Epílogo 4 – Especial Dia dos Pais (4)

“Oh, é isso?”

“Deve ser.”

“Então por que ele…? Em mim… o que eu quero dizer é, eu entendo que ele estava com ciúmes de Anna, mas…”

“As crianças às vezes entendem as coisas melhor do que os adultos.”

“Eu… não entendo.”

“Vocês todos e o duque provavelmente pareciam o perfeito e aconchegante pai e filho.”

Jeremy olhou atônito para sua amada e depois para seus olhos azuis e travessos.

Ele parecia exatamente como um leão que havia sido perfeitamente chutado por sua presa. Diane sorriu impertinentemente.

“Por que vocês não são honestos consigo mesmos a essa altura?”

“Eu sempre fui um homem puro e honesto.”

“Eu… não sei nada sobre o falecido marquês. Mas você disse que havia apenas uma pessoa que poderia chamar de pai entre os vivos e os mortos. Com base em todo esse alvoroço, duvido que você esteja se referindo aos mortos. Então, por que não reconhece logo?”

Se fosse qualquer outra pessoa falando com Jeremy, ele provavelmente teria gritado, “Que besteira!”

No entanto, quem falava era Diane, e em vez de gritar, Jeremy simplesmente piscou estupidamente.

“Reconhecer… o quê?”

Diane não se dignou a responder a essa pergunta tola. Michael foi quem respondeu em vez disso. Michael usou a palma pequena de sua mão para bater no colo de Jeremy.

“Meu papaaaai!”

“Ugh, se você continuar me batendo, vou contar para o Norra!”

“Você me chamou de ignorante?!”

O lobo ficou bravo. Ele não era alguém que normalmente ficaria seriamente bravo por seu filho bater nele.

Portanto, devo ser eu com quem ele realmente está bravo por ser um incômodo nesta manhã.

Ao chegar a essa conclusão bizarra, Elias gemeu e fingiu estar morto.

Observando ele com desânimo, Ohera sugeriu. “Talvez você devesse simplesmente ir e pedir desculpas.”

No entanto, tudo o que Elias fez foi agarrar seu cabelo grosso como se estivesse prestes a arrancá-lo e murmurar para si mesmo, “Aquele cara mesquinho não é do tipo que aceita um pedido de desculpas sincero!”

“Quando você já deu um pedido de desculpas sincero a alguém, à Jeremy?” Leon perguntou.

“Cala a boca! Por que você não fez nada para me impedir?!”

Ohera clicou a língua. Ela sabia que seu marido estava descontando no irmão, mas ele também não era alguém que ouviria qualquer tentativa de pará-lo.

Ela sentiu outra onda de respeito por Shuri, que de alguma forma conseguiu criar não apenas um desses malandros, mas quatro deles.

“É por isso que não entendo por que você teve que causar todo aquele alvoroço tão cedo pela manhã. E por que você levou Anna?”

“B-bem, porque ele é tão esnobe que nunca mencionou que eu deveria trazer nossa filha bonita comigo…”

“Meu Deus. Você realmente acha que ele teria interesse em outras crianças além de Michael agora? Apenas vá e peça desculpas a ele. Por favor.”

“Não é tão fácil! Quem sabe? Talvez ele me chame de desgraçado sem direito de ver Shuri de novo ou alguém pior do que a sujeira debaixo das unhas de Jeremy!” ele gritou fervorosamente como se estivesse expectorando sangue.

Nem Ohera nem Leon conseguiram esconder a perplexidade em seus rostos.

“O que diabos o duque te chama normalmente?” Ohera perguntou.

“Que tipo de pessoa você acha que o duque é, igual o Jeremy…?”

Nesse momento, o dispositivo de mensagens começou a vibrar. Elias parou seus gemidos de horas e pulou de pé. Ele logo ficou desapontado.

“Ugh, o que? É só você, Jeremy. Não tenho tempo para isso, tá?! Você sabe o quanto estou angustiado agora—”

— Corta a besteira e vem para casa neste fim de semana.

“Por que deveria? Eu tenho uma família. Se você sente minha falta, você deveria ser o único a vir e…”

— Quem disse que quero ver sua cara suja? Quer que eu retire seu título de nobreza?

“Que mesquinharia! Você ameaça tirar de volta o que me deu?!”

— O que você vai fazer a respeito? — Jeremy rosnou com toda a dignidade do chefe da Casa Neuschwanstein.

O rosto de Elias ficou vermelho brilhante. Tudo o que ele pôde fazer por um momento foi abrir e fechar a boca.

Antes que pudesse pensar em uma resposta adequada, Jeremy continuou.

— Vou arrancar suas pernas se não vier. Diga a Leon para limpar a agenda dele também.

“T-tente arrancá-las! Você acha que estou com medo?!” Elias gritou uma última vez antes de jogar o dispositivo de mensagens inocente.

E por descontar no item precioso, sua esposa lhe deu um tapa.

Ao terminar abruptamente a ligação, Jeremy olhou para o dispositivo de mensagens e rosnou tristemente, “que desavergonhado…”

O príncipe herdeiro observou o marquês, que havia usado a posse da família imperial para fins pessoais, e falou calmamente.

“Você realmente vai arrancar as pernas dele?”

“Infelizmente… não. Ele é um covarde apesar de balançar a língua.”

“Isso é verdade. A propósito, aquele assunto sobre o Dia dos Pais parece ter sido resolvido.”

“Isso ainda está ruim. Qual é a sua perspectiva sobre tudo isso, Alteza?”

Letran escureceu ligeiramente ao ouvir essa pergunta repentina.

“Para mim, significa pouco. É apenas uma formalidade, como qualquer outro evento. Só espero que meu irmão mais velho não use isso como desculpa para nos visitar.”

“O príncipe Theobald disse que viria?”

“Não tenho certeza ainda, mas talvez. Sua Majestade ficará satisfeito, mas… oh droga, quem criou esse inútil Dia dos Pais?”

Letran estava irritado de uma forma não característica.

Jeremy sorriu sem vida. Ele já estava à beira do colapso. Se o príncipe também viesse… a situação só parecia piorar cada vez mais.

“Isso não é uma notícia particularmente bem-vinda.

“De fato. E embora eu tenha certeza de que não acontecerá, se ele e Norra se encontrarem, isso seria terrível. Em um momento em que minha cunhada nem está aqui…”

“Quem está vindo?”

Ao som dessa voz assustadora vindo logo atrás deles, a dupla, que estava à toa em plena luz do dia, engoliu em seco e se virou lentamente.

Lá, encontraram a imperatriz parecendo fogo encarnado, segurando seu sobrinho-neto.

“Ah, você disse que estava cansada de crianças, mas parece estar se divertindo.”

“Cale-se. Príncipe, o que você acabou de dizer?”

“Eu estava dizendo que meu respeitado meio-irmão pode fazer uma aparição no palácio imperial em breve. Seria a primeira vez em quatro anos.”

Elisabeth franziu a testa silenciosamente. Letran suspirou e se sentou à janela. Jeremy observou Michael dormindo profundamente nos braços da tia-avó e pigarreou.

“Vossa Majestade… como você normalmente passava o Dia dos Pais quando era uma nobre?”

“Eu passava ressentida com quem inventou o Dia dos Pais.”

“Oh, meu Deus, eu peço desculpas.”

“Não diga coisas que nem mesmo quer dizer. Você é igual à sua mãe.”

Com essa troca de farpas, Jeremy sorriu timidamente e coçou a cabeça. Ele rapidamente se recompôs.

De repente, percebeu que até Shuri teria ressentimento pela pessoa que inventou o Dia dos Pais. Droga. Com a família toda sendo assim, não havia onde buscar conselhos.

“De qualquer forma, quando você planeja mandar este chorão de volta para casa? Ele tem reclamado que quer ir para casa. Verdadeiramente, ele é igual ao pai dele…”

“Amanhã, talvez? Há algo que eu gostaria de perguntar, Vossa Majestade.”

“O que é agora?”

“Qual é a sua opinião sobre Sua Alteza, o príncipe herdeiro, passar o próximo domingo conosco, para evitar ver seu meio-irmão indesejado?”

Seguiu-se um curto silêncio. Letran parecia meio surpreso, meio satisfeito. O rosto de Elisabeth se contorceu ligeiramente em uma carranca.

“Este domingo…?”

“Sim. Nesse dia específico.”

“Você deseja furtar o príncipe herdeiro em um dia tão significativo?”

“Sua Majestade já ficará satisfeito em se reunir com seu filho mais velho pela primeira vez em quatro anos. E já é hora de o príncipe herdeiro encontrar a oportunidade de finalmente passar este dia de maneira significativa.”

Jeremy era bastante perspicaz quando se tratava de problemas dos outros.

Pensando que ele realmente era como a mãe, Elisabeth se virou para o filho. Letran sorriu sem graça.

“Se Vossa Majestade permitir…”

“Quando você já fingiu ganhar a permissão da sua mãe, Príncipe? Bem, se é isso que você deseja, então pode ir. Embora eu não saiba o que está planejando desta vez.”

— As crianças levaram Michael?

“Bem, em resumo, sim.”

— Eles devem estar se divertindo juntos.

“Sim, bem. Eles têm níveis de maturidade semelhantes.”

Norra mastigava gelo enquanto fazia essa declaração casual, que certamente colocaria fogo nos olhos de Jeremy se ele ouvisse.

Enquanto ele recarregava seu copo de vinho vazio, uma voz suave rompeu o breve silêncio do outro lado.

— Norra… algo está errado?

“Claro, algo está errado. Em primeiro lugar, você não está aqui, Shuri.”

— O que aconteceu? As crianças causaram problemas de novo? Se for o caso, você não tem obrigação de protegê-las.

Norra nunca teve intenção de proteger esses idiotas barulhentos em primeiro lugar, mas por agora, ele suspirou de braços cruzados.

Ele se perguntou como deveria explicar isso. Após um longo período de hesitação, ele finalmente deu uma resposta ridiculamente breve.

“Eli quase pagou pelos crimes dele.”

— Ele pagou pelos crimes?

“Por ter feito aquela cicatriz na sua nuca, Shuri. Nosso filho quase machucou a testa da filha dele. Felizmente, ela está ilesa… mas parece que a história sempre encontra um jeito de se repetir.”

Seguiu-se um breve silêncio. Em vez de perguntas brotarem de Shuri, como como aquilo aconteceu ou o que Elias fez, ela parecia perdida em pensamentos.

Norra levantou as mãos e envolveu a cabeça com elas. Suspirou silenciosamente.

A história se repete.

Ele e Jeremy tinham prometido levar esse segredo para o túmulo. Talvez fosse porque Elias os fez lembrar dos mortos. Talvez essa fosse a causa decisiva.

Ou talvez porque a cena os lembrou de uma antiga memória. Ou talvez fosse ambos.

Seja qual for a causa, Norra de repente se viu sentindo aversão à violência repentina de Michael.

Na verdade, era mais uma autodepreciação. Talvez fosse um exagero chamar o ataque de birra de uma criança de violência, mas aquele ataque quase machucou Anabella.

No pior cenário, poderia tê-la traumatizado para a vida toda… a jovem e vulnerável menina.

Michael ainda era muito jovem, e não havia conexão entre ele e Johannes.

Michael era um Nürnberger de corpo e alma. Os lobos transmitiam tendências violentas a cada geração.

Às vezes, ele temia que se tornaria como seu pai. Seu pai que cuidou mais do filho de outra pessoa do que dele…

Eram emoções estranhas e ambivalentes. Talvez fosse por isso que ele deixou o quarto daquela maneira.

Ele e seu pai estavam em termos um pouco melhores agora, e ele havia deixado o passado no passado. No entanto, ele ainda estava inseguro.

Se Shuri não estivesse fora, talvez ele não tivesse consciência de sua falta de confiança.

O problema era como explicar todos esses sentimentos complicados para Shuri.