Capítulo 4 - Um grupo
O sol já começava a se pôr, tingindo o céu com tons de laranja e roxo. Todos os despertados haviam sido avaliados e agora estavam reunidos em um grande pátio dentro do acampamento militar.
Xavier se posicionou à frente, seu olhar sério percorrendo cada um dos novos recrutas. Havia um ar solene no ambiente.
— A partir de hoje, vocês não são mais simples civis. Foram convocados para este mundo por um motivo. Aqui, serão soldados de Estier e lutarão pelo bem deste reino.
Os despertados se entreolharam, ainda incertos sobre tudo aquilo.
Xavier cruzou os braços.
— A vida que vocês conheciam acabou. Agora, tudo o que importa é a sua força, sua dedicação e sua vontade de sobreviver. Não esperem piedade. Se querem viver, aprendam a lutar.
Kaizhat, ainda tentando processar tudo, engoliu em seco. Aquilo parecia mais sério do que ele imaginava.
O comandante continuou.
— Cada um de vocês fará parte de um grupo de cinco pessoas. Vocês viverão juntos, treinarão juntos e lutarão juntos. Se um cair, os outros terão que ajudá-lo a se levantar. Se um morrer… saibam que perderam um pedaço do próprio grupo.
O clima ficou ainda mais pesado.
Xavier então começou a listar os grupos, nome por nome.
— Grupo 7: Kaizhat, Star Uonk, Choi Miu, Fred e Frida.
Kaizhat sentiu o coração acelerar. Ele olhou ao redor e viu os outros quatro se aproximando.
Star sorriu amigavelmente.
— Parece que vamos ser companheiros, hein? Espero que nos demos bem!
Choi Miu apenas acenou levemente com a cabeça, seu olhar calmo analisando todos.
Fred abriu um sorriso e deu um tapinha nas costas de Kaizhat.
— Haha! Um grupo com um tank como eu? Não tem erro!
Frida, por outro lado, apenas cruzou os braços e desviou o olhar, parecendo indiferente à situação.
Kaizhat suspirou. Aquilo parecia surreal.
Agora, ele não estava mais sozinho.
O caminho que seguiria a partir dali não seria fácil, mas pelo menos… ele tinha companheiros ao seu lado.
E assim, o verdadeiro começo de sua jornada se iniciava.
Após a breve reunião, Xavier dispensou todos os recém-recrutados, desejando-lhes boa sorte. Antes de sair, ele deixou uma quantia em dinheiro suficiente para que cada grupo sobrevivesse por dois dias e informou que cada equipe receberia uma casa dentro do reino.
— Vocês terão tempo para se estabilizar, mas não se acostumem com a folga. O treinamento começará em breve.
Dizendo isso, ele se retirou para descansar, deixando os grupos para se organizarem sozinhos.
No entanto, assim que Xavier se afastou, o clima entre os despertados começou a mudar.
No meio da multidão, Davidson e seu grupo rapidamente chamaram a atenção.
— Então, você é mesmo o “Herói”, né? — perguntou um dos despertados, olhando para ele com curiosidade.
Davidson sorriu e passou a mão pelos cabelos loiros.
— Isso mesmo. Classe única, magias incríveis e um talento natural!
Ele abriu os braços, como se quisesse que todos o admirassem.
— Podem contar comigo! Eu sou o escolhido para salvar esse reino!
Seu grupo, composto por outros despertados relativamente fortes, parecia animado com a atenção que recebiam.
Kaizhat, que estava um pouco afastado com seu próprio grupo, observou a cena.
— Ele realmente gosta de ser o centro das atenções… — murmurou.
— Típico. — comentou Choi Miu, com indiferença.
Fred coçou a cabeça, olhando para Davidson com um pouco de inveja.
— Mas tenho que admitir, deve ser legal ter uma classe chamada “Herói”.
Frida apenas suspirou, sem demonstrar interesse no assunto.
Star, por outro lado, sorriu.
— Bom, se ele realmente for forte, pode ser um grande aliado para o reino, não?
Kaizhat não sabia dizer ao certo se gostava ou não de Davidson, mas uma coisa era certa: ele já era o grande favorito de todos.
E enquanto o loiro se gabava e brincava com os outros despertados, Kaizhat sentiu um peso no peito.
Ele não tinha magia, não era um prodígio e, ao contrário de Davidson, ninguém esperava nada dele.
Isso só tornava sua jornada ainda mais difícil.
Mas, no fundo, ele sabia que não poderia desistir.
Não importava o quanto ele estivesse atrás dos outros… ele encontraria um jeito de crescer.
Após a reunião, Kaizhat e seu grupo decidiram explorar a cidade antes de irem para a nova casa. Era a primeira vez que realmente tinham a oportunidade de observar o reino em detalhes.
As ruas eram movimentadas, com mercadores anunciando seus produtos, cavaleiros patrulhando e crianças correndo alegremente. Apesar da atmosfera medieval, havia uma forte presença mágica em todo o lugar. Lâmpadas de cristal iluminavam as ruas, estátuas encantadas se moviam sozinhas e até mesmo alguns comerciantes utilizavam magia para exibir seus produtos.
Kaizhat olhava para tudo aquilo, ainda tentando processar que realmente estava em um outro mundo.
— Eu nunca vou me acostumar com isso… — murmurou.
— É fascinante. — disse Star, admirada com um grupo de fadas que passava voando.
Choi Miu, por outro lado, analisava tudo com um olhar sério.
— Esse lugar é bem organizado. O uso da magia é bem distribuído e integrado ao cotidiano.
Fred estava mais interessado na comida.
— Ei, pessoal, tem uma barraca ali vendendo algo que parece carne assada! Vamos experimentar?
Antes que pudessem responder, ele já estava correndo na direção da barraca.
Frida, que até então permanecia calada, finalmente falou:
— Não devemos gastar todo o dinheiro de uma vez.
Fred hesitou por um momento, mas logo deu de ombros.
— Só um pouquinho não faz mal, certo?
Kaizhat riu levemente. Mesmo em um mundo diferente, algumas coisas nunca mudavam.
Depois de comprarem algumas porções de comida, o grupo continuou a caminhar. Aos poucos, eles começaram a conversar mais entre si.
— De onde vocês vêm exatamente? — perguntou Kaizhat, tentando puxar assunto.
Star foi a primeira a responder.
— Sou dos Estados Unidos! Mas, sinceramente, eu sempre quis viajar pelo mundo. Agora estou em outro mundo, então… acho que realizei um sonho de forma inesperada.
Fred riu.
— Bem, se você queria aventura, com certeza conseguiu. Eu sou da Alemanha. Antes de vir pra cá, minha vida era bem tranquila. Nunca imaginei que me tornaria um guerreiro mágico.
Choi Miu cruzou os braços.
— Coreia do Sul. Eu já tinha experiência com esportes e estratégia, mas nada que envolvesse magia… isso é um desafio completamente novo para mim.
Frida apenas disse:
— Alemanha.
E nada mais.
O grupo percebeu que ela não gostava de falar muito, então não insistiram.
— Sou do Japão…
Kaizhat sentiu um pequeno alívio. Eles também eram apenas pessoas normais, tentando se adaptar a essa nova realidade.
Após algum tempo caminhando, encontraram a casa que seria deles. Era uma construção simples, mas espaçosa, com quartos suficientes para todos.
— Bom, pelo menos temos um lugar para ficar. — disse Kaizhat, suspirando.
Fred abriu um sorriso.
— E agora começa a nossa jornada de verdade!
Kaizhat olhou para o céu, onde a lua começava a aparecer.
Ele ainda não sabia o que o futuro reservava para eles, mas uma coisa era certa: ele faria o possível para crescer e sobreviver nesse mundo.
Amanhã começaria um novo capítulo de sua vida.
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