Epílogo 2 – Há muito, muito tempo atrás (2)

“Sim, senhor…”

O duque parecia muito desconfiado. Talvez Albrecht tivesse cedido mais rapidamente do que ele esperava.

Em contraste, o filho do duque estava bastante impassível.

“Farei como deseja, Pai. Voltarei para o meu lugar.”

Ele pôde sentir Elisabeth olhando para ele com os olhos arregalados.

Ela provavelmente não esperava que seu irmão mais novo fosse tão submisso. Albrecht apenas respondeu ao olhar dela com um sorriso triste.

Talvez esse fosse um desfecho melhor para todos os envolvidos.

Ludovika nunca poderia ser sua para sempre.

A partir de agora, ela viveria como esposa de Maximilian, como a imperatriz deste país.

E isso significava que era melhor fazer o que seu pai desejava e entrar em um casamento político como herdeiro de uma grande casa, herdar o título nobre e acumular poder suficiente para proteger sua irmã e seus amigos.

Isso… era melhor para todos.

Quando Albrecht voltou ao refúgio de sua infância pela última vez, depois de lidar com seu pai, nem Johannes, nem Ludovika estavam lá.

Segundo Pouche, Ludovika saiu primeiro, depois Johannes.

Albrecht assumiu que, no final, eles haviam discutido sobre o casamento dela.

Ele voltou para a capital imediatamente e não encontrou nenhum de seus amigos até o dia do casamento do imperador.

O matrimônio do jovem imperador Maximilian von Baden Mismarck e Lady Ludovika von Hamelin lançou toda a sociedade no caos, mesmo antes do dia do casamento.

Havia muita conversa tanto dentro quanto fora do império, pois era inédito que a filha de um mero barão, por mais bonita que fosse, se tornasse a imperatriz.

Maximilian pressionou teimosamente pelo casamento, apesar da oposição de todos, inclusive do parlamento. Seu casamento controverso foi realizado em um dia de primavera no ano de 1095.

Ludovika estava tão bonita quanto qualquer deusa em seu vestido de noiva, um tom de roxo claro que combinava com seu cabelo.

Maximilian não estava menos imponente. Eles pareciam o casal perfeito.

“Parabéns, Sua Majestade.”

O banquete prosseguiu de forma bastante pacífica e alegre.

Mesmo aqueles que haviam implorado ao imperador para reconsiderar na véspera do casamento sorriram placidamente, como se nunca tivessem feito tal coisa. Albrecht caminhou em direção a seu bom amigo e senhor para falar com ele pela primeira vez em um tempo.

Maximilian, que estava conversando com o filho do Marquês Schweig, colocou seu copo de vinho de lado e passou o braço sobre os ombros dele.

Com grande generosidade, ele disse: “Onde você esteve se escondendo todo esse tempo? Johan é uma coisa, mas eu não esperava que você ficasse tão chateado comigo.”

“Chateado? Eu estava ridiculamente ocupado.”

“Você não estava conscientemente me evitando?”

“Onde está… Johan?”

“Quem sabe? Eu o vi mais cedo, mas agora não vejo mais. Isso me lembra, eu queria te perguntar…”

Maximilian parou de falar. Ele levou Albrecht para o lado. Seus olhos dourados pareciam solenes. “Você sabe de algo que aconteceu entre Ludy e Johan?”

“O que aconteceu…?”

“Porque eu vi tão pouco de vocês dois, conversei com Ludy e parecia que algo havia acontecido entre os dois. Eles pareciam ter tido uma grande briga. Ludy chegou a dizer que não queria que Johan estivesse no casamento.”

Albrecht ficou perplexo, o que quase nunca acontecia.

Ludovika disse isso?

Logicamente falando, era ridículo que o herdeiro da Casa Neuschwanstein não estivesse presente no casamento do imperador.

Ludovika não era do tipo que odiava alguém ou guardava rancor.

No entanto, dizer isso sobre alguém que também era seu amigo…

Talvez eles realmente tenham tido uma briga feia naquele dia para Ludovika ir a tal ponto.

“Eu não sei. Eu não sei muito sobre isso… isso é muito surpreendente para mim.”

“Não é? Eu também fiquei chocado. Meu Deus. Perguntei o que aconteceu, mas tudo o que ela disse foi que brigaram. Mas que tipo de briga poderia levar ela a dizer isso?”

“O que Johan disse?”

“Eu ainda não perguntei a ele. Onde quer que ele tenha ido…” O jovem imperador estalou a língua e franziu a testa.

O rosto de Albrecht assumiu uma expressão sombria.

Embora os três fossem bons amigos desde a juventude, Albrecht entendia Johannes um pouco melhor do que Maximilian.

Albrecht conhecia Johannes como sendo geralmente mais pacífico do que um típico Neuschwanstein. Exceto quando algo o provocava.

Quando era provocado, ele se tornava uma pessoa completamente diferente.

Se ele tivesse um acesso de raiva ao ouvir sobre o casamento…

“Por enquanto, vou tentar falar com ele.”

“Sim, isso seria bom. Não consigo nem desfrutar desta bebida porque me sinto tão inquieto.”

Isso não parecia verdade, mas uma vez que Maximilian o deixou ir, Albrecht foi procurar Ludovika.

Ela estava conversando alegremente com algumas filhas de nobres da sua idade na cabeceira da mesa.

Ela explodiu em uma adorável risada e, ao vê-lo se aproximar, arregalou os olhos e se levantou.

“Albie! Meu Deus. Quanto tempo!”

“Parabéns… Sua Majestade.”

“Oh, querido, me dá arrepios quando você me chama assim. O que você tem feito? Não o vi por aí. Fiquei tão preocupada, achando que você estava bravo comigo por alguma coisa.”

Como eu poderia ficar bravo com você?

Albrecht reprimiu um sorriso triste e estendeu cautelosamente o braço em sua direção.

“Sobre isso… Sua Majestade, você pode caminhar comigo um pouco?”

“Claro. Minhas pernas estavam começando a doer.”

O banquete estava sendo realizado nas margens do Lago dos Alpes.

Os dois deixaram a multidão e caminharam lentamente ao redor do lago. A água estava rosa por causa do pôr do sol.

Era uma noite bonita. Os sons das conversas, o vento sussurrando pela grama e o canto dos insetos se misturavam para criar uma atmosfera de sonho.

Dois cisnes nadavam juntos na água cor-de-rosa.

Ludovika observava, seus olhos brilhando.

“Albie, senti sua falta. Por que não falou comigo? Você não mandou uma única carta. Você não sabe o quanto fiquei triste por não ouvir nada de você.”

“Desculpe… eu estava… ocupado.” Albrecht respondeu inconscientemente de sua maneira habitual e baixou o olhar.

Ludovika o fitou com os olhos. Ela sorriu. “Bem, fico feliz que pelo menos você pareça estar com boa saúde. Fiquei preocupada que você e Johan estivessem doentes.”

“Falando de Johan… vocês brigaram? Max disse que parece que vocês brigaram.”

O sorriso brilhante de Ludovika pareceu tremer. Foi breve, mas Albrecht notou. Seus olhos ficaram afiados.

“Ludy, o que aconteceu?”

“Não é nada… só naquela noite na vila… eu disse a ele que iria me casar. Foi por isso que brigamos.”

“Quanto, e sobre o quê?”

Ludovika abaixou a cabeça em silêncio.

Albrecht olhou para o topo do cabelo prateado arroxeado dela e começou a ficar ansioso.

“O que foi? O que aconteceu? Ele disse algo horrível para você?”

“Não, não é isso…” ela parou.

Quando olhou para ele, ele viu o medo nos olhos dela com tom de limão. Seu coração afundou.

“Albie, eu gosto do Johan… acho que ele é um grande amigo, mas… eu fiquei realmente assustada.”

“O que ele fez com você? Não vou contar para Max. Diga-me. O que diabos ele fez com você?”

“Bem… não é como se ele tivesse me insultado ou algo assim.”

“Então o quê?”

“E-eu… eu nunca soube que poderia ser tão assustador ver alguém ficar bravo e sorrir ao mesmo tempo… Albie, fiquei tão assustada que apenas fui embora.”

Houve um curto silêncio.

A nova noiva e imperatriz engoliu nervosamente. Seus olhos piscavam rapidamente. Albrecht estava paralisado, olhando diretamente para ela.

Havia palavras que ameaçavam sair de sua boca como lava.

Então? O que ele fez? Essa pergunta estava na ponta da sua língua.

Se aquele sujeito imprevisível mostrasse o menor sinal de violência contra ela…

“Não fique bravo com Johan, Albie. Isso já passou. Só quero que todos nos demos bem como antes,”

Ludovika implorou enquanto segurava o braço dele.

Albrecht não conseguia dizer não para ela.

No entanto, ele também não conseguia prometer nada para ela.

Ele se forçou a sorrir e acenar.

“Johannes!!!”

Houve um grande estrondo.

Além de quando eram jovens, era extremamente raro para o filho do Duque Nürnberger visitar a Casa Neuschwanstein a uma hora tão tardia.

Era especialmente raro ele entrar com uma raiva tão formidável.

“M-meu senhor? O que o traz aqui…”

“Johannes!!! Onde diabos você está?!”

Passava da meia-noite. Os empregados da casa estavam perplexos com a visão do filho do duque, que estava tão furioso quanto a própria encarnação da ira. Albrecht empurrou a porta e entrou na propriedade.

Johannes saiu para cumprimentá-lo, ainda vestido com suas roupas de casamento, como se estivesse esperando por ele.