A manhã se ergueu serena sobre a clareira que Yuno e seus aliados chamavam de lar. O cheiro fresco da vegetação envolvia a vila, onde, apesar da aparente simplicidade, cada canto pulsava com a promessa de um império em formação. O sinal mágico criado por Yuno, a luz reluzente que ele havia erguido na cerimônia do Sinal da Floresta, ainda mantinha sua influência: criaturas de toda a floresta sentiam-se atraídas pela energia que emanava daquele ponto, trazendo consigo uma curiosidade crescente.

    Enquanto caminhava pela vila ao lado de Akira, o estrategista recém-chegado que demonstrava uma mente afiada e uma postura intransigente, Yuno tentava visualizar os próximos passos para fortalecer a segurança do local. Akira, com seu olhar atento e pragmático, analisava o perímetro da vila, certamente já planejando melhorias. A experiência do estrategista em questões de defesa e organização mostrava-se indispensável, uma vez que ele captava detalhes que passavam despercebidos por outros.

    “Precisamos de um sistema de defesa mais robusto. O sinal que você criou é magnífico, mas também é um convite para curiosos e… possíveis inimigos,” Akira pontuou, interrompendo o silêncio da manhã com sua voz calculista.

    A observação fazia sentido. Embora Yuno se sentisse confiante no potencial de sua magia e nos laços que vinha construindo com o ambiente ao redor, a presença de um aliado como Akira o fazia enxergar que ainda havia muito trabalho a ser feito para transformar aquela vila em um refúgio seguro. Não bastava atrair criaturas da floresta; era preciso protegê-las e integrá-las a um propósito maior.

    Enquanto ponderavam sobre as melhorias, Ailith, a elfa que tanto contribuíra com seus conhecimentos naturais, aproximou-se deles com uma expressão de cautela. Havia algo em seu rosto que demonstrava uma urgência que Yuno raramente presenciava.

    “Atravessei o limite da floresta ao amanhecer para ver se conseguia identificar novas espécies de plantas, mas encontrei outra coisa… ou melhor, outros,” Ailith disse em um tom baixo, lançando um olhar preocupado na direção da entrada improvisada da vila.

    “Outros?” Yuno repetiu, intrigado.

    Ailith assentiu.

    “Elfos. Eles aguardam ali, do outro lado da clareira. Parece que querem falar com o líder desta vila.”

    Elfos. Aquela palavra fez com que a curiosidade de Yuno saltasse, mas também trouxe uma certa cautela. Sabia que, embora Ailith fosse uma aliada de confiança, elfos em geral eram cautelosos e raramente estabeleciam relações com humanos sem uma boa razão. Além disso, um território tão próximo quanto o deles poderia indicar intenções variadas.

    “Ótimo,” murmurou Akira com um leve arquear de sobrancelhas.

    “Mais habitantes misteriosos para agregar ao ‘império’.”

    Yuno lançou um sorriso leve para o estrategista.

    “Você sabe, Akira, alianças podem ser tão importantes quanto defesas. Talvez tenhamos uma oportunidade única aqui.”

    Akira parecia cético, mas o líder sentia a necessidade de ver pessoalmente o que aqueles visitantes queriam. Depois de uma breve troca de olhares, os três seguiram juntos até a entrada, onde Yuno podia ver os contornos das figuras de pele pálida e roupas adornadas com símbolos da floresta.Três elfos aguardavam do lado de fora, com posturas rígidas e olhares analíticos. Eram altos, de rostos elegantes e olhos intensos, que refletiam uma conexão quase sobrenatural com a natureza ao redor. No centro, um deles avançou um passo, exibindo uma feição mais severa que os demais. Ailith deu um leve aceno de cabeça a ele, sinalizando que conhecia aqueles visitantes.

    “Saudações,” Yuno cumprimentou, com uma reverência sutil, mantendo a expressão neutra.

    “Sou Yuno Kamigari, o líder desta vila. Em que posso ajudar?”

    O elfo no centro inclinou a cabeça com respeito, mas manteve um semblante sério.

    “Meu nome é Elendriel. Sou um dos guardiões das florestas daqui. Estamos cientes do sinal mágico que você ergueu, e isso despertou a nossa curiosidade e a de muitas criaturas daqui. Queremos saber suas intenções e, caso seja benéfico, propor uma aliança entre nós e… seu povo.”

    Yuno sentiu um leve aperto no peito, uma mistura de apreensão e entusiasmo. A primeira proposta formal de aliança! Aquilo significava mais do que palavras; era um passo rumo ao estabelecimento de um verdadeiro império, um lugar onde diversas espécies poderiam conviver e se fortalecer mutuamente.

    “É uma honra para nós receber uma proposta de aliança com os guardiões da floresta,” Yuno respondeu, mantendo o tom respeitoso.

    “Estamos construindo algo grandioso, algo que beneficie todos os que desejarem se unir. No entanto, devo perguntar: o que desejam em troca?

    ”Elendriel lançou um olhar discreto para os outros elfos antes de responder.

    “Queremos proteção. Embora sejamos capazes de nos defender, percebemos que ameaças externas têm aumentado nos últimos tempos. Além disso, há rumores sobre um grupo de invasores que avança pela região, derrubando e destruindo vilas e territórios menores.”

    Akira fez um breve movimento com a cabeça, indicando que estava processando aquelas informações rapidamente. Um grupo de invasores era, sem dúvida, uma preocupação séria. Ele mantinha o olhar fixo em Elendriel, atento a cada palavra.

    A mente de Yuno se encheu de possibilidades. Com a ajuda dos elfos, eles poderiam aumentar a capacidade de sobrevivência da vila e obter conhecimento sobre as espécies da floresta, mas, por outro lado, aceitar aquela aliança traria a responsabilidade de protegê-los contra ameaças desconhecidas.

    “Temos um acordo,” Yuno declarou, após uma breve reflexão.

    “A vila garantirá proteção aos seus, e, em troca, aceitamos a ajuda que puderem nos oferecer.”

    A tensão suavizou-se levemente, e Elendriel esboçou um sorriso breve.

    “Muito bem, Kamigari. Sua vila acolhe atualmente quantos habitantes? Para coordenar as ajudas, precisaremos saber o quanto nossos recursos podem contribuir.”

    Yuno fez uma pausa para listar mentalmente os habitantes que haviam se juntado a ele desde sua chegada. Além de si próprio, agora contava com Akira, o estrategista e recém-contratado, que auxiliava nas defesas; Ailith, a elfa de habilidades naturais e guia inestimável no conhecimento da floresta; Mei, a curandeira que dominava ervas e poções para cuidar dos ferimentos e doenças dos habitantes; Darius, o artesão de mãos firmes que se encarregava das construções e manutenções; e um grupo inicial de moradores, jovens aprendizes e alguns camponeses, que formavam o alicerce da vila e auxiliavam nas tarefas diárias. Com eles, a vila contava com uma comunidade em crescimento e disposta a seguir as orientações do novo líder.

    “Somos atualmente uma vila pequena, composta por mim, Akira, Ailith, Mei e Darius, além de alguns aprendizes e moradores locais. No entanto, estamos crescendo rapidamente e planejamos expandir tanto em número quanto em infraestrutura,” Yuno explicou, observando a reação dos elfos.

    Elendriel assentiu, visivelmente satisfeito com a informação.

    “Então, nossa primeira ajuda será em sua proteção e no aprimoramento dos conhecimentos de medicina e recursos naturais. Ailith já é uma de nós e, portanto, facilitará essa cooperação.”

    Akira, embora cético, parecia compreender o valor prático daquela aliança.

    “O treinamento em defesa e medicina, juntamente com os conhecimentos naturais que vocês podem oferecer, serão úteis. Contudo, precisamos estruturar o apoio de forma organizada para que todos os habitantes estejam preparados para enfrentar invasores.”

    “Concordo,” respondeu Yuno, sentindo o entusiasmo renovar-se.

    “Se começarmos a construir uma rotina de treinamentos e ensino, os elfos poderão ensinar suas técnicas aos nossos habitantes.”

    Antes de partir, Elendriel entregou a Yuno uma pequena pedra verde-escura, marcada com runas luminosas. “Quando precisar de ajuda, ative essa pedra. Nossa aliança está selada.”

    Com a partida dos elfos, a vila assumiu um ritmo ainda mais intenso. Akira, como sempre, já esboçava planos detalhados para organizar os treinamentos, e a pequena pedra entregue por Elendriel parecia irradiar uma energia reconfortante nas mãos de Yuno, lembrando-o de que não estava sozinho na construção de sua vila.

    Com o apoio dos elfos, Ailith assumiu a responsabilidade de introduzir os habitantes da vila a técnicas de camuflagem e defesa baseadas na natureza. Seu jeito pacífico e voz tranquila eram ideais para guiar o grupo, que ouvia suas instruções com atenção e respeito. Mei, por outro lado, aproveitava o conhecimento médico trazido pelos elfos para fortalecer a saúde dos moradores e desenvolver métodos de tratamento eficazes.

    As aulas práticas promovidas por Ailith tinham um clima quase meditativo, o que contrastava com o treinamento de Akira. Enquanto Ailith incentivava o uso de plantas e estratégias de esconderijo, Akira liderava treinos de defesa pessoal e fortalecimento físico, com uma intensidade que testava os limites de todos.

    Naquele fim de tarde, enquanto observava a vila em plena atividade, Yuno sentiu uma satisfação profunda ao ver os laços se estreitarem e as habilidades florescerem. Mesmo as crianças mais jovens pareciam absorver cada ensinamento como se fossem sementes lançadas no solo fértil da vila. O primeiro passo de seu império estava em marcha, e a vila era agora mais que um simples refúgio; tornava-se um símbolo de união e de proteção mútua.

    Com a aliança com os elfos, Yuno sabia que seu sonho estava se concretizando lentamente. As raízes de seu império estavam sendo plantadas, não apenas na terra, mas também nos corações e nas mentes de todos os que chamavam aquele lugar de lar.

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