– Ele está melhorando – Cristine disse ao sair do quarto. – Ele se sente melhor do que ontem e está comendo bastante. Parece que as manchas estão ficando mais finas e algumas estão quase sumindo. A Terra que você deu, ela ajuda muito, Enigma. Ela deve custar uma fortuna.

    – Não quero devoluções – Haivor respondeu. – Você vai ficar no meu quarto. Eu vou ficar na sala lendo. Então, qualquer coisa que ele precisar, pode me chamar.

    – Tem certeza que não quer ficar no quarto? Eu posso dormir na cadeira no quarto do meu pai.

    Ele negou.

    – Meu trabalho é cuidar da oficina. Na sala, posso ver tudo.

    Ela aceitou, mas resoluta. Quando comprimia as bochechas, seu queixo se tornava mais largo e parecia mais jovem do que antes. Indo pra sala, Haivor se pegou pensando se tinha notado isso em mais alguma mulher algum dia.

    Retornou a oficina para encontrar Krill. O ferreiro estava parado junto do Arcano que apareceu a tarde. Discutiam sobre um dos itens em cima de um dos balcões.

    – Quanto mais tentei refinar o metal, mais dificultoso ficou – Krill disse ao passar um pano branco em cima de uma lâmina cinzenta. – Desistir não é do meu feitio, então, fiz o máximo que pude.

    O Arcano passou o dedo no fio e depois na ponta, indiferente.

    – Mestre Friy disse que o senhor era o melhor nesse tipo de coisa. Confio em suas palavras. Posso pegá-la?

    – Fique a vontade.

    Empunhando a arma branca, de um metro e brilhante. A tocha da oficina criava um estranho reluzir na lâmina, e a empunhadura leve e adornada com fragmentos de relva. Rotacionou de um lado para o outro.

    – O balanço é incrível – elogiou com agrado. – Parece que está viva e faz parte de mim. Sinto como se estivesse sendo ligado ao meu braço. Como se eu… pudesse cortar qualquer coisa.

    – Corte qualquer coisa, mas lá fora. – Krill cruzou os braços. – Sem bagunça na minha oficina. E o pagamento, você trouxe o que eu tinha pedido?

    O homem tirou de seu anel um pequeno rolo de papel e uma sacola com um embrulho, pôs em cima da mesa e arrastou para o lado do ferreiro.

    – Aqui está. O lingote de carbono pressurizado que pediu, e esse é um pedido para Lorde Gruu. Tenho que alertá-lo, senhor Krill, que Gruu não gosta muito de desconhecidos. Ele é ocupado, sempre com problemas espalhados pelo feudo.

    – Longe de querer atrapalhar um homem como ele. – Krill não se abalou com o nome Gruu, mas sua postura mudou para uma mais respeitosa. – Tenho total certeza de que posso ajudá-lo ainda mais de casa do que indo até lá.

    – Ele também aceitou os termos de contrato que havia feito, e com essa arma, duvido que ele vai negar seus próximos envolvimentos. – A espada foi depositada na bainha, cuidadosamente. – Queria ser de mais ajuda, mas tenho que partir logo.

    Krill não fez alarde e apontou para a porta, onde Haivor esperava.

    – Por aqui, levarei até lá.

    Haivor abriu caminho para os dois passarem, mas o Arcano fez questão de parar ao seu lado.

    – E esse aqui, senhor Krill, ele é um problema?

    – Enigma? – Krill quase deu uma risada. – Não. Ele tem me ajudado bastante. Você não precisa se preocupar com nada além dos pedidos do Lorde Gruu. Vamos?

    O Arcano não se mexeu, Haivor e ele se encaravam bem de perto. Os olhos do homem eram negros, nublados por uma fumaça desconhecida, misteriosa.

    – Enigma – disse, firme. – Me chamo Jontar. É um prazer.

    – Já sabe meu nome, não preciso dizer que sinto o mesmo.

    Jontar esperou mais um tempo, fitando-o, para ir embora. Atravessou a sala, saindo pela porta da frente. A noite era iluminada por tochas espalhadas pela casa, mas o Arcano parecia ter sumido com a espada em mãos antes mesmo de atravessar a porta.

    Ele não era como os outros que havia conhecido. A confiança que possuía ao falar, o próprio dono das palavras. Era de extrema confiança e comodidade.

    – Ele gostou de você – Krill falou ao entrar na oficina de novo. – Jontar gosta de pessoas fortes. Não que você seja, mas parece ser.

    – O que era aquilo que entregou para ele?

    – Uma espada, ora. Meio óbvio perguntar isso.

    Haivor esperou em silêncio até que o ferreiro visse que a resposta não era suficiente.

    – Ah, não é um problema que você deveria estar metido. Na verdade, Jontar é como muitos no Grande Continente. Eles se filiam a uma organização menor e ajudam a crescer. A formação de empresas e companhias está muito mais atrelada a quantidade de Arcanos e Magos que possuí nas fileiras.

    – E aquela espada é uma presente a alguém.

    – Mestre Friy é um espadachim renomado do Oeste da Estrada de Ferro. Ele é um competidor principal do Lorde Gruu. Os torneiros entre guerreiros ocorre sempre. Uma espada nova, tão poderosa que somente de segurá-la, eu poderia saber que meus oponentes não tem chance. Foi o que ele pediu.

    – Ousado.

    – Foi o que falei quando Jontar trouxe o pedido. – Krill pegou o martelo que usava para deformar os metais, e girou-o com lentidão. – Uma arma é poderosa nas mãos das pessoas certas.

    – Você não parece muito confiante nas habilidades desse Friy.

    Krill soltou uma risada seca.

    – E por que estaria? Ele é velho demais para competir contra os mais jovens. Lento demais, com cerca de trinta quilos a mais na barriga do que deveria estar nos braços. – Jogou o martelo de volta a bancada. – Fazer uma espada daquelas para ele foi perda de tempo para mim. Outros projetos estariam mais desenvolvidos se não tivesse que parar toda hora pra ver se o ferro da espada dele não tinha dilatado por pressão mágica.

    Pelo tempo que estava na oficina, Haivor conhecia um pouco do trabalho que Krill fazia e seu esforço corporal. Os braços chegavam a pesar de tanto erguê-los e suava tanto que as roupas encharcavam. Não tinha ideia de que a mente era desgastada na mesma medida.

    – Quando ele segurar a arma, vai ver que terá uma nova forma de lutar – Krill continuou. – Mas, assim como existem mestres que escolhem seus aprendizes, existem objetos que escolhem seu portador.

    – Você zela muito pelo seu trabalho.

    – Como qualquer um que não quer morrer de fome. – Krill levantou-se da cadeira. – Fique na sala e tome conta da casa, idiota. Vou ver como Klausos está. E nada de comer minhas frutas a noite, entendeu?

    O velho homem passou andando, mais cansado do que nos outros dias, e foi direto para o quarto. Haivor parou no meio da sala, pegando um dos livros de seu anel e sentando. Ficaria ali por algumas horas, então, acendeu uma pequena chama ao seu lado para ler melhor.


    II

    – E quanto ao fundo da oficina? – Jarl perguntou a Mecni, calmamente. Os dois camuflados pelas sombras em um dos becos. Observavam uma casa por quase cinco dias, era larga, medindo uma estrutura diferente das outras residências pelo Vilarejo Imperial. – Tem certeza que ninguém vai nos ver?

    – Dois homens, pelo que vi. Hoje cedo, vi que levaram um doente para lá. – Mecni continuava fitando os telhados da casa. Estava tudo certo para invadir a última oficina. – Pegamos tudo e saímos o mais rápido possível.

    – Uma limpa geral? – Jarl ficou animado. Era novo, com seus vinte e cinco anos, com um entusiasmo que contagiava. Menos, era claro, Mecni. – Fico com as matérias-primas.

    Mecni fez um sinal para silêncio. Dois sentinelas faziam ronda pela rua, passaram conversando e nem deram uma olhada para onde estavam. Quando estavam longe, o sinal com o dedo foi desfeito.

    – Vamos ser rápidos. Sem barulhos, como sempre. E nada de comer.

    A expressão de desgosto nada abalou Mecni, que simplesmente deixou seu ajudante reclamar sozinho.

    – Vamos.

    A rua foi ultrapassada rapidamente. Duas sombras deslizavam entre o brilho das tochas, criando uma fumaça pelo caminho. Eles pularam o muro, adentrando o quintal. Mecni liderou até metade do jardim, onde ergueu o braço. Pararam.

    – O que foi? – Jarl perguntou, confuso.

    – Entramos na zona de mana de alguém. – Mecni permaneceu no lugar. A porta de entrada estava fechada, por baixo dela, pela pequena frecha, um fraco brilho vermelho. – Use ‘Sussurro’.

    Jarl tocou o ombro de Mecni e seu próprio peito. Suas presenças decaíram ainda mais depois da magia de ocultamento de mana. Eles continuaram o percurso do jardim pela lateral, chegando onde uma grande bacia tinha sido deixada com água.

    Os dois abaixaram ao lado da porta e Jarl aproximou a ponta de seu dedo para a fechadura.

    – ‘Enferruje’.

    A cor cinzenta do metal foi corroída por um marrom fosco, desmanchando em poeira. Quando toda a maçaneta sumiu no ar, Jarl empurrou a porta devagar.

    – ‘Pés Silenciosos’ – Mecni falou a ele.

    Os dois entraram como vultos pelo que era a cozinha, levando seus corpos até a porta onde a sala, gigante e vazia, estava. No portal entre os dois cômodos, pararam novamente. Uma chama flutuava no ar, ao lado de um livro no chão.

    Quem quer que estivesse ali, não mais fazia ronda.

    – Vamos.

    Entraram na oficina com facilidade, materializando seus corpos. Os balcões eram iluminados por uma tocha. Peitorais de aço, manoplas, cabos de ferro e lâminas dentro de um cesto, todas espalhadas. Na parede, lanças e espadas, machados e martelos, com adornos e refinamentos que brilhavam os olhos de qualquer um que pudessem enxergar o quão valiosos eram.

    Mecni apontou e Jarl rapidamente foi até um dos balcões onde lingotes e grandes peças de ferro e aço foram organizados lado a lado. O homem quase saltitava ao ver tantos materiais diferentes. Pegou um bloco de cobre, arrastou no próprio rosto, como se fosse um recém-nascido.

    Ele guardou no anel cerca de cinco blocos. Quando estava prestes a colocar os blocos de ferro, ouviram uma voz vindo de fora. Mecni ergueu a mão e Jarl usou ‘Camuflagem’ rapidamente. Os dois se esconderam a plena vista.

    – Se o que disse é verdade, meu pai vai ficar bom em menos de uma semana – era uma voz feminina. Mecni não a reconhecia. – Eu quero agradecer, de verdade. Não fui muito educada no começo, e peço desculpas também.

    – Não precisa se desculpar, por nada. – Era um homem, falava calmamente. – Ter a mente preocupada com um ente querido, sei como é. Não precisa se preocupar comigo, foque no seu pai e daqui a pouco, estarão andando juntos de novo.

    A mulher abraçou-o com vontade.

    – Obrigado, Enigma.

    Enigma? Mecni engoliu em seco. Ah, droga. Ninguém avisou que tinha um Adesir aqui.

    Como Jarl e ele partilhavam da mesma magia, e estavam ligados por um anel de comunicação, ao erguer a mão vagarosamente, o outro respondeu com um aceno. No entanto, essa movimentação custou aos dois um estranho retalho vindo de fora.

    – O que foi? – a mulher questionou. – Algo de errado?

    – Acabei de sentir uma ondulação. – O homem entrou pela porta e Mecni viu o Adesir. Era de cabelos presos com uma mecha de cabelos brancas pela lateral, e usava um uniforma previsto por um Adesir. – Volte para o quarto.

    A mulher se retirou, mesmo ainda resoluta em querer ver o que estava acontecendo. Merda, o que ele está fazendo aqui? Mecni tinha ouvido sobre o homem que acabou com os planos da neo-escravidão, e sobre Marco Pollo, o Diplomata que tinha carregado a sede de milhares de não-humanos consigo.

    A base entre as duas conquistas era um Adesir desconhecido chamado Enigma. E lá estava ele, parado na porta, procurando algo com seus olhos afiados, como uma águia.

    Tenho que levar a informação de volta para o mestre Crawl.

    Porém, o Adesir permaneceu parado na porta, como uma estátua, vidrado no nada, como se sua atenção nunca cedesse. Quem é esse homem?

    Ele adentrou a oficina, passando pelo primeiro balcão, depois o segundo, caminhando para o lado de Jarl. Parou ao lado de uma terceira bancada. Levou a mão ao bloco de ferro jogado por cima, e arrumou-o, pondo junto dos outros.

    – Os blocos de cobre – falou para si. – Krill não usou nenhum esses dias.

    A zona de mana, uma criação dos Arcanos, usada justamente para prever movimentos dentro de uma área específica. Se sentida de antemão, a zona poderia ser cortada e não funcionaria, objetos mágicos e algumas magias a faziam inúteis. E quando alguém entrava sem saber, o menor dos seus movimentos usando mana criariam ondulações na zona que chegariam até o criador. E então, um rastro seria deixado.

    A ideia principal de uma zona é proteger uma área grande, mas Mecni tinha sentido aquela zona do jardim, o que indicava que seu criador, o Enigma, não era um Adesir fraco ou medíocre. Conheceu alguns poucos Arcanos que criavam zonas de mana de cinquenta metros, mas nunca um Adesir.

    – Enigma – outra voz chamou de fora da oficina, era mais velha e sonolenta. Um homem baixinho apareceu, segurando um copo de água. – O que está fazendo ai?

    – Estou só dando uma olhada. – Ele ficou de costas para Jarl. – Por que saiu da cama?

    Era sua chance. Mecni abaixou o dedo menos do que três segundos, e uma mensagem foi enviada para seu ajudante. Mate.

    Mecni criou um círculo mágico no pulso ao mesmo tempo que Jarl saiu da camuflagem com uma adaga empunhada. O círculo colidiu contra o chão.

    – ‘Bomba de Fumaça’.

    O Adesir e Jarl foram enviados para dentro de um campo de fumaça. As tochas se apagaram e o velho saiu correndo para fora da sala. Um gemido de dor ecoou de dentro da magia, Mecni pulou por cima de uma bancada e prestes a chegar a porta, algo enrolou em calcanhar. Ele foi puxado e caiu de peito, depois, lançado contra a parede.

    Jarl, quem deveria ter acertado um golpe surpresa, caiu para fora da fumaça, com a adaga cravada no ombro direito. Ele berrava de dor, segurando a arma, mas não conseguindo tirá-la de jeito nenhum.

    Mecni ergueu a mão e o ar violentamente foi lançado para cima. O Adesir voou e bateu contra o teto, mas sua expressão permaneceu intacta, uma indiferença e rigidez que assustavam. Usando os dedos, Mecni girou a fumaça a lançando para cima.

    O Adesir foi enfiado em um amontoado de gás negro, penetrando seu nariz e boca. Levantando rapidamente, Mecni correu para Jarl e pegou uma das pedras do bolso. Era roxa, a quebrou em cima do ajudante.

    A magia de gás dissipou facilmente a fala do Adesir. Mecni encarou o homem simplesmente pisar mais forte e o chão de pedra ser transformado em areia. Jarl e ele foram presos em uma areia fofa, afundando lentamente.

    – Vou ganhar tempo – Mecni disse a Jarl. – Vá direto para o mestre e avise tudo.

    A areia parou de afundar, os dois ficaram parados, mas a energia já rodeava Jarl. Mecni criou mais círculos mágicos.

    – ‘Tufão’. – O ar conjurado rotacionava ao seu redor, levando a areia a subir junto de si.

    – ‘Solidificação’. – A resposta do Enigma foi rápida.

    O vento giratório perdeu força e começou a ceder. Mecni olhou a areia sendo condensada em blocos pequenos de gelo. Molde? Ele não sabe fazer magias?

    – ‘Onda Subterrânea’.

    O subsolo grunhiu em um estrondo. O Adesir olhou para o chão e deu um passo para trás. O pilar de terra subiu direto para o teto, atrapalhando sua visão. Mecni aproveitou a situação para expandir a magia.

    – ‘Blocos Sequências de Terra’.

    O pilar se esticou diante a oficina e solidificou para terra e depois pedra. Uma parede perfeita, feita de pedra. Com os fragmentos de terra e areia, até mesmo o fio afiado da melhor espada criada demoraria algum tempo para cortá-la.

    Ao seu lado, Jarl tensionava o ferimento e puxou a adaga.

    – Por que ainda não foi? – Mecni e ele saíram de dentro da areia. O chão começou a voltar ao normal, e eles ficaram de pé. – Use o teleporte de volta. Agora.

    – Eu posso ajudar – Jarl respondeu, irritado. – Ele teve sorte em me acertar com a adaga.

    – Não importa se foi sorte. Ele não é um Arcano. – Mecni puxou o ajudante para fora da oficina, direto para a sala. A chama e o livro ainda estavam no meio. O velho e a mulher também, em um corredor lateral, os dois observando. – Temos que sair agora.

    – Por que? – Jarl quase berrou de volta, o ferimento ainda estava aberto, ele pressionava com uma das mãos. – Podemos pegar tudo.

    – Idiota. – Mecni o puxou para trás quando a chama cresceu de tamanho em quase dez vezes. Uma parede de fogo no meio da sala, sendo que ele não via o Adesir atrás de si. – Ele está usando a zona de mana para nos encurralar. Use a pedra agora.

    – Já disse vou ficar.

    – Fique mesmo – a voz veio de trás. O Adesir passou da oficina para a sala e um bolsão de água o seguia pelo chão. Ele parecia andar sobre a água, mas era diferente. Aonde ele pisava, a água se dividia, obedecendo perfeitamente seu comando. – Não vão sair daqui de qualquer maneira.

    O fogo de um lado, iluminando-os. Do outro, um bolsão de água. Ele está usando Comandos em dois elementos diferentes. Um Bruxo consegue fazer isso, mas um Adesir?

    – ‘Gás Verde’.

    Jarl simplesmente criou uma explosão de gás ao redor de si e espalhou por toda a sala.

    – Cristine, Krill. Saíam daqui, agora. – Enigma ordenou aos dois espectadores. – Vou levar os dois para fora.

    Mecni não tinha mais tempo de sobra. Usando a fumaça verde, pegou uma pedra roxa e a quebrou em cima de si. Jarl queria ficar para lutar, que ficasse, então. Sua vida tinha mais significado do que uma luta desnecessária.

    A energia começou a repercutir ao redor de seu ombro, descendo até as pernas. Mais dois segundos e estaria de volta em casa. Sem visão do que Jarl estava fazendo, apenas fez uma breve oração para que saísse de lá com vida.

    Prestes a sumir, algo pesado bateu contra ele, o enviando direto para o chão. Os dois caídos, Mecni viu Jarl desmaiado, e pior, a energia que Mecni estava usando para ir embora tinha sido quebrada e metade dela lançada contra o ajudante. Observou Jarl ser enviado por um portal sem que nada pudesse ser feito.

    Sem reação, ele ficou de bruços e tentou se levantar. Antes de conseguir, a parede fogo diminuiu e água o encontrou por baixo. Uma esfera cresceu ao seu redor, prendendo-o contra o solo. Parecia impossível, mas Mecni não tinha desistido. Usou mais um círculo mágico, esse vermelho, lançando a magia junto da própria água ao redor.

    – ‘Sucção de Mana’.

    A água foi absorvido por um único ponto, sendo diluída pela metade. Ele girou, ainda deitado, e mirou o ponto na direção do Adesir. Enigma permaneceu calmo. Como esse desgraçado não esboça reação?

    O ponto foi repelido para frente, contra ele. Com um único erguer da palma, a energia lançada encontrou um espelho de ar, ondulando ao redor do Adesir. A energia se desfez em incontáveis fagulhas espalhadas pelo ar.

    – O que é isso?

    – Diluição de mana – Enigma o respondeu com extrema facilidade. – É ousado demais para invadir esse lugar a noite, mas ter entrado na minha zona? Isso não foi profissional. É um pouco difícil dizer de onde você é, mas seu colega foi de grande importância, ele tentou me atacar pelas costas. Saber quem te enviou, como enviou e por qual motivo.

    Ele sabe?

    – Está mentindo. Não houve tempo para que ele dissesse nada. Você está blefando. – Mecni queria que suas palavras fossem mais convictas, o que não estava acontecendo. – Jarl nunca diria nada a você.

    – Ele não precisou.

    A água que restou ao redor de Mecnin se reuniu embaixo dele e prendeu seus dois braços e pernas contra o chão. Antes mesmo disso, Mecnin já não sentia as pernas. Algo estava errado.

    – Seu colega tem uma vontade bem maior que a sua. – Enigma se aproximou. – Ele conseguiu sair de um Comando de Peso logo depois de eu ter acertado ele bem no ombro. Isso acontece quando a vontade ou a mana da pessoa estão vinculadas, li isso hoje. Você, por outro lado, tem uma vontade tão mínima que chega a dar pena. Olho para seus olhos e vejo alguém prestes a morrer.

    Mecni não conseguiu responder. Um monstro caminhava na sua direção. O brilho que deveria haver nos olhos, daquele monstro, não existia. Era uma sombra, simplesmente uma sombra. Ele virou o rosto quando viu o braço de Enigma se erguer.

    Esperava a morte a qualquer momento. Esperou e esperou.

    – Krill, separe uma cadeira – ouviu.

    Abriu os olhos, o Adesir não estava mais em cima dele. Nem mesmo perto, estava. A água não mais prendia seu corpo, porém, seus braços e pernas não obedeciam.

    – O que fez comigo? – perguntou, assustado. – Por que não consigo me mexer?

    – Ah, não é nada. Eu só desliguei seu corpo. – Enigma falava casualmente, como se estivesse discutindo com um amigo. – Seus nervos de cada braço e perna foram suspensos, então, vai ficar assim até a hora que eu quiser. Não vai morrer, hoje não.

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