Capítulo 192: Destruindo isso! (1)

Combo 22/50

Alberu Crossman.

O homem do outro lado da linha não parecia estar bem.

O homem que costumava parecer majestoso e impecável estava agora recostado na cadeira com o cabelo bagunçado.

— Meu coração dói ao vê-lo assim, Vossa Alteza.

— Besteira.

O príncipe herdeiro estava prestes a dizer algo mais quando viu que Cale também não parecia muito bem e decidiu não dizer.

Em vez disso, Alberu foi direto ao assunto.

— Vimos os cavaleiros do Reino Paerun entrando em Norland.

Paerun, Norland e Askosan.

Esses eram os nomes dos três reinos da Aliança do Norte.

Dos três, Norland era o reino ao norte da Floresta das Trevas. Eles fariam fronteira com o Reino Roan se a Floresta das Trevas não existisse.

— O informante destruiu o dispositivo de comunicação de vídeo após entregar essas informações.

O informante enviado para Norland era um dos Elfos Negros do príncipe herdeiro.

O fato de seu Elemental não ter retornado parece significar que ele ainda está vivo.

— Ele retornará vivo.

Alberu sorriu com a resposta de Cale antes de retornar ao assunto em questão.

— Atualmente estou trabalhando com o Reino de Breck para ver se alguns dos Cavaleiros Paerun também foram para Askosan.

Askosan era o reino mais próximo do Reino Breck, com o Desfiladeiro da Morte entre eles.

— Parece provável que os Cavaleiros Paerun também foram para Askosan.

— De fato.

A mensagem do informante indicou que havia dezenas de cavaleiros.

O Reino de Paerun era o reino dos cavaleiros do norte. No entanto, mesmo um reino com muitos cavaleiros normalmente não enviaria dezenas de cavaleiros para outro reino.

— Algo está estranho.

Foi por isso que Alberu achou aquilo estranho.

— Ainda é cedo demais para atravessar o oceano. O que eles estariam pensando?

Havia uma razão para o Reino Roan e o Reino Breck terem se preparado para o ataque na primavera. Embora Roan estivesse perto do norte, Askosan e Norland estavam ainda mais ao norte.

Suas costas provavelmente ainda estavam congeladas.

Isso aconteceu principalmente porque era início de fevereiro, uma das épocas mais frias do ano.

“Se os cavaleiros estão se movendo, os soldados logo se moverão também.”

O Reino Roan poderia ter pensado que estava apenas fazendo alguns exercícios de treinamento se não soubesse do objetivo da Aliança do Norte.

— É muito cedo para atravessar o oceano. O gelo em uma parte da água derreterá em meados de fevereiro, mas isso é um desperdício. Eles precisarão de muito trabalho manual para removê-lo.

Então por que se mover agora?

A Aliança do Norte quer começar essa guerra tão rápido?

Alberu mordeu os lábios.

A decisão da Aliança do Norte foi surpreendente. Enviar dezenas de cavaleiros para ambos os reinos foi fácil para os outros reinos notarem.

O fato de eles ainda escolherem fazer isso tão abertamente significava que havia algo em que eles estavam confiantes.

Ele então pensou na costa nordeste do Reino Roan. A construção da base naval. Essa informação já havia se espalhado por todo o continente. Eles a mantiveram em segredo pelo máximo de tempo possível, porém, algo assim era difícil de conter indefinidamente.

No entanto, a maioria das pessoas acreditava que a base naval estava em seus estágios iniciais.

Eles estariam errados.

Eles haviam construído dezenas de navios e estavam se preparando para a guerra, mantendo-os escondidos com magia por meio de magos.

“Tudo isso graças a esse punk também.”

Alberu olhou para Cale.

O subordinado de Cale, o mestiço Rato Anão. Embora tivesse retornado ao território Henituse, ele havia permanecido nas margens de Ubarr por um tempo para examinar suas plantas.

Graças a isso, eles puderam começar a construir os navios antes do esperado.

Mas seus planos, que visavam a primavera, tiveram que mudar.

O informante deles também foi descoberto.

“O que eu perdi?”

Uma coisa.

Ele percebeu que havia um fator desconhecido que ele não havia percebido.

Ele não conseguiria resolver os pensamentos em sua cabeça sem conhecer esse fator crucial.

Alberu afrouxou a gravata firmemente amarrada em seu pescoço.

— Cale, você consegue descobrir?

Alberu perguntou com uma voz frustrada.

Cale era o único a quem ele podia demonstrar essa frustração, e ele ligou para Cale pensando que o comportamento normalmente calmo dele o ajudaria a se acalmar.

No entanto, ele soltou uma risada de pena.

— Não, como você poderia saber?

— Wyvern.

Alberu parou de rir.

Cale podia ver Alberu quase o encarando com um olhar penetrante através da tela.

— A Brigada dos Cavaleiros Wyvern foi revivida.

Os olhos de Alberu se arregalaram.

O Cavaleiro Guardião da lenda do Reino Paerun e a Brigada dos Cavaleiros Wyvern que ele liderava.

Alberu sentiu sua mente clarear.

É o céu.

Eles não estavam usando navios.

Não, haveria navios. No entanto, eles viriam primeiro pelo céu e depois por navios.

Mas o que podemos fazer em relação ao céu?

O olhar preocupado de Alberu se dirigiu a Cale.

— …Quando você descobriu?

— Você sabe sobre o incêndio no lago do Reino Paerun?

— Foi você?

— Sim, senhor. Foi quando eu descobri. Esqueci de denunciar.

— Seu filho da- haaaaa.

Cale deu de ombros casualmente.

Essa ação fez Alberu, que estava suspirando, perceber uma coisa. Cale parecia calmo demais.

— …Nosso jovem e inteligente mestre Cale. Eles estarão sobrevoando a Floresta das Trevas se vierem pelo céu. O território Henituse ficará bem?

Alberu podia ver os cantos dos lábios de Cale se contraindo.

Cale esperou muito tempo por isso.

Ele ficou perturbado no início, pois era diferente do que leu na novel; no entanto, este era um mundo completamente diferente do que a novel era. Por isso, ele se preparou e se organizou novamente para os dias seguintes.

Não havia razão para esperar mais.

— Sua alteza.

— Sim?

— Por favor, prepare uma ordem para me dar o comando das forças armadas da região Nordeste.

— Há.

Alberu soltou uma risada.

Cale estava pedindo algo tão grande de uma forma tão casual.

“Sim, deveria ser assim. Este é o Cale Henituse que eu conheço.”

Cale continuou a compartilhar seus pedidos com Alberu.

— Por favor, prepare também uma Brigada de Cavaleiros e uma de suas Brigadas de Magos.

Cale começou a sorrir.

— E então é só esperar.

Alberu passou a mão pelos olhos.

“Esse maluco desgraçado. Esperar? Então ele vai defender a cidade sozinho?”

Ele sorriu enquanto fazia uma pergunta a Cale.

— O que diabos você anda fazendo?

Cale apenas deu de ombros.

— Seu bastardo atrevido.

Contrariando suas palavras, o príncipe herdeiro Alberu sorria radiante. Ele penteava o cabelo bagunçado como se o estivesse penteando.

Ao mesmo tempo, ele também percebeu o que precisava fazer.

— Então havia um motivo para você ter chamado a necromante de volta. Faça o que for preciso. Eu cuido do resto.

— Apenas ganhe poder, Vossa Alteza.

— Não se preocupe. Estará tudo em minhas mãos quando a guerra começar.

Alberu, que parecia finalmente ter voltado ao normal, começou a planejar uma maneira de levar adiante o plano que tinha traçado com a mente clara. Alberu estava imerso em pensamentos e não percebeu que Cale se encolheu de repente.

A voz de Raon ecoou em sua cabeça.

{Eles querem destruir a nossa casa enquanto cavalgam uns wyverns idiotas? Sério?}

Cale sentiu arrepios ao ouvir aquela voz extremamente séria. Ele fez o possível para ignorar os devaneios daquele dragão de seis anos.

— De qualquer forma, farei o que tiver que fazer, para que você cuide da sua parte.

*Click*

Alberu desligou sem qualquer notificação.

Cale recostou-se no sofá e olhou para o dispositivo de comunicação de vídeo.

Ele tinha muitas coisas para fazer novamente.

Cale voltou imediatamente para casa no dia seguinte com os restos mortais do Rei Lobo.

***

— Pai.

— Sim.

A dupla pai e filho, que não se viam há algum tempo, não parecia feliz.

O Conde Deruth tomou um chá morno para se acalmar. Ele já tinha ouvido a informação de Cale por vídeo.

— Os Cavaleiros Paerun foram para Norland?

— Sim senhor.

— E você acha que eles vão invadir com os wyverns?

— Sim senhor.

— Eles também entrarão no Reino Breck e em nosso lado noroeste via Askosan?

— Correto.

*Tap*

Ele colocou a xícara de chá na mesa.

O Conde Deruth então olhou para a bandeira do território no escritório.

Ele podia ver a tartaruga dourada, o brasão da família Henituse.

Ele então disse uma palavra ao filho.

— Certo.

Isso foi o suficiente.

— A família Henituse era originalmente uma família de artistas marciais e, da mesma forma, a muralha da região nordeste do reino Roan.

Deruth não era um guerreiro, mas sabia manejar uma espada e não havia esquecido o caminho das artes marciais. Por que mais ele se esforçaria tanto para criar uma Brigada de Cavaleiros em um território remoto como este?

A Tartaruga Dourada.

Você precisava estar completamente preparado para viver uma vida longa e pacífica.

Ele olhou para o filho, que tinha o cabelo ruivo da mãe, a única pessoa ruiva na casa.

— Os assuntos do território são da minha conta, e ajudar meu filho também é da minha conta.

Ele se lembrou das coisas que Cale pediu na ligação.

Deruth estendeu a mão para o filho.

— Vamos tentar.

Seu filho já havia lhe dito isso em algum momento no passado.

— Pai, vamos tentar.

Seu pai não havia se esquecido disso.

Ele se concentrou em aumentar o número de soldados do território desde o final do outono passado e também encheu os armazéns com comida.

Ele também garantiu que as muralhas do castelo, assim como todas as terras do território, estivessem bem equipadas e prontas para defesa.

Cale agarrou a mão do Conde Deruth.

— Silenciosamente, por favor, pai.

Cale pôde ouvir a resposta de Deruth através do aperto firme que o pai lhe deu na mão. Aquilo foi o suficiente.

Não havia mais nada que ele precisasse dizer ao Conde Deruth naquele momento.

Foi por isso que Cale imediatamente saiu do castelo em direção à Floresta das Trevas.

***

Ele ficou onde costumava ficar o Pântano Negro e olhou para o chão seco.

— Fazia tempo que eu não vinha aqui. Isso é ótimo. Senti muita falta.

A necromante de túnica negra, Mary, começou a falar enquanto estava ao lado de Cale. A voz mecânica tinha um leve toque de alegria.

— É mesmo Mary? Gosto de ver este lugar com você e o humano fraco também! Nosso jardim da frente é realmente o melhor.

O Dragão Negro ao lado de Mary respondeu a ela. Tanto o Dragão Negro quanto o Manto Negro continuaram a espiar em direção a Cale.¹

O movimento dos cavaleiros do Reino Paerun.

Cale não disse muita coisa desde que ouviu aquela informação. Raon pensou nisso enquanto começava a torcer o nariz. Raon começou a falar.

— Humano, não se preocupe. Ninguém vai se machucar-

— Cale-nim!

Entretanto, alguém interrompeu Raon.

Choi Han, o xamã tigre Gashan e o menino lobo Lock estavam todos indo em direção ao Pântano Negro.

Cale os chamou.

Todos tinham expressões sombrias no rosto ao ouvir o que estava prestes a acontecer. É claro que Gashan também estava um pouco ansioso.

Os três se dirigiram a Cale, que nem se virou, continuando a olhar para o Pântano Negro. Cale parecia não ter intenção de se virar.

— Jovem mestre-nim-

Gashan chamou Cale. Cale finalmente se virou.

O confiante Choi Han, o beligerante Tigre Gashan e o hesitante Lobo Lock.

— Choi Han, Gashan.

— Sim, Cale-nim.

— Por favor, fale, jovem mestre-nim.

O olhar de Cale se dirigiu para o oeste.

— Vamos para a Garganta da Morte. Preparem-se.

Cale então se virou para Lock.

Lock estremeceu no momento em que seus olhares se encontraram, porém, seu olhar estava mais confiante do que antes. Parecia nervoso por se mover com Cale pela primeira vez em algum tempo.

Cale percebeu que Lock ficou mais forte depois de treinar com Choi Han.

Contudo, ainda não era o suficiente.

A tribo dos lobos considerava a matilha e sua família importantes.

No entanto, os lobos só cresciam quando estavam sozinhos.

Perda e solidão. Eles precisavam dessas emoções que só conseguiam sentir quando estavam sozinhos. Eles precisavam dessas emoções para realizar uma outra emoção.

Essa outra emoção foi essencial para os Lobos.

Cale lembrou-se do item que estava em seu bolso.

A Herança do Rei Lobo.

Era um diário.

Mas este diário foi escrito com sangue.

Cale começou a falar com Lock, que esperava nervosamente por suas ordens.

— Lock, você também vai. Prepare-se.

— Sim, sim senhor!

O Rei Lobo precisava espalhar seu nome pelo mundo mais uma vez.

— Mary.

— Sim, senhor?

O Manto Negro esvoaçou e seguiu em direção a Cale.

Entretanto, seu olhar se dirigiu para o Pântano Negro após ouvir um barulho.

*Bum*

Algo apareceu do bolso espacial na mão de Cale.

Raon personalizou esta bolsa com um bolso espacial para Cale.

— Mm.

Lock estremeceu e deu um passo para trás. Seus olhos estavam fixos no centro do Pântano Negro.

O xamã Gashan soltou um suspiro e começou a resmungar, incrédulo.

— É um dragão.

Um cadáver de dragão, um conjunto de ossos brancos, apareceu no centro do pântano seco.

O grande dragão antigo estava exercendo muita pressão, embora fosse apenas um conjunto de ossos.

Este era o cadáver do Dragão que Cale tinha visto quando encontrou a Aura Dominadora dois anos atrás.

— …Ah.

Mary soltou um suspiro. Seu olhar se voltou para Cale. Cale também a observava.

Ele começou a falar.

— Controle-o.

Ele deu uma ordem à necromante Mary. O Manto Negro respondeu com confiança após alguns segundos de silêncio.

— Eu posso fazer isso, não, eu farei isso.

— Bom.

Mary cerrou os punhos ao ver Cale respondendo como se sua resposta fosse esperada.

Cale olhou para o céu.

O Dragão devoraria os wyverns e dominaria o céu oriental.

1. É, vou manter o que o autor coloca e descrever ela como “manto negro” quando aparecer.[↩]