Hiroshi Ignivor, conhecido em todo o reino como o Herói das Chamas, entrou pelos portões principais do Palácio Real de Imperion acompanhado de seu filho, Haruki Ignivor, o atual patriarca da casa Ignivor. Ambos vestiam trajes formais decorados com o brasão de sua casa, uma fênix flamejante, símbolo de sua linhagem de força e honra.

      O palácio, com sua imponência inconfundível, era um marco arquitetônico. As muralhas de mármore branco brilhavam sob a luz do sol, realçadas por ornamentos de ouro que reluziam em cada canto. As altas torres eram adornadas com bandeiras vermelhas e douradas, cores que simbolizavam a chama eterna de Imperion. Guardas em armaduras resplandecentes posicionavam-se ao longo do caminho, saudando com reverências ao verem Hiroshi, um herói lendário, passar pelos portões.

    — Este lugar continua o mesmo, cheio de ostentação desnecessária — murmurou Hiroshi, para si mesmo, enquanto caminhava com passos firmes pelos corredores decorados com tapeçarias que retratavam vitórias históricas. Haruki, ao seu lado, observava os detalhes com olhos mais práticos, absorvendo a seriedade da situação.

    — Pai, talvez essa convocação seja mais do que aparenta. O rei não nos chamaria às pressas se fosse algo trivial. — Haruki ajustou o manto, seu olhar preocupado refletindo a responsabilidade que carregava como líder da casa Ignivor.

      Hiroshi apenas concordou. Ele sabia que o rei Ryoma só o convocava pessoalmente em situações de extrema importância.

      A sala do trono os aguardava, tão grandiosa quanto o restante do palácio. As altas colunas de mármore vermelho reluziam sob a luz que entrava pelas janelas arqueadas. O trono, feito de ouro e decorado com rubis, reluzia no centro, mas era a figura do rei Ryoma que dominava o ambiente. Seu manto real, decorado com o emblema de Imperion, caía de seus ombros com imponência. Ele estava sentado, com uma expressão serena, mas os olhos atentos avaliavam os dois Ignivor.

      Ao lado do trono, o duque Saito estava de pé, como sempre com sua postura altiva e expressão arrogante. Ele ajustava a gola de seu uniforme, como se tentasse demonstrar superioridade.

    — Hiroshi Ignivor, o Herói das Chamas, e Haruki Ignivor, patriarca da casa Ignivor. Sejam bem-vindos — saudou o rei Ryoma, sua voz grave ressoando pela sala.

    — Majestade. — Hiroshi fez uma breve reverência, seguido por Haruki.

    — Estou feliz que tenham vindo rapidamente. A situação exige atenção imediata. — O rei levantou-se, aproximando-se do par. — Como sabem, o imperador Magnus von August, de Drakmor, está vindo para uma reunião de negócios.

    — Claro, negócios tão importantes que precisamos de toda essa comoção — interrompeu o duque Saito com uma voz carregada de sarcasmo, antes de dar um pequeno sorriso cínico.

    Haruki ergueu uma sobrancelha, mas permaneceu em silêncio. Hiroshi, no entanto, não se conteve. 
    — Se sua contribuição for apenas esse tipo de comentário inútil, talvez seja melhor deixarmos você fora desta conversa, Saito.

    O duque fez uma careta, mas não retrucou, intimidado pela reputação de Hiroshi.

    — Chega — interrompeu o rei, com firmeza, antes de continuar. — A questão é que a rota por onde Magnus viajará passa por Fiamoria, a cidade governada pelo duque Hizuke Ignivor.

    Haruki imediatamente se atentou ao nome de seu irmão gêmeo mais novo. — Hizuke relatou problemas recentes na região. Vilarejos próximos estão sendo saqueados, e os ataques de bandidos aumentaram.

    — Exatamente — confirmou o rei. — A situação se tornou crítica. O imperador Magnus não pode ser colocado em perigo. É por isso que Hiroshi deve viajar até Fiamoria para escoltá-lo até a capital.

    Saito riu, cruzando os braços. — Que conveniente. Precisamos do herói lendário para uma escolta. Parece exagero, não acham?

    — Se você acha que pode fazer melhor, fique à vontade para se candidatar — rebateu Hiroshi, com um sorriso frio.

    O rei ignorou a troca de farpas e voltou-se para Hiroshi. — Esta missão é crucial. Magnus é um homem exigente, e esta reunião é vital para Imperion. Confio em você para garantir sua segurança e trazer o imperador até aqui.

    — Partirei imediatamente — declarou Hiroshi, com um leve aceno de cabeça. — Avisarei Hizuke para reforçar as defesas de Fiamoria até minha chegada.

    — Excelente — disse Ryoma, voltando ao trono. — Confio em sua habilidade, Hiroshi. Faça o que for necessário para proteger nossos interesses.

    Com as ordens dadas, Hiroshi e Haruki deixaram a sala do trono.

    — Hizuke não mencionou a gravidade desses ataques em nossas últimas correspondências — comentou Haruki, enquanto caminhavam pelos corredores do palácio.

    — Talvez ele não quisesse preocupar a família. Mas agora isso não importa. Vamos descobrir o que está realmente acontecendo. — Hiroshi ajustou o manto, sua mente já planejando os próximos passos.

      Sabia que aquela missão era mais do que uma simples escolta; era uma prova de que a casa Ignivor ainda era o pilar de força e proteção de Imperion.

      Haruki e Hiroshi deixaram a sala do trono em silêncio, o som de suas botas ecoando pelos corredores de mármore. A tensão da reunião ainda pairava no ar, mas ambos estavam focados no que precisava ser feito. No entanto, não demorou para que ouvissem passos rápidos atrás deles.

    – Ora, ora, os gloriosos Ignivor – disse o duque Saito, sua voz carregada de escárnio. Ele parou ao lado dos dois, com um sorriso cínico.
     – Impressionante como uma família tão “prestigiada” pode ser tão incapaz de manter a ordem.

      Hiroshi virou-se lentamente, seu olhar estreitando-se como o de um predador prestes a atacar. Haruki permaneceu imóvel, observando a cena, mas com os punhos cerrados.

    – Se Hizuke fosse realmente um bom líder, nenhuma dessas invasões estaria acontecendo nos arredores de  Fiamoria. – continuou Saito, cruzando os braços. – Talvez o rei devesse reconsiderar quem governa uma cidade tão importante. Digo, Fiamoria merece mais do que um administrador incompetente.

      Foi rápido. Antes que Saito pudesse perceber, Hiroshi o agarrou pela gola do uniforme e o empurrou violentamente contra a parede. O impacto ecoou pelos corredores, e a expressão de Saito mudou de confiança para puro medo. O ar ao redor ficou mais quente, e uma fumaça leve começou a sair do nariz de Hiroshi, como se suas chamas interiores ameaçassem escapar.

    – Escute bem, Saito – disse Hiroshi, sua voz grave e baixa, mas cheia de ameaça. – Se você ousar levantar um dedo ou mesmo uma palavra contra alguém da minha família novamente, eu vou garantir que não sobre nada de você além de cinzas. E, acredite, ninguém sentiria sua falta.

      Saito tentou se desvencilhar, mas Hiroshi segurava-o com uma força esmagadora. O duque começou a suar, o calor ao redor aumentando, e sua confiança parecia derreter tão rápido quanto sua dignidade.

    – Pai! Haruki interveio, colocando uma mão no ombro de seu pai. – Ele não vale o esforço.

      Hiroshi permaneceu encarando Saito por um momento, seus olhos brilhando com uma intensidade quase sobrenatural. Então, com um empurrão final, ele soltou o duque, que caiu contra a parede, desajeitado e humilhado.

    – Considere isso um aviso. – disse Hiroshi, ajustando sua roupa como se nada tivesse acontecido.

      O duque permaneceu encostado na parede, respirando com dificuldade, enquanto Hiroshi e Haruki se afastavam.

    – Não sei como alguém tão inútil conseguiu chegar a duque – murmurou Haruki enquanto caminhavam.

    – Política, ele já era um nobre estrangeiro – respondeu Hiroshi, ainda com uma expressão séria. – Mas ele não passará dos limites outra vez.

    Os dois continuaram pelos corredores, deixando para trás um Saito pálido e silencioso.

      Saito permaneceu encostado contra a parede, tentando recuperar o fôlego enquanto massageava o pescoço, ainda marcado pela força de Hiroshi. O calor ao redor começava a dissipar, mas o cheiro de fumaça ainda pairava no ar. Antes que pudesse se recompor completamente, passos firmes ecoaram pelo corredor.

      O médico-chefe do palácio, Mestre Kureta, apareceu com seu semblante austero e olhar clínico, carregando uma pequena maleta de couro. Ele era um homem magro, de cabelos grisalhos curtos e óculos redondos, conhecido tanto por sua perícia médica quanto por sua frieza.

    – Você realmente tem coragem, duque Saito, de ameaçar o homem mais forte deste reino – disse Kureta, sem rodeios, enquanto examinava o duque com olhos críticos. – Hiroshi Ignivor não é alguém com quem se deve brincar.

    Saito esfregou o pescoço, agora mais irritado do que assustado. – Ele não pode continuar assim. Ninguém deveria ser intocável. Ele tem que morrer.

      Kureta ergueu uma sobrancelha, mas manteve sua expressão neutra. Em seguida, olhou para os lados, certificando-se de que estavam sozinhos, antes de se aproximar mais de Saito.

    – Bem, por sorte, você não é o único que deseja ver mudanças no trono. A planta venenosa chegou hoje pela manhã, e já a coloquei na comida do rei – revelou Kureta, sua voz calma, quase como se estivesse discutindo um simples diagnóstico médico. – Se tudo correr como planejado, Sua Majestade não viverá mais do que alguns dias.

      Saito, por um momento, ficou em silêncio, absorvendo a informação. Então, um sorriso lento e cruel espalhou-se por seu rosto, e ele soltou uma risada alta que ecoou pelo corredor.

    – Finalmente uma notícia boa – disse ele, com evidente satisfação.

    Kureta, no entanto, não compartilhava da mesma empolgação. Ele ajustou os óculos e fixou o olhar em Saito. – Não se esqueça do que prometeu, duque.

    Saito virou-se de lado, ainda rindo baixinho, e respondeu sem olhar para o médico: – Não se preocupe, Kureta. Eu sempre cumpro minhas promessas.

      Kureta observou o duque com um olhar calculista, mas não disse mais nada. Ele virou-se e seguiu pelo corredor oposto, deixando Saito sozinho com seus pensamentos sombrios e sua satisfação momentânea.

      O duque olhou uma última vez para o corredor por onde Hiroshi e Haruki haviam saído, o ódio ainda brilhando em seus olhos.

    – Você pode ser o homem mais forte de Imperion, Hiroshi – murmurou ele para si mesmo. – Mas até os mais fortes caem.

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