Índice de Capítulo

    Yonolondor deslizou a mão pela empunhadura de sua espada, a lâmina reluzente refletindo os últimos raios de luz do dia nublado.

    Com um movimento fluido e preciso, ele a desembainhou, revelando o brilho frio do aço contra o fundo cinza e sombrio do céu.

    Montado majestosamente em seu cavalo, ele olhou para o imponente muro de três metros à sua frente. A grama sob os cascos de seu cavalo estava seca e quebradiça, como se o próprio solo estivesse em luto.

    O ar entorno estava carregado de tensão, a atmosfera pesada e opressiva sob o manto de nuvens escuras.

    Atrás dele, montados em seus cavalos e envoltos em capas escuras que os camuflavam na penumbra, estavam Colin e Samantha.

    — Devemos deixar os cavalos aqui e prosseguir a pé — disse Yonolondor cortando o silêncio. — É muito arriscado tentar levá-los além deste muro.

    Concordando em silêncio, aqueles dois desmontaram, as capas escuras se movendo suavemente com o vento. Eles rapidamente pegaram suas armas e suprimentos.

    Colin deu um tapa rápido e decisivo na lateral do cavalo, incentivando o animal a disparar com velocidade, seguido pelo cavalo de Samantha que também acelerou com um único estímulo. E por fim, o cavalo de Yonolondor também debandou.

    — Eu vou cuidar disso — disse Samantha, aproximando-se do muro de pedra. Com um toque suave e concentrado, ela apoiou a mão na superfície áspera da parede.

    Parte do muro começou a se desintegrar, transformando-se em folhas que caíam suavemente ao chão.

    — Podemos passar agora — ela anunciou.

    O trio atravessou o muro, emergindo em um cenário desolador e sombrio. A terra à frente deles estava estéril e sem vida, como se a própria natureza tivesse sido sugada de sua vitalidade.

    Ao longe, avistaram um vilarejo abandonado, as estruturas das casas em ruínas e o silêncio envolvendo tudo.

    — Quando parti, essa vila ainda era habitada… bem, eles devem estar mais ao sul, vamos dar uma olhada e sair daqui.

    Yonolondor parecia tenso. Com a mão apoiada na empunhadura, ele avançou em direção ao vilarejo.


    No interior das casas em ruínas, o trio avançava cautelosamente, cada porta que abriam revelando mais do abandono e desespero que se abateu sobre a vila.

    Yonolondor, com sua expressão séria, abria gavetas empoeiradas, suas mãos deslizando sobre documentos amarelados e objetos esquecidos pelo tempo.

    Samantha, por sua vez, parou diante de uma parede adornada com pinturas de famílias sorridentes. As imagens retratavam momentos felizes, congelados no tempo.

    Brinquedos de madeira estavam espalhados e empoeirados pelo chão, e bonecos de pano jaziam abandonados nas camas, testemunhas silenciosas da infância feliz que um dia ecoou por aqueles corredores.

    O silêncio era quebrado pelo sussurro do vento passando pelas janelas quebradas.

    Yonolondor estava prestes a deixar um dos quartos quando ouviu o som distinto de algo embaixo de seus pés. Seu instinto imediatamente o alertou, e ele se virou rapidamente para investigar.

    Samantha e Colin, que estavam explorando outra residência nas proximidades, também perceberam o ruído.

    Booom!

    Antes que pudessem reagir ou chamar um ao outro, uma explosão ensurdecedora irrompeu, sacudindo o solo e enviando uma onda de choque que fez as paredes das casas tremerem.

    O estrondo ecoou pelo vilarejo deserto.

    Samantha e Colin emergiram apressadamente da casa em que estavam. A poeira pairava no ar, obscurecendo a visão e tornando o ar ainda mais pesado e sufocante. De dentro da nuvem de poeira, uma silhueta ameaçadora começou a se formar.

    Aos poucos, a forma sinistra de um Hobglunber tomou contorno. A criatura era um terrível híbrido de sombra e carne, resultado de magias negras que fundiam os elementos em uma entidade vil semelhante a um sapo.

    O Hobglunber erguia-se a mais de seis metros de altura, sua pele viscosa e escura expondo sua natureza repulsiva. Seus olhos brilhavam com uma malícia ardente, e o cheiro de podridão e decadência emanava de sua forma grotesca.

    Antes que a criatura pudesse avançar, Yonolondor emergiu da nuvem de poeira com um salto ágil e preciso, como um falcão descendo sobre sua presa. Sua katana reluzia com uma intensidade cortante, a lâmina perfeitamente alinhada e pronta para o combate.

    O enorme sapo rugiu furiosamente e estendeu sua mão grotesca na direção de Yonolondor. Com uma habilidade impressionante, o espadachim imbuiu sua lâmina com mana e, em um movimento rápido e preciso, decepou quatro dedos da criatura, que soltou um rugido ensurdecedor de dor.

    Samantha, empolgada, tirou uma moeda do bolso, mas Colin segurou delicadamente seu pulso. Ele queria ver Yonolondor superar aquela ameaça sozinho.

    O Hobglunber, com sua força monstruosa, lançou seu braço em um golpe poderoso em direção ao espadachim, que se preparava para o próximo movimento.

    “Aí vem ele!”

    Com reflexos afiados, o guerreiro saltou, evitando por pouco o ataque devastador.

    Boom!

    Com um movimento audacioso e ágil, Yonolondor aterrissou no longo braço da criatura, que foi violentamente chocado contra o chão.

    Em um golpe preciso e certeiro, Yonolondor cravou sua lâmina afiada no membro do Hobglunber e, em um movimento fluido e veloz, ele disparou em uma corrida determinada, cortando o braço da criatura enquanto mirava o olho ardente do monstro.

    No entanto, o Hobglunber não estava disposto a ser derrotado tão facilmente. Mesmo com uma mão mutilada, agora sem seus dedos, a criatura lançou um contra-ataque feroz.

    Bam!

    O golpe violento atingiu Yonolondor em cheio, lançando-o pelo ar. Ele colidiu com o chão com força, arremessado contra uma das residências próximas, o impacto destruindo a mesma.

    O ar foi expulso de seus pulmões e ele lutou para se recuperar rapidamente, avaliando a situação e buscando uma oportunidade para retomar o combate.

    — Merda… isso machucou…

    — A gente devia ajudar — disse Samantha.

    — Se ele morrer, então significa que o poupar foi perda de tempo.

    Com os olhos fechados, Yonolondor concentrou-se profundamente, dobrando os joelhos e assumindo a sua posição de sacar a espada.

    Uma aura pulsante de mana envolveu sua Katana, banhando-a e refinando-a até atingir seu potencial máximo. Vapor escapou de sua boca em um suspiro controlado, sua respiração ritmada ecoando a calma antes da tempestade.

    O Hobglunber avançou, sua presença maciça fez o chão tremer a cada passo. Com os olhos agora abertos e sua lâmina pronta, o espadachim lançou-se contra a criatura.

    Seu braço se moveu em uma sequência vertiginosa de movimentos, a Katana cortando o ar com uma velocidade e precisão impressionantes.

    Swin! Swin! Swin!

    A lâmina encontrou seu alvo com uma eficiência letal.

    O Hobglunber foi despedaçado em uma série de cortes rápidos e devastadores, sua forma gigantesca se desintegrando em pedaços que caíam pelo vilarejo como uma chuva de vísceras grotescas.

    Colin e Samantha, que estavam abrigados sob a soleira de uma porta, foram salvos do banho de sangue.

    — Foi um bom movimento — comentou Colin.

    — Que velocidade… — murmurou Samantha.

    Yonolondor caminhou para perto de Colin embainhando sua lâmina.

    — Passei no seu teste? — ele zombou.

    — Isso nem pode ser chamado de teste. Vamos, quero encontrar algum abrigo antes que comece a chover.

    Colin afastou-se rapidamente, até que uma série de explosões ressoou ao redor deles.

    Boom! Boom! Boom!

    Do solo surgiram mais criaturas.

    O rei virou-se para sua companheira — Dê um jeito nisso, Samantha.

    — Certo.

    Yonolondor observou Samantha com uma mistura de ceticismo e curiosidade.

    “Essa mulher… transformou pedra em folhas, né? É uma transmutadora? Sua aparência é delicada demais para ser uma guerreira, mas se ela está andando com o rei de Runyra significa que algo para mostrar ela tem, mas o quê? Transmutadores não costumam ser habilidosos.”

    Focada, Samantha transformou a moeda em sua mão em um arco longo. Ela revirou o interior de sua capa e puxou outra moeda, que transformou em cinco flechas afiadas.

    Com olhar afiado, ela analisou o vento, a distância e a precisão que era necessária.

    Ela mirou e disparou todas as flechas de uma vez.

    Stuck! Stuck! Stuck!

    As flechas voaram e cravaram-se nas criaturas, mas Yonolondor pareceu surpreso e confuso com o resultado, avaliando rapidamente a eficácia de seu ataque.

    Samantha desfez o arco com um movimento fluido e guardou a moeda de volta no bolso, mostrando uma expressão de desinteresse pelo desenrolar da batalha. Ela deu as costas ao combate, caminhando com passos decididos até onde Colin estava.

    “O que essa transmutadora está fazendo? Os monstros continuam vivos!”

    As criaturas avançaram rapidamente em direção ao grupo, fazendo o solo tremer e vibrar sob seus pesados passos.

    — Espera, é só isso? As criaturas ainda continuam vivas e vindo até nós!

    — É melhor sair de perto — disse ela.

    — O quê?

    Ela estalou os dedos com um gesto confiante e as flechas irromperam em cinco explosões magníficas e vibrantes.

    A onda de choque resultante foi tão intensa e poderosa que Yonolondor se protegeu instintivamente, cruzando os braços e mantendo-se firme para resistir à força do impacto.

    As criaturas foram completamente obliteradas pelo poder da explosão, reduzidas a nada além de fumaça e destroços espalhados pelo vilarejo.

    Quando a poeira finalmente baixou e o perigo foi neutralizado, Yonolondor olhou para trás e avistou os dois a uma distância segura.

    — Uma transmutadora habilidosa? Tsc… esses dois… são aberrações — murmurou para si. — A mulher sozinha poderia vencer um batalhão de mil homens só usando essa habilidade, mas claro, o problema maior é o rei de Runyra. Existe um abismo entre nós… merda!

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