Prólogo - Apenas um estudante comum
O mundo seguia seu fluxo habitual.
Os dias passavam, os anos corriam, e a humanidade continuava sua existência sem sequer imaginar que algo além da sua realidade cotidiana os observava.
Mas, em um canto esquecido do universo, um reino há muito tempo assolado pela guerra buscava uma esperança.
Um reino chamado Estier.
Estier era um mundo moldado pela magia, pelas espadas e pela constante luta entre o equilíbrio e o caos. Humanos, elfos, anões e outras criaturas conviviam em suas terras, enquanto deuses e demônios influenciavam suas batalhas. Um mundo onde o poder definia o destino de um indivíduo.
Por séculos, Estier resistiu às ameaças que surgiam, mas agora, as forças inimigas estavam se tornando esmagadoras. Criaturas mágicas surgiam em hordas, conquistadores desejavam expandir seus domínios, e o próprio tecido da realidade parecia prestes a ruir.
Os exércitos estavam enfraquecidos. Os magos já não tinham forças para manter as barreiras erguidas. Os líderes do reino sentiam o desespero crescendo a cada batalha perdida.
Foi então que Xavier, o comandante do exército mágico de Estier, tomou uma decisão drástica.
O reino precisava de novos guerreiros, de novos talentos. Precisava de algo além do que Estier podia oferecer.
Então, um plano foi concebido.
Reunindo os mais sábios magos do reino, Xavier ordenou a realização do maior ritual de convocação já registrado na história. Não apenas um indivíduo seria chamado… mas centenas, talvez milhares. Pessoas que não conheciam Estier, mas que poderiam trazer novos talentos, novas estratégias, e quem sabe, o herói lendário que eles tanto precisavam.
O Ritual do Chamado começou.
Durante meses, os magos canalizaram uma quantidade absurda de energia. Foram feitos sacrifícios de tempo, conhecimento e, em alguns casos, vidas. Poções, cristais mágicos e feitiços ancestrais foram usados para abrir um portal entre os mundos.
O objetivo era simples: buscar guerreiros de outra realidade e trazê-los para Estier.
Então, uma torre surgiu.
Uma construção colossal, etérea, visível apenas para aqueles destinados a serem chamados. A torre rasgava os céus, impassível, observando silenciosamente aqueles que estavam prestes a serem escolhidos.
No outro extremo do universo, em um mundo sem magia, um garoto chamado Kaizhat vivia sua vida pacífica.
Seus dias eram comuns. Acordar cedo, ir para a escola, reclamar das provas, conversar com amigos, sonhar com o futuro. Uma rotina mundana e previsível.
Ele não imaginava que, naquele dia, tudo mudaria.
Enquanto assistia a mais uma aula monótona de matemática, algo aconteceu.
Uma pressão leve atingiu sua mente. Um som, um eco distante, como um sussurro.
Ele piscou algumas vezes, confuso.
E então, ao olhar para a janela… ele a viu.
A torre.
Gigantesca, negra como a noite, imponente contra o céu azul.
Ela simplesmente estava lá, como se sempre tivesse existido, mas ninguém parecia notá-la. Seus colegas continuavam prestando atenção na aula, o professor rabiscava equações no quadro… mas ninguém reagia àquela visão surreal.
O coração de Kaizhat começou a acelerar. Ele tentou desviar o olhar, tentou ignorar aquela sensação, mas algo dentro dele sabia: aquela torre não era normal.
De repente, o tempo parou.
Os sons cessaram. A sala ficou em completo silêncio.
Kaizhat se levantou abruptamente, os olhos arregalados em puro desespero.
— O que está acontecendo?!
Antes que pudesse buscar uma resposta, um vazio profundo tomou conta de sua mente.
Sua visão escureceu. Seu corpo perdeu a força.
E, num instante, sua consciência se apagou.
Quando abriu os olhos novamente, tudo estava diferente.
Não havia mais sua sala de aula. Não havia mais sua escola.
Ele estava deitado sobre um chão frio, de pedra. O ar cheirava a terra, madeira queimada e algo desconhecido.
Acima dele, tochas iluminavam o ambiente, e ao seu redor, figuras estranhas murmuravam entre si.
— O Chamado deu certo… — uma voz ecoou ao longe.
Kaizhat piscou algumas vezes, tentando focar sua visão. Seu coração disparou ao perceber que estava cercado por soldados e magos de aparência medieval.
E no centro de tudo, um homem de armadura imponente, com olhos afiados e postura severa, o encarava de cima.
— Bem-vindo a Estier. — disse o homem, sua voz grave e firme. — Meu nome é Xavier. Você foi convocado para servir ao nosso reino.
Kaizhat sentiu um frio na espinha.
Nada fazia sentido.
E então, a única coisa que passou por sua mente foi uma pergunta simples, porém aterrorizante:
“O que está acontecendo?”
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