Capítulo 5: One-shot tosco, parte 5.
Nathan, enquanto alongava os braços, deu uma breve examinada no campo de batalha: iluminado pelo sol, era uma ponte larga, ideal para desviar de feitiços. Não era cercada por nada, suspensa num abismo de fundo não visível…
Se fosse necessário, sabia como usar a queda.
— Puxa…
Era Chad. Interrompendo os polichinelos, o olhar meio assustado.
— Parece que temos pouco tempo… — Parecia nervoso.
— O que disse?
— Você não mora nesse castelo, então é justo não saber disso… — começou ele, como se pedisse desculpas. — Mas essa ponte… bem, você já viu que horas são?
— Não sei… eu tenho cara de índio pra saber, olhando o sol?
Chad cuspiu um “imbecil!”, junto do catarro.
— É uma da tarde — falou o homem, coçando os cabelos ruivos. — Eu não devia estar aqui.
— Eu também não, veja só! — latiu o garoto, rindo.
— Me ouça! — desesperou-se Chad. — Esse castelo é mágico. Certas portas só se abrem quando você faz carinho nas maçanetas. Algumas janelas não deixam a luz entrar, se você pedir…
Como se dissesse “prossiga”, Nathan respondeu com um aceno.
— Essa ponte… veja, eu não passo a tarde aqui, então ela… ela tira um descanso.
Silêncio. O vento trouxe uma bola de capim seco, rolando-a entre eles.
— Ela o quê? — indagou Nathan.
— Exatamente o que você ouviu — Ele não sabia onde esconder o rosto.
— Um descanso? Ela tira um descanso? Que história é essa?!
Nem o dono do castelo sabia dizer.
— Nunca parei pra marcar o horário, mas… — Ele encarou o sol, como se fosse adiantar de algo. — Deve ser pouco antes das duas horas.
— Ela vai fazer o quê, tirar um cochilo?
Chad o fitou, sério.
— Espera… você tá brincando, certo? — perguntou o garoto, preparando o riso.
— Nenhum pouco.
As mãos de Nathan começaram a suar. Devia ser uma piada. Tinha que ser.
— Ela… ela vai se deitar? Tipo, soltar o outro lado e se jogar contra… — E olhou para o abismo, sentindo a garganta secar. — Contra o abismo?
— Uhum…
— Tá de sacanagem…
De repente, o rosto de Chad assumiu um tom cinzento. Sua pupila diminuiu, e Nathan, por instinto…
“Magia?!”
…Saltou para o lado, ficando na beira do abismo.
— IDIOTA! — gritou o inimigo, furioso.
Quando olhou para trás, o horror invadiu o peito de Nathan.
— O que você fez?!
— Nathan?! — gritou Jikan, respirando sem ritmo.
Havia um circulo.
Ele surgiu dourado, feito de energia, sob os pés da garota. Ela não conseguia se mexer.
— Não era pra desviar! — gritou ele com Nathan.
“Merda!”, amaldiçoou Nathan em sua mente.
Círculos e mais círculos mágicos, também dourados, surgiram no ar, ao redor de Jikan. Desesperado, Yago Dias não pensou muito.
Chad percebeu e…
— NÃO SEJA TOLO!
Mas ele não deu ouvidos. Embuiu os pés com as chamas azuis e, num salto, se pôs diante da garota.
— Vai doer, mas é pro seu bem — disse ele.
— O-O quê?!
Sem responder ou avisar, Nathan a empurrou com tudo. Ela caiu para trás, longe do centro do círculo…
Mas o círculo, como se percebesse…
— IMBECIL! — berrou Chad.
…Fez de Nathan o seu próximo prisioneiro.
Os círculos no ar foram nascendo aos montes, como se fossem estrelas em plena luz do dia. Eram vagalumes perigosos voando em torno do rapaz.
— Muito bem! — disse o dono do castelo, satisfeito. — Por rejeitar a minha mestra, fazendo pouco caso de sua boa vontade, bem na minha frente… eu, Chad Deathapple, como servo de Katharine von Stahl…
Ergueu a mão aberta, mirando Nathan.
— …Eu declaro e realizo esta execução…
Jikan fechou os olhos.
— PÚBLICA!
E dispararam. Ao mesmo tempo. Todos os círculos mágicos dispararam no mesmo instante.
— NATHAN! — gritou Jikan, de joelhos, horrorizada.
— — —
Escuridão…
A encontrou de novo, a escuridão.
“Merda!”
Eram tantos tiros, tantos ataques, que as dores se somaram e…
“Anularam…”
…Negaram a si mesmas.
“Eu não posso morrer…”
Ainda devia um encontro.
“Não posso… simplesmente… morrer aqui.”
Mas…
“Como posso… como vou sair dessa situação? Tô paralisado… milhões de disparos me acertam, e não matam…”
E uma voz, a mesma de antes, vinha de algum lugar da mente…
— Isso pode salvar a sua vida, quem sabe?
“Mestra!”
Era isso!
“Suspensão…”
Não foi tão difícil, já que não sentia mais o corpo.
— ABSOLUTA!
Era a mesma situação, a mesmíssima prisão de antes. E se estivesse certo, ele só precisava..
— Explodir!
Sobrecarregar o feitiço!
“É agora!”
Imaginou uma fagulha nascer diante dos olhos. Uma sementinha de fogo. Ela foi crescendo, crescendo e crescendo…
— O que ele está fazendo?! — gritou alguém, parecia Chad.
Hito-no-Tama!
Pequena, do tamanho de uma bola de isopor. Mas ela não parou. Continuou crescendo. Absorvia todo o kirei que Nathan lhe enviava…
…Até os disparos da Execução Pública ela parecia consumir.
— Não atrase a sua morte, infeliz! — berrou Deathapple, irado. — Quer nos levar pro outro mundo com você?!
Mas ele não se importou.
“Agora!”
Como se fosse o centro do furacão, a Hito-no-Tama, que não parava de crescer, fazia os ventos girarem em torno de si mesma.
— Está… me… arrastando? — indagou-se Jikan, protegendo o rosto com os braços em xis.
Nem o inimigo parecia firme.
— Pare com isso, idiota! PARE COM ISSO!
O desespero em sua voz entregou tudo. Quando abriu os olhos, Nathan não estava mais preso. A esfera engolira até o círculo mágico de Chad…
…E agora preenchia a largura da ponte por completo.
— Ho… — murmurou Nathan, respirando calma e lentamente. — Mos…
E segurou as últimas sílabas. Chad arregalou os olhos, incrédulo.
— Desgra…
— PHE, RA!
E a Hito-no-Tama, agora Homosphera, disparou contra o subordinado mais leal de Von Stahl. Ela correu por toda a ponte, deixando um rastro de destruição…
— MALDIÇÃO! — foi o grito do inimigo, que ia se afastando, morrendo na distância.
A bola azul, cortando o horizonte, atingiu o outro lado e explodiu. Os destroços voaram por todos lados.
O cheiro de pedra queimada reacendeu no ar.
Nathan não percebeu quando Jikan havia se aproximado, mas não reclamou. Ficou feliz de ser abraçado pelas costas.
— Eu fiquei com medo… — disse ela, chorosa. — Eu pensei… eu pensei que você fosse…
— Morrer?
— Sim, idiota… idiota!
— Bem, eu tô vivo — respondeu ele, dando de ombros.
— Pra sua sorte, idiota!
E não só isso.
“Ao que parece…”
Ele venceu.

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