha tirou a sombrinha negra do assento ao lado e a colocou sob os pés.
— Valeu.
Plunk.
A garota se jogou no assento e abriu o zíper da jaqueta de aviador. Devia estar sentindo calor.
— Ei. Eonni, você é uma caçadora de conceito?
Eunha ergueu os olhos do celular. Os olhos rosa-escuros como azaleias a encaravam, ou melhor, encaravam suas roupas.
— …Não exatamente — respondeu de forma breve antes de voltar a olhar o celular. Pensou que a conversa terminaria ali, mas surpreendentemente continuou.
— Hã? Não é?
A garota arregalou os olhos. Se ela usava vestido e carregava uma sombrinha preta, o que mais seria, se não uma caçadora de conceito?
— Você não é mesmo uma caçadora de conceito?
— …É assim que me chamam, mas…
— Ah, sério? Eu só vi caçadoras de conceito pela TV. É legal ver uma ao vivo.
Os olhos da garota brilharam de curiosidade ao ver uma caçadora de conceito. Havia algo que ela sempre quis perguntar se um dia tivesse essa chance.
— E então, como é? Você ganha bem?
— …
Eunha ergueu lentamente os olhos do celular e encarou a garota. Mesmo ela, que era desligada do senso comum moderno, sabia que era rude perguntar quanto alguém ganhava logo de cara. No entanto…
— Hmm, segredo profissional? Mas você não pode me contar só um pouquinho? Eu te dou isso aqui.
A garota remexeu nos bolsos e tirou dois doces. Um vermelho, outro amarelo. Ela olhou fixamente para os dois, séria, e de repente entregou o amarelo como se tivesse tomado uma decisão.
— Pronto. Vou te dar o de limão, que é o que eu mais gosto. Só pra você.
— …
— Hmm, quer saber? Vou te dar os dois. Pode ser?
…Pft.
Eunha riu sem querer. A garota entregando os doces como se estivesse fazendo um grande favor era divertida e meio cômica.
— …Eu não tenho exatamente uma renda. Só recebo um pagamento da guilda com a qual trabalho.
— Ah. Entendi.
Ela não insistiu em perguntar sobre a guilda. Devia ter um mínimo de noção. A garota, com o doce na boca, sorriu contente.
— Pelo visto você assinou contrato, então é caçadora livre, né?
— Caçadora livre?
— Freelancer mais caçadora! É uma expressão nova, não conhece?
Ela não conhecia. Eunha abriu o doce e o colocou na boca. O sabor doce e refrescante do limão se espalhou agradavelmente. Ela nem lembrava quando tinha comido um doce pela última vez.
Eunha conversou com a garota ao seu lado até chegar em Busan. Pelo jeito como ela falava naturalmente com Eunha, que mal conversava, não devia ser uma garota comum.
— Você também tá indo pra Busan fazer um roubo, né?
Ela não ia fazer roubo nenhum, mas de fato estava indo para Busan. Quando Eunha respondeu ‘Sim’, a garota assentiu como se entendesse tudo.
— Parece que você também tem faro pra dinheiro! Se eu limpar dois portõezinhos por alto, acho que não preciso me preocupar com custo de vida por um bom tempo. Pra onde você vai?
— Mercado Jagalchi.
— Hein? Mercado Jagalchi?
O rosto dela congelou visivelmente. Pareceu pensar seriamente em algo, então abaixou a voz.
— Eonni, você não ouviu os boatos?
— Se tá falando sobre ser um Portão Desconhecido, eu ouvi.
A garota inclinou a cabeça após encarar Eunha, que respondeu com simplicidade.
— Só por via das dúvidas… Que rank você é?
— Rank F.
— Ah. Rank F, então…
Pausa.
— Eurgh! Rank F?!
Ela arregalou a boca, incrédula. O doce de morango que estava chupando caiu.
— Cof! Cof!!
Deu pra ouvir gente pigarreando ao redor. Eek, ela abaixou a voz e quase sussurrou:
— Eonni, por mais dura que esteja a vida, isso não é certo. O mundo é mais caloroso do que parece.
Parecia mesmo estar sob um mal-entendido. A garota de cabelo chanel se esforçava para convencer Eunha.
— Se você quiser conversar, pode contar comigo. O que foi tão difícil a ponto de te levar a uma escolha tão extrema…
Thud.
Eunha afastou com calma a mão que sacudia seu ombro e falou:
— Só estou procurando alguém.
— Alguém?
A garota arregalou os olhos. Parte do mal-entendido pareceu se desfazer. Ela voltou a falar, agora num tom mais sóbrio.
— Tá. Entendi o que você quer dizer. Mas, ainda assim… hmmmmmm.
Ela cruzou os braços como se estivesse preocupada. Depois de revirar os olhos, de repente levantou a cabeça.
— Ainda assim, não vai dar certo. Provavelmente você nem vai conseguir entrar. Dizem que a varredura já passou pra Guilda Imortal.
— …Guilda Imortal?
— A guilda do Grande Sábio, Igual ao Céu.
— Quem?
— Nossa. Caramba.
A garota olhou pra Eunha como se estivesse vendo um bicho raro no zoológico. Caçadoras de conceito não sabiam nem disso? Também não sabia o que era ‘caçadora livre’. À primeira vista, Eunha nem parecia muito mais velha que ela, mas talvez parecesse nova e fosse mais velha na verdade. Com isso em mente, a garota levantou o dedo indicador e explicou:
— Yuhwan, o Grande Sábio, Igual ao Céu! Ele é um caçador Rank S. Disse que vai limpar não só Busan, mas também os Portões de Ruptura de Gyeongnam. Não sabia?
…Pensando bem, talvez tivesse visto alguma notícia sobre isso.
— Um Rank S se movendo e não haver leilão é praticamente certeza de que é mesmo um Portão Desconhecido.
— Não me importo.
— Espera, você ouviu o que eu disse? A seleção de varredura já acabou. Eles devem começar amanhã de manhã.
Eunha refletiu sobre o que ela disse. Mas não parecia algo sério. Ela passou a mão pelo queixo algumas vezes e respondeu com indiferença:
— Então é só eu entrar antes disso.
— …O quê?
A garota congelou. Mas não demorou muito.
— Hahahahaha! Você é muito engraçada.
Achou extremamente engraçado, pois caiu na gargalhada batendo no encosto da poltrona à frente.
— Ei, você não sabe o que é etiqueta?!
O passageiro da frente gritou de repente com ela. Só então a garota fechou a boca e disse — D-desculpa — com um sorriso envergonhado.
Curiosamente, Eunha também sentiu os lábios se curvarem ao ver a garota. Era barulhenta e caótica, mas tinha um charme impossível de odiar. Alguns anos atrás… não, trinta e tantos anos atrás, havia alunas assim na sala da Eunha do ensino médio. Eram agitadas, nem sempre tinham boas notas, mas sempre alegravam a turma e estavam rodeadas de gente. Se Eunha tivesse conhecido essa garota no colégio, talvez tivessem sido boas amigas.
— Este trem chegará em breve à Estação Busan. Obrigado por usar o KTX hoje. Em instantes, chegaremos à Estação Busan…
O tempo passou, e enfim chegaram à Estação Busan. Eunha pegou a sombrinha e se levantou. A garota de cabelo curto também se levantou.
Zippp.
Ela vestiu novamente a jaqueta de aviador e fechou o zíper até o queixo, depois olhou para Eunha.
— Eonni, você vai mesmo? Tem certeza que não quer pensar mais um pouco?
Ela parecia bem preocupada com essa caçadora de conceito Rank F tão destemida. Mas, claro, Eunha não mudaria de ideia.
— Vou sim.
A garota gemeu diante da resposta firme, pensou um pouco e de repente levantou a cabeça.
— Bom, não sou ninguém pra te impedir. Mas já que a gente se conheceu, vou te dar uma dica.
A garota acompanhou Eunha até fora do trem.
— Se por acaso topar com a Guilda Imortal, nunca lute com eles. Nunca. NUNCA. Principalmente cuidado com o cara peludo. Fechou?
Ela não falou nada sobre Portão Desconhecido. Luta? Peludo? Eunha se virou diante do conselho absurdo.
— Tchau, hein! — A voz distante se misturou ao ar e aos sons de passos. A garota de cabelo curto já havia sumido.
Fluff…
Só o papel de bala amassado dançava no ar.
- R$600,00 – Ah, e ₩ é o símbolo da moeda coreana, o Won, vou passar a usar ele que é mais prático.[↩]
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