Opa pessoal, tudo bem? Bem, só queria dizer que não estou lançando tanto capítulo ultimamente porque virei clt, então tá complicado achar tempo e descanso para poder escrever. Hoje tive uma baita vontade de produzir algo, por isso tá tendo capítulo hoje kcakscakscaksca. Espero que aproveitem 🙂
Capítulo 39: Reencontro
Com o soar de uma doce voz feminina e o claro brilho do sol que nascia agredindo as pálpebras do homem, ele acordou.
Sua visão permanecia embaçada, mas, junto de sua consciência, voltava. Acreditando que já teria partido do mundo real, perguntava-se como deveria ser seu novo lugar. O céu? O purgatório? Será que conheceria o Inferno que Sarah e seus antigos colegas costumavam visitar com frequência?
Essas dúvidas pararam de surgir quando, num momento de surpresa, observou as árvores dançarinas, os bancos infantilmente rabiscados e as sujeiras industriais da praça.
Porém, o que mais o deixou surpreso foi uma silhueta jovem — mais jovem do que estava acostumado nos últimos meses —, que se vestia elegantemente para a escola e tinha os cabelos curtos e ruivos.
Naquele momento, sentia-se acordado, mas continuava com a visibilidade levemente afetada. Pelo visto, as fortes pancadas recebidas na noite anterior contribuíram para isso, deixando-o assustado.
Sentou-se vaga e adequadamente no banco, esfregando os olhos com as partes externas das mãos, visando melhorar a visão, sem muito sucesso. Logo após, encarou a silhueta à sua frente por alguns segundos, esperando uma resposta para tudo aquilo.
— J-João… — a silhueta tremia enquanto se aproximava do rapaz ferido, que permanecia calado.
“O que está acontecendo…? Ainda estou vivo…? Quem é…”
— João! — gritou a jovem, que pulou em cima da pessoa que tanto chamava. Abraçou-o, ignorando completamente seus machucados, como se necessitasse senti-lo e descobrir se ele era real. — É você, João?!
— Ai! — gemeu ele, buscando afastar a jovem de seus machucados. — Q-quem é você?
— O que aconteceu com você, João?! Por que sumiu do nada? Por que não se lembra mais de mim?!
— E-espere um pouco… — observou-a mais um pouco, até que — seus cabelos vermelhos… Você é…
— Sou a Rosa! A garota com quem você conversava aqui na praça antigamente e que comprou os biscoitos de chocolate!
— R-Rosa…
“Eu… me lembro desse nome…”
— Você prometeu que me encontraria aqui na praça!
“A promessa, é verdade…”
— Sim… então é você, Rosa…
A garota, percebendo que não fora esquecida, ajoelhou-se em frente ao amigo, apoiou a cabeça nas coxas dele e caiu em lágrimas e gritos altos. Ignorando o horário e o fato de que poderia acordar os moradores ao redor, despejou toda a sua frustração e medo dos últimos meses em forma de fortes exclamações:
— E-eu achei que nunca mais ia te ver! P-por que você sumiu sem me avisar?! F-fiquei sozinha por todo esse tempo te esperando aqui, e você não aparecia!
— A-acalme-se, Rosa… — tentava amenizar a dor da garota acariciando seus belos fios de cabelo. — Está tudo bem agora…
— N-não está! V-você está todo machucado, é-é visto como um monstro por todos na cidade, e eu não tive ninguém para conversar e brincar! V-você sumiu, e minha mãe não está mais ficando em casa! P-por que quebrou sua promessa?!
— Suas dores aparentam ser maiores que as minhas… — revelou um pequeno sorriso por descobrir o quão importante era para a garota. Mesmo que não tivessem muito contato, um laço bem amarrado foi criado. Afinal, ela era um dos motivos pelos quais ele estava batalhando tanto.
— N-não seja idiota! V-você está acabado!
— S-se percebeu isso, poderia se afastar um pouco?
A garota chorosa limpou as lágrimas e se levantou, colocando-se de frente para João.
— Me desculpe por te deixar preocupada… Estive ocupado e precisei viajar para minha cidade natal. Como era urgente, não deu para avisar.
— F-fugiu por causa dos assassinatos no prédio?
— … — encarou a garota com um olhar depressivo. — Também acha que eu matei eles, certo?
— Óbvio que não! Um fracote como você nunca conseguiria fazer isso!
— Ei.
— Mas… sei que nunca seria capaz de fazer isso com qualquer pessoa… Você é muito gentil.
Após ouvir isso, suspirou aliviado por saber que ainda tinha alguém do seu lado. Afinal, o detetive com quem “podia contar” não pôde atender um simples telefonema.
— Fico feliz que ainda confia em mim, Rosa.
— É… — Rosa tirou a mochila de couro das costas, abriu-a e revirou por alguns segundos, até tirar um jornal amassado. — Mas o senhor virou notícia por aqui, e ninguém mais gosta de ti!
— Uou, não esperava que você gostasse de ler jornais.
— Gosto de me manter bem informada, mas esse não é o ponto! Sua cara ficou estampada por semanas nas primeiras páginas e, mesmo que tenha sido inocentado, continuam te incriminando.
— Eu vi os jornais das últimas semanas. Não tive um destaque tão grande quando fui inocentado…
— Poderia processar todas essas pessoas, não poderia?
— Estou com problemas demais para me preocupar com o que pensam de mim, entende?
— Percebi… O que aconteceu contigo para ficar assim? Deveria ir ao hospital…
— E você deveria ir à escola, não é?
— Não é como se fosse tão importante assim…
— Isso é muito importante, Rosa.
— As pessoas não gostam de mim lá, e minha mãe não se importa comigo… Deve estar tudo bem se eu repetir por um ou dois anos.
João se levantou do banco e vestiu seu sobretudo manchado e rasgado.
— Eu me importo. Então, se não for estudar, não voltarei mais aqui.
— Não seja chato! Quando eu estudava, você não vinha de qualquer jeito! Já quebrou a nossa promessa!
O jovem deu um leve tapinha na cabeça da garota, esfregou seus cabelos e respondeu:
— Não perdi meu dedinho, logo, não quebrei a promessa.
— Hm…
— Falando sério agora, mesmo que eu tenha voltado, ainda estou ocupado, então não poderei ficar aqui… Preciso achar um lugar para descansar e me recompor completamente.
— Consegue tudo isso indo ao hospital.
— Detesto hospitais, e já fui para lá há alguns dias. A polícia procurou por mim até na minha cidade natal, quem dirá no hospital.
— Ainda querem te prender? Você não foi inocentado?
— Parece que o chefe deles quer ter uma palavrinha comigo… Enfim, não quero tomar mais do seu tempo, então vá para a escola.
Rosa tirou a mão de João de sua cabeça e virou de costas para ele.
— Tá bom, tá bom. Irei para a escola, mas só porque hoje terá queimada na educação física.
— Além de bem informada, é atlética…
— É o único momento que posso agredir aquelas garotas chatas sem qualquer retaliação — respondeu a ruiva, colocando a língua para fora em seguida.
— Rosa sendo Rosa, hahahaha!
— E você é mesmo o João, chato como sempre!
— Ai, ai… — O homem esticou o pulso em direção à jovem, como se solicitasse um toque. — Acerte-as com a maior força possível por mim.
Rosa pôs-se de frente com seu amigo e, com um grande sorriso, esticou sua mão com o dedinho levantado.
— Eu prometo, hihi!
Esquecendo-se um pouco da dor, João pôde sorrir mais uma vez. Levantou seu dedinho e, como das outras vezes, enlaçou-o com o da garotinha.
— Então é isso. Partirei em busca de um lugar para ficar. Boa aula, Rosa.
— Ah, falando nisso!
— O que foi?
— Posso ajudá-lo em relação à moradia, mas com algumas condições!
— Sério? Algum parente seu não se importa em manter um ex-criminoso em casa?
— Primeiramente, você é i-no-cen-te! Segundo que não, não tenho nenhum parente conhecido por aqui.
— Rosa, não me diga que pretende me levar para sua casa…
— É uma ideia muito melhor do que essa — abriu um sorriso malicioso e assustador para o rapaz machucado —, mas, como eu falei, tem algumas condições.
— Hm… agora estou curioso. Quais seriam as…
— Puxa, estou atrasada! Infelizmente não poderá saber agora, bobão! Me encontre aqui de noite que falaremos disso, tchau! — Rosa gritava enquanto saía disparada da praça, deixando João parado e solitário.
— Ela fez de propósito… — suspirou, para logo depois rir silenciosamente. — É bom ter uma pessoa assim por perto.
…
“Não vou perdê-la como ocorreu com as outras pessoas.”
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