Capítulo 33 - Nero
Nas profundezas etéreas da Dimensão Nova, onde o tempo fluía como neblina e a realidade se curvava sob a vontade de seu criador, Baek Jin observava.
Seus longos cabelos negros esvoaçavam com a brisa sutil de energia espiritual, e os olhos – negros como a noite e azuis como trovões – cintilavam com eletricidade condensada. Sentado sobre uma plataforma flutuante feita de jade celestial, suas mãos estavam entrelaçadas atrás das costas, e seu semblante era frio como o aço polido.
À sua frente, no vazio ondulante da dimensão, projeções flutuantes de energia mostravam os campos de batalha.
Ali, no mundo mortal, a guerra havia finalmente alcançado o clímax.
As tropas da Liga da Lâmina Celestial, com seus mantos negros e armaduras prateadas, enfrentavam a maré avassaladora dos cultivadores da Seita do Céu Aberto.
A terra estava rachada, o céu escurecido pelas rajadas de qi.
No centro da batalha, três figuras resplandeciam:
Qian Xue, cabelos prateados dançando com o vento como um rio de prata viva, os olhos concentrados e a lâmina em punho. A Capitã da Vanguarda, que carregava a dor e o orgulho de um clã destruído, comandava com coragem e poder.
Ao seu lado, Tae-Min, o discípulo amado de Baek Jin, agora no auge do Mestre Marcial, movia-se como um relâmpago. Seu corpo era uma sinfonia de explosões silenciosas, seus golpes precisos e cruéis, cada ataque refletindo anos de dor contida e treinamento brutal.
E protegendo-os como uma montanha inabalável, estava o Patriarca Baek Mu-Hwan, agora Santo Marcial. Sua presença fazia o chão tremer, e sua espada era como o cair de um trovão divino.
Mas ainda assim…
Ainda assim…
Eles estavam em desvantagem.
— “Ajoelhem-se, cães do Clã Baek!” — vociferava o líder da Seita do Céu Aberto, Mestre Ji-Yoon, Santo Marcial no Auge, pai do arrogante Ji-hoon.
O homem vestia um manto celestial bordado com símbolos das estrelas, e sua presença era como uma tempestade prestes a destruir montanhas. Seu cabelo branco flutuava como se fosse parte do próprio céu, e seus olhos queimavam com desprezo e fúria.
— “Hoje, enterrarei a arrogância do Clã Baek junto com os ossos do seu futuro!”
Seu bastão celestial esmagava o chão, criando ondas destrutivas de qi dourado que forçavam Qian Xue e Tae-Min a recuar, ofegantes.
Baek Mu-Hwan firmava sua espada no chão, sangue escorrendo de seu canto labial.
— “Então venha, demonstre o que o ‘céu aberto’ pode fazer quando encontra a verdadeira muralha da justiça.”
E em meio ao caos…
Uma figura solitária atravessava os portões do Clã Baek.
1,82 metros de altura. Longos cabelos negros com mechas prateadas, chapéu de palha balançando ao vento. Uma cicatriz profunda sobre o olho esquerdo, o olhar de alguém que já deixou o mundo queimar uma vez.
Sua roupa ainda parecia a de um andarilho qualquer. Mas cada passo seu causava arrepios nos guardas. Mesmo sem liberar nenhuma aura, até os cães do Clã Baek se afastavam instintivamente de seu caminho.
— “Então é essa… a guerra que o mundo pariu?” — murmurou, erguendo os olhos para o céu rachado de raios e qi.
Aquele era o homem conhecido apenas por poucos como Nero Vento-Bravo Von De Bloodfallen, um título enterrado no Oeste. Um nome que o mundo ainda não conhecia… mas logo conheceria.
Na Dimensão Nova, Baek Jin observava com olhos apertados.
“Eles não vão aguentar por muito tempo… Ji-Yoon é mais poderoso do que esperávamos. Mesmo… o Patriarca Baek Mu-Hwan… está sendo forçado ao limite.”
Um som leve ressoou.
Ding—
- Condição de Supressão Crítica dos Aliados Confirmada.
- Intervenção Autorizada.
- Deseja materializar-se no campo de batalha?]
Baek Jin respirou fundo.
O qi dentro dele estava agitado. Com o sétimo portão interno aberto, ele havia tocado o limiar de algo além do humano. As leis espirituais da água e do relâmpago começavam a se enlaçar dentro de seu corpo, provocando tremores dimensionais.
Ele sorriu.
— “Ainda não. Quero ver até onde o céu se abre antes de rachar por completo.”
Mas seus olhos… estavam fixos em Tae-Min.
Naquele instante, o jovem, mesmo em desvantagem, ativou um movimento da Técnica Suprema da Aniquilação Silenciosa: o Flash Sombrio, disparando um raio negro de qi que rachou as montanhas ao longe e obrigou até o Mestre Ji-Yoon a se esquivar por pouco.
Mesmo ofegante, mesmo sangrando, Tae-Min rugiu:
— “POR MINHA FAMÍLIA! POR MEU MESTRE! VOCÊS VÃO PAGAR!”
O campo tremeu.
Nero observava de longe, parado sobre um telhado de jade, braços cruzados. Ele bebeu um gole do licor e murmurou com uma risada rouca:
— “Heh… talvez… esse continente ainda não esteja tão morto quanto pensei.”
Ele então puxou a capa para cobrir parte do rosto.
E com olhos ardentes, fixou o olhar em Baek Jin, cuja figura espiritual ainda flutuava no céu em forma de projeção.
— “Nos veremos em breve, Lâmina Silenciosa.”
…
O campo de batalha era um caos sangrento, onde gritos se misturavam ao som metálico das espadas e ao estalar de energia espiritual. A terra tremia sob o peso de incontáveis cultivadores trocando golpes. O ar era espesso com o cheiro de sangue e suor, e as nuvens no céu pareciam prestes a desabar em fúria divina.
No centro da devastação, Tae-Min cambaleava.
Seu corpo, embora treinado ao limite, havia atingido o fim. Havia dado tudo. Usara todas as técnicas que seu mestre Baek Jin havia lhe ensinado: o Golpe do Vazio Incompleto, a Técnica do Passo Sombrio, e até sua última reserva de Qi oculto. Mas mesmo assim…
Mesmo assim…
O poder do Mestre Ji-Yoon, no auge do Santo Marcial, era esmagador demais.
O jovem caiu de joelhos, sangue escorrendo da boca. Suas pernas já não se moviam. Sua visão começava a se desfocar, e seu peito ardia como se uma montanha o esmagasse.
— “Me… desculpe, Mestre…” — murmurou com dificuldade, os olhos se fechando.
Ji-Yoon avançava, como um juiz da morte, sua espada coberta por uma aura dourada flamejante. Seus olhos estavam repletos de desprezo.
— “Fraco. E ousa tocar minha linhagem com essa lama impura? Morra, lixo.”
Sua espada desceu.
— CHHHRRRRAAAA!
Um trovão sem som cortou o campo de batalha.
Num único instante, antes que a espada de Ji-Yoon encontrasse o pescoço de Tae-Min, uma sombra surgiu entre eles, rápida como a luz, silenciosa como o vento.
Um homem alto, cerca de 1,82 metros, com longos cabelos negros e mechas prateadas, cicatriz no olho esquerdo, e uma cabaça de licor pendurada na cintura, surgiu como se sempre estivesse ali.
Com um único movimento, ele ergueu a mão direita, e algo estranho, primitivo, anormal aconteceu: o espaço ao redor de Tae-Min se distorceu — e em menos de um segundo, o garoto foi envolvido por uma luz prateada e arremessado para longe como se fosse engolido por uma fenda espacial, salvo da morte certa.
— “…!”
O Patriarca Baek Mu-Hwan, que observava tudo de longe, arregalou os olhos.
— “QUEM É ELE?!”
Qian Xue, com os olhos manchados de lágrimas e o coração apertado ao ver Tae-Min à beira da morte, engasgou.
— “Mas… ele… ele bloqueou a lâmina do Santo Ji-Yoon… com um dedo?!”
De fato, a lâmina divina do Santo Marcial, que deveria cortar montanhas e dividir o céu, fora parada por um dedo ensanguentado daquele andarilho que todos haviam ignorado.
Ji-Yoon recuou dois passos.
— “Quem é você?” — ele exigiu, os olhos cheios de incredulidade e raiva.
O homem não respondeu. Apenas manteve os olhos semicerrados, como se estivesse entediado.
Um vento frio passou, e sua aura… mudou. Por um breve momento, todos sentiram como se estivessem na presença de um imperador antigo, alguém que já testemunhara o nascer e o pôr de impérios.
Ele então disse, em tom baixo:
— “Você tentou matar alguém diante dos meus olhos? insolência!.”
Com a mão livre, fez um gesto rápido.
— “Estilo do Imperador – Corte Quebrado do Sol Poente.”
A espada que nem mesmo havia sido sacada surgiu em sua mão num piscar de olhos, e o golpe — feito num movimento diagonal discreto — explodiu em energia dourada e negra que arrastou Ji-Yoon por dezenas de metros, abrindo um sulco de trinta metros no solo.
Ji-Yoon tossiu sangue, pela primeira vez ferido em batalha em décadas.
Antes que qualquer um pudesse reagir, a figura do homem desapareceu.
Não teleportado.
Desaparecido. Como uma lenda que nunca existiu. Como se o próprio céu tivesse engolido sua presença.
Os soldados do Clã Baek ficaram em silêncio absoluto. Qian Xue, tremendo, correu para alcançar Tae-Min, cujos ferimentos eram graves, mas ainda estava vivo graças ao resgate do misterioso espadachim.
O Patriarca Baek Mu-Hwan, após um longo silêncio, firmou sua espada no solo e ergueu a voz para todos os cultivadores presentes:
— “Todos os cultivadores do Clã Baek, escutem! O inimigo já perdeu sua glória! É hora de esmagar a Seita do Céu Aberto de uma vez por todas! Ataquem com tudo!”
Ao lado, Qian Xue, com Tae-Min protegido por uma barreira de qi, gritou:
— “Todos os cultivadores da Liga da Lâmina Celestial! Sigam o exemplo de nosso comandante, e aniquilem os arrogantes bastardos que ousaram ameaçar os nossos! Pela honra da espada!”
O campo de batalha foi tomado por gritos de guerra.
E enquanto o mundo queimava ao redor…
Na entrada de uma floresta distante, o homem de chapéu de palha caminhava lentamente, com uma cabaça de licor na mão e o sol poente ao fundo.
— “O sul está fervendo. E o Norte… logo virá com frio suficiente para matar de novo.”
Ele olhou para o céu e sorriu, murmurando para si:
— “Baek Jin, quero ver até onde vai essa sua escalada… vamos ver se você é digno de minha espada.”
…
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