Índice de Capítulo

    No horizonte, um lugar simplesmente divino desvelava-se aos olhos de quem se aventurava a observá-lo.

    Tudo brilhava em tons intensos de dourado e branco, emanando uma luz suave e acolhedora que banhava toda a paisagem.

    As construções do local eram verdadeiramente magníficas, feitas de materiais que reluziam como ouro puro sob a luz celestial.

    Torres altas e esguias, palácios imponentes e templos majestosos pontuavam a terra, cada um adornado com detalhes ricos e decorações que pareciam ter sido esculpidas por mãos divinas.

    As ruas eram pavimentadas com pedras cintilantes que refletiam a luz de maneira hipnotizante, e jardins floridos exuberantes se estendiam por toda parte, repletos de flores de cores vibrantes e exóticas, cujos perfumes enchiam o ar com fragrâncias suaves e envolventes.

    No céu, seres maravilhosos voavam livremente, suas asas grandes e resplandecentes batendo suavemente, criando uma melodia silenciosa que enchia o ar.

    Eram pessoas, mas não como as conhecemos; elas possuíam asas magníficas, semelhantes às de anjos, que se estendiam majestosamente, refletindo os raios dourados do sol divino.

    Um jovem rapaz, magro, porém definido, desceu dos céus, suas asas brilhando em tons de dourado e branco. Ele pousou suavemente na grama macia de um jardim florido e começou a caminhar entre as flores exuberantes e coloridas.

    Seus olhos brilhavam com uma luz pura e serena, refletindo a paz e a beleza do lugar.

    — Lizzy! Cheguei!

    Ao longe, ele avistou sua irmã, uma criança loira com pequenas asas delicadas, que brincava entre as flores, sua risada cristalina ecoando pelo jardim.

    — Cirrus! — Os olhinhos dela brilharam e, batendo asas, se jogou nos braços do irmão. — Você demorou…

    — Eu sei, tivemos muito trabalho dessa vez, mas já estou em casa.

    — Cirrus! — Mais dois jovens se aproximaram vindos do céu. — Por onde aqueles idiotas levaram você dessa vez?

    — Eles não são idiotas… — disse, colocando a irmã no chão. — São os grandes Devas que fazem nossa…

    — Nossa proteção é blá, blá, blá, mas onde foi dessa vez?

    Lizzy começou a correr atrás de uma borboleta.

    Coçando a nuca, Cirrus suspirou.

    — Abriram alguns portais por perto… eu os ajudei a fechar.

    — Desembucha — um dos amigos deu um passo à frente. — Se fosse só para isso, os Devas resolveriam sozinhos. Por que eles precisaram de você especificamente?

    Cirrus olhou para um e depois para outro.

    — Certo… conseguem manter segredo?

    — É claro que a gente consegue!

    Ele suspirou, se arrependendo em antecipação.

    — Havia alguns seres atravessando o portal… os Devas acham que… são seres do abismo…

    Os amigos se entreolharam.

    — Hehe! Pare de brincar com essas coisas, o abismo está há milhões de anos daqui, não tem como criar uma barreira direta para cá.

    — Esqueceu que alguém está tentando derrubar o véu? — disse o outro amigo. — Essas coisas podem ser verdade, Cirrus está bem sério.

    — Sei… ainda não acredito nisso-

    Crunch!

    Uma espada atravessou o abdômen do rapaz. Sem entender o que havia acontecido, ele olhou para trás e viu um espectro usando armadura negra e seus olhos eram verdes fulgurantes.

    Antes que Cirrus pudesse reagir, mais espectros começaram a sair dos portais, uma miríade deles avançando rapidamente em direção aos jovens.

    O outro amigo de Cirrus foi atacado e morto brutalmente diante de seus olhos. O terror tomou conta de Cirrus, que gritou desesperadamente pelo nome de sua irmã.

    — Lizzy!

    Ao ouvir o grito do irmão, Lizzy virou-se assustada.

    Um portal sinistro se abriu atrás dela, e no momento em que um espectro se preparava para atingi-la, Cirrus, movido por um poderoso impulso, concentrou sua energia e fez o espectro ser destruído de dentro para fora, fazendo-o desaparecer como fumaça.

    Ele correu para sua irmã, pegando-a no colo rapidamente. Batendo suas asas poderosas, ele voou para longe daquele local ameaçador.

    De uma altitude segura, ele olhou em volta e viu milhares de espectros emergindo dos portais, espalhando-se como uma praga.

    — Irmão… — chamou a assustada Lizzy. — O que está acontecendo?

    “Tsc… onde estão os Devas?”

    Um enorme portal se abriu abruptamente acima de Cirrus, um redemoinho escuro e aterrador que parecia engolir toda a luz ao seu redor.

    De dentro do portal, emergiu uma gigantesca cabeça de dragão, suas escamas escuras e olhos ardentes fixados em Cirrus, pronto para abocanhá-lo e devorá-lo em um único golpe.

    — Merda!

    Booooom!

    No instante crítico em que a terrível criatura estava prestes a atacar, uma poderosa explosão de luz e energia irrompeu do lado de Cirrus, atingindo a cabeça do dragão em cheio e desintegrando-a em uma chuva de faíscas e fragmentos etéreos.

    Cirrus virou-se para o lado, ofegante e aliviado, e seus olhos encontraram os de um Deva imponente. O Deva era um homem de aparência majestosa, com um corpo musculoso e cabelos longos que fluíam como fios de ouro puro, e um rosto anguloso que irradiava poder.

    Suas asas enormes e resplandecentes se estendiam majestosamente atrás dele, brilhando com uma luz dourada.

    — Cirrus, o abismo está se aproximando mais do que imaginávamos — disse o Deva, sua voz ressoando com autoridade e preocupação. — Leve sua irmã para um local seguro e volte para a batalha!

    Cirrus assentiu, recuperando-se rapidamente de seu choque inicial.

    — Ce-certo!

    Ele abraçou a irmã com carinho, garantindo que ela estivesse a salvo e bateu as asas, voando para longe.

    O Deva, percebendo a necessidade de uma ação decisiva diante da crescente ameaça, ergueu sua espada imponente acima da cabeça.

    — Criaturas do abismo são fracas contra a luz do nosso mundo!

    Seus olhos brilharam com determinação. A espada irrompeu em chamas de luz dourada, e a energia emanou com uma intensidade avassaladora, obliterando todos os espectros que cercavam o grupo.

    O brilho intenso da luz dissipou a escuridão e restaurou uma sensação momentânea de paz.

    — Soldados! — chamou o Deva. — Magia de luz, ela pode destruí-los! Ajudem o povo!

    Assentindo, eles se espalharam.

    Por um instante, todos acreditaram que a ameaça tinha sido parcialmente neutralizada. No entanto, seus temores se materializaram quando um novo portal sinistro se abriu no chão abaixo deles.

    De dentro do portal, emergiram duas figuras misteriosas, e uma opressiva sensação de peso e escuridão inundou o ar, como se o próprio oceano estivesse se agitando sob seus pés.

    “Mas que energia sinistra é essa?”

    O Deva apertou firmemente a empunhadura de sua espada, preparando-se para enfrentar a desconhecida ameaça. Seus olhos se estreitaram, avaliando rapidamente os recém-chegados.

    — Preparem-se, intrusos! — disse o Deva com uma voz grave e autoritária, seus olhos fixos nos intrusos que agora se aproximavam. — Não tolerarei que nenhum invasor venha perturbar a ordem!

    Braz’gallan, ao lado de Sour’uth, abriu um largo sorriso.

    — Um Deva? — zombou o apóstolo. — É a primeira vez que vejo um de perto. Ele tem uma energia e mana impressionantes… é assustador…

    — Ele destruiu centenas de espectros como se não fossem nada — disse Sour’uth. — Consegue cuidar dele? Irei atrás dos outros Devas. Os espectros não são imortais nesse plano, então isso significa que nós também não somos.

    — Isso só deixa tudo mais interessante!

    — Não deixarei nenhum de você fugir!

    No instante em que o Deva avançou em direção a Sour’uth, que estava conjurando um portal, Braz’gallan estalou os dedos com um gesto de comando. De repente, uma lança etérea foi conjurada com uma velocidade impressionante, voando em direção ao Deva em um ataque surpreendente.

    Ting!

    O Deva, ágil e alerta, conseguiu reagir a tempo, rebatendo a lança mística. Com um golpe poderoso, ele desviou a lança de sua trajetória original. No entanto, o desvio involuntário da lança provou ser desastroso.

    A lança desviada foi arremessada em direção a um dos majestosos edifícios divinos, perfurando sua estrutura e abrindo um buraco devastador.

    Boom!

    O edifício grandioso tremeu violentamente antes de desmoronar em ruínas, levantando nuvens de poeira e escombros.

    — Não é mentira quando dizem que você é uma das criaturas mais poderosas que existem — zombou Braz’gallan.

    O Deva apertou ainda mais a empunhadura de sua espada, seus olhos faiscando em ira.

    — Vamos acabar com isso! — declarou o Deva.

    Ele avançou com determinação renovada, sua espada reluzindo com uma luz divina que cortava a escuridão ao seu redor.

    Braz’gallan, exibindo uma confiança irritante, cruzou os braços e bocejou entediado. Com um gesto casual, ele conjurou uma série de lanças etéreas em uma sucessão rápida e contínua, como se fossem disparos de uma metralhadora.

    Ting! Ting! Ting!

    Impressionantemente, o Deva mostrou uma maestria incrível ao rebater cada uma das lanças conjuradas. Com movimentos ágeis e precisos, ele desviou e neutralizou os projéteis, aproximando-se cada vez mais de Braz’gallan.

    — Peguei você!

    No entanto, no momento em que o Deva pensou estar prestes a alcançar seu adversário, ele foi surpreendido por um golpe devastador.

    Bam!

    Um espectro poderoso, magro e alto, vestindo a mesma armadura enegrecida que os outros, emergiu das sombras e desferiu um golpe poderoso que atingiu em cheio o Deva.

    Boom! Boom! Boom!

    O impacto foi terrível.

    O Deva foi lançado pelos céus, atravessando o espaço com uma velocidade assustadora. Ele atravessou três edifícios imponentes, que desabaram em uma nuvem de poeira e destroços.

    — Hehe! O que achou dessa? O meu amigo aqui foi um rei poderoso em vida. Pelo visto, ele ainda continua poderoso.


    Não havia local para Cirrus se esconder com a irmã, estava tudo um completo caos.

    “Merda! Merda! Merda! O plano superior… está sendo destruído!”

    De repente, ele parou de se mover.

    — Lizzy… precisamos fazer aquilo…

    Os olhos da garota encheram-se d’água.

    — Eu não quero…

    — Precisamos, agora! Vamos sair daqui!

    Limpando as lágrimas, ela assentiu.

    — Tá…

    Cirrus colocou suavemente a mão na testa dela e concentrou uma energia poderosa. Lizzy sentiu uma descarga elétrica intensa percorrer todo o seu corpo.

    Seus olhos se abriram de repente, brilhando com uma luz intensa e deslumbrante, e ela soltou um grito agudo e penetrante.

    Ao mesmo tempo, Cirrus sentiu uma sensação angustiante, como se seu braço estivesse prestes a ser obliterado por uma força avassaladora. A dor era intensa, mas ele manteve sua concentração firme.

    Então, o ar ao redor de Cirrus e Lizzy começou a se distorcer e vibrar com uma energia misteriosa, mas poderosa. Em um instante, os dois irmãos desapareceram, sendo envoltos por uma luz brilhante que os teleportou para longe.

    Bam! Bam!

    Os dois capotaram por um chão de terra, cada um indo para um lado.

    — Lizzy! Lizzy! Você está bem? — Ele tentou se erguer, mas sentiu uma forte dor aguda no braço, ficando onde estava. — Merda!

    Sua irmã estava do outro lado, desacordada e com o nariz sangrando.

    — Porcaria… onde a gente tá?

    Ele olhou ao redor, tentando se orientar em meio à escuridão.

    — Uma caverna?

    Cirrus sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A luz era escassa e difusa, projetando sombras sinistras nas paredes rochosas.

    Na penumbra, seus olhos se ajustaram e ele avistou uma criatura enorme e ameaçadora. A escuridão ocultava muitos de seus detalhes, mas os olhos da criatura eram visíveis — grandes e avermelhados, brilhando com uma intensidade feroz e penetrante na escuridão.

    — Porcaria!

    De repente, chamas intensas irromperam das costas da criatura, iluminando-a por completo em uma aura de fogo e luz.

    — Merda!

    A visão revelou a criatura em sua totalidade majestosa: um bico enorme adornava sua cabeça, e seu corpo robusto possuía quatro patas poderosas de falcão. Dois pares de asas imponentes se estenderam, desdobrando-se para exibir sua magnitude impressionante.

    Sua cauda era longa e penada, e sua pelagem exibia uma mistura vibrante de tons vermelhos e alaranjados.

    Cirrus, tomado por surpresa e assombro, recuou abruptamente e caiu para trás, seus olhos arregalados fixos no monstro.

    No entanto, ao invés de mostrar agressividade, a criatura mística se sentou calmamente, observando Cirrus com uma expressão de curiosidade em seus olhos ardentes.

    As chamas que antes ardiam ferozmente em suas costas começaram a diminuir em intensidade. — Não vai me machucar… vai? — balbuciou Cirrus para si enquanto recuperava o fôlego. — Você… minha nossa… isso é… uma fênix?

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