Índice de Capítulo

    *Click*

    Algo ainda mais chocante que o ar frio deu as boas-vindas a Cale quando ele abriu a porta da carruagem.

    — J-jovem mestre-nim!

    Alguém parecia muito feliz em vê-lo, correndo em sua direção com os dois braços abertos.

    Era o Rato-Anão Mueller. Ele nem sequer vestia o casaco corretamente enquanto corria em direção a Cale, parecendo prestes a chorar.

    “…O que há de errado com ele?”

    Cale olhou para Choi Han. No entanto, Choi Han deu de ombros como se também não tivesse ideia. Mueller chegou à frente de Cale naquele momento e começou a recuperar o fôlego.

    — J-jovem mestre-nim.

    — O que?

    O Mueller normal se encolheria de medo na frente de Cale. Cale ficou confuso com o quão diferente Mueller estava agindo em relação ao normal.

    Mueller agarrou a lateral da calça de Cale naquele momento.

    — …O que está acontecendo?

    A expressão desesperada de Mueller confundiu Cale, mas ele primeiro empurrou Mueller para longe antes de perguntar.

    — Algo está estranho.

    O valor de Mueller estava em ascensão após projetar as muralhas do castelo e o Navio Tartaruga Dourada. Por que ele parecia tão assustado quando deveria estar andando por aí com a cabeça erguida?

    — Prefiro seguir você por aí! Is-sso é demais!

    Cale fez sinal para Choi Han cuidar de Mueller por enquanto e entrou na Vila Harris.

    Não havia guardas na Vila Harris naquele momento.

    Os soldados e cavaleiros que estiveram aqui antes retornaram ao Castelo Henituse.

    Parte disso aconteceu porque era segredo que Cale estava movendo a Tribo Tigre para a Vila Harris, mas o mais importante é que a Tribo Tigre não precisava de soldados para protegê-los.

    Além disso, aqueles soldados e cavaleiros estavam atualmente treinando sob o comando do Capitão Cavaleiro no castelo.

    Cale olhou para a cerca de madeira que parecia ter sido ajudada por Mueller antes de entrar na vila cercada de neve.

    {Parece divertido!}

    Raon começou a falar.

    A expressão de Cale ficou estranha.

    — Mm.

    Ele podia ver jovens tigres, lobos e dois gatinhos rolando na neve.

    {Eu também vou brincar!}

    — Faça o que quiser.

    Raon apareceu no ar e correu em direção às crianças brincando na neve.

    — Ah!

    Cale ouviu um suspiro vindo de trás. Era Mueller. O meio-anão pareceu ficar chocado ao ver Raon, aproximando-se de Cale mais uma vez e apertando suas calças.

    Cale não o empurrou desta vez. Olhou para o homem de trinta anos que parecia uma criança e começou a falar com simpatia.

    — Tigres e gatos são da mesma família felina.

    Mueller balançou a cabeça com tanta força que sua cabeça poderia cair.

    Cale deixou Mueller se esconder atrás dele. Era porque havia Gatos e Tigres correndo em sua direção.

    — Nossa! Quanto tempo!

    — Você finalmente chegou!

    On e Hong foram os primeiros a chegar até Cale. Choi Han, que estava ao lado dele, soltou uma risadinha. Isso porque ele conseguia ver os cantos dos lábios de Cale se contraindo.

    — Sentimos sua falta!

    O gatinho ruivo Hong, que usava roupas grossas, esfregou a cabeça na perna de Cale. Mueller rapidamente fugiu para trás de Choi Han.

    — Ouvimos dizer que você se machucou.

    A gatinha prateada On, que havia crescido um pouco depois de completar 12 anos, circulou em torno de Cale. No entanto, 12 ainda era jovem, então ele respondeu à criança preocupada.

    — Sim, eu tossi sangue.

    On e Hong, assim como os jovens Tigre e Lobos ao redor deles, começaram a franzir a testa. Raon também franziu a testa.

    Cale não se importou e engoliu em seco ao ver alguém se aproximando à distância.

    — Bem-vindo, jovem mestre-nim.

    — Sim, faz tempo que não nos vemos.

    Comparado ao Cale, todo agasalhado, o xamã Gashan vestia apenas uma fina camada de roupa. Gashan começou a sorrir, de olhos fechados.

    — O mordomo assistente Hans nos contou o que você fez no Império.

    O que você fez no Império.

    Cale foi contatado por muitos lugares por causa disso.

    Todos os nobres do Nordeste, assim como nobres de todo o Reino, o convidaram para diferentes celebrações. A única exceção foi Eric, que havia enviado uma carta preocupada, verificando o estado de Cale.

    Cale respondeu casualmente, pois já tinha ouvido isso muitas vezes.

    — É mesmo? A natureza não te disse mais nada?

    — Huuu.

    Cale estremeceu ao ouvir o barulho que saía da boca de Gashan.

    Ele se arrependeu de perguntar sobre a natureza.

    Ele encarou Gashan, que se agarrava firmemente ao seu cajado, sem entender nada. Naquele momento, Gashan inclinou um pouco a cabeça e começou a falar.

    — A natureza disse que… o Norte estará cheio de ar quente neste inverno.

    “Uau.”

    Cale ficou surpreso. No entanto, sua expressão estóica fez Gashan continuar a falar sem questionar.

    — A Aliança do Norte não é nossa inimiga? Estou preocupado que o ar quente que enche o Norte signifique que coisas boas acontecerão com eles.

    — Não precisa se preocupar com isso.

    A voz confiante de Cale fez com que os guerreiros que vieram com Gashan olhassem para ele.

    Cale sorriu gentilmente para eles.

    — Só precisamos fazer o que precisamos fazer. As coisas vão acontecer como desejamos.

    — …Entendo. Não há necessidade de se preocupar com coisas que estão tão distantes no futuro.

    Gashan assentiu enquanto Cale pensava consigo mesmo.

    “A natureza realmente é psíquica.”

    *Tap* *Tap*

    Cale virou a cabeça e viu um Dragão Negro chocado batendo em seu ombro. O menino de seis anos olhava para Gashan, espantado.

    Cale ouviu a voz de Raon em sua cabeça.

    {Humano! Isso é incrível! Tenho certeza de que o xamã Tigre não sabe nada sobre a “Fúria do Dragão!”}

    Fúria do Dragão.

    Esse era o nome do pilar de fogo que Eruhaben havia criado.

    Cale apenas sorriu para Raon.

    “É aquele sorriso de novo!”

    Raon balançou a cabeça e voou em direção a On e Hong. As crianças, agora com nove anos de idade, cochichavam entre si enquanto Cale as ignorava e começava a andar.

    — Vamos para casa.

    — Sim senhor.

    Casa.

    Choi Han e Gashan seguiram Cale. Mueller se certificou de ficar o mais longe possível de Gashan enquanto os seguia, ainda segurando as calças de Cale.

    A casa sobre a qual Cale estava falando era, naturalmente, a Vila do Super Rocha.

    Algumas pessoas vieram até a entrada da Vila do Super Rocha para cumprimentá-lo. Cale começou a sorrir assim que as viu.

    — Tão tortuoso!

    — Sinto que ele está tramando algo de novo!

    — Você tem razão! É aquele sorriso de novo!

    Hong, On e Raon. Os comentários rápidos dos três foram ignorados enquanto Cale olhava para as pessoas na entrada da caverna.

    Normalmente, Lock, Hans e Rosalyn seriam os primeiros a recebê-lo na entrada. Era por isso que ele esperava que eles também estivessem ali naquele momento.

    Entretanto, as pessoas na entrada da caverna eram pessoas completamente inesperadas.

    — Você está aqui?

    Era a mestre espadachim Hannah. Ela estava encostada na lateral da caverna, com os braços cruzados. Cale não prestou muita atenção à sua breve saudação e, em vez disso, olhou para as duas pessoas que a fizeram se mover.

    A sacerdotisa maluca Cage. Ela roía as unhas enquanto se apoiava em uma perna e balançava a outra. Estava tão imersa em seus próprios pensamentos que nem percebeu que Cale havia chegado.

    — Seu deus maluco. Por que você continua aparecendo nos meus sonhos e chorando?! Agarrou as calças do jovem mestre Cale? Que diabos você está tentando dizer?!

    Cage não conseguia dormir direito nas últimas semanas.

    Ela ouvia a voz do Deus da Morte em seus sonhos todas as noites. Ele fungava e choramingava sem parar.

    Como um deus pode agir dessa maneira?

    Ele sempre murmurava a mesma coisa também.

    {Finalmente, finalmente! Cale, aquele humano era mesmo de verdade! Agora posso compartilhar uma morte linda com o mundo!}

    Essa afirmação não foi tão estranha.

    No entanto, Cage não conseguia acreditar no que ele diria depois disso.

    {Você quer tentar ser uma Donzela Sagrada?}

    Cage acordava naquele momento todas as vezes e gritava de volta.

    Que besteira! Você acha que eu sou louca?!

    No entanto, ela ouviu a voz do Deus da Morte junto com uma forte dor de cabeça quando respondeu dessa forma esta manhã.

    {Faça o que quiser. Esse é o caminho que você deve seguir.}

    Ele estava dizendo para ela fazer o que quisesse.

    Isso a fez sentir-se ainda mais desconfiada.

    — Ca-Cage-nim.

    Ela podia ouvir a voz trêmula de Santo Jack.

    O Santo Jack. Ele vinha reclamando de insônia, dor de cabeça e coração batendo forte nos últimos dias. Disse que não ouvia a voz de um deus e que se sentia estranho todos os dias.

    Cage olhou para Jack enquanto ele chamava seu nome antes que todo seu corpo começasse a tremer.

    Uma sensação sinistra de repente a dominou.

    — Filho da-!

    Ela praguejou enquanto virava a cabeça na direção daquele sentimento sinistro.

    Ela já havia sentido essa sensação sinistra antes.

    Era o mesmo sentimento que ela sentiu quando fez um voto diante do Deus da Morte de se tornar uma sacerdotisa.

    Não, foi mais intenso do que naquela época.

    O fato de ela ter sentido isso quando fez seu voto era um segredo, pois ninguém mais havia sentido.

    — Me xingar assim que me vê? Eu até gosto desse tipo de cumprimento.

    O olhar de Cage pousou em Cale quando ela virou a cabeça.

    Ela respirou fundo. Ouviu falar das coisas incríveis que Cale fez no Império. Ficou em dúvida se deveria começar a conversa falando sobre isso, mas o que saiu de sua boca foi algo que nem ela esperava.

    — Jovem mestre-nim, o que você trouxe?

    A mente de Cage clareou assim que ela perguntou isso.

    — Que coisa terrível você trouxe com você?

    Esse sentimento sinistro.

    Embora a Igreja do Deus da Morte tente disfarçar a morte como algo acolhedor, Cage sabia a verdade.

    Não havia nada mais cruel do que a morte justa, porém injusta.

    A morte visita todas as pessoas, não importa se você é rico ou pobre, poderoso ou fraco.

    Foi por isso que foi justo.

    No entanto, também era injusto porque tiraria a vida de uma boa criança e deixaria um bastardo malvado viver até se tornar um velho.

    Cage percebeu que Cale havia trazido algo consigo. Naquele momento, ela ouviu a voz de Jack em seu ouvido.

    — …Huh?

    O Santo Jack olhava para Cale com uma expressão confusa. Ele batia no peito como se não conseguisse entender o que estava acontecendo.

    Cale começou a sorrir ainda mais depois de ver a reação de Jack.

    — Como esperado.

    A sacerdotisa louca Cage era uma pessoa incrível, como ele esperava.

    Cage era mais autêntica do que o Santo Jack.

    Foi uma longa jornada do Império até a Vila do Super Rocha.

    Entretanto, Cale não foi parado por nenhum dos sacerdotes da Igreja do Deus Sol nem da Igreja do Deus da Morte em seu caminho de volta.

    Entretanto, Santo Jack estava hesitante em se aproximar dele enquanto Cage caminhava rapidamente até ele.

    Ela então começou a falar.

    — Jovem mestre Cale, por que você tem uma aura tão perigosa? Não faz bem à sua saúde!

    Cale observou a expressão de Cage enquanto ela compartilhava suas preocupações com ele.

    — Senhorita Cage e Jack-nim.

    Cale apontou calmamente para a entrada da caverna.

    — Vamos entrar primeiro antes de conversar.

    Cale assumiu a liderança enquanto eles se dirigiam para a vila subterrânea.

    Um momento depois, uma xícara de chá foi colocada na frente de Cale. O assistente de mordomo Hans também colocou alguns salgadinhos na frente dele antes de sair silenciosamente do quarto de Cale.

    Cale se recostou no sofá localizado em seu quarto no quinto andar da vila pela primeira vez em muito tempo enquanto começava a falar lentamente.

    — Por favor, beba um pouco de chá porque nossos corpos estão frios.

    Cage e Jack observaram Cale por um momento antes de lentamente pegarem suas xícaras e beberem o chá. Cage se acalmou um pouco depois de beber o chá calmante.

    Naquele momento, dois itens foram colocados na mesa.

    Um espelho compacto antigo.

    E…

    — Pffff.

    Cage cuspiu o chá da boca dela.

    — Um livro.

    Autor, Uma Morte Sincera.

    *Pli* *pli*

    Um pouco do chá que ela cuspiu escorreu pelo rosto até o chão. No entanto, nem Cage nem Cale prestaram atenção nisso.

    Cale escondeu seu nervosismo quando começou a falar.

    — Um item divino.

    Cale não sabia muito sobre itens divinos.

    — O que você acha?

    No entanto, a sacerdotisa louca Cage estendeu a mão para o livro sem responder. Cale falou assim que viu Cage hesitar.

    — Por favor, dê uma olhada.

    Ela imediatamente pegou o livro assim que ele disse isso.

    Foi naquele momento.

    *Shhhhhhh-*

    O livro branco de repente ficou preto.

    *Bang Bang!*

    Cale virou a cabeça depois de ouvir alguém batendo na janela.

    — Humano! O que você está fazendo? Sinto uma aura muito assustadora!

    Ele podia ver Raon gritando com o rosto achatado como uma panqueca na janela. Ele tinha voado até lá em algum momento depois de brincar com On e Hong lá fora.

    Sua velocidade rápida chocou Cale, que então ouviu a voz de Cage.

    — …Isso…

    Cale virou a cabeça para ela.

    O coração de Cale estava começando a bater rápido.

    “Quão incrível seria esse item divino?”

    Ele podia ver Cage engolindo em seco.

    Ela então começou a falar.

    — …Es-este é um item de uso único.

    — Hum?

    Cale ficou chocado.

    — Com licença? Srta. Cage, o que a senhora acabou de dizer?

    “Eu ouvi errado?”

    Cale olhou para Cage novamente.

    Ela se lembrou do que o Deus da Morte havia lhe dito em seus sonhos e começou a falar.

    Cale começou a ficar cheio de expectativa novamente enquanto esperava o que ela tinha a dizer. Ela continuou.

    — Eu também não tenho tanta certeza.

    — …Com licença?

    Era realmente um item de uso único.

    Nem mesmo Cage sabia de mais nada.

    Ela então contou a Cale o que viu.

    — Este livro só tem uma frase que eu consigo entender.

    Cale lembrou-se do que havia lido depois de ouvir suas palavras.

    < Todas as formas de vida do mundo são lindas depois de mortas. >

    < Você deseja morrer? >

    < Siga-me! >

    < Venha aprender sobre a maneira mais fácil de morrer! >

    Foi isso que ele leu.

    Mas foi apenas uma frase para Cage?

    Cale agora a observava com uma expressão diferente. Ela olhou para ele e se lembrou de algo que o Deus da Morte lhe disse na noite anterior, após semanas de soluços e comentários intermináveis.

    Heróis são existências que nem os deuses conseguem prever. Agora é hora de um herói nascer.

    O Nascimento de um Herói.

    A louca sacerdotisa Cage afastou esse pensamento enquanto explicava a frase que leu no livro.

    — Você está curioso sobre o método para matar a morte?

    O livro com centenas de páginas foi encurtado para aquela única frase.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota