Índice de Capítulo

    — Estou mesmo bem.

    — Não, de jeito nenhum! Senhorita.

    Seul, dentro de um carro em movimento.

    Jehwi havia deixado Jerim, e agora já discutia com Eunha há meia hora. O assunto era a internação dela no hospital.

    — Você passou por duas batalhas tremendas em um curto espaço de tempo! Mesmo sendo uma Desperta, você tem o corpo de um ser humano. A estrutura vai colapsar se você exagerar.

    Eunha suspirou em silêncio diante da teimosia de Jehwi. Na verdade, ela estava razoavelmente bem. O gato já havia curado os ferimentos mais profundos, e os arranhões menores poderiam cicatrizar sozinhos. Ela realmente não precisava ser hospitalizada.

    — Senhorita, você nem sequer firmou contrato com uma criatura mítica ainda! Isso torna ainda mais necessária a internação, pois haverá feridas que não aparecem.

    — …

    Jehwi jamais poderia saber que Eunha já era contratante de uma criatura mítica, e que o gato estava escutando tudo naquele momento. Eunha não teve escolha senão fechar a boca, pois mencionar qualquer coisa sobre o gato violaria seu contrato. No fim, ela seguiu para o hospital como Jehwi queria.


    Hospital S, em Seul.

    O hospital em Gangdong era tão grande e luxuoso que, visto de fora, qualquer um o confundiria com um shopping center.

    — Há uma ala exclusiva para caçadores aqui, e é confiável porque também há caçadores curandeiros famosos entre a equipe médica. Além disso, é administrado pela Lobo.

    Ele devia estar dizendo a verdade, já que não passou pela recepção, indo direto ao elevador. Ao encostar um cartão, provavelmente um crachá da Lua Prateada, nos botões do painel, um bipe soou e o elevador subiu sozinho até o oitavo andar.

    — Senhor Park, há quanto tempo.

    Talvez já soubessem que estavam chegando? No instante em que as portas do elevador se abriram, um homem de jaleco branco surgiu do nada.

    — Esta é…

    — Sim. Ela é a Caçadora Yura Lee.

    O homem observou Eunha discretamente por cima dos óculos. O vestido preto e a sombrinha preta. Ela tinha mesmo a aparência sobre a qual ele ouvira rumores.

    — Uhm, sobre a senhorita Lee, por favor, evite comentar com o Mestre…

    Quando Jehwi falou cautelosamente, o homem de jaleco sorriu como se já entendesse.

    — O Mestre está usando o quarto mais alto da ala especial no momento. Não só os quartos são separados, como também os médicos são diferentes, então isso não vai sair daqui nem cruzar com ele.

    — Que alívio… Por favor, cuide bem dela.

    — Com certeza. Por aqui, então.

    Ele guiou os dois diretamente até o quarto. Enquanto isso, Jehwi olhava ao redor constantemente, ansioso, como se temesse que os olhos do Mestre da Lobo, Gwihun, estivessem por perto. Mas nenhum outro hospital na Coreia era tão especializado em tratar caçadores quanto aquele. Por isso, ele o escolheu, mesmo sendo um pouco arriscado. O quarto que o médico indicou era o mais espaçoso e limpo entre os individuais.

    Atônita, Eunha observou o quarto. Tinha uma TV de parede que praticamente preenchia uma parede inteira, além de console de videogame e notebook.

    — Eu vou ficar aqui sozinha?

    — Sim. É um quarto individual. Se sentir algum desconforto, pode avisar o médico daqui.

    Eunha o encarou enquanto analisava o quarto.

    — Não você? — Normalmente, ela diria algo assim diretamente ao seu assessor, Jehwi. O rosto de Jehwi se fechou brevemente diante da pergunta de Eunha.

    — Ah, eu…

    Mas isso não durou. Jehwi logo sorriu como sempre e respondeu:

    — Sim. Isso mesmo. Pode falar comigo.


    Quando Jehwi terminou o processo de internação de Eunha, deixou o hospital sob o pretexto de buscar suas coisas. Mas havia um lugar onde precisava ir primeiro.

    — Estou profundamente arrependido, senhor.

    Era a mansão de Si-u.

    Tick, tock.

    O som dos ponteiros do relógio parecia perfurar seu coração com mais intensidade que o normal naquele dia.

    Si-u apoiava o queixo em uma das mãos com indiferença enquanto clicava o mouse com a outra.

    Título: O Portão do Mercado Jagalchi desta vez

    Escrito por: □□(121.336)

    28/08/2031 0:06h

    Visualizações: 131.119

    Recomendações: 8.796

    Como todos sabem, rolavam muitos boatos de que o portão no Mercado Jagalchi era um Portão Desconhecido ou sei lá o quê. Sinceramente não sei, mas parece que é verdade que o Grande Sábio, Igual ao Céu da Imortal foi lá pessoalmente resolver a parada.

    Mas tem algo estranho kkk meu tio (ele trabalha na Divisão de Segurança de Portões da Polícia Metropolitana de Busan, a propósito) foi enviado pra lá e disse que o Grande Sábio, Igual ao Céu chegou na manhã do dia 27.

    E daí?

    De acordo com as notícias, o portão foi encerrado às 11:00h do dia 27, mas o Grande Sábio, Igual ao Céu, que chegou na manhã do mesmo dia, foi quem encerrou o portão??? Isso não faz sentido nenhum lol

    Título: Cidadão de Busan que mora perto do Mercado Jagalchi (com foto)

    Escrito por: □□(123.222)

    28/08/2031 7:33h

    Visualizações: 219.842

    Recomendações: 10.885

    Sou um desempregado que mora sozinho num estúdio perto do Mercado Jagalchi em Nampo. Colocaram barricadas ao redor de tudo e até as lojas de conveniência fecharam. Teve um aviso de confinamento e eu estava jogando LoL em casa quando de manhã ontem ?? Teve um barulho tipo erupção vulcânica e acabou a luz lol

    Fiquei assustado e olhei pela janela, mas alguém estava lutando com o Grande Sábio, Igual ao Céu. Estava longe e não consegui ver direito, mas era ele, com certeza. E antes que falem que é mentira, aqui vai uma foto.

    <ddddd.jpg>

    Comentários: 1.447

    Melhor comentário ↪□□: Se essa foto não for montagem e for real, então é real que o Grande Sábio, Igual ao Céu não entrou no portão lolz

    ↪□□: Então quem fechou o portão??? Não é qualquer um que fecha um Portão Desconhecido

    ↪□□: Comentário acima, ainda nem foi confirmado se o portão era mesmo um Portão Desconhecido

    ↪□□: E daí se foi outra pessoa que fechou lol Não teve mais dano e acabou, lolol

    ↪□□: Aumentei a imagem e restaurei a qualidade… Vocês sabem quem é?

    <Photoshop\_restored.jpg>

    ↪□□: Eh, um vestido?

    ↪□□: ?????????????

    ↪□□: Como assim? kkkk quem é que ele tá enfrentando???

    ↪□□: Espera, não é aquela da chama negra ou algo assim do Onhunt????

    https://news.never.com/main/read.nhn?mode101&oid=008&aid=0004591713

    ↪□□: Acho que é sim kkk caçadores não andam por aí de vestido, né

    ↪□□: Mas por que tão lutando

    ↪□□: Nah, é montagem. Olha bem e dá pra ver que é photoshop

    ↪□□: Não sei se a imagem é real, mas vi essa mulher na estação de Busan aquele dia. Ela tava de vestido e segurava uma sombrinha, lembro bem

    ↪□□: Será que ela roubou o portão? Mesmo que não fosse Desconhecido, aquele portão era da Imortal. Por que uma caçadora contratada da Lobo causaria confusão lá?

    ↪□□: LOLOLOLOLOL

    ↪□□: Papo furado kkk Mesmo sendo da Lobo, a Imortal é tão mole assim pra uma caçadora de conceito Rank F chegar e causar? PQP lol

    ↪□□: Então QUEM é ela??

    …Era uma loucura.

    Claro, a Princesa da Chama Negra ganhar fama também era bom para Si-u. Mas ele nunca imaginou que ela se jogaria em um Portão Desconhecido enquanto sua licença de caçadora estava suspensa, e ainda teria um duelo misterioso com um caçador Rank S. A Imortal parecia estar tentando abafar o caso à sua maneira, mas se a Associação descobrisse…

    “Vai virar uma baita confusão.”

    Si-u parou de olhar a janela do navegador e bateu o notebook para fechá-lo, como se não precisasse ver mais nada. Foi então que um envelope branco entrou em seu campo de visão.

    — O que é isso?

    — …É uma carta de demissão.

    Si-u lançou um olhar distorcido para a resposta lenta de Jehwi.

    — Então você cria essa confusão toda e depois pede demissão pra fugir?

    — …Peço desculpas.

    Si-u encarou o rosto cabisbaixo de Jehwi e soltou um longo suspiro.

    — E por que não me avisou antes?

    — Não queria preocupar o senhor com meus assuntos familiares. Peço desculpas.

    — E isso é o que acontece?

    — …Peço desculpas.

    Seguiu-se um silêncio nada breve. Jehwi sentia como se uma fina camada de gelo flutuasse no ar. O som de uma gaveta se abrindo rompeu o gelo. Si-u disse, enquanto colocava a carta de demissão de Jehwi bem no fundo da gaveta:

    — Tanto faz. Vou me encontrar com ela primeiro.

    Talvez fosse só intuição, mas os ombros de Jehwi se contraíram visivelmente. Si-u franziu as sobrancelhas e perguntou, fixando os olhos nele:

    — Onde ela está agora?

    — …tal.

    — Não ouvi. Fale mais alto.

    — E-Ela está… no hospital.

    Pausa.

    Si-u ficou tão imóvel quanto uma rocha ao afastar a mão da gaveta.


    Screeech.

    O carro parou com o som de uma freada brusca.

    Bang!

    Si-u bateu a porta e marchou em direção ao elevador.

    19º andar

    Ao verificar a localização do elevador, Si-u clicou a língua brevemente e se virou. Tinham feito o hospital desnecessariamente alto, os semáforos com sinais demorados… hoje estava cheio de contratempos. Ele avistou a luz verde e a escada de emergência. Si-u correu para ela sem hesitar.

    “Oitavo andar, não era?”

    Si-u chegou ao oitavo andar num instante e percorreu o corredor silencioso, procurando algo com urgência.

    — Por favor, silêncio no corredor… Oh, jovem mestre?

    Uma enfermeira que passava o reconheceu e virou o rosto. Como o hospital era administrado pela própria Lobo, muitos conheciam seu rosto.

    — O Mestre está na ala especial…

    A enfermeira inclinou a cabeça ao ver Si-u ofegante. Devia ter pensado que, obviamente, ele viera ver seu pai, Gwihun. Mas não era Gwihun que Si-u procurava. — Caçadora Yura Lee. Onde ela está? — Si-u perguntou, tentando controlar a respiração pesada.

    — Perdão?

    — Caçadora Yura Lee. Ouvi dizer que ela foi internada hoje.

    A enfermeira recobrou a consciência com as palavras de Si-u e folheou o prontuário em mãos.

    — Ah. Refere-se à Caçadora Lee que chegou hoje? Ela está no quarto número oito um um…

    Swish!

    Sem nem esperar ela terminar, Si-u foi direto para lá. — Não é necessário informar meu pai que estou aqui.

    Como a enfermeira dissera, havia uma plaquinha com o nome ‘Yura Lee’ na porta do quarto 811. Si-u recuperou o fôlego diante da placa e bateu levemente na porta.

    Toc, toc.

    Nenhuma resposta. Ele bateu mais algumas vezes, mas continuou o mesmo. Si-u pensou por um momento e, então, abriu a porta com cuidado.

    Swish…

    Enquanto as cortinas brancas dançavam suavemente em círculo, o que entrou no campo de visão de Si-u foi…

    — …O quê?

    Um homem de terno preto.

    O homem lançou um olhar em sua direção quando Si-u ficou paralisado no lugar. Cabelos loiro-claros e olhos acinzentados. Ijun Baek. Aquele velho colega dela.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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