Índice de Capítulo

    A névoa se dissipava aos poucos no campo de batalha devastado. Corpos jaziam espalhados como folhas secas ao vento de outono, e o ar estava pesado com o cheiro de sangue e ferro. Mas o que realmente paralisava os corações era o confronto que se formava no centro daquele caos: Hwan Yeong, o Santo Marcial da Aliança Justa, de pé como uma muralha inabalável, frente a frente com o Lorde Demônio Wei Long, cujo manto púrpura esvoaçava como se fosse feito de escuridão líquida. 

    — Wei Long… — disse Hwan Yeong, com a voz como o trovão entre montanhas. — Já passou da hora de encerrar sua existência corrompida. 

    Wei Long sorriu, seus olhos vermelhos irradiando malevolência. — Não me diga que ainda acredita nesse conceito infantil de justiça, Hwan Yeong. O mundo pertence aos fortes. 

    Os dois desapareceram em um instante, o som da colisão de suas técnicas fazendo o solo tremer. Raios de energia dourada e negra se chocavam no céu acima, criando redemoinhos de poder que distorciam o espaço. Cada golpe entre eles criava crateras no solo, cada defesa era uma muralha de qi quase tangível. Hwan Yeong usava sua técnica suprema, Chamas Douradas do Sol Sagrado, enquanto Wei Long replicava com o Qi Demoníaco da Lua Crepuscular, uma energia negra que devorava luz. 

    Enquanto isso, Baek Jin após matar Wei Donghae, com um único golpe no meio do extermínio do clã Yan, ele se retirou do centro da carnificina, carregando nos braços o corpo ferido de Tae-Min. O jovem discípulo respirava com dificuldade, seus órgãos internos instáveis após o uso forçado da Primeira Forma da Aniquilação Silenciosa. Baek Jin se ajoelhou, colocando Tae-Min cuidadosamente sobre uma pedra, canalizando qi em seus meridianos para estabilizar o fluxo de energia vital. 

    — Mestre… — Tae-Min sussurrou, a visão turva. — Eu… matei Yan Luo… 

    — Você fez bem, Tae-Min — disse Baek Jin em voz baixa. — Você protegeu o clã. Não se culpe por sobreviver. 

    Enquanto o curava, Baek Jin desviava os olhos, observando atentamente a batalha titânica entre os dois santos marciais. Seus olhos captavam cada movimento, cada mínima variação de postura e aura. Para a maioria, era impossível acompanhar, mas para alguém com o Sentido Divino aprimorado, como ele, cada fragmento de combate era um manual de guerra vivo. 

    — Técnica de tração inversa de fluxo de meridiano… — murmurou. — Hwan Yeong gira o qi em espiral antes do ataque direto. E Wei Long… ele antecipa com os olhos, não com a mente. Ele lê os padrões do inimigo. 

    Ao seu redor, outros mestres das duas seitas se enfrentavam em duelos brutais. A Seita Paraíso-Crepúsculo havia libertado seus mestres ocultos, encapuzados e impregnados de qi demoníaco corrosivo. Por outro lado, os mestres da Aliança Justa lutavam com o fervor da retidão, empunhando artes secretas de proteção e destruição. 

    Hwan Yeong e Wei Long então colidiram novamente no céu. Uma esfera dourada e uma esfera negra giravam ao redor deles, girando como sóis duplos prestes a colidir. O tempo pareceu congelar por um instante, e então uma onda de choque varreu o campo de batalha, derrubando até os mais fortes. 

    Baek Jin se pôs à frente de Tae-Min, criando uma barreira de qi com a mão direita. Seus olhos brilharam ao ver uma falha súbita na postura de Wei Long. 

    — Ele está mais lento… — concluiu. — O corpo dele está em declínio. Força bruta ainda está lá, mas seus meridianos estão começando a entrar em colapso. Hwan Yeong está pressionando de propósito. 

    Tae-Min, meio inconsciente, ouviu aquilo e sorriu com dificuldade. 

    — Mestre… você ainda aprende… 

    Baek Jin apertou levemente o ombro de seu discípulo. — Sempre. Até o último suspiro. 

    Os céus rugiram. A batalha estava apenas começando. Mas, naquele campo de guerra, onde lendas trocavam golpes e jovens cultivadores despertavam seu destino, uma nova era nascia. E nela, Baek Jin já não era mais um nome do passado. Era a lâmina oculta do presente, e talvez… o próximo santo de guerra do futuro. 

    … 

    O ar explodiu em silêncio quando os dois pilares do mundo marcial se encontraram. De um lado, Hwan Yeong, o Santo Marcial da Aliança Justa, envolto em vestes douradas adornadas com símbolos ancestrais, sua aura luminosa como o sol nascente. Do outro, Wei Long, o Lorde Demônio do Paraíso-Crepúsculo, coberto por um manto negro rasgado pela energia sinistra que escorria de cada poro de seu corpo. 

    Enquanto Baek Jin recuava, protegendo Tae-Min em seus braços, seus olhos não deixavam o centro do campo de batalha. Ele se ajoelhou junto ao jovem, oferecendo-lhe uma pílula espiritual de recuperação. Tae-Min, ainda ofegante, olhou o mestre com gratidão silenciosa. 

    — Observe com atenção, Tae-Min… — Baek Jin murmurou. — Os movimentos de um Santo são lições que os livros nunca serão capazes de ensinar. 

    A terra tremeu. O céu se partiu em rachaduras negras e douradas. O primeiro golpe havia sido trocado. 

    Wei Long girou o corpo com a leveza de uma folha ao vento, seu punho coberto por um Qi demoníaco que condensava rostos gritando. Uma arte do Caminho Demoníaco: “Almas das Mil Guerras”. Hwan Yeong ergueu sua palma, e um escudo de luz dourada se formou em torno de si. As almas colidiram contra a defesa como maré bravia contra muralha de pedra. 

    — Você está enferrujado, Yeong. — Wei Long sorriu, revelando dentes escurecidos pela corrupção do Qi demoníaco. 

    — E você continua se alimentando de sangue inocente para manter seu poder. — respondeu Yeong, voz calma, mas afiada como uma lâmina. 

    Os mestres ocultos de ambos os lados colidiram. No céu, traços de luz e sombra se entrelaçavam como pinceladas de um artista furioso. Raios de Qi divino cortavam a atmosfera, enquanto chamas negras e lanças de trevas buscavam corações inimigos. 

    Baek Jin, agora de pé, observava cada passo, cada mudança de postura, cada respiração profunda. Ele notava como Hwan Yeong recuava meio passo antes de soltar sua técnica de palma, criando um vácuo de força. E como Wei Long canalizava seu Qi de forma invertida, rompendo a ordem natural da circulação interna para criar ataques imprevisíveis. 

    — O Caminho Justo se baseia na harmonia com o mundo. — Hwan Yeong declarou, fazendo surgir três espadas de luz solar que giravam sobre sua cabeça. — O seu caminho é contra o mundo. E o mundo… reagirá. 

    Wei Long gargalhou. Suas mãos se ergueram, puxando as sombras do solo e do céu, moldando-as em uma serpente demoníaca de trezentos metros. 

    — Então que o mundo venha! — berrou o Lorde Demônio. 

    A serpente e as espadas colidiram, criando uma onda de choque que empurrou os mestres menores como folhas secas. Baek Jin usou seu próprio Qi para proteger Tae-Min, formando uma barreira negra que os isolou da destruição momentânea. 

    Tae-Min olhava, boquiaberto. 

    — Mestre… é isso o que significa estar no auge do mundo? 

    Baek Jin apenas assentiu. 

    — E é para isso que você deve treinar. Não pelo poder… mas para proteger aquilo que importa. 

    Acima deles, a luta entre santos estava apenas começando. 

    … 

    A terra tremeu sob os pés dos guerreiros. Cada folha caída sobre o solo úmido foi empurrada por uma onda invisível de pura intenção marcial. Ao centro do campo de batalha, duas presenças eclipsavam tudo ao redor: Hwan Yeong, o Santo Marcial da Aliança Justa, com sua aura dourada flamejante, como um sol que não conhecia crepúsculo. Do lado oposto, o Lorde Demônio Wei Long, envolto em um manto de trevas pulsantes, sua presença era como a lua sangrenta em um eclipse sombrio. 

    “Observe atentamente, Tae-Min,” disse Baek Jin, sua voz serena, ainda que firme. Seus olhos analisavam cada movimento, cada inflexão dos dedos, cada respiração dos dois santos em combate. “Esses são os picos da existência marcial. Cada gesto que eles fazem tem um significado oculto. Estude isso como se sua vida dependesse. Porque um dia, vai depender.” 

    Tae-Min, ainda se recuperando da intensa luta com Yan Luo, engoliu em seco. Seus olhos estavam arregalados, como se temessem perder qualquer detalhe daquela cena lendária. “Mestre… isso é… isso é realmente possível para seres humanos?” 

    Baek Jin olhou para o garoto com um leve sorriso no canto dos lábios. “Com tempo, dor e talento. Mas mais do que isso, com determinação para seguir adiante mesmo quando todos os ossos do seu corpo gritarem para parar.” 

    No campo, Hwan Yeong se moveu primeiro. Ele girou no ar, deixando um rastro de lâminas espirituais douradas ao seu redor. Cada uma delas era capaz de rasgar montanhas. Com um rugido, ele lançou a técnica secreta da Aliança Justa: o Rugido Celestial dos Mil Leões. 

    Wei Long ergueu uma mão, e uma muralha de escuridão se ergueu diante de si, absorvendo o impacto com um som abafado. “Você envelheceu, Hwan Yeong. O rugido desses leões não assusta mais como antes.” 

    Hwan Yeong sorriu, os olhos carregados de chama espiritual. “E você não mudou nada, Wei Long. Ainda se esconde nas sombras que teme revelar.” 

    Enquanto os dois santos trocavam golpes que faziam o ar chiar e o céu ondular, os mestres ocultos das seitas demoníacas e justas se enfrentavam ao redor. Lâminas cortavam o véu da realidade, e gritos de dor, de raiva e de fervor se misturavam ao estrondo distante dos golpes dos santos. 

    “Mestre, por que não os ajuda?” perguntou Tae-Min, sua voz carregada de confusão e um leve senso de urgência. “Hwan Yeong está lutando contra o mal…” 

    Baek Jin o interrompeu com um gesto calmo. “A batalha deles é deles. Wei Long não me feriu. Ainda não. Se ele sequer ousar olhar para você com intenção assassina, eu o matarei, mesmo que isso me custe a alma. Mas até lá, deixe que os titãs lutem.” 

    Wei Long girou no ar, cobrindo-se com a Técnica dos Mil Ecos Abissais, sua sombra se multiplicando em dezenas de formas. Hwan Yeong respondeu com a Técnica do Sol Invencível, liberando luz divina que dissipava as cópias como fumaça ao vento. 

    Os mestres ao redor pararam por um segundo, absorvidos pelo embate. Era como ver a força da criação e da destruição em forma humana. 

    “Veja, Tae-Min,” disse Baek Jin, seus olhos nunca deixando os combatentes. “A verdadeira força não está apenas no poder bruto. Veja como Hwan Yeong recua um passo após atacar. Ele economiza força para contra-atacar. Observe como Wei Long desvia, nunca bloqueia de frente. Ele testa limites antes de agir.” 

    O jovem acenou, absorvendo cada palavra como se fossem pérolas de sabedoria. Cada gesto dos santos parecia contar uma história, um conto de dores antigas e batalhas sem fim. 

    “Se você quiser alcançar esse nível um dia,” disse Baek Jin suavemente, “deve compreender que coragem é seguir mesmo quando seu coração tremer. E sabedoria é saber quando atacar e quando observar.” 

    Ao longe, Wei Long rugiu e lançou seu golpe mais devastador: o Abismo Devora-Almas. Uma esfera de trevas puras voou em direção a Hwan Yeong, rasgando o ar, sugando luz e som, como se fosse a própria destruição feita carne. 

    Hwan Yeong não recuou. Em vez disso, cravou os pés no chão e ergueu ambas as mãos ao céu. A lógica do mundo pareceu se curvar ao seu comando. “Chama Celestial do Julgamento!” 

    Do alto dos céus, uma coluna de fogo dourado caiu com fúria divina, engolindo a esfera negra em um estrondo que fez o solo tremer por quilômetros. 

    Tae-Min caiu de joelhos, sentindo o impacto até nos ossos. “Mestre… isso é como… como ver os próprios deuses duelarem.” 

    Baek Jin olhou para o céu e, pela primeira vez em muitos anos, sentiu-se pequeno. Mas também motivado. “Sim… E um dia, você também irá alcançar os céus. Pois os céus têm olhos. E eles estão observando você.” 

    A batalha continuaria. Mas o coração do jovem Tae-Min já havia sido incendiado. E Baek Jin sabia: uma nova estrela já estava sendo forjada no fogo daquele campo sagrado de guerra. 

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