Índice de Capítulo

    Sim… Eu não morri. Eu estou vivo!

    Acharam que iam se livrar de mim tão facilmente?

    Nem ferrando. Brincadeiras a parte. Gente, voltamos ao cronograma normal.

    Para quem não viu o comentário no Blog na página principal da obra.

    Eu estava doente nessas últimas duas semanas e fiquei totalmente incapacitado de escrever.

    Perdão! Mal consegui publicar os capítulos que já tinha em estoque da tradução, agora imagina, garantir que algo legal saisse para vocês aqui…

    Mas… sintetizando. Voltamos ao cronograma de sempre, e começa aqui a contagem regressiva desse primeiro arco.

    O contador começou…



    POV: HELENA IVYRA.

    Constância, constância, constância…

    Um termo complicado… querendo ou não, o mundo de hoje requer constância em tudo, nos afazeres de casa, do trabalho e principalmente nos estudos.

    E esse primeiro mês de aulas não foi diferente. Quer dizer… quase primeiro mês, afinal faltava alguns dias para completar um mês oficialmente de aulas.

    Diversas foram as revisões sobre conceitos de várias matérias, diversas foram os avisos e repetições das mesmas coisas padrões de sempre. Mas mesmo com tanta repetição, tivemos algumas pequenas mudanças nesse último mês.

    As aulas especiais, com certeza, foram o ponto alto. Ter a oportunidade de receber aquele treinamento individualizado já provou ser útil demais. 

    Sinto que meu manuseio das espectros se tornou muito mais afiado do que era antes.

    “No longo prazo, pode ser ainda melhor!”

    Longo prazo… É complicado né. Tecnicamente eu teria apenas até o final do ano letivo para aproveitar as lições com o professor Miguel, então era melhor aproveitar enquanto podia!

    “Inclusive… Tenho aula com ele na próxima segunda-feira, preciso terminar a tarefa que ele comentou sobre na…”

    Tum-Tum. Tum-Tum. Tum-Tum.

    Como se ouvisse meus monólogos internos… O senhor constância em pessoa, vulgo o tempo.

    Me lembrou que faltava apenas um minuto para o recreio começar.

    Fechei o meu caderno e ao mesmo tempo olhei para a lousa, onde a professora Andressa terminava de escrever algo no quadro quando o sinal ecoou pelos corredores.

    — Recreio, finalmente… — sussurrei, conforme me espreguiçava.

    No instante seguinte, a porta da sala virou um pandemônio…

    Na real, até parecia que tinha aberto um portal na Capital do Cerco do Quadrante Norte de Shadow…

    Algo tão maluco igual. Cadeiras se arrastavam aqui e ali, todo mundo foi se levantando ao mesmo tempo e indo rapidamente para a porta… 

    Todos sabíamos o que acontecia nas sextas… Era dia do pão com frango!

    Um banquete digno dos deuses da cantina. Provavelmente, uma criação do Empório Brilhante… 

    Sempre que tinha esse lanche, a bagunça e o movimento descontrolado dos estudantes era garantido. O que inclusive… deu origem a corrida pela fila do lanche. 

    Afinal… O disparo de partida tinha sido dado!

    Logo, todos estariam correndo para lá. Algo que eu, com toda a certeza do mundo, estava pronta para fazer também. 

    Ali na fileira do lado… 

    Renata, como sempre, foi a primeira a levantar.

    — Vamo, logo, vamo logo, antes que acabe de novo — disse, já se esgueirando entre as carteiras.

    — Calma, minha filha. O pão não vai fugir… — retruquei, levantando com um meio sorriso.

    Saímos da sala em meio ao barulho ensurdecedor de vozes e passos apressados. 

    Aquele corredor parecia um formigueiro humano. Olhei para a frente rapidamente, vi que a fila mal começava a se agrupar, e por ter uma pequena parcela de estudantes na minha frente… 

    Tinha apenas uma linha reta para seguir.

    Dei um pique de alguns metros… Mas no meio da correria, algo apertou dentro da minha cabeça. 

    Como se uma linha de energia cortasse minha testa de dentro pra fora.

    — Ai… — levei a mão à têmpora.

    Renata, que estava logo à frente, virou-se instantaneamente.

    — Helena? Que foi?

    — Eu… só uma tontura — murmurei, piscando várias vezes, tentei ajustar o foco da visão.

    Mas quanto mais eu tentava, tudo parecia embaçar.

    As vozes ao redor começaram a ficar distantes e difusas, como se alguém tivesse abaixado o volume do mundo.

    Um zunido fino se formou no fundo do ouvido. Senti o foco da minha mente dissipar… Fluindo entre várias coisas… 

    Aulas. Provas. Professores. Alunos correndo aqui. Sinal tocando. 

    — Que merda é essa? 

    A sensação de dor piorou, instintivamente apertei a mão na cabeça, mas sem prestar atenção… Senti meu pé ceder e escorreguei pro lado.

    A luz branca do sol tomou minha cara como um furacão… Mas antes que caísse com tudo, senti um puxão no meu braço que me permitiu me equilibrar.

    — Senta aqui — disse Renata.

    Me apoiei nela, e fomos até um dos bancos de concreto próximos à cantina.

    Sentei como podia… Respirei fundo e fechei os olhos por um momento.

    O coração parecia fora de compasso, e o ar, denso demais para entrar direito.

    — Tá tudo bem? — perguntou ela, preocupada.

    — Acho que sim… foi só uma dor rápida, uma pressão estranha — respondi, abrindo os olhos. A visão ainda estava meio borrada. — Tudo ficou… sensível demais.

    A luz, o som, até as palavras dela pareciam me atingir com força exagerada.

    Mas, tão rápido quanto começou, passou.

    Em questão de segundos, o mundo voltou ao foco.

    A dor se dissolveu como se nunca tivesse existido.

    — Já tô melhor — falei, tentando tranquilizá-la.

    Renata arqueou uma sobrancelha.

    — Helena, isso parece mais do que “só uma dorzinha rápida”. Foi o remédio que te deram? Ou é teu sono todo bagunçado?

    — Não sei — confessei. — É complicado dizer. Pode ser tudo… ou nada.

    Esses sintomas podem ser os primeiros de qualquer coisa… 

    Suspirei.

    — Mas deve ser só o cansaço.

    Ela ficou em silêncio por alguns segundos, me observou como se tentasse adivinhar se eu ia desmaiar.

    — Tá… mas se sentir de novo, me fala — disse ela, levantando-se e me oferecendo a mão. — Agora vem, antes que o frango esfrie.

    Levantei com cuidado. Caminhamos até a fila, que já se formava no pátio como uma procissão em busca de carboidratos.

    Enquanto esperávamos, o burburinho ao redor era o de sempre.

    Dois garotos, aparentemente do primeiro ano, conversavam na frente da fila:

    — Viu que saiu rumores do novo Bom de Guerra? Tais tolo, vai ser pica!

    — Sério? Pior que não, só vi coisa do novo remake do Residente do Mal 3 que sai semana que vêm.

    — Caralho, verdade, bora virar jogando?

    — Óbvio!

    Olhei para Renata de canto de olho rapidamente… Ela que já me olhava com uma cara de deboche… 

    — Que coisa feia, né… Virar a noite jogando, pessoas responsáveis nunca que fariam isso — sussurrou ela, com o falso tom crítico na voz. 

    — Pois é… Esses jovens de hoje em dia, são foda

    Ambas começamos a rir aleatoriamente… Até que outra conversa atrás de nós me chamou atenção.

    — Viu aquele novo produto que vai sair? O tal do Elixir? — disse uma garota animada.

    — Vi! Tá todo mundo comentando. A gente podia comprar junto! — respondeu a amiga.

    — Claro, miga, fechou!

    Olhei discretamente para trás. Eram duas meninas do segundo ano, provavelmente.

    Nem pareciam o tipo de gente que se interessaria por esse tipo de coisa.

    “Que estranho…”

    Renata percebeu no que eu estava prestando atenção, comentou em voz baixa: 

    — Acho que ouvi sobre isso nos anúncios daquele novo jogo que vai sair.

    — Qual jogo? — perguntei.

    — Aquele lá sabe? o Project A da Rito Gomes. Tão dizendo que é tipo um CS misturado com LOL — respondeu ela, enquanto fez um sinal de aspas com as mãos.

    Dei uma risada curta.

    — Porra, o pessoal do marketing desse elixir tá investindo pesado, então. Rto geralmente não cobra barato para esse tipo de coisa

    — Pois é — disse ela. 

    Ficamos um tempo em silêncio depois disso. A fila andou devagar.

    O cheiro de pão e frango recém-saído da chapa misturava-se ao barulho do pátio, mas algo naquela dor parecia estranho.

    Apesar da dor, um pequeno formigamento ficou na cabeça…

    Por um momento, pensei em comentar sobre a dor de cabeça de novo, mas deixei pra lá.

    Não queria preocupar ninguém por algo que, com sorte, somente seria o começo de uma gripe ou resultado de uma noite mal dormida.

    POV: RENATA SILVEIRA.

    O recreio de sexta sempre tinha seu próprio caos, mas aquele dia estava diferente.

    Logo após ter pego o maravilhoso pão com frango enquanto andava pelos corredores, percebi que a escola parecia meio… deslocada.

    Novos rostos por todo lado, professores substitutos, vozes que eu não reconhecia.

    E, ao mesmo tempo, tinha as mesmas conversas familiares de sempre, as risadas conhecidas. 

    Uma mistura confusa entre rotina e novidade.

    Passei pelo pátio, observando os grupos espalhados.

    Uns falavam sobre séries, outros sobre namoros, outros… sobre o tal elixir.

    Até ouvi um garoto comentar sobre um suposto incêndio que ocorreu no bosque da cidade há alguns dias… Apenas um rumor aleatório provavelmente. 

    Essas frases se repetiam em vários cantos, como um eco coletivo.

    Continuei andando, a escola parecia diferente também fisicamente, o pátio parecia mais limpo, os murais cheios de cartazes novos. 

    Alguns falavam sobre os torneios literários do semestre, mas outros tinham propagandas de cursinhos:

    “Nova fórmula. Desperte o leitor que há em você!”

    “Siga esse passo-passo e desbloqueie o gênio que você é! O futuro da leitura chegou.”

    Todos com cores chamativas, letreiros espalhafatosos e várias outras ideias que tentavam chamar a atenção do leitor. 

    “Não ironicamente, funcionou comigo pelo visto…”

    Parei momentaneamente para colocar um guardanapo no lixo que ficava ao lado do bebedouro, quando percebi um detalhe que não havia visto antes nas propagandas… Todos tinham um símbolo em comum… 

    Era um…? 

    — Rê, bora pra sala? — disse Helena, há alguns metros atrás. 

    — Bora, bora — respondi, de bate-pronto. 

    Mas… Aquele tipo de coisa em todos os cursinhos não parecia ser apenas coincidência… 

    Era um novo patrocinador? 

    “Ah… que se foda, deixa para lá, deve ser nada…”

    Me virei, e parti em direção a sala junto à Helena.

    Aquilo provavelmente era apenas uma coincidência. 


    Arquivo Confidencial: V-1206-V
    Classificação
    : Sigilo Alto – Acesso restrito às patentes: Leitor Fanático e Leitor Novato.
    Instituição Responsável: SLI – Sociedade dos Leitores Livres.
    Data da Transcrição: X/XX
    Relator: IVYRA, H. Codinome: Clover.
    Assunto: Relatório de Contenção – Tempo de Contaminação.

    TEMPO ATÉ O INÍCIO DO SURTO: 96 HORAS.

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