Capítulo 19 - O Dia e Noite
Haivor se reuniu com Foton e Grison no salão de reuniões. Hambo, Julis e mais cinco Adesir estavam presentes. Do outro lado do salão, homens usando vestimentas mais claras e variadas, porém, suas roupas eram semelhantes quando as marcas de um corvo entalhados pelos costas surgia.
Era o símbolo dos Arcanos, os Corvos da Sabedoria.
– Vejo que todos estão presentes. – O Grande Arcano Piey, renomado por todos e conhecido por sua grande sabedoria e força, estava no segundo nível do salão, com a atenção de todos. – Como sabem, tivemos um ataque recente dos Magos da CBK, que está sendo averiguado se tinha intenção de nos prejudicar ou a nossos aliados, mas tivemos contatos recentemente sobre incidentes no Grande Continente.
– Grande Piey. – Kona, uma das Arcanas mais velhas, ergueu a mão. – O nome dos Adesir está junto da Bruxa de Kusha. Como iremos responder a isso?
– Eu levei em consideração que o jornal se equivocou sobre os Adesir. Eu tive uma conversa direta com o Asumir e ele mesmo me confirmou que nenhum dos Mestres Adesir estava presente. – Piey levou o olhar para onde os Adesir estavam. – E compreendo que as leis não deixam que aprendizes usem o Quadro sem a permissão de seus mestres.
O único sentado da parte dos Adesir era Julis, que ergueu a voz.
– É impossível que seja um aprendiz, de qualquer maneira. O Filho do Gelo perdeu em uma luta igual, nem mesmo alguns dos mestres conhece bem as magias dos Bruxos. – Ele encarou os Arcanos. – E duvido que algum de vocês consiga sequer chegar perto deles. Sem ofensas.
Haivor entendia agora o motivo dos Arcanos odiarem Julis Maxino. O ego daquele homem era tão inflado que chegava a ser sufocante para alguns. Seus aprendizes estavam ao seu lado, ambos prostrados mais como guarda-costas do que aprendizes.
Felizmente, os dois levaram uma sova bem dada para aprenderem a não encarar Haivor. E Foton mordia os lábios quando girava a cabeça e via que estava sendo bem observado. Duvidava que se portaria daquela maneira se seu mestre soubesse que tinha perdido um duelo.
– As palavras de Mestre Julis é correta – Hambo concluiu, mas com tom mais brando. – Arcanos não se misturam no Grande Continente, temos que levar isso como um elogio. Os Magos estão acabando por se unir a reinos e cidades menores para que consigam achar mais magias, porém, aquele ataque não pode ser tolerado como um mero incidente.
– Isso é claro – Piey concordou. – Mas, a Ordem dos Adesir ainda é muito escassa desde que a Batalha de Jotun ocorreu. Todos lembram bem do motivo de estarmos recrutando novos aprendizes, mais do que o costume, e isso nos leva novamente para a finalização dos treinos de cada um deles.
Foton, ao lado de Haivor, lia um livro escorado na parede. Balbuciava algumas palavras, sem ao menos prestar atenção.
– Mestre Grison vai te fazer treinar se não prestar atenção no que o Arcano está falando. – Haivor o cutucou com o cotovelo. – Guarde isso.
Foton levantou o rosto e guardou o livro rapidamente.
– Os Mestres Arcanos e Adesir vão escolher os alunos que acham apropriados para começarem a treinar. – Piey deu um passo para o lado. – Apresento a instrutora do teste.
A mulher subiu os três degraus lentamente, sendo recebida com um silêncio que pareceu durar mais tempo do que as rugas depositadas em seu rosto. Seus olhos nem mesmo pareciam abertos, e ela se apoiava em uma bengala.
– Hoje é um belo dia para apreciar tantos brotos – disse, suavemente. – Vejo grandes mentes sendo refinados e grandes auras cujos nomes serão tão grandes quanto as montanhas. Creio que nenhum de vocês irá desonrar seus mestres ou a mim. Sou Hena Jinx, Grande Arcana, mestra do Arcano Piey.
Grison e alguns Mestres Adesir curvaram a cabeça em respeito. Havior imitou o movimento. Poucas pessoas eram recebidos com tratamento cortês dos Adesir.
– Corações ansiosos – ela sorriu. – Não se preocupem. O teste final para um Aprendiz é sua verdadeira liberdade com a magia. Para os Arcanos, proteger a magia é sua missão mais funda, lutando para que o que esteja ao nosso alcance seja preservado. Para os Adesir, a proteção do mundo contra criaturas malignas é tão orgulhosa quanto a nossa. Por isso, o respeito entre os dois grupos deve ser mútuo. Decidimos que os treinamentos entre os aprendizes dos dois grupos serão realizados juntos, de acordo com o consentimento de seus mestres.
Múrmuros soaram dos dois grupos. Julis estalou a língua, desgostoso, e Hambo balançou a cabeça em negação, claramente desapontado. Até mesmo Grison suspirou. A ideia não parecia agradar nenhum dos Adesir.
Do outro lado, os Arcanos falavam com tanta vontade que seus rostos tomaram a cor vermelha. Estavam animados com a situação.
– Mestre – Haivor chamou por Grison, quase sussurrando – qual o problema?
– Isso é uma rixa antiga, mas os Arcanos não possuem treinamentos com a gente faz quase dez anos. Eles sempre pediram para que conseguissem entender melhor nossas magias, mas Piey sempre respeitou nossa reputação.
– Ainda não entendi qual o problema.
– Eles acham que proteger o continente tem a ver com proteger a magia, então, acham que são donos de dizer quais magias são úteis ou não. – Grison se sentou em um banco largo de madeira. – Olhe para os outros, ninguém gosta de bocas famintas. E eles são piores que mendigos.
Haivor riu.
Os aprendizes dos Arcanos não eram velhos. A maioria estava em torno dos quinze a vinte anos. Abertamente, até mesmo nos Adesir, os aprendizes eram novos. Haivor era o mais velho, aparentemente.
Vindo em suas direções, Hambo se juntou a Grison, lado a lado.
– Ouvir sobre a Batalha de Jotun deve ter deixado eles animados, não acha, Grison? – seu humor era sempre muito bem recompensado com o sorriso de lado. – Dez anos atrás, isso faz tempo.
– Éramos aprendizes, naquela época.
Hambo assentiu jogando os braços para trás, se apoiando na mesa.
– E destruímos os Arcanos com imensa satisfação. – Sua voz foi alta suficiente para atrair olhares mais hostis. – Olhe, ai está ele. Mestra Arcano Kona, como posso ajudá-la?
A roupa da mulher era pesada, mas sua presença soberana. Não importava como Haivor a encarasse, ela era uma muralha impenetrável. Bom, o vazamento da raiva escapulia de seus olhos quando fitava os dois Adesir.
– Dez anos atrás. Minha revanche finalmente chegou. – Ela pegou uma mulher pelos ombros e a trouxe para perto de si. – Essa é Katarina, minha aprendiz chegou ao Terceiro Domínio faz poucas semanas.
Hambo não deixou de admirar a beleza da mulher jovial, com um rosto largo e bochechas finas. Ele sorriu, lascivamente.
– Oh, você tem um talento inato consigo. – Sua mão foi em frente. – Deixe-me apresentar.
Kona puxou Katarina para mais perto de si.
– Nem tente isso, Hambo. Suas mãos gordas já passaram por mais corpos do que minha espada matou pessoas.
Grison deu uma risada.
– Nisso ela tem razão. Kona, esses são meus dois aprendizes. – Sua cabeça apontou para onde os dois estavam. – O rapaz é Foton, o mais velho é Enigma. Ambos são Segundo Domínio.
– Já começaram perdendo, então? – Kona não deixou de zombar. – Posso pedir que minha aprendiz pegue leve com eles quando estiverem lutando.
Era sua chance de mexer com a mente dos Arcanos.
– Pedir para alguém perder é normal para os Arcanos, Mestre? – Haivor perguntou alto suficiente para que elas ouvissem. – Entendi agora porque eles não estão mais nos livros de magia.
Hambo soltou uma risada alta. Kona e Katarina foram as únicas que mantiveram suas faces fechadas.
– Os boatos de que os Adesir ensinam a arrogância é verdadeiro. – Katarina manteve os braços cruzados, como sua mestre. – Levarei esse desaforo como algo pessoal, Adesir Enigma. E farei com que engula suas palavras quando duelarmos.
Haivor ignorou o comentário.
– Mestre, posso voltar para a biblioteca? Foton tem que estudar mais sobre os efeitos de soníferos, como você ordenou. Não quero mais perder tempo com isso.
– Foton irá voltar, você fica. Os testes dos Arcanos são feitos diariamente. Piey vai anunciar a qualquer momento. – O Arcano Piey e Hena subiram os degraus novamente. – Vai começar.
Os dois grupos se dividiram novamente. Com a chamada de Hena, o silêncio se hospedou entre os demais.
– Por favor, agradeço suas animações quanto o treinamento. Decidimos que o lugar será no Jardim de Lótus, onde seus aprendizes terão a oportunidade de mostrar suas habilidades. No código da magia, o imprevisível sempre está a mercê de nossas vidas, e por isso, não iremos esperar.
– O treinamento começará agora. – Piey abriu um portal diretamente atrás de onde estavam, dentro do salão. – O Flor de Lótus é uma competição para que todos vocês possam desenvolver suas aptidões, mas não se esqueçam de que tudo o que fizeram lá irá repercutir aqui fora.
– A finalidade do treinamento de combate é para decidir quais suas fraquezas para que seus Mestres tendem a aperfeiçoá-los. – Hena encarou o grupo dos Arcanos. – Aos Arcanos, durante o dia, a missão de vocês será atacar o terreno dos Adesir e encapsular a Chama Sagrada, que anunciará a vitória de cada um de vocês. Porém, quando a noite surgir, os Adesir terão a vantagem do ataque.
– A cada doze horas, o terreno irá mudar para que o desafio continue. Ferimentos fatais serão considerados inutilizados e irão retirar os aprendizes. Não se preocupem, quando estiverem lá dentro, a mana estará claramente mecanizada para que não os matem.
Haivor ergueu uma sobrancelha.
– Que reconfortante.
– Sua ironia é recompensadora – Grison respondeu. – Foton, você também vai. Esse não vai ser um teste fácil.
– Os Arcanos não são melhores que nós.
– Podem não ser melhores, mas são mais unidos. – Grison obrigou os dois aprendizes a encararem o outro lado. – Eles são compactos porque compartilham de suas derrotas e vitórias, mas se você olhar para o nosso grupo.
Estavam todos espalhados. Os mestres Adesir, que já eram poucos, conversavam somente com seus aprendizes. Nem mesmo trocaram olhares ou palavras uns com os outros.
– É possível dizer que nós falamos mais com os Arcanos do que com os próprios Adesir. – Grison pegou na caneca de cerveja e deu uma golada. – Vão precisar uns dos outros, e o treinamento final é onde vocês podem fazer contatos para o futuro. Precisamos da confiança dos Arcanos também, para que possamos sempre receber chamados de criaturas que vagam pela terra. Entenderam?
– Sim, mestre – responderam juntos, baixo. Haivor continuou: – Essa semana que passou, eu treinei mais comandos e feitiços de aquecimento. Algum problema em demonstrar no treinamento?
A animação também partiu de Foton.
– Eu também pratiquei com Enigma, mestre. Quero testar muitas coisas.
– Treino é treino, não se esqueçam disso. – O olhar de Grison era de um mestre confiante, mas estava claramente restringindo os dois. – Lembrem-se do porquê vieram para cá, e não usem essas motivações contra pessoas que não estão em nossos conflito.
Haivor compreendeu.
– Posso pelo menos testar as magias que aprendi de leitura?
– Confio nos instintos dos dois. – Ele mudou seu foco para a caneca. – Se não confiasse, não tinha tutelado os dois até agora.
Haivor tocou o ombro de Grison. O mestre o olhou de lado.
– Não vamos desapontar o senhor, mestre.
Foton mostrava sua melhor postura e desde que Haivor retornou do Ruína de Alkmed, sua confiança estava alta. Grison não tinha o que se preocupar.
– Eu sei.
I
Jardim de Lótus era uma grande pradaria verde pelo lado leste e uma grande colinas rochosas, como uma labirinto pelo oeste. Os Adesir ficaram com a parte mais complicada, atacar a noite e se defender de dia, logo, as fendas rochosas ficaram a seu dispor.
Os grupos foram separados e enviados para onde a Chama Sagrada estaria. Encapsulada em uma esfera de vidro, ela flutuava sozinha, sem um círculo mágico. Era bela, clareava o ambiente mesmo estando de dia, e seu poder alimentava os Adesir ao redor.
– Não sabia que algo assim existia – Marlo, aprendiz de Mestre Ipon, disse. – É como se estivesse viva.
– E está – Foton respondeu. – Essa é a Chama Sagrada, um dos poucos elementos com consciência que existem. Ela é usada nos treinos para simular a vida de uma pessoa.
– Parece só um fogo. – Foco se aproximou e deu dois tapinhas no vidro. – Nem se mexeu.
Esfinge entrou em sua frente, interrompendo o avanço dele.
– Ela só vai se mexer se o outro time pegar. Agora, temos que criar uma linha de estratégia para sabermos como vamos lidar com os Arcanos. Ou querem ficar esperando que eles cheguem enquanto estamos aqui?
Os aprendizes não eram tímidos, nem mesmo calados. Ao ouvirem sobre um ataque, logo se alinharam em um círculo. Alguns aprendiz não entraram por não estarem prontos para um combate real, então, se resumiram em apenas dez deles.
Do outro lado, os Arcanos estavam em uma quantidade de quase trinta. Eram o triplo, e mesmo assim, nenhum dos Mestres Adesir foram contra.
– Uma linha de defesa avançada com cinco – Esfinge disse. – Se colocarmos sentinelas escondidos, podemos avisar aos outros sobre os ataques. Eles vão vir em peso, então, será três Arcanos para cada. Se alguém aqui tem dificuldade em combate, terá que servir como suporte.
Haivor e Foton continuaram unidos, lado a lado.
– A premissa é que tenhamos problemas de cara. Nesse momento, eles devem estar vindo para cá. Olhem ao redor, as paredes são largas o suficiente para que possam se esconder, mas também é nosso ponto principal.
– A defesa perfeita é conseguir tirar todos eles antes que identifiquem nossa posição. – Foco disse. – Se souberem onde está a Chama, amanhã virão com tudo e não faremos nada além de perder.
– Conjurações e Ilusões – Ricon, outro aprendiz de Mestre Ipon, ergueu a mão. – Posso fazê-los se perder.
– Então, você e Foco criam a distração primária. Preciso de alguém que consiga duelar contra os Arcanos em alta velocidade, para ajudar os dois. – Esfinge mirou os olhos para Haivor. – Suas habilidades de batalha são as mais elevadas entre as nossas.
Foco, orgulhoso, nem mesmo respondeu.
– Foton fica com a gente, e vocês três criam a linha defensiva. Se alguém passar, saberemos. Podem ir.
– É só isso? – Foton abriu os braços. – Não é a estratégia mais eficiente que já vi.
– E não é pra ser. Enfrentar trinta pessoas com menos da metade de força? Ganhar esse treinamento vai ser um milagre, agora pega essa sua bunda gorda e vai defender as linhas de frente.
O riso cresceu entre os Aprendizes. Esfinge era de longe a mais ousada e também mais firme nas suas palavras. Foton nem mesmo a encarou de novo. Haivor se juntou a Ricon e Foco. Acenou para Foton e partiu.
II
Foco e Ricon ficaram juntos, por cima do desfiladeiro de pedras. Haivor decidiu seguir sozinho como sentinela. Como os dois ficaram fazendo a construções de ilusões, sua função ficou diretamente ligada a repelir o máximo de ataques possíveis, ideia essa vinda do próprio Foco.
Claro que o aprendiz de Julis o queria ver derrotado o quanto antes. Grison tinha razão quando dizia que os Adesir ensinavam a arrogância. A raiva que sentiam uns pelos outros, mesmo sendo do próprio grupo, atingia um pico onde tentavam se derrubar mesmo sendo obrigados a estarem juntos.
– Está vendo algo por ai? – Ricon perguntou, cauteloso. Usavam um anel de comunicação, objeto que o próprio Ricon tinha em seu arsenal. – Não combata todos eles juntos, atraia para as armadilhas.
– Nada ainda. Eles estão demorando muito. – Haivor saltou para outra pedra e encarou as rochas seguindo quase metade de um horizonte. Era gigante demais. – Se os Arcanos vieram pelo solo, não vamos ver nada.
– Além de ser impossível achar a localização pelo solo, eles seriam idiotas em fazer isso. A dificuldade de achar um caminho em um labirinto desse é quase o triplo se vier por baixo.
Ricon era sensato, mais do que Foco. Ele estava se programando para qualquer tipo de ataque, e como sua magia era criar ilusões, ele se especializou em armadilhas mágicas.
– Quanto tempo você tem como aprendiz, Ricon? – Haivor perguntou fitando o horizonte marrom.
– Seis anos e meio. Meu mestre não está satisfeito com minhas habilidades ainda. – Ele parou, inesperadamente. – Localizei algo a leste da sua posição.
Haivor prestes a se mexer, parou quando ele começou a falar novamente.
– Não, a oeste também. Merda, eles estão espalhados por todos os cantos. Estão em números grandes demais. Ei, o que você tá fazendo?
– Eu vou pegar os do leste – Foton respondeu. – Você fica e mostra a posição deles.
– Enigma, um grande grupo está se movendo na sua direção. Uns dez ou mais.
Haivor olhou para os lados. Nada se mexia sobre as pedras. Ricon tinha certeza que nenhum deles viria por baixo. Então… o céu. Ao erguer a cabeça, os pontos negros bem alto estavam completamente fora de seu domínio.
Uma altura de quase cem ou duzentos metros. Era impossível chegar até lá.
– No céu – falou rapidamente. – Estão usando magias de levitação ou voo.
– Droga, eles conseguem fazer algo assim? – Ricon estava tão surpreso quanto Haivor. – Deve ser um Objeto Mágico.
Foco, então, voltou a falar:
– Desse lado, parece que eles estão usando uma magia de ocultar a presença. Não estão no céu, mas derrubei um deles. Acho que estão se espalhando para conseguir expandir a área de procura.
– Minha magia de ilusão não funciona se eles não estiverem vendo ela. Derrubem eles – Gritou Ricon. – Derrubem todos eles.
Haivor abaixou-se e tocou a fileira de pedras abaixo de seus pés. ‘Mola’.
A pedra começou a se desfazer, descendo e perdendo altura, pouco a pouco se aproximando do solo. Trocando seus atributos de solidez por elasticidade, chegou facilmente ao chão. Ainda com sua mão nela, ativou ‘Potência Dupla’ e ‘Aumento de Impacto’.
Um Molde e dois Comandos, sua mente aguentava esses sem se dividir. Ainda não demonstraria aos Adesir de sua verdadeira força. Ele poderia perder mais do que um dedo, dessa vez. Eles eram invejosos, iriam querer estudar seu corpo atrás de respostas que suas mentes não conseguiriam encontrar.
Faria os Arcanos desistirem sem usar sua verdadeira força na magia. Ao atingiu o vale mais baixo que a pedra suportava da elasticidade, ele desfez o molde.
A rocha subiu como uma flecha disparada. Quando sua rigidez foi retomada, ela explodiu por não suportar a pressão. Haivor, que tinha inclinado para ser lançado, já estava no ar em uma velocidade ainda maior do que esperava.
Os pontos estavam se aproximando mais e mais. Já tinha passado dos setenta metros e sua velocidade não tinha diminuído. Os pontos negros começaram a aparecer mais altos, e viu a cara de um deles ao olhar pra baixo.
– Alguém está aqui – ele gritou, apontando. – Magias de proteção, agora.
Haivor prendeu a respiração e encostou em si mesmo. ‘Molde’.
O tom marrom de sua pele tomava um cinza. Quando ele passou entre os dez Arcanos, usou a pressão para colidir seu membro contra um deles. O homem se desligou do restante do grupo, desacordado, despencando céu a baixo. Ao mesmo tempo, deixou um Comando ‘Explosão’, em outros dois.
Ele subiu mais e mais, quase cinquenta metros de altitude. Tocou em si mesmo depois de desativar o comando, mas usando mais um. ‘Anular Peso’. A gravidade deveria lançá-lo de volta para o solo, o comando simplesmente retirou todo o peso de seu corpo, o mantendo em pleno voo.
– ‘Esferas Explosivas’.
Imensas pedras lançadas contra ele por um dos Arcanos começou a se separar no ar. Fizeram curvas procurando suas costas. Haivor ergueu o braço.
– ‘Repelir’.
O ar foi lançado para trás e as esferas travaram no ar. A pressão do ar congelava a magia e suas chamas estavam sendo apagadas lentamente. Quanto mais tempo se passava com o ar sendo expelido, mais a magia se desgastava.
– É minha vez? – Haivor fechou a mão e as esferas começaram a cair. – ‘Expansão’. ‘Incendiar’.
A dezena de pedras ganhou um aumento de massa de quase vinte vezes, tomando quase vinte metros cada uma. E as chamas retornaram, como uma imensa quantidade de poder, sendo mais parecido com um meteoro do que uma ‘Esfera Explosiva’.
A face dos Arcanos se tornou sombria, pacata. Uma magia não era capaz de criar algo do tipo. Um meteoro já era complexo demais de se criar, imagina cerca de dez deles, um ao lado do outro.
Haivor manteve o queixo erguido vendo o quanto os seus oponentes eram pequenos.
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