Capítulo 57
Splash!
— S-Senhorita! — gritou Jehwi com urgência enquanto observava de perto da cachoeira.
Eunha foi atingida em cheio pelo monstro e arremessada longe. Era tão forte que, se ela fosse uma civil como Jehwi, não teria apenas uma fratura. Mas Eunha se levantou novamente.
— J-Jehwi, o que a gente faz? — Jerim, que observava ao lado dele, agarrou sua manga nervosamente. — Não deveríamos pará-la agora? Você disse que ela é Rank F! E se ela morrer?! — Uma caçadora Rank F atacando o chefe de um Portão Desconhecido? Só com aquela sombrinha rendada? Mesmo para Jerim, que não era desperta, aquilo parecia suicídio.
— Jerim.
Jehwi estava em silêncio o tempo todo, mas abriu a boca pela primeira vez.
— Aquela Rank F tem nossas vidas nas mãos. Não podemos ajudar, mas ao menos não devemos atrapalhar.
— Mas…
— Se algo acontecer com ela, você e eu morreremos aqui.
“…”
Jerim ficou sem palavras diante do tom firme do irmão e fechou a boca com força. Eles assistiram em silêncio à batalha de Eunha, porque era tudo o que podiam fazer.
Clang! Whip… swoosh, clang!
A batalha diante dos olhos deles era tão rápida que os olhos de quem não era desperto não conseguiam acompanhar. A essa altura, eles nem sabiam se Eunha estava atacando ou sendo atacada. O que sabiam com certeza era que ela ainda não havia caído.
Jehwi se lembrou de quando a viu pela primeira vez.
— Prazer em conhecê-la, caçadora Lee. Sou Jehwi Park, assistente do senhor Shin e funcionário da Administradora Lua Prateada. Pode me chamar de Assessor Park.
— Uh, tudo bem.
Jehwi achou que ela era feita de cera. Era tão pálida que parecia que não corria sangue em seu rosto, mas a expressão indiferente também contribuía para essa impressão. Mesmo no carro, depois de ser avaliada como Rank F na frente de todos, sua indiferença não cedeu diante do silêncio.
Ele pensou que ela era estranha. Que não sorria nem chorava. Mas não era isso. Ela sorria com facilidade para pequenas coisas, sabia se compadecer da dor dos outros e, acima de tudo…
Whoosh!
“Ela não tem medo.”
Eunha girou e impulsionou-se contra o chão para avançar contra o monstro. Não havia uma gota de hesitação em seu movimento. Era tão confiante, como se seu caminho estivesse traçado e tivesse um objetivo. Ou um senso de dever.
— Nem sei se eu mesmo conseguiria vencê-la.
— O quê…?
No começo, ele achou que Si-u só estava brincando, diferente de si, e não deu importância. Mas agora…
“…”
Jehwi apertou com força a concha que Eunha lhe dera.
— …Urgh.
Eunha pegou sua sombrinha e cambaleou ao se levantar. Já havia investido contra a sereia muitas vezes, e falhado todas ao tentar destruir sua esfera. Em termos de poder de combate, o monstro não era tão forte a ponto de dificultar para Eunha. Como prova, seus ataques não causavam grandes danos físicos.
【…♫♪】
Ou seja, se conseguisse lidar com aquela canção, basicamente venceria.
Mas não era tão fácil assim. Naturalmente, quanto mais se aproximava, mais clara a voz se tornava. Isso significava que, ao ficar bem na frente do monstro, era difícil manter a sanidade. Mesmo a mente de Eunha, com experiência e resiliência suficientes, quase foi devorada pelo encantamento. Ela teve que se esfaquear na coxa, no braço e no dorso da mão esquerda para manter a lucidez.
“Não dá mais.”
Eunha pousou a mão na coxa latejante. O ferimento não era tão profundo, mas se sofresse mais, seria impossível continuar lutando.
【Minha filha, minha filha Eunnnhaaaa…】
O monstro começou a zombar de novo. Eunha rangeu os dentes.
— Cale a boca.
【C-Cale a booooca…】
Dessa vez, imitou a voz de Eunha, e…
【Kakakakakakakakakakakakakakakakakakakakakakakaka!】
Parecia achar algo engraçado, pois soltou um som arrepiante e rolou dentro da esfera. Eunha encarou friamente e apertou o cabo da sombrinha. Ding.
【A Criatura Mítica Viajante Felino das Trevas espreita.】
【Ela parece um pouco desapontada com você e diz: — Você não está sendo influenciada demais por algo que ainda está em fase de crescimento?】
Fase de crescimento? Monstros tinham isso? Espera, antes disso…
“Influenciada?”
Eunha ergueu levemente o canto dos lábios. Não, aquilo tocou onde não devia. Uma janela amarela apareceu diante dela enquanto ela ajustava o aperto na sombrinha.
【Você realmente precisa de mim. O gato reforça sua existência, dizendo que pode te emprestar sua força a qualquer momento.】
De fato, se pedisse ajuda ao gato, conseguiria lidar com o monstro com facilidade. O gato também poderia curar todos os seus ferimentos. Talvez até lhe desse um item revolucionário para neutralizar a canção. No entanto…
“Aquele monstro, pelo menos”, ela queria rasgar com as próprias mãos, sem ajuda de ninguém, sem depender dos poderes do gato. E ela podia fazer isso.
【A Criatura Mítica Viajante Felino das Trevas parece cabisbaixa.】
Eunha tirou os olhos da janela amarela.
Whoosh…!
Impulsionou-se contra o chão e usou o impulso para alçar voo. Foi na direção completamente oposta à da sereia.
Splash…
Era onde ficava a cachoeira distante.
“Agora.”
Slash!
Pouco antes de entrar sob a cachoeira, Eunha abriu vigorosamente sua sombrinha. Torrentes grossas de água caíam de grande altura. Uma criança poderia ser esmagada só pela pressão da água, mas a sombrinha, mais resistente que aço comum, resistiu. O problema era Eunha.
“Não vou aguentar por muito tempo.”
A mão e o braço que seguravam a sombrinha tremiam. Quando ergueu os olhos, ela viu a cachoeira batendo contra a superfície da sombrinha sem misericórdia.
Splash…
O som da água pesada rasgava seus ouvidos. Dez segundos… Vinte… Ela resistiu por ainda mais tempo sob a corrente forte o bastante para esmagar um homem adulto com facilidade. E quando seus braços não aguentaram mais…
“Pronto.”
Woosh!
Eunha saltou da cachoeira.
【Lv. ??? Maga Benevolente encontrou você.】
【Nv. ??? Maga Benevolente usa uma habilidade. ► Canção da Tentação】
Biiiiip…
Em vez da canção, um zumbido soou nos ouvidos ensurdecidos dela. Ela não sabia por quanto tempo o zumbido duraria. Precisava se apressar.
Eunha impulsionou-se do chão sem hesitar e avançou em linha reta como uma flecha.
Whoosh!
As correntes de água investiram contra ela como se estivessem esperando. Várias tentaram perfurar seu corpo, mas Eunha as desviou com facilidade. Não havia necessidade de evaporá-las, pois ela já havia aprendido os padrões de ataque depois de observá-los diversas vezes. As que não conseguiu evitar, rebateu com sua sombrinha.
【Nv. ??? Maga Benevolente usa uma habilidade. ► Canção da Tentação】
No momento em que a janela do sistema apareceu, sua boca começou a se mover. Porém…
Biiiiip…
O zumbido em seus ouvidos impediu que a canção fosse transmitida corretamente.
【Nv. ??? Maga Benevolente usa uma habilidade. ► Canção da Tentação】
【Nv. ??? Maga Benevolente usa uma habilidade. ► Canção da Tentação】
【Nv. ??? Maga Benevolente usa uma habilidade. ► Canção da Tentação】
— Não adianta — murmurou Eunha em voz baixa enquanto apertava com mais força a sombrinha molhada na mão. E então…
Boom!
Ela explodiu a esfera que envolvia o monstro com a ponta de sua sombrinha afiada. A Maga Benevolente escondida dentro dela caiu no chão. O jeito como agitava os braços alados fazia parecer um peixe fora d’água.
Slosh…
Eunha deu um passo à frente. O monstro estremeceu os ombros rapidamente e ergueu a cabeça para encará-la. Sangue escorria de suas costelas. Ela devia ter perfurado tão fundo que a ponta da sombrinha atravessou a esfera e atingiu o corpo principal do monstro escondido.
Slosh…
Eunha deu mais um passo. A distância entre os dois diminuía, mas a sereia não fugia. Não havia onde se esconder, de qualquer forma. Nem para Eunha, nem para o monstro.
Slosh…
No último passo, Eunha a encarou em silêncio. Seu rosto não era diferente do de uma mulher. Mas o resto era completamente inumano. Eunha ajustou a empunhadura da sombrinha mais uma vez. No momento em que apontou a ponta, afiada como uma lança, para a sereia, ela voltou a lamber os lábios.
【Você ouviu? A mãe dela… morreu esmagada em uma fenda.】
A voz que entrou em seus ouvidos, que já não zumbiam mais. Uma voz que ela achava já ter escutado, mas havia esquecido.
“…”
Eunha franziu levemente o cenho. Talvez a sereia gostasse da reação, pois continuou falando mesmo enquanto sangrava.
【Ah, eu sabia.】
【No fundo, já dava pra ver.】
Uma risadinha…
Ela ouviu uma risadinha.
【O que uma garota que perdeu os pais tão jovem poderia saber?】
Tap…
Um coral rosa-pálido cresceu sobre a mão com que segurava a sombrinha. Quando Eunha olhou involuntariamente para o dorso da mão, viu a pulseira de desejos, muito velha, mas ainda importante para ela.
— …Eu… — Ela apertou a sombrinha com força. — Mandei calar a boca.
O coral rosa-pálido desfez-se em pó.
Whooo…
Um vento morno soprou. Não era o suficiente para acalmar sua respiração quente, mas o bastante para preencher seu peito vazio. Ela segurou a sombrinha com as duas mãos. Agora ela sabia que, para sua mãe, pelo menos…
— Você se esforçou, minha linda filha.
Ela era a filha mais preciosa.
【Eu-Euuunha……】
Sab!
A ponta da sombrinha, mais afiada que um furador, foi cravada no abdômen do monstro sem hesitação.
…
…
Um silêncio estranho pairou. No momento em que o sangue roxo-escuro e pegajoso escorreu por seu pescoço…
Tadá…!
Uma música de fundo alegre e totalmente fora de lugar encheu a ilha inteira.
【Você derrotou o monstro chefe!】
【Parabéns! Você adquiriu Lágrimas do Mar!】
【Detalhes do item adquirido ► Lágrimas do Mar Acessório (Pingente)】
【Raridade: Artefato】
【O pingente que pendia do pescoço da Maga Benevolente.】
【Ao olhar para a gema azulada, você sente como se estivesse sonhando.】
【Efeitos passivos】
【Resistência à água do portador aumenta em 50%】
【Sorte aumenta em 20%】
【Imunidade total a habilidades de controle mental abaixo do Nível 99】
【Efeito ativo】
【Cancela todas as habilidades do tipo controle mental. No entanto, não pode ser usado em mortos.】
【Número atual de usos (0/10) – Ao ultrapassar o número de usos, as Lágrimas do Mar se tornam pó e retornam ao oceano.】
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