Epílogo 6 – A Expedição do Anel e a Noiva de Ouro (6)

Não conseguindo mais suportar o ar que estava revirando seu estômago e as bobagens da vidente, Elias saltou de pé e chutou o balcão com suas velas espalhadas. Isso imediatamente trouxe Jeremy de volta aos sentidos, após ele ter estado ouvindo com grande concentração.

“Isso mesmo, sua fraudadora! Vendo como você continua elogiando ele, parece que você tem uma queda por ele, mas infelizmente, ele já é casado com minha mãe! Ele é meu pai!”

Em resposta ao surto insensato de Jeremy, tudo o que Norra pôde fazer foi rir com os ombros tremendo.

A vidente olhou desanimada para o balcão destruído por um momento, depois gritou furiosamente: “Ai, ai, ai. Por que vocês, jovens, são tão insensatos?! Vocês gostaram bastante ontem!”

“O quê?”

“Ontem, vocês disseram que era fascinante e até me chamaram de senhora!”

“Q-quando nós fizemos isso…”

“Bem, eu sabia. O bom humor dos nobres só dura um momento,” a vidente acrescentou tristemente. Então, ela começou a pegar e arrumar as velas que haviam caído no chão.

Os irmãos leões de repente se sentiram como vilões. Eles a observaram, confusos.

“Então você está dizendo que viemos aqui ontem?”

“Vocês realmente acham que não vieram aqui?”

“Whoa, whoa. Espere. Primeiro de tudo, deixe-me me desculpar em nome do meu irmão mais novo. Mas não nos lembramos de nada da noite passada…”

“Mesmo que você diga isso, não posso devolver minha taxa. Er, vocês, nobres, deveriam saber disso. Não podem agir assim. Não pode ser feito, mesmo se disserem que vão levar minha cabeça. Então…”

“Você, velha, sério…!”

Jeremy estava prestes a começar outro discurso quando Norra finalmente parou de rir e se levantou.

“Somos mais razoáveis do que isso. No interesse de compensar você pelo balcão também, por acaso, você também aceita acessórios como pagamento?”

“Este negócio não aceita nada além de dinheiro, belo cavalheiro. Nem cheques.”

“Sério? Então, suponho que também devemos ter lhe dado ouro ontem, certo?”

“Claro. Você me deu um monte, dizendo que aquele sujeito com cara de cenoura ganhou dançando. Eu ia descansar um pouco com isso…”

O rosto de Elias ficou vermelho brilhante.

“Por que esse cara é um belo cavalheiro enquanto eu sou uma cenoura?!”

“Cala a boca, idiota. Tem certeza disso? Então não há mais nada que demos além disso?”

“Quer dizer risadas, aplausos ou elogios?”

“Por exemplo, um acessório com joias…”

“Eu não aceito acessórios para minhas adivinhações. Há muitos fraudadores entre as casas de penhores aqui. Deus do céu. Os jovens deveriam estar trabalhando para ganhar dinheiro honestamente, mas em vez disso…”

“Não acho que você possa dizer isso…”

“Quem você está chamando de fraudador aqui?! Eu até olhei para sua vida passada! Até agora, seus conflitos são obra da sua vida passada!”

“O que agora?!”

De raiva, Jeremy avançou em direção à vidente, levando a uma breve confusão.

Se não fosse por Elias e Norra trabalhando juntos para arrastar Jeremy de volta enquanto ele delirava, a vidente certamente teria encontrado um destino em que não poderia aproveitar seu lucro inesperado da noite anterior.

“Calma, seu gato raivoso! Reagir a tudo o que pessoas como ela falam só vai machucar seu… ugh! Ei, onde você está me chutando?!”

“Soltem-me agora! Aquela velha definitivamente roubou meu anel. Não há dúvida sobre isso. Eu posso sentir!”

“Droga, então seria melhor procurarmos nas casas de penhores da área! Se alguém de alguma forma conseguiu mexer no seu peito para pegar o anel, ele já estaria em uma casa de penhores agora!”

A sugestão surpreendentemente sábia de Elias fez Norra, que estava segurando desesperadamente Jeremy, e Jeremy mesmo, olharem para ele com expressões impressionadas.

“Bem, você é meu irmão mais novo afinal!”

“Tem certeza de que não foi você quem mexeu no peito dele?”

Norra teve que desviar de um chute rápido de Elias por expressar sua dúvida inútil.

Momentos depois, eles estavam refazendo os passos que haviam dado para chegar à vidente.

“Mas há tantas casas de penhores…”

“Não vamos realmente passar por todas as casas de penhores aqui, vamos? Logicamente falando, não faz sentido que alguém tenha roubado do seu peito em primeiro lugar. Elias, não foi isso que você quis dizer?” Norra perguntou com grande suspeita.

Elias encontrou-se acenando com a cabeça.

“Uh, bem, isso é verdade… o quê? Quem são esses caras?”

Elias franziu a testa e olhou para cima. Rostos estavam os observando da janela do segundo andar de um prédio de oficinas. Eles correram de volta para dentro.

Foi uma visão muito suspeita.

“O que há com eles?”

“Vocês não acham que é porque vocês estão fazendo tanto barulho? Vamos sair daqui,” Norra brincou e os incentivou a seguir em frente.

Jeremy de repente agarrou seu ombro para pará-lo.

“Não, espere. Você não acha isso estranho?”

“Eu também observaria se alguns nobres aparecessem do nada e fizessem um monte de barulho.”

“Não parecia que eles estavam apenas nos observando. Você acha que nos viram ontem ou…”

Uma voz ressentida cortou o ar.

“O que vocês estão fazendo de volta hoje?”

Os três homens ficaram assustados no meio da discussão. Seus olhos se arregalaram.

A porta da frente do prédio de oficinas mencionado se abriu. Um homem de meia-idade saiu e os olhou, ou mais precisamente, olhou para Jeremy.

Ele parecia menos ameaçador ou rude do que estranhamente triste e de coração partido.

“O que há com esse cara? Quem você pensa que é, para gritar com nós do nada?” Elias rosnou ferozmente.

Apesar disso, o homem que parecia ser o dono da oficina continuou a olhar para Jeremy sem recuar.

Em vez de ficar com raiva, Jeremy ficou confuso.

“Nós já nos conhecemos…?”

“Tudo o que vocês já fizeram não foi suficiente? Ainda têm razão para nos importunar? Podemos ser pessoas humildes, mais baixas que animais, mas sei que um cavaleiro não deveria estar fazendo essas coisas!”

Enquanto o dono da oficina gritava de forma angustiada, lágrimas grossas escorriam pelo seu rosto. Ele parecia tão atormentado e torturado que partiria o coração de qualquer observador.

Norra olhava com uma expressão tão perplexa quanto seus filhos (?) quando ele falou cautelosamente e se aproximou dele.

“Olhe, você poderia explicar do que se trata…? Essas coisas que um cavaleiro não deveria fazer? Que coisas terríveis esse sujeito fez aqui?”

“Vocês vão me decapitar, dizendo que sou um mentiroso de qualquer maneira. Sim, vá em frente. Tire minha cabeça. Mas só para você saber, não sinto vergonha perante os céus!”

“Por que todo mundo continua oferecendo a cabeça hoje… escute bem. Primeiro de tudo, não estou interessado na sua cabeça. Não estou interessado em algo que nem serviria como decoração. No entanto, eu preciso saber o que esse idiota fez que é tão diferente do que um cavaleiro faria.”

O dono da oficina recuperou o fôlego com dificuldade e olhou para o rosto sério de Norra.

Seja lá o que pensou, ele então falou em um tom mais calmo.

“Você pode não acreditar em mim, mas eu trabalho com isso desde que aprendi a andar, e nunca, nem uma vez, quebrei a lei ou fiz algo que desonrasse os céus.”

“Você parece bastante honesto.”

“Todos os trabalhadores aqui na oficina também são honestos e trabalham duro para sobreviver todos os dias. Mas não sei que erros cometemos para experimentar essa terrível tragédia em um dia de festival tão alegre. Eu resinto a Deus por isso.”

“Mas você poderia, por favor, explicar o que—”

“O que aconteceu? Pergunte a ele! Pergunte a ele o que ele e seus amigos nobres fizeram aqui na noite passada!”

Tanto Norra quanto Elias se viraram para olhar para Jeremy.

Jeremy estava espantado. Ele parecia tão confuso como se tivesse sido atingido por um raio.

“O que você quer dizer… o que eu fiz? O que aconteceu aqui na noite passada?”

“Ha…!”

O dono da oficina zombou como se estivesse sem palavras. Lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ele lamentava: “Depois de tudo isso, você está fingindo que nunca aconteceu? Depois de destruir este lugar que é nossa casa, que é nosso sustento?”

“O quê?”

“Só isso? Se fosse só isso, teríamos suportado nossas provações dizendo que éramos apenas azarados. Mas então, só porque eles responderam… o filho que eu cuidei como se fosse meu, a filha que eu cuidei como minha própria! Diga. O que aconteceu com aquelas crianças? Elas ainda estão vivas?”

Ele estava basicamente gritando agora. Jeremy estava completamente confuso.

Seus olhos verde-esmeralda estavam bem abertos, tremendo violentamente de choque e medo.

“O que você está dizendo…”

“Você as levou com você! Minhas crianças! Aquelas crianças choraram e imploraram enquanto você as levava… isso é a cavalaria orgulhosa dos cavaleiros? Isso é a dignidade e o direito dos nobres? Como você pôde fazer isso?! Como?!”

Os expedicionários do anel voltaram ao lugar onde haviam acordado esta manhã – a propriedade dos Nürnberger.

Mais precisamente, Norra e Elias basicamente arrastaram Jeremy até lá.

Jeremy não estava em um estado funcional.

“Tem que ter havido algum tipo de mal-entendido. Talvez houvesse alguém que se parecia com ele… não há como Jeremy ter feito algo assim. Não importa o quão bêbado ele estivesse, meu irmão não é alguém que faria isso.”

Mesmo enquanto Elias expressava seu amor fraternal por Jeremy, este não recobrou a consciência.

O leão de Neuschwanstein estava caído no sofá. Um terrível desespero passava por seu rosto, que parecia desprovido de alma.

“E-eu realmente fiz isso—”

“Não diga algo tão estúpido! Obviamente, estivemos com você durante toda a noite passada, e não faz sentido lógico você ter escapado sozinho e feito algo assim com alguns desocupados. Eu sei que você não é esse tipo de pessoa. Essa pessoa estava definitivamente enganada. Algum idiota deve ter fingido ser você.”

Norra falou firmemente enquanto segurava os ombros dele com força. Jeremy olhou para ele com uma expressão atordoada.

“Mas e se realmente fosse eu? Nenhum de nós se lembra do que aconteceu na noite passada. Não nos lembramos de nenhuma dessas coisas que nunca teríamos feito com a cabeça no lugar. E se eu realmente fiz isso?”

“Estou te dizendo. Não há como…”