Epílogo 6 – A Expedição do Anel e a Noiva de Ouro (8)

Até pouco tempo atrás, Jeremy estava prestes a se enterrar vivo no desespero. Agora, ele parecia não só totalmente aliviado, mas também ter recuperado sua vontade de viver e estava de volta ao seu jeito travesso.

Em contraste, Elias parecia enjoado.

“Mas enfim, o que está fazendo aqui? Você devia ir para casa e descansar um pouco se ficou fora a noite toda. Veio incomodar Michael?”

“O que está falando? Não sou você, Elias. Só queria ver se podia consultar o duque. Mas então vi que todos estavam aqui e…”

Norra, que tinha sorrido facilmente e dado tapinhas nos ombros de Jeremy, olhou para ele com curiosidade.

“‘Consultar’?”

“Bem, a missão da noite passada é uma coisa, mas… comecei tudo isso feliz, mas agora não sei se esse trabalho é para mim. Não é que eu não tivesse ideia de como seria antes de começar, mas não sei se vou conseguir me tornar tão insensível quanto meus superiores. Às vezes me sinto estupidamente sensível… mas se eu simplesmente desistir, talvez me desaponte e me sinta mal por causa da mãe…”

Leon coçou a cabeça enquanto confessava seus problemas. Ele era um adulto agora, não mais a criança que desapareceu tarde da noite na fonte termal de Berchtesgaden, apenas para ser encontrado por Norra.

Norra parecia comovido com suas intenções profundas, mas Jeremy e Elias pareciam totalmente diferentes.

“Bom, veja só isso! Então você ia consultar esse cara enquanto mantinha isso em segredo de nós? Consultar o duque? Em vez de falar com o capitão da guarda?”

“Seu ingrato baixinho. Não sabe quem são seus verdadeiros irmãos? Ele nem mesmo faz parte da streife. Por que consultar—”

“Porque tudo o que vocês dois fariam se eu perguntasse seria me zoar! E também, sejamos honestos! Jeremy é tão sensível quanto eu!”

“O que está falando? Eu sou completamente insensível! Se encontrar alguém que afirma ser tão implacável e frio quanto eu, mande vir e me desafiar!”

Claro, não se chamaria Jeremy de sensível. No entanto, Leon fazia parte de uma organização que não tinha escrúpulos em quebrar o código de cavalaria dos cavaleiros.

Isso não era apenas com inimigos claros, mas também com os vulneráveis. Eles não tinham problema em infligir força sem misericórdia. O paradoxo era que quanto mais perfeito um cavaleiro fosse, pior seria sua adaptação à streife.

“D-de qualquer forma… o que vocês estão fazendo aqui? E o que houve com suas aparências?”

Leon perguntou para mudar de assunto. Jeremy foi abruptamente trazido de volta à realidade. O problema ainda não estava resolvido. Seu rosto voltou a ficar sombrio. Os olhos azuis de Norra brilharam enquanto ele cruzava os braços e ria.

“Precisamos das suas habilidades analíticas como membro da streife. Veja, seu irmão perdeu a aliança de casamento.”

“Perdão? A aliança de casamento dele?”

“Ficamos bêbados ontem à noite e fizemos todo tipo de idiotice que nenhum de nós se lembra. Uma dessas coisas que seu irmão fez foi perder a aliança que ele sempre carregava junto ao peito.”

“Espere, por que você carrega isso por aí em primeiro lugar?”

“De fato.”

Nesse momento, Eucrates, que havia desaparecido após anunciar, com as palavras mais aterrorizantes, que o terceiro filho do duque havia chegado, reapareceu.

O mordomo idoso da toca do lobo falou de maneira não apenas filosófica agora, mas também distante e resignada.

“O problema já foi resolvido, meus senhores?”

“Por quê? Quer nos emprestar um pouco da sua sabedoria?”

“Não, mas é que o velho mordomo do marquês continua me incomodando. Ele parece extremamente preocupado. Não perguntei exatamente quais coisas horríveis vocês fizeram lá antes de correr para cá, mas talvez seja hora de o marquês ir e—”

Eucrates parou ali. Ou, para ser mais preciso, ele foi interrompido ali. A reação de Jeremy foi muito grande.

“Isso é verdade?! Sério?! Eu fui para casa ontem à noite?!”

“Sim, bem… parece que sim, de acordo com o Sr. Roberto, mas acho que seria melhor perguntar a ele direc—”

“É isso! Está lá!”

Houve uma série de batidas altas.

Com Jeremy na liderança, o grupo de expedição do anel saiu correndo da propriedade. Leon ficou momentaneamente confuso, mas depois de uma breve hesitação, foi atrás deles.

De volta à sala de estar, subitamente silenciosa, o mordomo suspirou.

“Nunca um dia tranquilo. Nunca…”

A primeira coisa que o grupo de expedição do anel fez depois de entrar na toca do leão foi procurar no quarto de Jeremy.

Isso foi resultado da dedução de Leon: “Provavelmente você deixou o anel onde normalmente guarda sem pensar enquanto estava bêbado.”

Eles procuraram não apenas nos aposentos de Jeremy, mas também no escritório, no corredor, na sala de estar e no hall central.

“Não está aqui!”

“Não está aqui!”

“Também não está aqui!”

Depois de dividir e procurar, os quatro se reuniram no hall central. Nenhum encontrou qualquer vestígio do anel.

Jeremy estava de volta a um estado rancoroso.

“Maldição, se não está aqui também, onde diabos poderia estar?!”

“Erm, se você realmente acha que a resposta não vai aparecer, talvez devesse comprar um novo anel.”

“Ei, você está falando sério?! Acha que é algum tipo de anel comum? Coloquei meu coração e minha alma supervisionando todo o design desse anel. Como poderia conseguir a mesma coisa em apenas alguns dias?!”

“Ser parte da streife não significa nada?”

Enquanto seus irmãos mais velhos começavam imediatamente a menosprezá-lo novamente, Leon parecia deprimido e ficou quieto.

Norra tentou pensar em algo reconfortante para dizer a ele. Ele notou alguém observando eles da entrada. Quem sabe há quanto tempo ele estava ali?

“Parece que vocês estão procurando por algo.”

O mordomo da Casa Neuschwanstein, Roberto, parecia bastante sombrio ao dizer isso.

Parecia que ele estava rindo deles, mas também havia um toque de desprezo e reprovação. O grupo de expedição do anel teve uma premonição arrepiante.

“Roberto, bem…”

“Acabei de ouvir do velho Euc… que vocês não se lembram de nada da noite passada.”

“Ahaha, isso, uh… nós…”

“No começo, fiquei perplexo com tudo isso, mas depois pensei que talvez fosse melhor que vocês não se lembrassem de nada, mas de qualquer forma, isso não é mentira, certo?”

“H-hã? B-bem, claro que não. Nós realmente não lembramos de nada! Então sobre isso… o que fizemos aqui ontem—”

“Antes de discutirmos isso, acredito que todos os trabalhadores, incluindo os cavaleiros, merecem um bônus especial.”

“O quê? Por quê…?”

“Para compensar seus leais vassalos por infligir danos emocionais a eles, marquês. Para referência, há alguns cavaleiros que tiraram licença médica. Disseram que precisavam descansar.”

Roberto então estalou a língua. Jeremy foi novamente possuído pela confusão e medo. Seu rosto ficou pálido. Em vez de pressioná-lo a contar o que havia acontecido, Elias e Leon simplesmente piscavam incessantemente.

No final, foi Norra quem interveio, julgando que não poderia suportar mais Jeremy se afundando.

“O que ele… o que nós fizemos?”

Os lábios de Roberto se tornaram uma meia lua. Era um sorriso assustador que parecia perguntar se eles seriam capazes de suportar a verdade.

“Conte-nos. O que exatamente fizemos na noite passada? Não me diga que um de nós feriu ou assediou um trabalhador…”

“Não, não é nada disso. Embora emocionalmente, talvez.”

“Então, o que exatamente…”

“Sua graça, você realmente não se lembra? Você viu isso com seus próprios olhos.”

Norra balançou a cabeça como um tolo. Decidindo mudar de tática, ele falou seriamente.

“A verdade é que não sei exatamente o que vi.”

“Eu estou na mesma. Eu preferiria acreditar que estava vendo coisas.”

“Não sei como vou explicar isso à minha esposa.”

“É exatamente assim que me sinto. Há um limite para o comportamento de uma pessoa bêbada. Como devo dizer a ela que seu filho mais velho, que ela criou com tanta diligência, assediou seu presente precioso?”

Houve um breve silêncio. Jeremy, que estava olhando para Roberto com um olhar atônito, finalmente murmurou,

“Eu assediei… o quê?”

“O presente de casamento do seu tio, meu senhor. Você enlouqueceu, abraçando e beijando ele. Céus. Não sei qual tolo fez isso, mas eles tiveram que envolver um pano branco ao redor…”

As cabeças dos quatro homens lentamente se viraram. Seus olhos pousaram na estátua dourada que tinha um pano branco brilhante como um véu de casamento sobre ela.

“Oh…”

As memórias da noite passada subitamente varreram os olhos de Jeremy vividamente. Ele agarrou a nuca e cambaleou.

A lembrança dele estando tão fora de si que confundiu algo com Diane e o abraçou, tomou conta. Ele se lembrou de Elias enterrando o rosto em um lenço e chorando, e Norra estourando champanhe e rindo…

“Espere. Espere um segundo.”

Leon se virou e olhou para o grupo de expedição com confusão. Ele caminhou até a estátua e desenrolou o pano. Houve um grito aterrorizante.

“Não…!”

E lá estava. A brilhante noiva dourada.

A cabeça de leão rugindo com o corpo de cavaleiro, seu braço musculoso levantando uma espada. A estátua dourada hiper-realista era tão impressionante quanto ontem. No entanto, havia algo mais que incomodava os olhos dos observadores hoje.

Algo brilhava na mão esquerda do cavaleiro. Era um anel de diamante de vinte quilates brilhante, colocado de forma desajeitada no dedo anelar grosso do cavaleiro.

“Está lá.”

“Lá.”

“Sim, está lá.”

Nesse giro de eventos inimaginável (e indesejável), houve um momento de silêncio constrangedor, mas durou apenas um momento.

Jeremy correu, quase excessivamente, e arrancou o anel. Ele o examinou por toda parte e explodiu em lágrimas.

“Eu encontrei! Eu realmente encontrei! Eu consegui!”

“Wahahaha, veja? Eu sabia que isso aconteceria!”

“Muito bem, meu amigo! O que eu te disse? A verdade está sempre sorrindo por perto.”

“Tudo isso graças a vocês! Se não fosse por todos vocês, eu nunca teria chegado tão longe! Obrigado!”

“Você também vem aqui, seu maldito! Eu sabia que precisávamos de seus cérebros no momento crucial!”

Intoxicados por suas emoções e senso de vitória, o grupo de expedição do anel se abraçou e dançou em círculos.