A Muralha foi atacada por quase dez vezes depois da saída de Haivor. Os Adesir se uniram aos soldados e curandeiros, intervindo o avanço dos Magos. Eles batalharam freneticamente, porém, o perigo mais instalado no coração dos residentes era a aparição daquela mulher chamada Carllota.

    Pela destruição causada da última vez, o nome dela se espalhou como fogo no óleo, acendendo uma chama de medo no coração dos homens. Mas, após quase três meses inteiros lutando na Muralha, ela não apareceu.

    Foi quando os Bruxos se uniram aos Adesir nas ameias. O conflito se atiçou ainda mais. Luzin tentava tomar de volta a única estrutura que estava fora da sua alçada. Os soldados reunidos pelas cidades menores se juntavam em grupos longe da Muralha e os Magos aumentavam seus números com a oferta de pagamento e conhecimento, o que fez dos Arcanos reféns já que estavam proibidos de entrar no Grande Continente.

    A reunião de Grison e Piey nada rendeu ao rei, mas eles estavam tão ofuscados com os problemas do feudo que nem mesmo se importavam com as leis e regras impostas. No fundo, estavam todos querendo a mesma coisa: não ceder mais terreno a Luzin.

    Uma guerra que estava chegando no seu primeiro ano e se estenderia por outros vários.

    I

    – Sei que ele está aqui – Carllota dizia convicta. Estava no meio do cânion, ao Norte do Grande Continente. Ao seu lado, um homem segurando um cubo que pulsava um brilho azulado de tempos em tempos. – Sei que está aqui, mestre.

    – Confio no seu julgamento.

    O cânion era uma das maiores extensões do norte. Seus caminhos se tornavam iguais e era fácil se perder. Era um lugar onde apenas não-humanos com magias de localização conseguiam sobreviver, e por isso, criavam seus acampamentos como forma de ganhar algum dinheiro.

    No entanto, uma parte do Cânion Stjerneklar era repleta de escuridão. A magia sombria que pulsava de lá era capaz de levar um homem a loucura em menos de minutos, considerado uma das restrições mais graves entre a Tríade ou os Adesir, que se aventuravam para ganhar alguma experiência de combate. Era onde criaturas medonhas se atraíam para testarem suas capacidades físicas e mentais. Um lugar nada agradável.

    – Mestre – Carllota parou, apontando o dedo. – Lá.

    Cem metros adiante, uma criatura feita de pedra se erguera do chão. Os braços quase do tamanho de uma casa, seu peitoral repleto de raízes e se mexia lentamente, ficando de pé. Da parede, um Elfo se apoiava num degrau solto e usava os dedos para comandar o imenso golem.

    – Essa é minha magia oculta, estranho – ele berrou para baixo, onde outra pessoa o encarava com indiferença. – ‘Marionete de Mana’.

    Carllota abriu sua boca, surpresa.

    – Mestre, posso brincar com ele? – ela perguntou, eufórica. – Parece ser tão interessante. Deixa, por favor.

    – Não. Aquela magia pode ser uma oculta, mas não chega perto do seu máximo potencial. – Usando o dedo, dois tronos foram forjados em suas costas. Ele se sentou, cruzando as pernas. – Quero ver até onde ele conseguiu se atualizar sobre a magia.

    De bico, Carllota se jogou no trono, irritada.

    – Eu queria matar o elfo, mestre.

    – Suas habilidades não favorecem um combate individual. Já comentei sobre isso. – As vezes, ter que lidar com criaturas seculares, com mais de duzentos anos, era mais difícil do que crianças. – Fique e observe. Alias, você perdeu para aquele homem também.

    – Isso faz um ano, mestre. Eu aprendi com meus erros. Você não pode julgar uma pessoa pelo que ela foi.

    – Estou apenas contando os fatos.

    II

    Haivor perdeu a conta de quantos elfos queriam sua cabeça depois dele ter acabado com um batalhão deles no Acampamento do Sol. Agora, a cada dois dias, aparecia alguém com uma magia estranha tentando o matar.

    Era cansativo, irritante. A magia deles era diferente, mais leve e sóbria, porém, tão fracas que até mesmo os Arcanos conseguiriam vencê-los num combate individual. Era triste.

    – Por que não vai embora e me deixe passar? – perguntou, calmamente. – Sua vida vale essa luta?

    – Você manchou a honra dos Elfos do Sol quando roubou o Testemunho de Ilios.

    – Roubei? – O livro de capa dourada apareceu em sua mão. – Ele não vale tanto assim. Só debate sobre as magias antigas que seus ancestrais usaram meio milênio atrás. Não é nada comparado com as magias atuais.

    – Cala-se, cretino. – O Elfo mexeu seus braços e o golem ergueu os dois braços. – Você profana o nome de nosso criador.

    Eles não eram diferentes dos Magos, tão focados no passado que não conseguiam entender o presente. Completamente expostos.

    Uniu as duas mãos a frente do peito.

    – ‘Zona de Mana’.

    Um círculo esverdeado cresceu abaixo dos seus pés tomando todo o corredor do cânion, em quase trezentos metros. Sentiu a gigante presença de criaturas e uma familiar. O elfo, no topo, era somente uma formiga.

    O golem travou no ar.

    – Você consegue ver? – Haivor abaixou a mão. O elfo não conseguia se mexer também. – Esse círculo mágico possuí quarenta quadrados, trinta triângulos, vinte pentágonos, dez hexágonos e um Icoságono. – A magia pertence aquele que sabe do que está falando. E como recompensa pela sua coragem, mostrarei o meu poder.

    Ele ergueu a mão. O golem foi mordido por uma imensa boca saída do chão, os dentes trituram seu corpo, mastigando a pedra como se fosse carne macia. A criatura voltou ao solo, e nem parecia que tinha sido esticado ou deformado.

    – Sua magia é ‘Marionete’. – Ele brandiu os dedos para o Elfo e depois na direção da parede do cânion, do outro lado. Ele foi arremessado para o outro lado em alta velocidade, explodindo a parede. Depois, no chão, parede novamente e depois o chão. – Já sei usar isso.

    Com um sinal de dedos, a Zona de Mana se desfez e os círculos foram todos evaporados. Nem precisou ir muito longe para sentir aquela presença se aproximar pelas suas costas rapidamente. Explosão de Kraisen.

    Uma barreira de chamas negras cresceu ao seu redor, impedindo da mulher de atacar. Ele se virou. Carllota, como achou que seria. Exatamente da mesma maneira como da última vez que a viu.

    – Você… – ela sorria de orelha a orelha. – Eu quero que você me enfrente.

    A barreira se desfez, mas as chamas negras mantiveram rotacionando em seus pés.

    – Estive esperando você por um ano. – A pressão da sua mana surtiu do peito, envolvendo a coloração em quatro cores diferentes. – Fiquei muito tempo esperando por você.

    Ele puxou um machado do vazio e atirou contra o ar. Mas, antes de Carllota poder fazer qualquer movimento, trocou a posição dela com a da arma. A Imperatriz se assustou. Perto demais, a chama negra ergueu-se.

    – ‘Paralisia’.

    As chamas travaram no ar. Antes de conseguir respirar, fragmentos de gelo rodearam por volta das chamas. A visão de Havior poderia estar bloqueada, mas a sentia perfeitamente. Sua sucção de mana estava quase o triplo de vezes mais forte, e conseguiu senti-la usando a mesma técnica. Mesmo que fosse ínfima, se conseguisse tirar um pouco da magia dela, também poderia saber sua exata posição.

    O gelo foi explodido com um comando básico de Carllota e recuou.

    A chama sumiu e Haivor puxou o machado de volta para sua mão. Carllota não estava sozinha, longe, um homem sentava em um trono no meio do cânion. Aquele objeto no colo dele pulsava tanta mana que o distraiu por alguns segundos.

    Carllota surgiu em suas costas, saltando.

    – ‘Aprisionamento de Vinte Pontas Unidas’.

    A faísca adentrou seu corpo, mas saiu do outro lado, acertando o chão.

    Carllota arregalou os olhos.

    – Não…

    Haivor girou no próprio eixo com um raio condensado em suas mãos. A sombra dos seus olhos, era a raiva emergida de seu centro.

    – ‘Faísca de Dezesseis Comandos’.

    Carllota perdeu o ar do peito. Aquela magia era diferente das outras que estava acostumada a ver. E seu nome, era possível ter tantos comandos em uma única faísca? Era como da última vez. A sensação da derrota estava próximo. Sua morte estava a um passo.

    – ‘Prisão de Sombras’.

    Os braços de Haivor travaram. Riscos negros subiram por todo seu corpo, o prendendo no mesmo lugar. Seus comandos foram desfeitos e a magia dissipou sozinha. Ele não conseguia se mexer, mas seu corpo ainda o pertencia.

    – ‘Sucção Tripla’.

    A magia usada contra ele foi puxada para sua palma, sendo engolida por um dos seus núcleos. Ele segurou o próprio ombro, dando alguns apertos.

    – Você é forte, Haivor Enigma – o homem se aproximava batendo palmas. O cubo flutuando ao seu lado. A mana que emergia dele e do objeto eram uma só e chegava a um patamar que sua percepção demorou para chegar. – Você já consegue usar sua magia oculta de maneira diferente, não é? Eu sinto que estou sendo lido dos pés a cabeça. Achei que precisasse me tocar para isso.

    – Você é o Miserável – Haivor reconhecia aquele rosto. Estava demarcado em tantos cartazes de procurado no Grande Continente que era difícil alguém comum não conhecê-lo. – E esse é o Cubo de Mana.

    – Sua cara parece desapontamento – o homem se divertia. – Por que está tão tenso? Eu não estou aqui para te matar.

    – Não conseguiria – Haivor tinha certeza. – Sua magia pode ser densa, mas é lenta. Eu sei muito sobre suas habilidades.

    – Temos um ponto em comum, então. Eu também estive lendo sobre você desde que se tornou um Adesir. Aquele que tinha o potencial de se tornar um Mestre Adesir, ou talvez, um Adesir Tronado, a parte mais alta antes do Asumir. Eles rebaixaram você.

    Citar o passado irritava Haivor profundamente.

    – O que quer comigo?

    – Sua magia é uma que estou bem interessado. Na verdade, tudo o que você faz é bem interessante. Sua ‘Zona’ tem tantos círculos que parece ser uma magia antiga. Eu ia matar você agora, mas Carllota está querendo uma revanche faz tanto tempo.

    – Não estou interessado nela. – Haivor cruzou os dedos das duas mãos a frente do peito. – Se quer uma luta, darei isso a você.

    – Mestre – Carllota gritou do outro lado. – Estou pronta.

    Haivor encarou a mulher e ela tinha um círculo mágico em sua posse, a runa girava velozmente. Era uma magia de aprisionamento. O Miserável também criou um no ar, sem tocá-lo.

    – Não quero uma luta, Haivor. Longe disso.

    Haivor desfez o sinal e tocou o solo velozmente.

    – ‘Pulsão’.

    A barreira cresceu ao redor dele. O solo foi rachado em imensos fragmentos por todo o corredor. O tremor chegou a balançar os dois inimigos, mas Haivor apontou a outra mão na direção do céu.

    – ‘Pulsão Inversa’.

    O Miserável olhou para cima. O céu azulado escureceu rapidamente.

    – Oh, você pretende se matar junto da gente, Haivor? Isso é poético. Eu sabia que você não se importava com nada, mas sua própria vida vale o esforço?

    – Para onde está olhando?

    O Miserável girou o rosto para trás, chocado. O selo que ele havia criado estava feito, mas Haivor estava fora. O braço dele estava encrustado em diversos círculos mágicos, alguns que ele mesmo não conhecia.

    – ‘Selo de Vinte e Duas Pontas’.

    Miserável fez com que o cubo fosse adiante. Uma densa barreira azulada cresceu entre os dois, mas o braço de Haivor atravessou facilmente.

    Ele está usando comandos instintivamente? O quão longe ele consegue ir?

    Uma descarga elétrica caiu em cima de Haivor. Ele não gritou nem travou. Atravessou a barreira e agarrou o que estava mais próximo. O tecido da roupa do homem.

    – Isso foi perigoso, Haivor – Miserável disse com um sorriso torto no rosto. – Suas habilidades estão muito fora da realidade. Nunca vi alguém com tanta facilidade em criar a magia sem difundi-la verbalmente.

    O pedaço da roupa que Haivor segurou foi solto com cerca de 150 círculos mágicos minúsculos rotacionando.

    – Você gasta muita mana fazendo isso – Miserável continuou. – Mas, com sua sucção tripla, você tem o efeito de gastar quanta mana quiser. Não só o ar como a terra, mas esse meteoro é mesmo necessário?

    O céu estava sendo enegrecido ainda mais, uma pedra vinha de cima, uma calda flamejante, criando labaredas vermelhas ao redor.

    – Minha magia não se define aos olhos. – Ele estalou os dedos. – Ela se define na realidade.

    O meteoro desapareceu e no lugar dele um pequena pena branca. Miserável exalou em admiração. O céu tinha voltado a tonalidade azulada.

    – Sua magia é linda, Haivor. Tenho que admitir. Você está criando sua própria concepção, não é?

    – Você entende.

    – Sou o único que entende, meu caro. Até porque – o cubo se abriu em diversos pedaços – eu sou o dono da própria realidade.

    Havior prendeu a respiração. Água. O Cânion Stjerneklar foi transformado em um aquário gigante. Sua roupa estava molhada, seu corpo submergido, o ar esgotado. No entanto, o Miserável estava de braços cruzados, como se nada o afetasse.

    – Está vendo? – ele falou através da mente de Haivor. – A magia tem a capacidade de ser o que eu quiser, no entanto, posso definir minhas próprias propriedades. O dono da própria realidade.

    – ‘Reversão’.

    O fluxo da água travou. Tinha travado a magia com um comando simples.

    – Você é forte, Haivor. Mais do que qualquer um que eu conheço, mas você ainda é incompleto. Eu vejo isso nos seus movimentos.

    – Incompleta. Eu tenho certeza que é. Mas, eu não busco a totalidade. ‘Sucção Tripla’.

    O imenso mar congelado no tempo se desfez em segundos. O cânion tornou a sua secura desértica. Nada estava fora do lugar, mas Carllota caiu sentada, tossindo.

    – Mestre, não use mais isso, por favor.

    – Desculpe, Imperatriz. Esqueço que você detesta suas roupas molhadas.

    – Mestre idiota.

    Haivor conhecia bem os limites de seu corpo, mas estava achando que depois de um ano, estava próximo de entrar na próxima zona de desconforto. Ptitsa havia dito que sua magia oculta não era a leitura, e sim uma que era mais rara ainda, chamada de Adaptação.

    Se conseguisse levar o Miserável ao extremo, ele poderia sentir na pele o que era chegar ainda mais longe. Poderia usar sua própria magia para adentrar um lugar novo, onde não precisaria se preocupar com mais nada além de conhecer o resto das magias.

    Ele iria conhecer tudo, nem que isso fosse levá-lo a morte.

    – Você está pensando demais em morrer, Haivor – o Miserável abaixou o cubo, fechando-o. – Existe muitas maneiras de se chegar ao topo. O Cubo é uma delas, roubar magias raras é outra. Se tornar um Absolver. Ter muito dinheiro. Morrer nunca é.

    – O que quer de mim?

    – O que eu gostaria? – Ele tocou o queixo, pensativo. – Eu achei que você não estaria pronto para o que queria, mas ao ver usando sua magia com tanta facilidade. Até mesmo fez seu corpo adquirir consciência própria dos comandos defensivos. Estou impressionado.

    – Eu deveria estar lisonjeado?

    Ele riu.

    – Eu sou o primeiro que sabe como seu corpo funciona, não é? Esses comandos instintivos, as magias de selo, as sucções variadas. Você está se preparando para roubar todo o conhecimento do mundo. E eu estou aqui para te oferecer isso.

    Com um leve empurrão, o Cubo se moveu em sua direção.

    – O que está vendo aqui é um protótipo de minha mais nova magia de criação. Não é o verdadeiro Cubo, nem mesmo o mais velho. É uma parte do verdadeiro conhecimento. Do mundo, da vida, do universo.

    Haivor foi do cubo para Miserável.

    – Sei que não está mentindo, mas por quê?

    – Porque você é como eu, Haivor. – Ele não estava sendo sarcástico. – Você é tão obcecado pelo infinito que não se prende a nada nesse mundo. Nada. Por isso, somos irmãos. Não de sangue, não de carne, mas de mana.

    Ele fez menção para o cubo.

    – Pegue, por favor. Como meu presente de irmandade. Quero que sinta o gosto que sinto em todos os momentos da minha vida.

    Haivor respirou fundo e segurou o cubo. Sua mente escureceu e algo em seu corpo clareou. O núcleo gigante que estava cultivando por um ano. Agora, ele tinha sido dividido em centenas e milhares de pedaços menores.

    Ele caiu ajoelhado, segurando o próprio abdômen. Não era dolorido, mas angustiante.

    – O que está sentindo é o que chamam de ‘Divisão por Puro Mérito’. Quanto mais você conhece da magia, mais dividido ele fica. É um limite que decidimos para nós mesmos. Existem muitos que conseguem ter uma divisão com dez ou vinte pedaços, o que é considerado anormal, mas duvido que pessoas como nós dois chegamos a tal mediocridade.

    Ele sorriu com grande satisfação.

    – Haivor, nós somos como divindades no meio de homens.

    As maldições foram todas ligadas aos núcleos divididos, como correntes que alimentavam e se alimentavam. A mana separada era duas vezes mais densas, compactadas para serem usadas de maneiras diferentes. Sua mente trabalhava unido aos núcleos para processar tudo o que estava acontecendo, lendo, modificando, se adaptando, sugando, alterando sua forma.

    – Sua magia oculta é rara, não é? Mas, ela faz parte de um conjunto. Você nasceu com a Adaptação. Eu nasci com a Reformulação. Tudo o que conhecemos pode ser alterado, por isso, somos irmãos. Eu sou a realidade, você é a ação. Fomos feitos para sermos considerados grandes, unidos, fundidos. Quando você se juntar a mim em carne e alma, seremos indestrutíveis.

    Haivor soltou um grito que ecoou por todo o cânion chegando em lugares onde a vida comum habitava. Sua mana se espalhou como água, evaporou como fogo, solidificou como pedra, voou como o ar.

    – Os pilares desse mundo estão chegando ao fim, Haivor. E seremos seus principais causadores. O verdadeiro mundo da magia está prestes a começar. Nós somos os pioneiros, somos o martelo e a bigorna. Seremos Forjadores, como o destino espera de nós.

    – Não.

    Miserável abaixou a cabeça. Algo tinha mudado. A mana que tinha sido dissipada do corpo de Haivor morrera antes. Ele tinha certeza. Agora, as partes separadas foram todas separadas. Isso era somente um pequeno passo para o abismo, mas Miserável tinha certeza de algo, algo que seu coração uma vez tinha gritado:

    – A mana não pode ser subjugada.

    Os olhos daquele homem eram tão puros que chegava a ser medonho.

    – Eu sou Haivor. Apenas Haivor.

    – Mestre – Carllota gritou de longe, desesperada. – Recue, mestre.

    O braço de Haivor ergueu-se novamente para o rosto dele.

    – ‘Selo Corrosivo de Quatro Pilares’.

    Miserável ergueu um círculo mágico diante.

    – ‘Refinamento Abaixo de Zero’.

    O selo de Haivor se dissipou, mas o braço dele ultrapassou o círculo, e o agarrou. Miserável viu o cânion se tornar um mar negro. Sua visão turvou e seus sentidos se perderam no caminho. Ele foi arrasado no chão. Suas costas arderam.

    Fazia quanto tempo que ele não se sentia assim? A dor de um ataque física penetrar sua defesa absoluta de mana. Era como voltar a época que era um Adesir, onde enfrentava Grison e Julis. Era tão nostalgico.

    – Eu sou Haivor Reicher Riqco.

    O punho de Haivor foi banhado com mana. Seu corpo inteiro inclinado para um soco.

    – Eu sou… Haivor.

    Seu punho colidiu contra o corpo de Miserável. O tremor sacudiu todo o cânion. Haivor não parou de socar o solo. Os furiosos punhos arrasavam, criando explosões de mana a cada impacto. Por quase dez segundos, ele gritou furiosamente.

    – Eu sou…

    – Ninguém.

    A mana do punho desfez. Ele puxou todo o ar do peito e bufou para fora, modificando sua estrutura para as chamas. O fogo queimou tudo adiante, levando o buraco feito pelos ataques se tornar enegrecido.

    – Isso é tão lindo de se ver.

    Haivor ergueu a cabeça. Miserável e Carllota estavam o observando de cima, intactos. O que estava socando era uma pedra.

    – Suas emoções são tão simples de prever. Eu já esperava isso de você, Haivor. Mas, você não precisava ser tão descritivo. Seu sobrenome não é nada para mim, nem mesmo palavras são. Simples, não é? Você é um zé ninguém.

    – Eu vou te matar – Haivor gritou de volta. – Vou matar você.

    – Sua sanidade está chegando perto do limite. Entendo. Isso é o que dizem quando você quer passar de uma zona para a outra. Quer o prazer de uma batalha interessante, não é? Certo, darei isso a você. Carllote, se afaste. Vamos ter um duelo bem promissor agora.

    – Mestre, o cubo…

    – Não se preocupe. Ele não consegue me ferir nem mesmo se eu estivesse pelado.

     Uma batalha que ninguém assistiu, mas todos sentiram. Enquanto um lutava pela imortalidade, outro lutava pela loucura. Foi dado que no momento mais fraco de Enigma, ele se tornou um só com suas personalidades, conseguindo superar o Miserável, porém, não durou muito.

     A luta demorou cerca de uma semana para se encerrar. E a vitória não pertencia a nenhum deles. Após esse acontecimento, os livros dataram que os ex-Adesir Enigma e Miserável foram mortos.

     Uma breve introdução da verdadeira magia que estaria surgindo pelo mundo. A magia dos dados, conhecimento e sabedoria. A magia que mudaria tudo.

    **

    Ultimo capítulo do livro Enigma.

    Agora, partiremos para ‘As Crônica do Enigma: Pecados’.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (3 votos)

    Nota