Capítulo 90 — Pedido de Amizade

Na manhã seguinte, os alunos acordaram muito cedo e se prepararam para o evento de intercâmbio.

Os alunos foram agrupados em centenas. Cerca de oito alunos de cada escola foram colocados em um grupo.

Alunos de outras escolas tiveram a chance de se misturar uns com os outros dessa forma.

Eles foram colocados em ônibus de acordo com seus grupos.

De acordo com o diretor da escola de ensino médio da cidade de Atrihea, os grupos visitariam diferentes lugares na cidade, para que não houvesse uma multidão em um local específico.

O que significava que, enquanto o grupo A visitava o coração da cidade, o grupo B estaria em outro local naquele momento. O mesmo acontecia com os outros grupos.

No final do dia, todos visitariam os mesmos lugares, mas em horários diferentes.

Gustav foi colocado em um grupo com alguns mestiços de sua classe que, na maioria, o encaravam com desprezo, misturado com cautela.

O grupo deles seguia para um lugar conhecido como Sítio #47, na costa da cidade.

Havia cinco garotas de sua classe no grupo. Os três restantes eram garotos.

Apenas dois dos sete alunos não o encaravam de maneira estranha, mas o mesmo não podia ser dito para o resto.

Uma delas em particular não conseguia encará-lo nos olhos. Ela ocasionalmente virava para olhá-lo e depois desviava o rosto, envergonhada.

“Por que eu estou no mesmo grupo que ele?” Ela mordeu o lábio inferior em frustração enquanto se perguntava.

Esta era Yuhiko, a mesma garota que recebeu uma surra de Gustav no dojô.

Quando Gustav entrou no ônibus com esses alunos, ele nem sequer olhou para nenhum deles.

— Não admira que o ar cheira mal, fede a lixo! — Uma das garotas sentadas ao lado de Yuhiko expressou enquanto encarava Gustav.

— Certo, Yuhiko? — Ela perguntou a Yuhiko, que estava distraída.

— Ei, Yuhiko — Ela chamou novamente depois de notar o olhar distraído no rosto de Yuhiko.

— Eu disse, não fede a lixo aqui? — Ela perguntou novamente enquanto virava para o lado para encarar Gustav, que ignorou seus gracejos.

Yuhiko ouviu aquilo e seus olhos se arregalaram ligeiramente enquanto ela virava o rosto para encarar Gustav.

Gustav também virou a cabeça para encará-la. Sua expressão transbordava de extrema indiferença enquanto ele fazia contato visual com Yuhiko.

“Acho que este mundo nunca terá falta de idiotas… O que você dirá, Yuhiko? Como você vai responder?”

Gustav encostou o braço na janela e apoiou o queixo no punho, enquanto um leve sorriso se formava em seu rosto.

Yuhiko rapidamente virou o rosto, envergonhada, e olhou para a pessoa sentada ao lado dela.

— Cale a boca, vadia! — Yuhiko gritou e deu um tapa na bochecha dela.

Pah!

Todos ficaram chocados com o desenvolvimento repentino. Qual foi o motivo da reação extrema de Yuhiko?

Até Gustav não esperava que ela fosse reagir daquele jeito.

— Por que você me bateu? — A garota segurou o rosto e expressou com um olhar de dor e confusão.

— Você pode ver que estamos em um lugar público, em outra cidade completamente, e devemos estar unidos… Aprenda a ter modos — Yuhiko disse com um olhar de justiça.

Os alunos dentro do ônibus olharam para a expressão angelical dela com um olhar de compreensão.

Os alunos da Academia Echelon no ônibus também conheciam Yuhiko por sua atitude de santa, então eles também sentiram que era compreensível.

“Ela está defendendo o lixo, mesmo que ele tenha tido a audácia de convidá-la para sair no passado,” esse era o pensamento deles.

Gustav já sabia como era a situação, mas ele não se importava.

Ele apenas riu internamente.

Os alunos de outras escolas começaram a se perguntar por que a garota se referiu a um dos seus como lixo em primeiro lugar.

Uma garota com cabelo branco caminhou até a posição de Gustav e sentou-se ao lado dele.

“Hmm?” Gustav notou que ela era a mesma garota que se sentou ao lado dele durante a viagem para a cidade de Atrihea.

— Olá — Ela cumprimentou Gustav em tom baixo.

Gustav virou para encarar ela por alguns segundos antes de virar de volta para encarar a janela.

— O que você quer? — Gustav questionou com um olhar de desconfiança.

Ele sentiu que não era coincidência eles sentarem juntos duas vezes, especialmente quando ela estava sentada em outra parte do ônibus antes.

Além disso, ele sentia que qualquer um de sua classe que tentasse iniciar uma conversa com ele teria algum tipo de motivo oculto. Outra coisa era que ela também era meio popular na classe 3, mas ela era do tipo que sempre evitava se intrometer nos negócios dos outros. Pelo que Gustav se lembrava, ela era tranquila, mas também ignorante.

Ele não tinha nenhuma razão para não gostar dela, mas também não tinha nenhuma razão para gostar dela.

— Eu só quero ser sua amiga — Ela disse de forma amigável.

— Eu sou Matilda — Ela disse enquanto esticava a mão em direção a Gustav, em uma tentativa de cumprimentá-lo.

— Não estou interessado — Gustav disse sem virar para sequer olhar para ela.

Matilda teve que baixar a mão antes de começar a falar novamente.

— Essa cidade não é legal… Tem muitas coisas aqui que não estão presentes na nossa — Ela falou com um sorriso enquanto olhava pela janela.

O ônibus passou por diferentes rotas e eles tinham passado por várias estruturas voadoras no processo. Alguns pássaros mecânicos também voaram pelo ar em algumas partes da cidade.

Algumas árvores plantadas ao redor tinham folhas roxas, vermelhas, brancas e de várias outras cores, fazendo a cidade parecer naturalmente colorida.

Gustav também gostava da natureza, então as palavras dela meio que chamaram sua atenção, mas ele ainda decidiu não responder a ela.

— A combinação de natureza e tecnologia é a beleza no seu auge — Ela disse com olhos brilhantes enquanto olhava pela janela.

— Você está começando a soar como um mosquito zumbindo, o que exatamente você quer? — Gustav perguntou com um olhar de desagrado.

— Ai, isso é um pouco cruel — Ela disse com um sorriso irônico e olhou para o rosto de Gustav, esperando algum tipo de reação, mas para sua decepção, Gustav ainda tinha um olhar de indiferença no rosto.

— Eu só quero ser sua amiga — Ela disse com um olhar implorante.

— Você tem frequentado a Academia Echelon por anos, é um pouco tarde para tentar se tornar meu amigo… O que você pretende alcançar sendo amigo de lixo? — Gustav virou-se para encará-la e olhou nos olhos dela depois de jogar sua pergunta para ela.

O olhar que ele deu a fez recuar um pouco.