Capítulo 91 — Sítio #47

“Ele realmente mudou… Não consigo encontrar nem um pingo de covardia em seus olhos, olhar ou modo de falar,” Matilda estava hipnotizada pela maneira como ele a encarava sem quebrar o contato visual.

— Acho que ambos sabemos que você não é lixo… Pelo menos não mais — Ela disse enquanto virava o rosto.

Gustav a encarou com desconfiança por mais alguns segundos antes de virar para encarar a janela novamente.

— Não sei do que você está falando… — Gustav disse.

— Então você vai continuar se fazendo de bobo, hein? — Matilda perguntou.

A desconfiança de Gustav em relação a ela aumentou um pouco novamente.

— Então você também vai continuar se fazendo de boba por não me contar seu motivo para se aproximar de mim? — Gustav também a questionou.

Seu rosto ainda estava distante e calmo, embora ele desconfiasse dela.

Yuhiko vinha roubando olhares para o assento de Gustav, que ficava do lado esquerdo e duas fileiras atrás.

“Por que Matilda se aproximaria dele? Por que eles estão conversando? Sobre o que eles estão falando?” Yuhiko continuava virando o rosto para trás para roubar olhares para eles ocasionalmente.

A garota ao lado dela havia notado esse comportamento estranho, mas tinha medo de questioná-la devido ao que aconteceu antes.

Ela estava desconfiada de tudo agora. A forma como Yuhiko agiu com ela por causa de Gustav e quando ela também notou Matilda conversando com Gustav.

Gustav continuou ignorando Matilda durante a jornada deles para o Sítio #47.

-Quinze minutos depois

Eles haviam chegado à costa da cidade vários minutos atrás.

Esta também foi a primeira vez que Gustav viu o mar.

Ele olhou para o grande corpo de ondas azuis que se estendia por quilômetros com um olhar espantado.

Ele só havia lido sobre e visto fotos.

O Sítio #47 ficava a alguns quilômetros à frente e muito perto do mar.

Para a surpresa de todos, o Sítio #47 não era apenas um lugar, era uma estrutura.

Eles já conseguiam ver uma grande nave espacial de aparência acinzentada antes de chegarem lá.

Parecia uma entidade divina pela forma como se mantinha orgulhosamente em posição. Embora parecesse envelhecida, ainda tinha um tipo de ar majestoso.

Tinha a forma do corpo de um sapo sem cabeça e membros, mas a quantidade de gadgets tecnológicos colocados em diferentes partes a fazia parecer ameaçadora.

Era tão grande quanto trinta campos de futebol juntos. Seria impossível para eles visitarem cada parte se não houvesse círculos de teletransporte internos que os ajudassem com viagens fáceis.

Este local em particular foi onde uma das primeiras naves espaciais dos Slarkovs aterrissou.

Não era uma nave espacial comum como as outras.

Era a nave espacial usada pelo chefe dos Slarkovs, e por isso tinha muito valor histórico.

Havia parado de funcionar por milhares de anos, mas era vista como uma relíquia antiga.

Essa nave espacial era um dos orgulhos e alegrias da cidade de Atrihea.

A cidade foi fundada pelo chefe dos Slarkovs.

Enquanto os alunos eram mostrados diferentes lugares dentro da nave, eles também recebiam essas informações pelo guia.

Gustav agora entendia por que ele vinha vendo mais mestiços com aparências semelhantes às dos Slarkovs dentro do hotel.

Assim como a cidade de Plankton, a população de humanos e Slarkovs também havia diminuído, mas os mestiços aqui tinham aparências mais semelhantes aos Slarkovs do que aqueles na cidade de Plankton.

Na cidade de Plankton, você dificilmente encontraria um mestiço que tivesse qualquer forma de semelhança com os Slarkovs. Angy era um caso raro. Seria difícil encontrar outros assim.

Gustav lembrou-se de ter visto mestiços com barbas tentaculadas. Alguns com cabeças em forma de boca de peixe e outros com chifres como os de Angy.

Todos esses traços vieram do DNA dos Slarkovs.

O guia os levou à sala de hospedagem, que era maior do que todo o sétimo andar em que Gustav morava em Plankton City.

Depois que eles visitaram os quartos de hospedagem, ele os levou para a cozinha. Muitos deles ficaram surpresos.

“A nave tem uma cozinha?”

O guia notou o olhar de confusão no rosto do estudante e explicou.

— Viajar pelo espaço não é uma jornada de poucas horas ou de um dia. Dependendo da distância, pode levar meses ou até anos!

— Viajar da Terra agora com a nave espacial mais rápida para onde o planeta dos Slarkovs costumava estar localizado levaria de dois a três meses… Naquela época, quando as naves espaciais não eram tão rápidas, levou três anos de jornada pelo espaço para os Slarkovs chegarem à Terra — O guia acrescentou.

Aconteceu que o planeta natal dos Slarkovs ficava a mais de três galáxias de distância. O que significava que eles viajaram milhões de anos-luz antes de chegar à Terra.

Gustav ficou surpreso que levou tanto tempo, e ainda assim a Terra era considerada o planeta habitável mais próximo para os Slarkovs. E se a Terra não fosse habitável e eles tivessem que viajar mais longe?

Agora ele entendia por que ter uma cozinha dentro da nave era necessário, embora ainda o surpreendesse.

Eles seguiram para a sala de máquinas em seguida.

A sala de máquinas também era bastante grande.

Mesmo com o conhecimento de tecnologias de Gustav, ainda havia algumas coisas que ele nunca havia encontrado.

Diferentes estruturas foram conectadas umas às outras.

Um dispositivo vermelho em forma cilíndrica pendia no meio de todos eles. Além disso, eles podiam ver grandes aparelhos em forma quadrada que estavam interconectados por grandes fios mais grossos que os corpos de dois seres humanos juntos.

— Mega caçador hipoblástico!

— Distribuidor magnético de antimatéria!

Gustav continuou murmurando alguns dos itens que ele conseguia reconhecer.

Ele estava tomando nota da maneira como esses itens eram usados juntos na sala de máquinas.

O guia o encarou com um olhar de surpresa ao ouvir Gustav mencionar algumas dessas coisas com precisão, mas decidiu não dizer nada.

Gustav de repente viu essa notificação aparecer quando ele olhou para um grande dispositivo semelhante a um tanque de aparência acinzentada.

Gustav encarou a notificação com um olhar surpreso.

“Que bom que não ativou a outra habilidade dessa vez,” Gustav suspirou internamente aliviado.

O guia estava prestes a levá-los para o próximo local quando Gustav o chamou.

— Com licença, você disse que não havia mais energia na nave, certo? — Gustav perguntou.

— Sim, a nave espacial tornou-se obsoleta milhares de anos atrás, depois que os Slarkovs desceram… Não há uma única gota de energia restante aqui — O guia disse com um olhar de certeza.

— Acho que… — Antes que Gustav pudesse completar sua frase, outra notificação apareceu em sua visão.

“Oh, não de novo.”