Índice de Capítulo

    — Espera! O que vou te mostrar agora é épico.

    Depois da refeição, Minju, ainda cheio de energia, falava sobre suas obras-primas. Era exatamente a 89ª obra-prima épica.

    — Incrível.

    — Né? Eu sabia, você e eu falamos a mesma língua. Tem mais. Espera um pouco.

    …E agora, ele remexia por aí procurando sua 90ª obra-prima.

    Atrás de Minju, que se movia feito um esquilo pela sala de produção, Eunha olhou para o relógio na parede.

    “Já está tão tarde. O Jehwi deve estar tão nervoso que o sangue dele deve ter secado.” Talvez fosse hora de começar a voltar. Mesmo pensando nisso…

    — Hmm, onde foi que eu coloquei?

    Minju estava tão animado remexendo na sala que ela não conseguia dizer com facilidade que precisava ir.

    — Ah, senhorita Yura. — Foi então que Suhyeon, outra integrante da guilda que passava por ali, lhe entregou uma latinha.

    — Deve estar com sede. Isso aqui se chama Tastar. Experimenta. É bem bom.

    — Ah, está tudo bem.

    — Já que está tendo o trabalho de lidar com o nosso mestre, no mínimo eu devia te dar isso. — Suhyeon piscou e sussurrou tão baixo que só Eunha podia ouvir. — Peguei escondido do Gyeongho. Ah, Gyeongho Seok. Ele cuida dos suprimentos militares, mas é tão pão-duro quanto parece.

    — …Obrigada. — Eunha observou silenciosamente a latinha que recebeu e a colocou sobre a mesa ao lado.

    A mesa já estava cheia de lanches e bebidas. Tudo trazido pela família da Legião que passava por ali. Quando olhou para eles com um leve desconforto nos olhos, Junhwan se aproximou sorrindo.

    — Haha. Se sobrar, pode levar pra casa.

    — Acho que vou mesmo — respondeu Eunha calmamente, erguendo o rosto. — Mas onde está o Minju? Até agora há pouco, ele estava todo agitado querendo mostrar a próxima coleção.

    — Ah. Ele subiu por um momento, por causa de uma ligação urgente. Já volta — disse Junhwan, sentando-se tranquilamente ao lado de Eunha.

    Assim, os dois ficaram sentados lado a lado no meio da sala de manufatura cheia de peças, figuras e dispositivos desconhecidos, abrindo pacotes de biscoito militar. O biscoito era exatamente como Eunha lembrava: tão duro que quase sufocava, mas com um sabor doce e salgado que surgia conforme mastigava.

    Rustle…

    Ouviu-se o barulho de um pacote ao lado. Junhwan também havia aberto o biscoito como ela, mas em vez de comer, estava separando as balinhas em forma de estrela.

    — Ouvi dizer que agora as balas vêm separadas do biscoito. Devíamos comprar de outra marca? — Junhwan resmungou e começou a colocar as balas em uma garrafinha de vidro que havia preparado. O que ele estava fazendo? Quando ela o encarou…

    — Ah.

    Junhwan percebeu o olhar dela e sorriu, sem graça.

    — Nosso mestre, na verdade, gosta mais dessas balas do que do biscoito.

    — Ah… Entendi.

    — Acho que já encontrei quase todas. — Junhwan examinou o pacote de biscoito e achou a última bala.

    Eunha o observava com certa curiosidade ao lado.

    — Você sempre guarda desse jeito?

    — Sim, bem. Não dá trabalho. — Junhwan coçou o topo do nariz, sem jeito, e mudou de assunto. — Enfim, acho que faz muito tempo desde a última vez que alguém de fora dos nossos sete visitou a sede.

    — É mesmo? — Eunha fingiu não notar e acompanhou a mudança de assunto.

    — Acho que faz uns três anos… Não, mais de quatro. Foi por essa época que conheci o Mestre. Ele tinha só onze anos na época.

    …Onze. Eunha levantou os olhos e encarou o teto. Se ele tinha onze, isso seria o quê? Quarto ano do fundamental? Era muito tempo atrás. Quando voltou a olhar para Junhwan, ele fitava as balas na garrafinha com um olhar um tanto melancólico.

    — No começo, senti pena. Um aluno do fundamental, que devia estar indo pra escola com mochila de personagens, sendo avaliado como Rank S e carregando um peso insuportável nos ombros pequenos.

    — …

    — Perguntei se a família dele não era contra. Quando disse que queria ser caçador, minha mãe, mesmo eu já sendo adulto, ficou tão desesperada que parou de comer e beber. Até hoje ela é contra — completou Junhwan com um sorriso fraco na voz.

    — Mas o Mestre só respondeu, seco… — Junhwan levantou a cabeça. — Que ele não tinha nada disso.

    — …

    Embora os lábios formassem um sorriso, os olhos estavam apagados. Eunha não disse nada. Apenas o encarou em silêncio de perfil.

    — Então pensei que devia ser isso. A nova família desse garoto. Não é nada demais. Se você come, compartilha alegrias e tristezas com alguém, isso é família.

    Seus olhos se curvaram suavemente.

    — É por isso que nos chamamos de família.

    Ela não sabia o que dizer. Em vez de responder, Eunha encarou a pilha de lanches sobre a mesa.

    — A partir de hoje, ela também é nossa family.

    — …

    Eunha levou devagar a bebida à boca. Ao lado, Junhwan colocou cuidadosamente no bolso a garrafinha cheia de balas de estrela.


    Minju, que havia subido após uma ligação urgente, voltou cerca de meia hora depois.

    — Aff, que saco.

    Minju desceu reclamando para a sala de manufatura no subsolo, com a expressão visivelmente abatida.

    — O que aconteceu, Mestre?

    Junhwan lançou um olhar para Minju e se aproximou dele.

    — Sei lá. Disseram pra eu ir pra Pohang.

    — Pohang? — Junhwan inclinou a cabeça. Os outros membros da guilda que Minju havia chamado também pareciam confusos. — Agora?

    — É.

    Minju encheu as bochechas e assentiu com desagrado. Ainda não tinha terminado de mostrar todos os brinquedos para Eunha. Nem mesmo começara a montar a figura que haviam prometido. Se não fosse um pedido da Rose, que normalmente lhe apresentava novos produtos militares, ele já teria recusado.

    — …Volto logo. — Minju puxou a miniatura alemã que Rose lhe mandara recentemente e suspirou fundo. — Um de vocês fica de guarda. Cinco vêm comigo.

    — Como?

    Junhwan arregalou os olhos, surpreso. Cinco? Que tipo de missão era aquela em Pohang?

    Mas Minju não deu maiores explicações e girou rapidamente na direção de Eunha.

    — Eu volto logo. Pode vir aqui de novo daqui a uns dias? Hmm, sábado! Sábado parece bom!

    Eunha encarou Minju, que a olhava com brilho nos olhos, agarrado a ela. Então, os outros membros da guilda começaram a se juntar ao redor.

    — Ah, ótimo! Vou preparar os muffins de café. Posso te ensinar a comer biscoito com cobertura.

    — Ooh, gostei da ideia!

    — Te espero no sábado!

    Enquanto isso, Eunha permaneceu no lugar, piscando de maneira constrangida.

    — …Certo, sábado. — Eunha assentiu em silêncio e se aproximou devagar de Minju. Então, remexeu nas mangas do vestido e tirou uma fina pulseira de desejos. — Aqui.

    Era o presente que finalmente entregava a ele, já que não havia encontrado o momento certo até então.

    — É um presente. Uma pulseira de desejos. Me dá seu pulso por um instante. — Eunha mesma amarrou a pulseira no pulso esquerdo de Minju. — …Não é cara, mas dizem que, se você tiver uma dessas, seus desejos se realizam.

    Talvez Minju nem tivesse ouvido o que ela disse, pois apenas encarava com curiosidade a pulseira laranja. Parecia haver muitas emoções passando por seus olhos castanhos redondos. Pensando bem, Minju nunca havia recebido algo assim, nem mesmo dos pais. Ele observou a pulseira por um bom tempo e, então, sorriu.

    — É igual à sua. Né? Hehe. — Minju sorriu feliz e tocou a pulseira laranja com a mão direita. — Obrigado. Nunca vou perder.

    Depois disso, Minju repetiu várias vezes que a veria de novo no sábado, e então partiu da sede da guilda.


    Pohang, Gyeongsangbuk-do.

    Quando Minju chegou a um reservatório próximo ao Monte Bihak, arregalou os olhos diante da cena à sua frente.

    — Uau, o que é isso?

    Looom…

    Um grande redemoinho se formava sobre a superfície da água. E não era só um. Dezenas de redemoinhos espalhados pelo reservatório giravam emitindo uma energia sinistra.

    — Aff, tenho tripofobia1 — reclamou Gyeongho, o membro da guilda que o acompanhava. O vice-mestre da guilda, Junhwan, que chegou por último, também parou ao ver o reservatório.

    — Parece que a Doutora Planta estava dizendo a verdade.

    Depois de terem enfrentado incontáveis portões, eles conseguiam sentir aquilo na pele.

    “Presságio.”

    O portão logo se abriria. Minju e os cinco caçadores pegaram seus respectivos equipamentos.

    — Parece que vai ser uma batalha pesada.

    Junhwan falou com seriedade, com a arma batizada de ‘Faca-Fiada’ que Minju havia feito para ele presa à cintura.

    — Chamamos a equipe de apoio agora? Acho que a sede da Guilda Afinidade fica em Daegu. Se avisarmos, eles chegam logo.

    — Pra quê? Já temos cinquenta mil tropas de contra-inteligência aqui.

    Tap, tap, tap…

    Minju digitava freneticamente na tela do celular com seus dedinhos curtos.

    【M】 【15:21】

    Chegamos~~

    (Foto)

    Acho que vai abrir logo?? Te mando msg de novo quando sair

    Ah, lembre do modelo novo da QKZ-786 que você me prometeu!!!

    Logo, veio a resposta.

    【Tia Rose】 【15:22】

    OK.

    Às vezes, dá pra abandonar no meio mesmo sem derrotar o chefe de um Portão Desconhecido.

    Se for o caso, só escaneie a área e volte. Mesmo que não seja, sua vida vem primeiro. Entendeu?

    【M】 【15:23】

    LOL Tia, tem seis de nós aqui lol e o Junhwan também lolol

    【Tia Rose】 【15:23】

    Mesmo assim.

    Fique em alerta.

    — …

    Minju encarou a tela em silêncio e moveu os dedos de novo, devagar.

    【M】 【15:24】

    lol

    Clunk.

    Minju apoiou levemente a bazuca laranja no ombro e guardou o celular no bolso de trás.

    — Estão prontos? Vamos acabar logo com isso. Temos que voltar pra Seul até sábado.

    Crackle…

    Os redemoinhos começaram a cuspir faíscas negras. Minju e os cinco membros da Guilda Legião avançaram lentamente em direção ao reservatório.

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