Capítulo 37 — Vizinha Irritante
— Olá, você é a nova pessoa que mora no apartamento 48?
Era uma voz feminina suave.
Gustav virou-se para a direita para encarar a pessoa que acabara de falar.
Era uma adolescente com um moletom azul e shorts verdes justos. Ela parecia atlética com sua figura esguia. Seu cabelo tinha um toque de prata e rosa, dando a ela um visual delicado com um sorriso gentil no rosto. Outra coisa que a destacava eram os dois pequenos chifres que saíam das laterais de sua testa. Os chifres tinham cerca de três centímetros de comprimento, mas tinham uma aparência espiralada como a de um unicórnio.
Ela vinha em direção a Gustav do beco.
— Sim, posso ajudá-la? — Gustav questionou depois de analisar a garota em um instante.
— Não, pelo contrário, posso te ajudar com isso? — A adolescente apontou para a caixa na mão de Gustav enquanto falava.
— Não, obrigado, estou bem — Gustav respondeu enquanto virava para seguir em direção às escadas.
A garota ficou surpresa com o olhar desinteressado e distante de Gustav.
Gustav começou a subir as escadas e, surpreendentemente, a garota o seguiu.
— Espere, eu também moro aqui, seremos vizinhos, então deixe-me pelo menos te ajudar — Ela chamou Gustav de trás.
— Nenhuma assistência necessária — Gustav respondeu sem olhar para trás.
A garota, que era obviamente do tipo teimosa, correu para a frente de Gustav e virou-se para encará-lo enquanto subia as escadas de costas.
— Eu sou Angy, prazer em conhecê-lo, eu também moro no último andar — A garota disse com um sorriso fofo no rosto.
— Prazer em conhecê-la também, Angy — Gustav respondeu enquanto virava para a esquerda e subia as escadas mais rápido.
Ele passou ao lado de Angy enquanto subia.
— Espere, e você? Qual é o seu nome? — Angy questionou Gustav, que já a tinha ultrapassado.
Gustav congelou por um instante antes de continuar subindo novamente: — Gustav.
O tom de sua voz era baixo, mas audível.
— Gustav? Nome bonito — Angy riu baixinho e subiu as escadas para ficar diante de Gustav novamente.
— Vamos, deixe-me ajudá-lo com isso — Angy propôs novamente.
— Nenhuma assistência necessária — Gustav disse novamente antes de virar para a esquerda e subir para passar ao lado dela.
Tum! Tum! Tum! Tum!
Ela subiu as escadas novamente e bloqueou Gustav.
— Vamos, seremos vizinhos, temos que ser legais um com o outro — Ela disse enquanto tentava pegar a caixa de Gustav.
— Não precisa! — Gustav afirmou enquanto ele movia para a caixa para o lado, desviando da mão dela.
— Vamos — Ela disse novamente enquanto estendia a mão para pegar a caixa.
— Não precisa! — Gustav desviou do braço dela novamente.
— Vamos.
— Não precisa!
— Deixe-me ajudar você.
— Sua ajuda é desnecessária.
Gustav estava começando a ficar irritado com Angy tentando ajudar de todas as formas.
Ela se empurrou para a frente novamente para pegar a caixa e, dessa vez, Gustav se afastou completamente.
— Uh? — Angy exclamou enquanto seus pés tropeçavam em um pequeno metal que saía da escada.
Antes que ela soubesse o que estava acontecendo, ela tinha perdido o equilíbrio e o corpo dela estava caindo para a frente.
Desde que eles começaram a trocar palavras, eles já tinham subido para o terceiro andar, então cair nesse ponto a faria rolar cinquenta degraus e sofrer ferimentos.
Gustav já havia calculado isso em sua mente enquanto processava a queda dela. Ele sentiu que ela era irritante e talvez devesse apenas deixá-la para que ela aprendesse a cuidar de sua própria vida, mas ele se lembrou que ela estava apenas tentando ajudá-lo, afinal.
Gustav mudou a caixa para o seu lado esquerdo com velocidade, colocando-a debaixo da axila enquanto segurava a parte de baixo com o braço esquerdo.
Ele rapidamente se virou e estendeu o braço direito.
Angy, que estava caindo em direção às escadas com os olhos fechados devido ao medo, de repente sentiu uma mão envolver a região inferior do seu peito, impedindo-a de cair.
Ele errou os seios dela por um centímetro.
— Quê? — Ela exclamou surpresa enquanto abria os olhos para ver seu corpo a poucos centímetros de colidir com as escadas.
Ela virou o rosto para o lado e encarou o dono do braço, que por acaso era Gustav.
— Cuidado por onde anda — Gustav disse em tom baixo enquanto a puxava para cima.
Nesse momento, Angy sentiu uma onda de constrangimento subindo de dentro. Suas bochechas ficaram coradas enquanto ela encarava Gustav, que virou e começou a subir as escadas novamente.
Ela ficou ali, olhando para as costas dele por vários segundos, antes de subir rapidamente para encontrá-lo.
Tum! Tum! Tum! Tum!
Gustav estava subindo as escadas em uma velocidade moderada, então ela conseguiu alcançá-lo facilmente.
Ela timidamente virou o rosto para a esquerda para olhar Gustav, que continuava subindo as escadas com uma expressão distante.
— Um, obrigado — Ela falou em tom baixo antes de virar o rosto para o lado.
— Hum, de nada — Gustav respondeu.
Ela notou que Gustav não estava mais carregando a caixa com as duas mãos, em vez disso, estava ao lado esquerdo dele.
“Parece que ele realmente não precisava de ajuda,” ela disse internamente com uma expressão surpresa.
À primeira vista, todos considerariam Gustav o típico garoto de aparência fraca, embora ele estivesse crescendo cada vez mais a cada dia. Vendo a caixa grande nas mãos dele, ela pensou que não seria fácil para ele carregá-la até o topo, então decidiu vir ajudar.
— Hum, você também é mestiço? — Ela perguntou com um olhar curioso.
— Também? — Gustav respondeu com uma pergunta.
— Eu sou mestiça, mas você não parecia um, então pensei que fosse um humano normal — Ela explicou enquanto eles subiam as escadas.
— Aparência é um critério para ser mestiço? — Gustav questionou com uma expressão ligeiramente insatisfeita.
— Ah, não, não foi isso que eu quis dizer… é que eu sempre quis ajudar os fracos com a minha força como mestiça, e eu notei você… desculpe, se eu te chateei — Ela percebeu que enquanto ela falava mais e mais o rosto de Gustav estava ficando azedo, então ela decidiu parar e se desculpar.
— Está tudo bem — Gustav respondeu.
A explicação dela o estava lembrando de seu antigo eu, por isso ele tinha uma expressão azeda antes.
“O mundo não merece nenhum herói… apenas tente sobreviver primeiro porque sem poder suficiente sua vida não está realmente em suas mãos,” esse era o pensamento de Gustav depois de lembrar a situação com Hung Jo e o resto. A morte dele teria sido varrida para debaixo do tapete se eles o tivessem matado lá devido aos seus poderosos antecedentes, mas ele matar Paul e causar o estado atual de Hung Jo agitou muito a cidade. Ele provavelmente teria sido pego e morto se não fosse pela senhorita Aimee, e era por isso que sua linha de raciocínio atual era subir ao pináculo do poder neste planeta para que ninguém pudesse mais controlar seu destino ou vida.
— Hmm, eu te vi no ônibus antes, você frequenta a Academia Echelon, não é? — Angy quebrou o silêncio depois de um tempo.
— Hum — Gustav assentiu em afirmação, mas estava se perguntando por que ela faria uma pergunta que tinha uma resposta tão óbvia, já que ele ainda estava de uniforme escolar.
— Ah, que ótimo, eu frequento a escola Black Rock — Angy disse com um sorriso.
Gustav se lembrou da escola Black Rock, já que não ficava muito longe da Academia Echelon.
Assim como a Academia Echelon, a escola Black Rock também tinham mestiços, Slarkovs e humanos misturados, a diferença era que a Academia Echelon tinha mais prestígio.
Enquanto continuavam a subir as escadas juntos, Angy falou sobre sua escola, seus planos para o futuro, seus pais e irmãos.
Gustav ouviu as conversas dela e deu algumas palavras até chegar em frente ao seu apartamento.
Angy ainda estava falando, mas ele teve que interrompê-la, dizendo que ainda tinha que arrumar seu apartamento.
Angy assentiu e acenou para ele com um sorriso antes de seguir em direção ao apartamento em frente ao de Gustav.
Gustav teve vontade de dar um tapa na própria testa depois de notar que ela estava morando com sua família bem na frente dele.
“Vai ficar barulhento por aqui,” Gustav suspirou enquanto entrava em seu apartamento.
Gustav começou a desempacotar e arrumar tudo dentro das caixas.
Ele colocou tudo no lugar apropriado.
O colchão, a tela de projeção de parede, mesa de leitura, etc.
Ele usou Arrancada duas vezes para acelerar seu trabalho e em trinta minutos, ele estava pronto.
Ele olhou para o apartamento com um sorriso.
Nas paredes da sala de estar havia uma projeção dos mares que brilhava. Transmitia uma sensação calmante.
As almofadas de couro preto e vermelho no meio do quarto. Uma mesa de leitura, colocada no canto noroeste da sala de estar com uma prancha circular tipo vidro colocada nela.
Uma prateleira foi colocada no canto sul do quarto.
Gustav estava satisfeito ao ver tudo estruturado da maneira que ele queria.
Seu rosto de repente franziu: — Eu ainda preciso ir pegá-los… Não posso deixá-los lá… afinal, eles me pertencem — Gustav suspirou enquanto falava.
Ele lembrou que havia deixado algumas das roupas que havia conseguido durante estes anos. Ele as colocou no pequeno armário dentro de seu antigo quarto na casa dos pais.
Ele não queria voltar para lá inicialmente, mas agora tinha que fazê-lo.
Eram apenas algumas roupas, e ele poderia facilmente comprá-las de volta, mas ele não queria deixar nenhum rastro de si mesmo naquela casa.
Gustav saiu de seu apartamento recém-alugado e desceu.
Nesse momento, já passava das sete da noite.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.