Capítulo 3: “Manual Prático de Como Não Ser Levado a Sério no Purgatório”
PARTE 1
E então… Depois de enfrentar a gárgula maluca e descobrir que, sim, estou no purgatório, decidi fazer a coisa mais sensata… procurar respostas.
E, no meu caso, respostas significam ir atrás de quem quer que esteja causando o caos ao meu redor.
E, adivinha, sabe aqueles cadáveres saindo do chão? Aparentemente, têm um responsável mesmo, e eu o encontrei.
Spoiler: é mesmo um necromante.
Antes que imagine um ser sombrio, misterioso e intimidante… não. Esse necromante é tão intimidador quanto um pintinho molhado em uma tempestade.
Imagine o seguinte: um homem alto e magricelo, com cerca de 1 e 94 metros de altura, parecendo mais uma ossada ambulante do que alguém capaz de controlar os mortos. Ele usa um manto negro, que um dia pode ter sido impressionante, mas agora está tão esfarrapado e sujo que parecia coletar poeira como um hobby. O chapéu? Um cone torto, com a ponta caída para o lado, mais digno de um mágico de rua fracassado do que de um necromante temível.
Seu rosto é um espetáculo à parte. A pele pálida tem um tom quase esverdeado, como se ele estivesse meio apodrecido… irônico para um necromante, eu sei.
Os olhos fundos dele brilhavam com uma luz vermelha ameaçadora… ou talvez cansaço acumulado.
Ah, e não vamos esquecer das unhas. Longas, curvadas e imundas, cada uma mais ameaçadora que o cajado que ele segura.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Falando nisso, o cajado é um amontoado de ossos amarrados com cordas envelhecidas, coroado por um crânio rachado com um par de velas apagadas que ele claramente nunca acendeu.
Quando o encontrei… ou melhor, ele me encontrou.
Acho que, na verdade, ele só estava esperando o desfecho com a gárgula para ele aparecer, foi em sequência.
Enfim, depois da morte prematura da gárgula, ele apareceu. Ele estava um pouco antes da entrada na barreira de fogo, no meio do deserto, cercado por ossos e cadáveres parcialmente reanimados.
Por que ele não apareceu antes? Agora só vai me dar mais trabalho… eu só queria entrar na vila.
— Você é o responsável por isso? — perguntei, cruzando os braços com uma seriedade que eu não sentia.
Ele se virou, sorrindo torto e revelando dentes que precisavam urgentemente de um cuidado maior.
— Sim! Eu sou Jairo Darkrath, o Mestre das Almas, o Terror da Morte, o…
— Certo, certo, títulos bonitos — interrompi. — Quem te deu esses títulos?
O sorriso dele vacilou.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
— Ninguém… eu os inventei.
— Hah, claro. Faz sentido. — Revirei os olhos. — Agora, você pode explicar por que esses cadáveres estão saindo do chão como se estivessem aprendendo coreografias de dança?
Ele olhou para os corpos contorcidos no chão, visivelmente embaraçado.
— Trabalho em progresso — disse ele, ajeitando o manto esfarrapado.
— Trabalho em progresso? Isso parece uma competição de dança da pré-escola humana.
Ele ergueu o cajado, com ossos pendurados por cordas frágeis.
— Cale-se! Eu sou o Mestre das Almas! Você não pode me insultar!
— Claro, claro. Mestre das Almas. Por que você ficou escondido e apareceu só agora? O que você pretende fazer comigo?
— Eu… eu vou subjugá-lo! Não pense que me intimida só por ser quem você é.
— Ser quem eu sou?
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
— Eu sei que você é um deus… e eu vou ter você sob meu controle.
— Hah, você estava escutando tudo então. Por que não ajudou o senhor Gárgula? Acho que vocês dois juntos teriam mais chance, mas tudo bem… estou tremendo de medo.
— Não zombe de mim! — Ele levantou um cajado enfeitado com ossos amarrados.
Suspirei.
— Certo. Vai lançar um feitiço ou só vai posar dramaticamente?
— Vou lançar o poder das trevas sobre você!
Antes que eu pudesse responder, Dakrath ergueu o cajado com um gesto teatral, desenhando no ar símbolos de energia sombria que pareciam vibrar com uma força latente. No entanto, ao concluir o último traço, o feitiço colapsou em si mesmo, resultando em uma explosão inofensiva de faíscas e poeira.
— Isso era para acontecer? — perguntei, limpando a fuligem da minha roupa.
Ele olhou para o cajado, claramente confuso.
— Cale-se! — Ele ergueu o cajado novamente.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Os cadáveres ao redor começaram a se mover de forma frenética, como se uma ordem silenciosa os tivesse despertado para a ação. Um deles, com movimentos desajeitados, mas determinados, avançou em minha direção, os braços estendidos como garras.
Com um suspiro entediado, ergui a perna e desferi um chute certeiro, arremessando o infeliz através do ar como um saco de ossos desconjuntados, até ele se espatifar contra o chão com um som seco.
— Sério, Jairo, é isso que você tem?
— Ainda não… Rak’shin varran dohl’ka! Zharen malrik nu’tar!
O quê? O que é isso? Um encantamento demoníaco? Será que vou ter que aprender essa língua estranha… que chatice.
As palavras ecoaram, carregadas de um poder sombrio que parecia pulsar pelo ambiente. De repente, os cadáveres ao redor começaram a se transformar. Seus movimentos, antes desajeitados e hesitantes, tornaram-se precisos e predatórios. Um deles, agora com os olhos brilhando em um tom vermelho-alaranjado, avançou em minha direção com a rapidez de um animal caçando sua presa.
— Ah, então você tem truques — comentei, cruzando os braços. — Ok, vou te dar uma chance. Impressione-me.
O cadáver saltou, tentando agarrar meu pescoço, mas com um passo para o lado e um empurrão casual, o mandei direto para o chão. Ele se ergueu novamente, mais determinado, mas eu já havia perdido o interesse.
— Você tem mais algum truque, ou acabou o repertório? — provoquei, olhando para Dakrath.
Ele sorriu maliciosamente.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
— Prepare-se para o fim, deus arrogante!
Com um gesto dramático e preciso, ele traçou runas no ar, e um círculo mágico iridescente surgiu sob meus pés.
Uma energia sombria pulsou, crescendo em intensidade.
Antes que eu pudesse reagir, mãos esqueléticas, cobertas por sombras pulsantes, romperam o chão, agarrando meus tornozelos com uma força fria e implacável.
O toque gelado parecia sugar o calor da minha pele, enquanto um eco de risadas macabras reverberava ao redor. Meus pés estavam presos, como se o próprio inferno tivesse se fechado sobre mim.
Com um fechar de mãos de Jairo, as mãos começaram a me puxar para baixo.
Alguém finalmente leu o manual de como ser um necromante. Que medo…
É claro que é brincadeira.
— Agora você será enterrado vivo, condenado a sofrer eternamente!
Revirei os olhos.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
— É fofo você achar que isso funciona comigo.
Ergui meu braço com firmeza, e uma esfera de energia violeta começou a pulsar na minha mão, crescendo como uma chama viva. Com um estalo repentino, ela explodiu em um clarão ofuscante que iluminou todo o ambiente, lançando ondas de poder que reverberaram pelo chão.
As mãos esqueléticas, envolvidas pela luz, se desintegraram em um instante, evaporando em cinzas que se dispersaram no ar, deixando para trás apenas o odor acre de osso queimado.
Sério, será que ele ainda não entendeu?
Jairo deu um passo para trás, com os olhos arregalados.
— O que…?
— Uau, Jairo, parabéns. Você conseguiu me surpreender! — disse, cruzando os braços. — Não pela eficácia, claro, porque isso foi péssimo. Mas pela audácia de tentar. Você tem potencial. Só precisa de… sabe, décadas de estudo, talvez uma mentoria… ou outra carreira, quem sabe?
Ele rosnou, tentando lançar outro feitiço, mas antes que pudesse terminar, dei um salto e apareci na frente dele, tocando seu cajado com dois dedos.
— Isso aqui é seu foco de magia, não é? — perguntei, inclinando a cabeça.
— N-Não toque nisso!
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Então, o cajado explodiu.
Uma nuvem de fumaça negra envolveu o lugar. Ele tossiu e balançou os braços no ar desesperadamente., tentando afastar a fumaça.
— Hah, foi mal. Acho que te tirei sua maior arma.
Jairo tombou de joelhos, o peso da derrota claramente estampado em cada movimento, mas ainda assim tentou manter uma fachada ameaçadora. Seus olhos, apesar do desespero, brilhavam com uma determinação feroz que, em outro contexto, poderia até ser considerada inspiradora.
— Não… não acabou! Eu vou me reerguer! Vou… vou me vingar!
Sorri, dando um tapinha no ombro dele.
— Certo, Jairo Dakrath. Seja lá o que você quiser ser. Só não faça mais cadáveres dançantes, por favor.
Deixei o autoproclamado “Mestre das Almas” ali, ainda tentando se levantar e juntar os cacos da dignidade que ele nunca teve. Com um bocejo preguiçoso e zero senso de urgência, segui para a vila, torcendo para que, pelo menos lá, eu encontrasse algo minimamente mais impressionante. Ou, na pior das hipóteses, um lugar confortável para sentar e procrastinar em paz.
PARTE 2
Bom, finalmente vaguei um pouco pela vila.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Agora, vou resumir o que consegui descobrir até agora:
Primeira coisa: Estou mesmo no purgatório.
Isso foi confirmado pela abordagem meticulosa e científica de… falar com trinta moradores.
— Com licença. Estou mesmo no inferno?
— S-Sim! Pu-pu-purgatório! Sim!
Quase todos reagiram do mesmo jeito: concordavam apressadamente e saíam correndo.
Espera, será que estou fedendo?
Uma fungada rápida.
Não, estou cheiroso.
Bom, graças a alguns que não corriam, descobri mais coisas.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Segunda: Estou em um dos sete purgatórios que rodeiam o inferno. Cada um funciona como uma espécie de recepção.
Por que o inferno precisa de recepções? E sete ainda? Quando me tornar rei demônio, essa será a primeira coisa que vou reorganizar.
Terceira: A sociedade aqui é estruturada como uma sociedade humana, com política, economia e trabalhos pagos. Até parece civilizado.
Quarta: Existem sete… como que chamam mesmo? … acho que chamam de príncipes do inferno. São subgovernantes do rei demônio. Eles comandam os purgatórios e estou no sexto, chamado Invidia.
Hah! Então, foi sobre isso que o senhor gárgula estava falando quando disse algo sobre príncipes do inferno.
Quinta e última: Há três tipos principais de habitantes no inferno.
São os demônios, as bestas teoricamente irracionais criadas pelo rei e os espíritos de humanos condenados por serem mesquinhos em vida. Bem feito!
Até agora, essas foram as grandes revelações.
O problema? Ainda não faço ideia de como encontrar o rei demônio para roubar seu lugar.
Aparentemente, ele mora no centro do inferno, em um palácio. Espero que ele seja mais um rei do que um presidente… presidente geralmente tem mais trabalho a fazer.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
E agora? Agora estou dentro de uma taberna no fim da vila. É o único lugar que encontrei para entrar.
Por fora, parece uma catedral em miniatura. Por dentro, é acolhedora e bem iluminada, com lamparinas estrategicamente posicionadas. O ambiente tem mesas redondas de pedra, cadeiras rústicas, um balcão de madeira envernizada e… vários olhos curiosos me encarando.
Parem de me olhar!
Alguns olhares eram apenas curiosos, mas outros eram hostis ou cheios de medo. Um homem com cara de porco e chifres de cabra arranhou a mesa com suas garras, produzindo um som terrível.
Uma ameaça? Talvez.
Olhei ao redor e identifiquei os tipos dos habitantes presentes.
Demônio, demônio… huh, demônio também, né? Humanos mortos…
Uma mulher passou carregando sua própria cabeça nos braços, o vestido branco manchado de vermelho. Ela caminhou até a porta e saiu.
Fueehh! Que morte trágica.
De todo jeito, parece que só não tem nenhuma besta… talvez eu deva ficar aliviado por isso.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Enfim, sabe, estive pensando bastante sobre o motivo que fez meus compatriotas terem me mandado para cá e não consigo pensar em nada que justifique. Tipo, eu entendo que sou um deus vagabundo, mas me enviar para o mundo dos demônios é um pouco exagerado.
Enquanto pensava nisso, um copo apareceu na minha frente. A bebida dentro tinha um tom vermelho cintilante, quase hipnótico. Cheirava doce. Não consegui resistir.
Dei um gole e…
O sabor doce se espalhou pela minha boca, e antes que percebesse, terminei o copo.
Não acredito que estava olhando com maus-olhos algo tão maravilhoso desse jeito! Eu quero mais!
— Ihaaa! Isso é incrível! Quero mais!
Bati o copo no balcão.
— Ei! Garçom! Vem aqui! — gritei enquanto batia o copo sobre o balcão repetidas vezes. — Vem rápido! Rápido! Rápido!
Uma mulher com aparência demoníaca me encarou. Ela tinha cabelos castanhos, pele pálida, olhos amarelos e um par de orelhas compridas como as de uma lebre. Sua cauda fina balançava com impaciência enquanto ela vinha até mim.
Fofa… ela parece ter entre 20 anos humanos. Ela deve ter entre 1 metro e 70 de altura… mais alta do que eu. Tô pra baixo agora…
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
— Quantas vezes preciso repetir? Eu não sou garçom! Sou barmaid! — Ela me fulminou com o olhar.
— Barmaid?
— Sim. E pare de olhar para os outros clientes como um predador protegendo território.
— Só estou retribuindo os olhares!
— Não, você está os assustando!
— Tsc…
— Não faça “tsc” com a língua para mim!
De repente, ela pegou meu copo e pressionou-o contra minha mão. Ela ficou rodando o copo e o vidro queimou minha pele antes de atravessá-la. Instantes depois, a ferida regenerou completamente.
— Eu já perguntei isso antes, mas quem é você? Esse nível de regeneração não é normal nem para demônios.
— Você não acreditaria…
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Ela riu, exibindo um sorriso encantador.
— Você nem imagina o que já vi. Me diga e eu acreditarei.
— Não acho que seja assunto para um garçom.
Uma veia saltou em sua testa.
— Eu não sou um…!
— Garçom! — gritou um demônio, levantando o braço para chamá-la.
Perfeito! Isso a calou na hora.
Fiz uma careta provocativa.
— Vai negar agora? Hein? Hein?
Ela me ignorou e foi atender o demônio.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
É triste ser ignorado, ainda mais por ela. Achei que tínhamos algo especial, mas… parece que me enganei.
Enquanto a barmaid atendia outro cliente, fiquei girando o copo vazio entre os dedos, sentindo o peso do julgamento no ar. Todos na taberna ainda lançavam olhares na minha direção, como se eu fosse algum tipo de atração de circo.
“Olhem só, o deus fracassado! Venham ver como ele se afunda mais a cada minuto!”, devem tá pensando isso, claro, se é que sabem que sou um deus. Sim, eu estou tentando, mas, honestamente, como não ficar desconfortável?
Suspirei, afundando mais no banco.
Se ao menos eu tivesse um trono de verdade para sentar e parecer digno… ou, sei lá, um semblante respeitável.
Tudo bem, Nora, respira fundo. Você vai ser rei demônio. Rei demônio! Não é hora de bancar o inseguro. É hora de…
— Ei, quer parar de respirar tão alto? Está assustando os clientes — a barmaid disse ao passar, carregando uma bandeja com algo que parecia estar… se mexendo?
Não é o que eu queria ouvir, mas pelo menos ela falou comigo de novo.
De qualquer forma, vamos observar mais o lugar, porque isso me dá uma sensação de importância, mesmo que seja falsa.
Na mesa ao lado, um demônio com chifres retorcidos bebia algo borbulhante que soltava pequenos gritos de vez em quando. Ele ria satisfeito, como se fosse um humorista cujo único fã fosse ele mesmo.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Não muito longe, um grupo de humanos condenados jogava cartas. Eles estão usando as unhas arrancadas como fichas… acho que os habitantes desse lugar precisam urgentemente de um psicólogo.
Mas isso é legal. Adoro como aqui tudo é tão casual.
Ou será que, na verdade, esse lugar está me deixando paranoico?!
Ou talvez eu já fosse assim e só agora percebi?
Pois é, Nora, Reflexões filosóficas de um deus exilado… Deve ser o álcool.
De repente, senti um puxão no meu manto. Olhei para baixo e vi um pequeno rato-lagarto. Ele estava parado ali, me encarando com a intensidade de alguém que tem certeza de que vai ganhar essa briga, mesmo que ainda não saiba qual é a briga.
— Então, você é o novo? — Sua voz parecia duas pedras se arrastando uma contra a outra.
— Depende do que você chama de novo — respondi.
Ele inclinou a cabeça, me analisando como se eu fosse um quadro abstrato que ele não entende, mas odeia mesmo assim.
— Espero que você saiba onde está se metendo. Aqui no Invidia, só há espaço para os fortes. E os espertos.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
— Hah, que bom! — Sorri mais. — Eu sou os dois.
Ele não sorriu. Só grunhiu e voltou para a mesa dele.
Ufa… ainda bem que ele foi embora. Eu não ia conseguir manter essa marra toda por muito mais tempo não.
— Você vai se dar mal. — A barmaid voltou, segurando uma bandeja com bebidas que… eu juro, estavam olhando para mim. — Na verdade, você já está se dando mal. Só não percebeu ainda.
— Obrigado pela confiança. — Fiz uma reverência exagerada.
— De nada. — Ela deu de ombros e se afastou novamente, me deixando sozinho com meus pensamentos e o copo vazio.
Suspirei, olhando ao redor.
É surreal pensar que estou no purgatório.
Uma sociedade demoníaca com trabalho, economia e tudo mais? Quem imaginaria?
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.