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    Combo 09/50

    Entretanto, a voz do Super Rocha desapareceu assim que ele pousou em campo.

    {Isto não é um campo?}

    — Este é o lugar certo.

    Cale respondeu à pergunta do invisível Hong enquanto se aproximava do local mais silencioso da propriedade.

    {Não existem dispositivos mágicos!}

    Isso foi possível porque Raon já o havia informado com antecedência.

    A família dos Cavaleiros Guardiões Sekka.

    Cale, naturalmente, havia reunido todas as informações possíveis sobre a casa. Era por isso que ele conhecia aquele lugar.

    Ele percebeu imediatamente que esse era o ‘campo’ sobre o qual havia aprendido.

    O primeiro Duque da casa Sekka, bem como o primeiro Cavaleiro Guardião, criou um jardim na frente, um jardim nos fundos e um pequeno campo no canto.

    Ele cuidou pessoalmente do campo quando envelheceu. Cultivou todos os tipos de vegetais, fertilizando-os, regando-os e repelindo insetos para mantê-los saudáveis.

    A maneira como ele cuidava do pequeno campo parecia tão simples e modesta que se tornou outra maneira de descrever o comportamento do homem.

    Foi por isso que a família usou este campo mesmo após a morte do homem.

    No entanto, o número de pessoas que usavam esse campo pessoalmente diminuiu com o passar dos anos e, no final, ele permaneceu apenas uma parte da história, sendo mantido para ter uma aparência organizada, mas não usado para mais nada.

    Mas o fato de eles manterem esse campo inútil por tanto tempo em nome da história ainda era uma ação louvável.

    — Isso é legal.

    Foi por isso que Cale simplesmente caminhou pelo campo e comentou sobre suas boas condições.

    {Humanos, estaremos cavando?}

    Ele ignorou a pergunta de Raon.

    *Swooooooosh-*

    Em vez disso, ele se concentrou no Som do Vento.

    Cale olhou ao redor. Conseguiu ver o jardim dos fundos, bem como os prédios da propriedade, bem iluminados, mas tranquilos, ao contrário da praça caótica. É claro que as pessoas lá dentro provavelmente não conseguiam dormir.

    Ele também podia ver o campo.

    Finalmente, ele pôde ver um pequeno galpão próximo ao campo.

    Era um galpão pequeno e velho.

    — …Deve ser isso.

    Cale começou a sorrir.

    Ele rapidamente se dirigiu ao galpão. O galpão era tão pequeno que Cale precisou se agachar para entrar.

    Choi Han observou Cale olhar para o galpão antes de ficar no campo de guarda.

    *Tap* *Tap*

    Choi Han olhou para baixo ao sentir algo bater em seu sapato. Não havia nada ali.

    — Miauuu.

    Então ele ouviu o miado de On. A neblina começou a aparecer lentamente, cobrindo a área ao redor do campo.

    Choi Han estendeu a mão em direção ao aliado invisível e confiável e On subiu em seu braço para sentar-se em seu ombro.

    Cale não prestou atenção ao ambiente escuro e enevoado enquanto se agachava em frente ao galpão. Viu uma porta enferrujada.

    Ele tentou puxar a porta com toda a sua força.

    *Scrun* *Scrum*

    — Mm.

    Não se moveu nem um pouco.

    Parecia enferrujado demais para ser movido.

    — Ah…

    — Miauuu.

    Ele ouviu o suspiro de Raon e o miado de descrença de Hong. Cale ignorou e soltou a porta.

    — Raon.

    — Entendi, nosso humano fraco. Nem preciso usar magia nisso. Minha pata dianteira já basta.

    Cale não conseguiu deixar de pensar no comentário de Raon.

    “Você consegue abrir portas com essas suas patas curtas?”

    Aparentemente, ele conseguiu.

    *Creck*

    A porta tinha duas marcas no formato das patas de Raon, pois se abriu facilmente. Não, quebrou. Cale olhou para a porta que mal pendia e começou a falar.

    — Vamos apagar essas marcas.

    {Tudo bem.}

    *Crack* *crack* *bang!*

    Raon agarrou a porta e a chutou mais algumas vezes. No final, as marcas desapareceram e um grande buraco a substituiu. As pessoas nunca imaginariam que fosse a pata de um dragão agora. Parecia mais como se uma orbe de mana tivesse sido usada para arrombar a porta.

    — Eu poderia ter derretido com veneno.

    Cale ignorou a voz triste de Hong.

    Ele então deixou as duas crianças para trás ao entrar no galpão. Ele não conseguia nem ficar em pé ali.

    — Raon, luz.

    Um pequeno orbe de luz surgiu para iluminar o galpão. A expressão de Cale ficou estranha.

    — …Ferramentas agrícolas?

    Ele só conseguia ver ferramentas agrícolas.

    Havia uma pá que parecia bem nova, uma enxada que parecia ter alguns anos e uma picareta velha. Havia também muitas outras ferramentas diversas.

    Cale pegou a enxada. Havia uma enxada também em sua bolsa mágica.

    Embora ele desejasse que esta velha enxada fosse o item divino, infelizmente, o vento apontou para o canto.

    Cale olhou para o canto cheio de itens diversos.

    — Haaaa.

    Ele suspirou antes de se agachar para recolher os itens. Embora parecesse cafona ao movê-los para o lado, Cale estava concentrado no trabalho.

    No entanto, ele franziu a testa e começou a falar.

    — Hora de pagar.

    — Miauu.

    Hong veio ajudar.

    — Humano, vamos levar isso embora com o vento! Uhh, o galpão também vai voar se fizermos isso?

    Raon estava falando em voz alta enquanto eles estavam dentro do galpão.

    — Sim, vai.

    — Entendo! Mas tem algo estranho aqui!

    “Estranho?”

    Cale jogou um prato de cobre para o lado enquanto olhava para Raon.

    Raon notou os itens divinos da última vez com base nas sensações que teve.

    — O que é estranho?

    Raon respondeu alegremente à pergunta de Cale.

    — Raiva! Destruição!

    “…O que?”

    — Um rancor!

    “…Um rancor?”

    — Essas são as coisas que eu consigo sentir!

    *Bum*

    Uma pequena pinça na mão de Cale caiu no chão. Ele havia encontrado o objeto que o Som do Vento estava tocando naquele momento. A voz de Raon também continuou.

    — Sim! É esse o item! Sinto um rancor tão frio quanto o inverno vindo dele! Parece a vingança da neve! Ah, que nome bonito! A Vingança da Neve!

    “Isso está me deixando louco.”

    Cale olhou para o item que Raon estava chamando de ‘A Vingança da Neve’.

    Era um regador.

    Parecia um regador azul comum.

    Seu design estava ultrapassado devido à idade.

    Cale cobriu o rosto com as duas mãos.

    Isto não parecia ser as ‘Lágrimas de Deus’.

    — Raiva e rancor? Parece mais ‘Fúria de Deus’ do que Lágrimas de Deus.

    — …Huh?

    Cale tirou as mãos do rosto.

    Não havia razão para que toda a lenda fosse verdadeira.

    “Talvez?”

    Cale olhou para Raon, que piscou seus olhos redondos algumas vezes antes de soltar um “ah!” como se percebesse o que Cale estava pensando.

    — Humano, não acho que seja perigoso para nós! Ele não vai ficar bravo conosco!

    Cale imediatamente pegou o regador após ouvir o comentário de Raon.

    Ele então o inspecionou cuidadosamente. Não havia nada do lado de fora, nem na parte inferior, nem na parte superior. Absolutamente nada. Ele não viu nada escrito.

    — …Eu estava errado?

    Cale se lembrou do livro do Deus da Morte. Ele esperava que algo estivesse escrito naquele regador também. É claro que havia itens divinos, como o item divino do Deus Sol, que Cale não conseguia ver.

    *Click*

    Cale abriu a tampa do regador, decepcionado. Também não havia nada dentro.

    — Não há nada aqui?

    Ele suspirou antes de fechar a tampa.

    — Ah!

    Ele então abriu novamente e girou a tampa.

    — Ha, haha-

    Cale começou a rir.

    Havia uma linha de texto minúscula embaixo da tampa. Quase parecia uma decoração com padrão rendado.

    Cale apontou para as palavras e fez uma pergunta a Raon.

    — Você pode ampliá-lo com magia?

    — Claro que consigo! Eu sou grande e poderoso!

    Raon olhou para a parte interna da tampa e começou a falar.

    — São palavras!

    — Leia.

    Cale imediatamente ordenou a Raon, que começou a ler lentamente.

    — A mesma coisa se repete sem parar! Parece que está aqui pelo menos umas cem vezes!

    Cale estava curioso sobre o conteúdo do pequeno texto que estava escondido no formato de um padrão.

    A voz de Raon ecoou dentro do pequeno galpão.

    — A vida termina sem nada. A água acabará transbordando, mesmo que você construa uma represa. Eu criei um rio para a terra congelada, mas todos vocês o impediram de fluir.

    Cale percebeu que havia algo errado desde o começo.

    O lago da lenda das ‘Lágrimas de Deus’ não era realmente um lago.

    Era um rio.

    Raon continuou a ler.

    — Só há uma conclusão para todos vocês que expulsaram minha criança preciosa para saciar sua ganância.

    “Criança preciosa? A lenda não diz que o deus deixou para trás um Cavaleiro Guardião?”

    A declaração final saiu da boca de Raon.

    — Tudo voltará ao normal assim que o rio finalmente fluir.

    Raon terminou de ler e olhou para Cale.

    — Raon, que tipo de letras você vê?

    — É uma linguagem rúnica!

    — Realmente?

    Raon havia lido a linguagem rúnica semelhante à que viram no livro do Deus da Morte. O fato de não ser um item mágico, embora a linguagem rúnica estivesse escrita nele, tornava provável que a verdade estivesse escrita naquele regador.

    Claro, essa era a verdade da perspectiva do deus.

    Cale pensou nas informações uma de cada vez.

    O deus originalmente criou um rio para o norte congelado. No entanto, os povos que viviam nesta terra no passado transformaram o rio em um lago para acumular água para si.

    Isso fez com que o deus se enfurecesse e deixasse para trás este item divino.

    Além disso, o povo expulsou o precioso filho do deus antes que eles chegassem ao lago.

    Se essas afirmações fossem verdadeiras, isso significava que a lenda atual havia mudado muitas informações.

    “O Cavaleiro Guardião não é alguém que o deus selecionou.”

    O Cavaleiro Guardião que os cidadãos do Reino Paerun e até o próprio Clopeh acreditavam ter sido escolhido pelo deus tinha uma história completamente diferente.

    “Essa criança preciosa é a rival do Fogo da Destruição?”

    Ele lembrou o que o Super Rocha havia dito.

    {Você está tentando destruir os vestígios do eterno rival do fogo?}

    Ele sentia como se muitas coisas complicadas tivessem se juntado.

    Mas Cale logo parou de pensar nisso.

    Não havia motivo para resolver tudo naquele momento. Não era hora nem lugar para isso.

    Cale olhou para o regador.

    — Raon, vamos guardar isso por enquanto.

    — Tudo bem! Isso não vai nos fazer mal!

    Raon imediatamente colocou o regador em sua dimensão espacial. Cale então rastejou de volta para fora do galpão apenas para ver que uma névoa espessa cercava a área.

    Cale levantou a cabeça e viu que Choi Han havia caminhado até ele. Ele fez uma pergunta.

    — Já está quase na hora?

    — Sim, Cale-nim. Acho que eles chegarão em breve.

    Cale deu uma ordem para On e Hong.

    — Vamos começar.

    — Miauuu.

    A névoa ao redor do campo começou a se espalhar. A névoa era completamente branca. Estava cheia de veneno que faria as pessoas perderem o senso de direção. Essa névoa venenosa cercava Cale e o campo em que estavam. No entanto, a névoa não tocou Cale. Apenas o cercou para protegê-lo.

    {Humano, vamos para Arm agora? Vamos roubar as coisas deles?}

    — Ainda não.

    Cale balançou a cabeça negativamente diante da pergunta de Raon. Ele então corrigiu a resposta ao ouvir a voz de Choi Han.

    — Parece que eles chegaram.

    Choi Han olhou para o portão principal. Sentiu uma presença forte se fazendo sentir à medida que se aproximava da porta.

    {Eles chegaram! Já está na hora?}

    — Sim. Vamos cumprimentar Arm.

    Choi Han estremeceu com a frase de Cale.

    Entretanto, Cale pediu a Raon para usar magia de voo de forma relaxada.

    Seu corpo, cercado pela névoa venenosa, começou a flutuar lentamente.

    Foi naquele momento.

    *Baaaaaang!*

    *Bang!*

    Barulhos altos de batidas ecoaram por toda a propriedade Sekka, deixando toda a área agitada. Cale conseguiu ver o que estava acontecendo assim que pousou no telhado.

    — Hahahaha! Que fraco!

    Um homem que usava uma máscara preta e o traje surrado de uma organização secreta estava rindo enquanto pisava nos restos da escultura de um wyvern que ele tinha acabado de destruir.

    Archie, a Baleia Assassina, havia destruído aquelas esculturas horríveis com as próprias mãos. Archie recebeh essa ordem de Cale mais cedo naquele dia:

    Faça como quiser.

    Archie balançou os punhos em direção aos cavaleiros que corriam em sua direção.

    *Bang!*

    O último wyvern, o símbolo do Cavaleiro Guardião, foi destruído. Archie pôde fazer o que bem entendesse pela primeira vez em muito tempo.

    — Nossa, isso é um wyvern ou uma mosca? Que fofura! Eles quebram tão fácil se você só tocar neles! Ahahaha!

    Cale sorriu satisfeito ao ver Archie agindo como um lunático. Rosalyn e Paseton, ambos usando a mesma roupa surrada, estavam parados atrás de Archie.

    — Maravilhoso.

    Cale olhou para os cavaleiros e para o Leão que vinha em sua direção enquanto aproveitava a brisa fria.

    O Leão macho usava uma armadura de couro em vez do uniforme de Arm. Ele começou a gritar com a testa franzida.

    — C-como ousam usar roupas falsas tão horríveis! Devem ser aqueles desgraçados!

    Cale se sentiu ainda melhor.

    — O ar da noite é tão refrescante.

    Ainda era madrugada.

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