A casa era simples, mas espaçosa o suficiente para acomodar todos confortavelmente. Logo na entrada, havia uma sala ampla com móveis rústicos de madeira, uma mesa grande no centro e algumas cadeiras ao redor. O chão era de pedra lisa, e uma lareira de tijolos ocupava um dos cantos, deixando o ambiente com um toque aconchegante. Havia uma pequena cozinha ao fundo, e um corredor que levava a cinco quartos modestos.

    Todos estavam reunidos na sala, sentados em torno da mesa. A luz de um candelabro iluminava o ambiente, lançando sombras suaves pelas paredes. O clima não era tenso, mas havia um ar de seriedade. Precisavam decidir como funcionariam como grupo, afinal, agora dividiriam o mesmo teto.

    Fred cruzou os braços e foi o primeiro a falar.

    — Certo, antes de mais nada, precisamos escolher um líder.

    Kaizhat se ajeitou na cadeira, surpreso.

    — Um líder? Isso é mesmo necessário?

    — Claro que é. — disse Choi Miu, ajeitando os óculos. — Alguém precisa tomar decisões em momentos de crise, organizar estratégias e manter o grupo alinhado.

    Frida suspirou e recostou-se na cadeira.

    — Contanto que não me escolham, qualquer um serve.

    Star sorriu.

    — Podemos fazer uma votação! Cada um fala quem acha que deveria ser o líder, e o que tiver mais votos ganha.

    — Eu voto no Choi Miu. — disse Fred imediatamente.

    — Hã? — Choi Miu franziu a testa.

    — Você é inteligente, calmo e parece saber como planejar as coisas. Acho que seria um bom líder.

    — Concordo. — disse Star. — Você é o mais organizado entre nós.

    Choi Miu suspirou, claramente não muito animado com a ideia, mas aceitou.

    — Se essa for a decisão do grupo, então eu assumo.

    — Ótimo! — Fred bateu palmas. — Agora, sobre as tarefas domésticas. Quem cozinha?

    Um silêncio se instalou.

    — Eu não sei cozinhar muito bem… — admitiu Kaizhat.

    — Eu também não. — disse Star, rindo sem jeito.

    — Eu sei. — disse Frida, para a surpresa de todos.

    Fred arregalou os olhos.

    — Sério? Você tem cara de quem só come comida enlatada.

    Frida o encarou friamente.

    — Eu cozinho, mas se alguém reclamar, nunca mais faço.

    — Tá bom, tá bom! — disse Fred, levantando as mãos em rendição.

    — Então Frida cozinha. E a limpeza? — perguntou Choi Miu.

    — Eu posso ajudar com isso. — disse Star, animada. — Mas não sozinha, é claro.

    — Eu ajudo também. — disse Kaizhat.

    — Ótimo, então vocês dois cuidam da limpeza. E a organização geral da casa? Manter tudo em ordem, revisar mantimentos, coisas assim?

    Fred levantou a mão.

    — Eu posso fazer isso! Eu sou ótimo em manter as coisas funcionando.

    Choi Miu ergueu uma sobrancelha.

    — Desde que você realmente leve isso a sério e não apenas empurre tudo pra outro canto da casa, por mim tudo bem.

    — Você duvida da minha capacidade? — disse Fred, fingindo indignação.

    — Sim. — responderam Frida e Choi Miu ao mesmo tempo.

    — Poxa…

    O grupo riu levemente. Mesmo sendo um momento simples, era algo que os aproximava.

    Por fim, restava uma última decisão: os quartos.

    — Como tem cinco quartos, cada um fica com um, certo? — disse Kaizhat.

    Todos concordaram e foram explorar as opções.

    Os quartos eram praticamente idênticos, cada um contendo uma cama simples, uma pequena escrivaninha e uma janela que dava vista para a cidade.

    — Eu quero este. — disse Frida, escolhendo um dos quartos do canto.

    Fred pegou o do lado dela.

    — Vou ficar aqui, assim se precisar de algo na cozinha, é só descer rápido.

    Choi Miu escolheu um quarto um pouco mais afastado.

    — Eu prefiro um espaço tranquilo.

    Star, animada, escolheu um quarto próximo ao de Kaizhat.

    — Pronto! Todo mundo já tem seu cantinho!

    Kaizhat olhou para o próprio quarto. Era simples, mas aconchegante.

    Por um instante, sentiu um aperto no peito. Não estava mais em casa. Sua família estava a um mundo de distância.

    Mas essa era sua realidade agora.

    Ele suspirou e fechou a porta do quarto, pronto para um novo dia.

    A partir de agora, eles eram um grupo.

    E a verdadeira jornada estava apenas começando.

    Kaizhat fechou a porta do quarto e encostou-se nela por um instante, soltando um longo suspiro. O silêncio era reconfortante, mas, ao mesmo tempo, carregava um peso estranho.

    Ele olhou ao redor, observando cada detalhe do pequeno espaço que agora chamaria de seu. O quarto era simples, sem decorações ou qualquer traço de personalidade. As paredes de pedra davam uma sensação fria e rústica, mas o chão de madeira ajudava a tornar o ambiente um pouco mais aconchegante. A única mobília era uma cama modesta com um colchão fino, uma escrivaninha gasta pelo tempo e uma pequena janela no canto, que permitia que a luz da lua entrasse suavemente.

    Ele caminhou até a cama e se sentou, sentindo a rigidez do colchão sob seu corpo magro. Não era exatamente confortável, mas não era tão ruim quanto esperava. Ele deitou-se lentamente, afundando a cabeça no travesseiro áspero. O aroma do quarto era uma mistura de madeira envelhecida e um leve toque de poeira, mas havia também algo sutil no ar, talvez o cheiro da noite de um mundo diferente.

    Olhando para o teto de pedra acima de si, ele sentiu uma onda de pensamentos invadir sua mente.

    “Isso realmente está acontecendo…”

    Tudo parecia um sonho, mas a dureza da cama sob seu corpo provava que era real. Ele foi arrancado de sua vida sem aviso, sem escolha. Até poucas horas atrás, ele estava sentado em uma sala de aula, distraindo-se durante a aula de matemática, sonhando com o que comeria no jantar. Agora, estava em um mundo medieval, sem saber o que o futuro lhe reservava.

    “Mãe… meus irmãos…”

    A lembrança da sua casa no Japão bateu forte. Ele podia visualizar sua mãe preparando o jantar, a mesa bagunçada com pratos e talheres espalhados enquanto seus irmãos discutiam sobre qualquer besteira. Podia quase sentir o cheiro da comida caseira, o calor familiar daquele lar.

    Mas agora, ele estava aqui.

    Sozinho.

    Ou melhor, não exatamente sozinho. Agora fazia parte de um grupo. Mas por quanto tempo? Ele sequer sabia se sobreviveria nesse mundo hostil.

    Ele apertou os olhos e virou-se na cama, encarando a janela. A lua estava alta no céu, iluminando a cidade medieval com um brilho pálido e suave. As sombras das construções dançavam silenciosamente sob a luz, criando uma paisagem melancólica.

    “Eu não tenho magia… não sou forte… o que eu estou fazendo aqui?”

    Os números da sua avaliação ainda ecoavam na sua mente. Arqueiro. 1 estrela. Poder: 320. Sem magia.

    Davidson tinha 600 e uma classe lendária. Xiao Mijin era mais rápida e furtiva do que qualquer um. Mesmo dentro do seu grupo, Choi Miu era um estrategista nato, Fred tinha uma força bruta impressionante, Star era uma maga com talentos naturais e Frida… bem, Frida exalava uma presença intimidadora por si só.

    E ele?

    Kaizhat sentiu um nó na garganta.

    Ele virou-se de costas novamente, encarando o teto.

    “Será que eu vou conseguir? Será que algum dia serei forte o suficiente para sobreviver aqui?”

    Era assustador. O desconhecido sempre era. Mas, ao mesmo tempo, uma pequena parte dele sentia algo diferente. Algo que ele não conseguia identificar.

    Talvez fosse medo.

    Talvez fosse a excitação de estar em um mundo novo.

    Talvez fosse o início de algo que ele ainda não entendia.

    Mas uma coisa era certa: ele não tinha escolha.

    Ele não podia voltar para casa.

    Esse era seu novo lar.

    Kaizhat respirou fundo, tentando se acalmar.

    Havia muitas perguntas sem resposta, muitas incertezas. Mas, por enquanto, ele só podia fazer uma coisa.

    Ele fechou os olhos.

    E dormiu.

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