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    — Pode nos mostrar o convite?

    Seul, Hotel S.

    Eunha estava prestes a entrar naturalmente quando parou de repente.

    — …Aqui.

    Quando mostrou o envelope vermelho que havia preparado com antecedência, o homem de terno o examinou cuidadosamente e devolveu a Eunha.

    — Obrigado pela confirmação. Vou acompanhá-la até o salão de banquetes. Por aqui, por favor.

    Ele guiou Eunha não até o elevador no centro do saguão, mas para outro local. Mesmo enquanto o seguia, Eunha observava os arredores. Não havia ninguém no saguão do hotel, nem mesmo na recepção. Será que realmente haveria uma festa ali? Estava tão silencioso que ela chegou a duvidar.

    — Pode usar este elevador.

    — Obrigada.

    “Tem outro elevador escondido num lugar tão remoto assim?” Eunha fitou em silêncio as portas automáticas douradas à sua frente. Logo, quando as portas se abriram e ela entrou no elevador chamativo, ele começou a subir automaticamente, sem que ela apertasse botão algum.

    “Pra onde ele está indo?”

    Eunha olhou para cima. Não havia luzes nem painéis indicando os andares. Só havia um espelho na parede esquerda.

    Eunha conferiu seu reflexo no espelho do elevador. Usava um vestido preto, corte sereia, na altura dos joelhos. Era de design simples, sem enfeites, com exceção das mangas bufantes translúcidas e da máscara preta em forma de gato que usara no leilão.

    “Não dava pra usar o vestido da Princesa da Chama Negra aqui.”

    Ela tinha suado às pressas para sair de casa e escolher um vestido. No fim, ainda bem que comprara um adequado, por recomendação da funcionária da loja.

    Eunha mexeu na máscara que usava e aguardou em silêncio a chegada do elevador. Quando aquelas portas se abrissem, Ijun estaria em algum lugar. Eunha ainda não sabia por que ele a convidara. E nem havia garantia de que descobriria isso hoje.

    Mas Eunha veio. Porque, se não viesse, acabaria não descobrindo algo que poderia ter descoberto.

    Ding dong…

    As portas do elevador, que pareciam que jamais se abririam, finalmente se abriram. Eunha saiu devagar.

    Salão de Banquetes ▶▶

    Convenientemente, havia uma placa indicativa bem à sua frente. Eunha olhou ao redor e seguiu, devagar, na direção indicada pela placa.

    O corredor por onde Eunha caminhava era feito de vidro dos dois lados, o que lhe permitia ver o exterior com facilidade. Como as portas do elevador demoraram a se abrir, e os prédios ao redor pareciam brinquedos de tão pequenos, devia estar bem alto.

    Ela ouviu o som de violinos vindo de não muito longe. Eunha ergueu levemente a mão para sombrear os olhos diante do brilho do lustre. A julgar de relance, o número de pessoas reunidas em pequenos grupos passava facilmente de uma centena. Alguns olharam para Eunha, mas ninguém se aproximou.

    Eunha virou-se, procurando por alguém que se parecesse com Ijun. Mas era difícil, já que todos usavam máscaras. No fim, Eunha desistiu de procurar Ijun por enquanto e se encostou na parede.

    …O que deveria fazer? Não podia simplesmente voltar, já que estava ali. E se apenas ficasse parada, não achava que conseguiria encontrar Ijun.

    【A criatura mítica Viajante Felino das Trevas começa a desconfiar e diz — Ele realmente está aí? Será que te deu um bolo? Se ele queria te ver, devia vir te procurar! Por que mandaria você ir até aí e depois sumiria? — e resmunga.】

    O gato parecia furioso. Eunha concordava com ele, até certo ponto, porque por mais que olhasse ao redor, não encontrava ninguém que se parecesse com Ijun. E não podia simplesmente perguntar para todos de máscara se eram ele. Será que alguém havia pregado uma peça nela? Impossível. Apenas Si-u sabia do relacionamento entre Eunha e Ijun.

    “Será que é melhor eu voltar?”

    Quando estava perdida em pensamentos…

    — …?

    Eunha ergueu os olhos de repente. O ar havia mudado. O burburinho diminuiu, e o som dos sapatos de alguém ecoou pelo salão com mais intensidade do que o normal. Logo, o homem no púlpito pegou um microfone.

    — Agradeço a todos que nos prestigiaram numa noite esplêndida como esta. Estou usando uma máscara, mas devo me apresentar. Meu nome é Daeyun Go, presidente da Associação de Caçadores da Coreia.

    Uma máscara adornada com penas vermelhas exuberantes. A estrela daquela máscara extravagante era o presidente da Associação, Daeyun. O lustre brilhante o iluminava, e todos ali, inclusive Eunha, voltaram a atenção para ele. O homem de terno ao lado de Daeyun traduziu suas palavras para o inglês. Parecia haver varios estrangeiros entre os presentes.

    — Antes que a festa comece de fato, há algo que eu gostaria de dizer. Foi há décadas, quando despertei por acaso e me tornei caçador pela primeira vez. Achei que tinha sido escolhido, e fiquei empolgado por ser especial e diferente dos outros.

    — Mas ao longo das décadas em que atuei como caçador, conheci inúmeros caçadores. Alguns eram mais fortes, melhores que eu, e também mais corajosos. Talvez eu não fosse tão especial assim. Talvez, na verdade, eu não fosse ninguém. Foi nisso que pensei, com fraqueza.

    — Meu pai me disse, quando eu estava abatido: Eles são fortes. Mas isso não significa que você é fraco. Você é forte. Mas isso não significa que eles são fracos.

    — Acho que agora entendo o significado disso. É triste julgar o quão especial alguém é apenas por uma letra, sob o pretexto de conveniência e hierarquia. Espero que isso não aconteça aqui hoje. Todos nós somos especiais. Somos iguais. Porque somos todos caçadores.

    O salão ficou em silêncio após o longo discurso. Daeyun sorriu levemente e voltou a levantar o microfone.

    — Isso foi o que Maestro me disse antes de realizar esta festa.

    Maestro. O salão começou a se agitar ao ouvirem o apelido.

    — …

    No meio daquilo tudo, Eunha permaneceu imóvel, observando Daeyun. Ele continuou com firmeza em meio à atmosfera caótica.

    — Este ano, a indústria de caçadores da Coreia recebeu um grande presente. O portador do título especial de ‘Prime’, concedido apenas aos dez melhores caçadores do ranking global pela Organização Mundial de Caçadores, mais conhecido por nós como o primeiro Rank S, Maestro. Ele está aqui. Concordo com ele como caçador, antes mesmo de presidente da Associação Coreana. É por isso que estamos realizando este baile de máscaras especial. Espero que seja uma noite inesquecível para todos. Obrigado.

    Clap, clap, clap…

    Daeyun desceu do púlpito ao som de aplausos. Metade dos presentes começou a brindar ou aproveitar a festa, enquanto a outra metade olhava ao redor tentando encontrar alguém que parecesse o Maestro.

    Eunha também deveria estar procurando por ele, mas não procurava. Apenas permanecia parada onde estava, sem se mover.

    “Prime… Maestro…”

    …Ijun Baek. Ele era de fato diferente daquele que Eunha conhecia. Tudo parecia estranho. Até as palavras de Ijun, vindas da boca do presidente da Associação.

    Ela já sabia disso desde o último reencontro, mas agora percebia ainda mais. O Ijun que ela conhecia não existia mais. Será que ele a havia convidado para deixar isso claro? Se foi, funcionou. O presidente falou de coisas irreais, como o título de Prime concedido pela Organização Mundial de Caçadores e o fato de ele ser o primeiro Rank S, e não havia espaço para nostalgia alguma em relação ao Ijun.

    — O que eu esperava, afinal? — murmurou Eunha com um sorriso autodepreciativo no rosto.

    Ding.

    【A criatura mítica Viajante Felino das Trevas diz — Hã? Por que esse olhar abatido de repente? Quem fez isso com você?! — e coloca as mãos na cintura, bufando para os arredores.】

    【— Ele é o vilão por te chamar aqui e nem aparecer, vamos embora agora mesmo! — Ela afirma que não há motivo para passar nem mais um segundo naquele lugar.】

    【Sugere jogar vinte perguntas em casa como da última vez, e pisca dizendo que hoje vai apostar três mil moedas, especialmente.】

    “…Era só o que faltava. Agora tô sendo consolada por um gato.” Eunha deslizou lentamente a janela amarela que havia surgido diante dos olhos.

    Tudo bem, hora de voltar. Mesmo que permanecesse ali, não achava que conseguiria encontrar Ijun. E mesmo se o encontrasse, talvez nem conseguisse ter uma conversa decente com ele, já que agora era um caçador de fama mundial.

    Eunha se virou para seguir em direção à saída do salão. No entanto…

    Tap.

    — …Ah.

    Bem quando estava prestes a sair, alguém esbarrou em seu ombro. O broche preso ao vestido de Eunha caiu no chão.

    — Oh, me desculpe.

    Era um homem de terno preto e máscara branca. Os olhos sorridentes da máscara passavam uma impressão estranha. No momento em que se abaixou para pegar o broche, uma lufada forte de perfume se aproximou.

    — Aqui. A máscara limitou minha visão. Você se machucou?

    Ele estendeu o broche. Eunha o aceitou e o encarou de relance. Olhos cinza-prateados espiavam por trás da máscara. Quando seus olhares se encontraram, Eunha franziu levemente o cenho.

    — Baek…

    Justo quando Eunha abriu os lábios…

    — …Eun, ha?

    Ele também falou. Sua voz soava vazia, como se estivesse perplexo. Mesmo com a máscara, parecia tê-la reconhecido de imediato.

    E Eunha também o reconheceu. Naquele instante breve, ela soube quem era. E soube, porque…

    — Por que você…?

    Ijun Baek era um companheiro com quem ela havia passado muito tempo.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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