EU AMO ESSA NOVEL
Capítulo 01
A viúva de sangue de ferro. A Viúva-Aranha. A Bruxa do Castelo de Neuschwanstein. A Vergonha de todas as damas nobres.
A quem se referem esses apelidos?
A ninguém menos que a mim, a Marquesa Shuri von Neuschwanstein.
Será que mais alguém neste império tem tantos apelidos quanto eu?
Claro, não devo me orgulhar de apelidos assim, mas faz muito tempo que parei de me importar com o que as outras pessoas dizem. Suas opiniões não fazem diferença para mim.
O que importa é que protegi a Casa Neuschwanstein e meus filhos a salvo até agora.
Sim. Cumpri minha promessa no fim das contas.
Era estranho chamar os herdeiros da Casa Neuschwanstein de meus filhos, já que tinham idade para serem meus irmãos. Não compartilhávamos uma gota de sangue, mas eram meus filhos pela lei.
Eu criei aqueles monstrinhos irritantes que eram meus filhos, embora nunca me chamassem de mãe.
Amanhã é o dia em que meus esforços finalmente valerão a pena.
Por quê amanhã? Porque é o dia em que o primeiro filho desta casa, Jeremy Neuschwanstein, irá se casar!
Assim que fizer os votos, aquele garoto – o Leão de Neuschwanstein e a Espada do Príncipe Herdeiro – se tornará o Marquês de Neuschwanstein, conforme a vontade do pai.
Sua noiva também é a mulher mais bonita da capital e filha do Duque Heinrich.
Ah! Lágrimas de emoção enchem os meus olhos.
Parece que foi ontem que temíamos que ele estivesse morrendo de sarampo. Quando ele cresceu tanto?
Meus dias costumavam parecer intermináveis, mas agora estou finalmente sendo recompensada pelo meu sofrimento! Um brinde para comemorar até onde chegamos!
Mas, oh, como eu estava errada.
Dizem que um choque grande o suficiente pode silenciar você. Isso descreve exatamente meu estado atual; eu não estava apenas sem palavras. Até meus pensamentos estavam paralisados.
“O que você acabou de…?”
“É como acabei de dizer,” disse a linda garota, interrompendo meu protesto. “Estou aqui para informá-la em nome dele que você não precisa comparecer ao casamento.”
Essa bela dama, cujas palavras me fizeram perder a cabeça e me impediram lentamente de abrir a boca, é a noiva de Jeremy, Ohera Von Heinrich, a estrela do casamento do século que se realizará amanhã.
Seus olhos roxos e seu cabelo ondulado dourado criavam uma aura fantástica. Será que a compaixão em seu olhar era fruto da minha imaginação?
“Jeremy realmente disse isso? Por que ele não me diria ele mes—?”
“Você sabe como ele está ocupado,” ela disse. “Eu também mal consegui encontrar tempo para vir aqui. Sinto muito. Tentei convencê-lo, mas…”
“E-espera,” gaguejei. “Mesmo assim, sou obrigada a comparecer. Como ele poderia…”
Vi a relutância no rosto dela. “Posso te contar exatamente o que ele disse.”
Ela respirou fundo e repetiu as palavras de Jeremy, sílaba por sílaba.
“A ‘obrigação’ da qual você nunca para de falar termina no momento em que fazemos nossos votos amanhã. Você não prefere ser liberada disso um dia antes?”
Minha boca se abriu. Eu estava atordoada.
Enquanto eu me envergonhava, parecendo uma tola, Ohera me olhava com uma mistura de pena e desprezo.
Como eu deveria responder a isso? O que eu digo?
Nunca senti tanta vergonha antes. Eu não sabia o que fazer.
O Jeremy que eu conhecia jamais passaria uma mensagem assim por outra pessoa. Seria mais o estilo dele se recostar arrogantemente na cadeira e lançar suas observações sarcásticas e afiadas diretamente no meu rosto.
E agora ele entregou essa mensagem nem mesmo por seus irmãos, mas por sua noiva.
Será que ele estava tão cansado de mim que não conseguia nem me olhar nos olhos? Depois de amanhã, quando nossas formalidades vazias não seriam mais necessárias, ele estava desesperado para não ter mais nenhuma associação comigo?
E-Era tão ruim assim…?
Enquanto eu falava, minha voz falhou. “Por que ele diria isso—?”
“Eu sei. A conduta dele é injusta, mas você sabe como ele é teimoso,” disse Ohera. “E me desculpe dizer, mas acredito que você também teve um papel para tudo chegar a esse ponto, Lady Neuschwanstein.”
Foi uma coisa bem arrogante de se dizer, mas eu estava mais surpresa do que ofendida.
Minha futura nora soltou um suspiro curto e impaciente. Ela olhou para mim, sua futura sogra, que era apenas quatro anos mais velha, através de seus longos cílios.
“Tenho certeza de que você conhece sua reputação na sociedade, Lady Neuschwanstein,” ela continuou, reprovadora. “Eu sei, claro, que você é uma boa pessoa, mas a maioria das pessoas não sabe. É natural que seu filho tenha ressentimento por você. Não há nada a ser feito.”
“Jeremy tem ressentimento por mim?”
“Pense bem, minha senhora. Você trouxe um novo amante para casa apenas um mês após a morte do falecido marquês. Houve constantes escândalos.”
“Além disso,” ela continuou, “você proibiu Jeremy de ver qualquer parente que compartilhasse seu sangue. Você até exilou a tia dele, que implorou para ver os sobrinhos pelo menos uma vez após a morte do pai. Claro que ele a ressente. Por que você fez isso?”
Por que eu fiz isso?
Eu tinha muitos motivos, mas nenhum escapou dos meus lábios. Não importava que desculpas eu tentasse dar para Ohera, senti que seriam inúteis, mesmo que listasse todas as razões que não me deixaram escolha.
Meu nariz ardia. Achei que estava acostumada à frieza das crianças. Por que me sentia tão triste?
Engoli em seco. “Não importa o que digam, eu sou a mãe daquele menino—”
“Você deve estar ciente,” Ohera disse, me interrompendo novamente, “que ele nunca a considerou sua mãe. É ridículo, não acha?”
Era. Seria ridículo para ele me considerar sua mãe quando ele tinha apenas dois anos a menos que eu. Eu concordava.
Mas…
“Eu, no entanto, quero me dar bem com você o melhor que puder, mãe1, então espero que você coopere conosco. Casamentos só acontecem uma vez. Eu não quero problemas. Você entende, não entende?”
Eu não disse nada.
“Eu preciso ir. Ainda há muito a preparar. Farei o meu melhor para convencê-lo, mas aconselho que não espere nada disso.”
Quando Ohera me deu uma última olhada de pena e se levantou, eu só pude olhar para ela. Eu estava paralisada na cadeira. A ideia de acompanhá-la até a porta nem passou pela minha cabeça.
Jeremy. Jeremy…
Aquele garoto me olhou com tanta hostilidade no momento em que cruzei o limiar desta casa. Eu tinha catorze anos.
No funeral do pai dele, ele se recusou a derramar uma única lágrima, mas quando achava que ninguém estava por perto, chorava até não poder mais.
Quando ele teve sarampo, eu passei incontáveis noites cuidando dele.
Ele nunca abriu o coração para mim, mas eu ainda assim dediquei meu coração e corpo para protegê-lo.
Ele estava crescido, e eu não o conhecia mais. Ele estava me abandonando.
Dizem que você não deve acolher feras de pelagem preta, mas Jeremy era loiro. Não fazia sentido.
Dizem que você se arrepende de ter filhos. Sim, os ancestrais eram sábios. Ter filhos é apenas um erro!
“Está tudo bem, minha senhora?”
“Gwen. Eu não consigo… sinto como se estivesse morrendo.”
“Minha senhora…”
“Aquele garoto malvado! Aquele garoto arrogante e malvado! Depois de como eu o criei! Como ele pôde fazer isso comigo?” Eu soluçava. “Gwen, você não sabe a dor que eu acabei de passar!”
Eu estava tão abalada que nem me importava com a minha aparência na frente da empregada. Não tinha mais a quem recorrer. Eu nem tinha um único amigo para desabafar.
Ah, como é sombria a minha sorte.
Eu vivi minha vida tão ocupada e ansiosa que nunca parei um momento para olhar para trás. Agora, percebia que vida solitária e isolada eu tinha levado. Não tinha ninguém para culpar além de mim mesma.
“Como eles puderam fazer isso comigo?!”
Eles eram insensíveis. Nem Elias, o segundo filho, nem os gêmeos, Leon e Rachel, pareciam dispostos a me defender de Jeremy. Em vez disso, eles se entreolhavam inquietos e sugeriam que talvez fosse melhor eu não me envergonhar e fazer o que ele pediu.
Eu estava tão magoada! Apesar de tudo, fui eu quem o criou. Como ele poderia não me deixar ir ao casamento?
Tudo bem. Eu não iria ao casamento. Mas esse nem era o problema; o problema era o que aquelas crianças pensavam de mim.
Eu não tinha apetite. Em vez de comer, sentei e olhei pela janela com os pés cobertos por lençóis. Fazia muito tempo desde que me deixava afundar assim.
O céu parecia o mesmo da primeira noite que cheguei a este lugar há nove anos, mas talvez eu estivesse apenas imaginando. A noite escura brilhava com inúmeras estrelas. Naquela época, eu nunca poderia saber que havia tantas estrelas quanto lágrimas que eu choraria.
Quando olhava para minha infância, minhas memórias eram as mesmas de sempre.
Um pai enlouquecido por jogos de azar e rinhas de cães. Uma mãe materialista que ignorava sua realidade miserável. Um irmão mais velho que era um novo, mas ávido aprendiz do estilo de vida desinteressado, faltando tanto o bom senso quanto a habilidade.
Nossa dívida crescente deixou nossa propriedade deserta. No final, nossa família não tinha nada além do nome. Eu era a filha daquele pobre visconde.
Meus pais fizeram todo o esforço para me casar com a família mais rica que puderam encontrar. O desejo deles finalmente se realizou no dia em que completei catorze anos, numa reviravolta irônica que eles não apreciariam por vários anos.
Foi na propriedade da minha tia em Wittelsbach. Graças aos esforços desesperados da minha mãe para me fazer debutar na sociedade, participei do banquete da minha tia.
Havia um homem lá que disse que eu lembrava sua primeira paixão. Ele tinha a idade do meu pai e era viúvo. Ele era o Marquês de Neuschwanstein.
Ele se ofereceu para pagar as dívidas da nossa família em troca da minha mão em casamento. Minha família estava nas nuvens. Eles concordaram na hora.
Minha própria família me vendeu para um velho que nunca esqueceu sua primeira paixão.
Eu chorei, dizendo que não queria ir, e meus pais, admiravelmente como eram, me bateram e me chamaram de ignorante.
- na coréia se tem o costume de chamar a sogra de mãe e o sogro de pai – estranho né[↩]
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