Índice de Capítulo

    Ao mesmo tempo, no último andar do hotel M em Seul…

    — Isso foi tudo o que ouvi do presidente da Associação. Você poderá ouvir os detalhes na reunião de amanhã.

    Gwanghyeon entregou os dados organizados a Ijun e o observou de relance. Ijun estava sentado no sofá com as pernas cruzadas, sem sequer olhar para ele. Mas, ao estender a mão enluvada de preto, ao menos demonstrava que estava ouvindo.

    — A g-gente se vê amanhã.

    Gwanghyeon recolheu rapidamente seus pertences e saiu. Ijun apenas moveu levemente o pescoço em despedida, sem se levantar.

    Click.

    Gwanghyeon segurou a maçaneta ao fechar a porta e encostou a testa na superfície da mesma.

    Argh…

    Soltou um longo suspiro, como se estivesse segurando o ar havia muito tempo. Maestro, Ijun Baek. Seu contrato exclusivo com a Associação Coreana de Caçadores já era algo auspicioso por si só. Embora fizesse menos de um mês desde que havia entrado na Associação, seu desempenho era excelente.

    Apesar de grato à Associação, Gwanghyeon se sentia… não, se sentia muito desconfortável perto de Ijun. Talvez até mais do que com o próprio presidente da Associação.

    “Eu fico arrepiado toda vez que falo com ele.”

    Pode ser só intuição, mas os rumores diziam que ele podia fazer alguém virar escravo só de soprar no ouvido, e era por isso que Gwanghyeon evitava até mesmo encarar Ijun nos olhos. Enquanto isso, cerca de cinco minutos após Gwanghyeon sair, Ijun lançou um olhar a Catherine.

    — E o David?

    David Moore era assistente de Ijun havia muito tempo. Também americano como Catherine, ele havia entrado secretamente na Coreia sob ordens de Ijun há catorze anos e permanecia lá até hoje. Catherine olhou discretamente para o relógio de pulso e respondeu imediatamente:

    — Ele deve ter acabado de chegar ao saguão. Vou buscá-lo.

    — Não precisa.

    Ijun se levantou e pegou o paletó. Catherine não teve tempo de dizer nada. Ele lançou o casaco sobre os ombros e girou a maçaneta.

    Ao descer para o saguão do hotel, viu David segurando um enorme buquê de flores.

    — Ah, Caçador Baek.

    — Há quanto tempo — disse Ijun, parando diante de David, que se curvou noventa graus. Diziam que ele havia começado no MeTube recentemente, e agora parecia até um modelo, muito mais apresentável que nos tempos de América.

    — Parece que a Coreia combinou mais com você do que pensei.

    — Graças ao senhor — respondeu David educadamente. Ijun ergueu levemente os lábios e se virou.

    — Vamos, então.

    — Perdão? O senhor vai comigo?

    — Isso mesmo.

    Catherine e David se entreolharam diante da resposta de Ijun. No fim, seguiram para o destino com Ijun no mesmo carro. A viagem durou cerca de meia hora. Quando estacionaram, caminharam por uma trilha em uma colina silenciosa até pararem diante de um túmulo.

    — Aqui.

    David entregou com cuidado o buquê a Ijun. Este pareceu hesitar, mas aceitou e o colocou diante da lápide.

    “…”

    Os três permaneceram imóveis diante do túmulo por um tempo. Foi Ijun quem falou primeiro.

    — O túmulo está bem cuidado.

    — Só fiz o melhor, conforme suas ordens.

    David ficou extremamente surpreso quando Ijun lhe ordenou ir para a Coreia pela primeira vez. E com razão. Tinha se formado em uma universidade prestigiada, estava prestes a ser promovido na administração, mas recebeu ordens para cuidar do túmulo de uma desconhecida na Coreia.

    “Prometo um salário de 200 mil dólares por ano.”

    Mas ele teve que aceitar.

    — Chegou a conhecê-la? — perguntou Ijun após encarar o túmulo por um tempo. David entendeu de imediato quem era a ‘ela’.

    — Não. Nunca. Ninguém além de mim visitou esse túmulo nesses últimos catorze anos.

    Nos últimos catorze anos. Ijun se virou diante dessas palavras finais.

    — Eu… notei vestígios de alguém que veio aqui recentemente.

    — Entendo — respondeu Ijun brevemente, voltando a olhar para o túmulo sem dizer mais nada. Dessa vez, foi David quem ergueu os olhos.

    — Não deveríamos investigar?

    — Não. Está tudo bem — disse Ijun com um leve aceno. — Você não precisa mais vir aqui.

    — P-Perdão?

    — Quero dizer que pode voltar para os Estados Unidos.

    — E-Eu cometi algum erro…?

    — Não. Não é isso.

    Ijun ergueu lentamente a cabeça e olhou para o céu. As nuvens tingidas pelo pôr do sol se moviam devagar. Ao fechar os olhos, como se fosse levado pelo vento, um rosto veio à sua mente com naturalidade.

    — A pessoa que deve cuidar disso voltou. Assim como eu — acrescentou em voz baixa, abrindo os olhos devagar.

    — É verdade? Ela realmente voltou?

    David se agitou e se aproximou de Ijun. Durante todos aqueles anos cuidando do túmulo, ele nunca soube a quem ele pertencia ou por que Ijun o havia encarregado daquela tarefa. Pensou em investigar por conta própria, movido pela curiosidade, mas nunca ousou, com medo de provocar a ira de Ijun. Durante catorze anos inteiros.

    Talvez agora pudesse perguntar? David lançou um olhar para Ijun e abriu os lábios discretamente.

    Uh, como era ela? A dona deste túmulo…

    — David — disse Catherine, pigarreando discretamente de onde estava e o repreendendo com o olhar. Ela sabia o quanto Ijun era reservado com qualquer assunto relacionado a ela.

    Mas, por algum motivo, Ijun respondeu sem hesitar naquele dia.

    — Bem… Alguém com um forte senso de responsabilidade? — Ijun riu baixinho enquanto seguia com os olhos o sol poente além das montanhas. — Não, só alguém forte.

    David ficou ainda mais curioso sobre quem ela era. Quem era essa mulher que conseguia fazer Ijun sorrir de forma tão natural?


    Swish!

    Eunha avançou contra o monstro em velocidade relâmpago, o som cortando o ar.

    【Nv. ??? Maga Benevolente está surpresa.】

    【Nv. ??? Maga Benevolente usa uma habilidade. ► Canção da Tentação】

    “Eu sabia.”

    Eunha tinha ainda mais certeza de que o monstro não possuía outra habilidade além da Canção da Tentação.

    【…♫♪】

    Quanto mais se aproximava, mais profundo o canto se tornava. Ela tinha alguma resistência, mas bastava o menor descuido e seria presa pelas alucinações.

    Enquanto corria, Eunha segurou a sombrinha e…

    Stab!

    Cravou a ponta na parte de cima da mão esquerda, sem hesitar. A dor aguda pulsou e se espalhou por todo o corpo.

    Tec.

    No momento em que o sangue escarlate escorreu pelo osso do pulso…

    Ding!

    【A Criatura Mítica Viajante Felino das Trevas arregala os olhos dizendo: — Você ficou maluca?! Tá doida! — diante de seu comportamento imprudente.】

    Uma janela de mensagem maior do que qualquer outra brilhou, cobrindo sua visão. Ela pôde sentir o choque e a preocupação do gato pelo tamanho. Mas não havia tempo para responder. Eunha arrastou a janela para longe e acelerou ainda mais.

    Estava agora a menos de um metro do monstro.

    【Nv.??? Maga Benevolente começa a tremer de medo.】

    Aviso: A esfera que envolve a Maga Benevolente oscila de forma ameaçadora.】

    Swish!

    Foi então…

    Correntes de água jorraram da esfera d’água em volta da sereia. Todas avançaram contra Eunha como mísseis guiados. Mas havia algo que o monstro não esperava: Eunha já havia passado por uma batalha parecida meses atrás.

    — Então você é mesmo o verdadeiro chefe.

    — Podemos conversar um pou…

    — Não tenho nada pra conversar com monstro.

    Com o próprio Si-u.

    Eunha estendeu a mão direita na direção das correntes que avançavam com violência.

    Flash, flash, flash!

    Esferas de chamas negras brotaram sucessivamente de sua palma.

    “Água? Posso evaporar.”

    As chamas negras eram muito mais quentes que as chamas vermelhas comuns.

    Chhhhhhh…

    As correntes engolidas pelas chamas negras começaram a evaporar, soltando vapor como uma cobra sendo consumida pela própria cauda. Aquela era a sua chance.

    Whoosh!

    Eunha não desperdiçou o instante em que a água evaporou e chutou o chão com força, avançando. Naquele momento, formou uma enorme bola de fogo, como uma bomba redonda, e estendeu a mão em direção à esfera da sereia.

    【Eu, na…】

    A sereia abriu a boca, hesitante, dentro da esfera.

    【Eu, na. Euuu… Eunha…】

    — …!

    Eunha parou por um instante.

    【V-Você precisa… ir pra escola…】

    Era a voz da mãe dela.

    A sereia também não desperdiçou o instante em que Eunha vacilou. Novas correntes de água acertaram violentamente o estômago de Eunha.

    Splash!

    — S-Senhorita!

    Achou ter ouvido a voz de Jehwi ao longe.

    Ugh…!

    Ela havia acabado de recobrar a consciência e caiu com segurança.

    【Nv. ??? Maga Benevolente usa uma habilidade. ► Canção da Tentação】

    Mas agora estava muito mais distante do monstro. A sereia retomou a postura, cantando com serenidade e sorrindo para ela. A fileira densa de dentes que ia até as orelhas era tão assustadora que lhe causou arrepios.

    Eunha segurou o abdômen com a mão direita. Sentia dor latejante. Se estivesse usando uma camiseta comum e não aquele vestido, não teria escapado apenas com dor. Com as costas da mão, limpou os lábios sangrentos e ergueu o olhar.

    — …Você não passa de um monstro idiota.

    Seus olhos, por entre os cabelos desalinhados, brilhavam com intensidade.

    — Como ousa imitar ela.

    As íris negras se partiram verticalmente, de modo ameaçador, dentro dos olhos que agora brilhavam em dourado.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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