Capítulo 390 – Aliança improvável.
Orcs marchavam pelas ruas da grande cidade de Runyra em um número impressionante, mais de cinco mil deles em uma coluna imponente que se estendia pela rua principal.
As pessoas da cidade observavam com temor e apreensão, mesmo que os orcs parecessem inofensivos naquele momento. Era raro ver uma concentração tão grande de orcs de forma tão expressiva, e isso causava um desconforto palpável entre os habitantes da cidade.
Lá fora, Cykna estava posicionada para recebê-los, mantendo-se atenta e observando a situação com cautela.
Enquanto isso, Ayla e Brighid estavam no quarto de suas crianças. Brighid amamentava os bebês, e Ayla olhava pensativa pela janela. Uma carta estava em suas mãos, e ela parecia visivelmente zangada com o conteúdo que havia lido.
Brighid, com um olhar preocupado, quebrou o silêncio, cabisbaixa. — Você acha que Colin ainda vai demorar, Ayla?
Ayla suspirou, olhando para a carta em suas mãos antes de responder. — Ele disse que não demoraria, mas já faz duas semanas desde que ele partiu. Ele prometeu que voltaria logo.
Brighid olhou para Ayla com curiosidade e apreensão.
— O que mais diz na carta?
Ayla hesitou por um momento.
— Ele escreve que vai tomar Rontes do Sul com a ajuda dos Orcs. Quer que eles marchem até lá e, se possível, comecem a invasão. Ele promete resolver tudo rapidamente e voltar para casa. Ele diz que pensa em nós e nas crianças todos os dias… e pede desculpas por mais uma promessa quebrada…
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Brighid refletiu por um momento antes de responder, tentando confortar a amiga.
— Ele está lidando com um problema importante, Ayla. É difícil para ele também…
Ayla suspirou profundamente, os olhos refletindo uma mistura de amor e frustração.
— Você tem razão.
Ayla olhou nos olhos de Brighid.
— Eu já enviei um dos meus melhores assassinos para lidar com o problema dos Elfos negros. Isso não vai demorar.
Tobi rolou no chão após um golpe mal calculado, deixando sua espada cair ao lado dele. Estava em um treino intensivo contra Valagorn, com Meg e Hamald também participando.
Meg, determinada, suspirou e sua espada foi banhada com mana. Ela avançou com agilidade, sua espada encontrando a de madeira de Valagorn em um duelo intenso.
Tac! Tac! Bam!
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Porém, Valagorn conseguiu acertar o braço de Meg e, rapidamente, se esquivou para golpeá-la nas costas com a parte chapada de sua espada de madeira, derrubando-a no chão.
Hamald, tentando aproveitar o ponto cego de Valagorn, avançou com sua espada também imbuída em mana. No entanto, Valagorn foi mais rápido, acertando um coice no queixo de Hamald e o derrubando ao lado de Meg.
Os três ficaram no chão, se contorcendo de dor, enquanto Valagorn sorria com satisfação.
— Faltam apenas três dias para a prova de seleção — disse Valagorn, observando os três caídos. — Vocês são fracos individualmente, mas a força do trabalho em equipe de vocês pode ser o suficiente para enfrentar as adversidades da torre.
Ele se aproximou deles.
— Vocês já conseguem imbuir objetos com mana, o que os dá uma vantagem. Devem explorar mais suas árvores e arriscar golpes usando seus poderes. Tobi, você é da árvore da pujança; deve usar isso melhor no combate corpo a corpo. Meg, você é da árvore do pélago; se soubesse manipular melhor a água, seria uma adversária formidável. E Hamald, você é da árvore da terra; seu corpo pode se tornar tanto uma lança quanto um escudo.
Valagorn se afastou, retomando sua posição inicial.
— Vamos fazer mais algumas rodadas até que vocês tenham isso em mente.
Yuki estava imerso em suas lembranças enquanto observava a ruiva afiando sua adaga. Ele usava roupas orientais e grossas, com um capuz sobre a cabeça.
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— Dhathrarn está demorando, será que aconteceu algo? — ele perguntou.
— Não. Ele só está fazendo o reconhecimento — Ela se virou para ele. — A rainha vai mesmo pagar o que você exigiu?
— É claro que vai, ela confia na gente — disse ele se deitando em um amontoado de folhas secas.
— Bem, a gente já tem dinheiro o suficiente, devíamos nos aposentar. Já tenho quase trinta e cinco, logo não poderei ter mais filhos, e nenhum homem irá querer se casar comigo.
— Não pense demais nisso, existe louco para tudo.
— O que disse?
— Nada, vou tirar um cochilo, se Dhathrarn chegar, me acorda.
O sol estava se pondo atrás das montanhas, criando uma visão que o transportou Yuki de volta para casa.
Anos atrás, seu irmão mais velho estava se preparando para assumir a liderança da família. Yuki nunca foi próximo de seus irmãos, principalmente porque sua mãe era uma Elfa concubina que havia dado à luz a ele e sua irmã mais nova.
Embora seu pai insistisse que todos os nove filhos fossem tratados igualmente, Yuki sempre se sentiu distante.
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A guerra nas ilhas Janesi nunca havia realmente cessado; apenas diminuíra em intensidade. Rumores diziam que um homem chamado Sato Honda, um habilidoso aprendiz de espadachim, estava organizando a formação de um clã para tomar todas as ilhas Janesi.
Tentado pelo poder, o irmão mais velho de Yuki começou a se organizar, aumentando os membros de seu clã e se preparando para a iminente guerra.
Yuki, sentindo o perigo iminente, decidiu fugir para o ocidente. Ele não morreria na guerra de seu irmão. Lembrou-se vividamente de sua irmã mais nova correndo até ele na beira da praia, seu quimono dificultando seus passos largos.
Ela gritou, sua voz embargada pelo choro, dizendo que queria ir com ele, mas Yuki a ignorou. Seria melhor para ela permanecer com a família.
Mesmo sendo uma mestiça, logo se tornaria uma mulher e, com sorte, seria a concubina de algum líder de clã poderoso. Apesar de ter se passado quatro anos, ele ainda não havia esquecido o rosto dela naquela despedida.
Woosh!
Dhathrarn apareceu entre Yuki e a ruiva, o Elfo Negro impecável e sem nenhum arranhão.
— E então? — indaga Yuki de olhos fechados.
— Estamos próximos de nossos alvos. Estive no acampamento deles. Os soldados estavam falando sobre a diocese de Barlog. Elfos Negros fizeram um cerco àquela cidade, enquanto o restante continuou avançando pelo sul. Restam apenas algumas poucas cidades no país livre de Kyros que ainda resistem, e outra parte do exército marcha pelo norte.
— Então o exército se dividiu mesmo, né?
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— Sim, para o norte e sul, mas há vários grupos menores que se espalharam por todo o oeste.
Yuki suspirou.
— Isso vai dar trabalho. Onde está o líder do grupo mais próximo?
— Está bem próximo daqui. Seu nome é Miogve. Escuta, Yuki, já ouvi falar dele, é um usuário habilidoso da árvore do silêncio.
— Tá tudo bem, a gente será letal como sempre.
A ruiva se levantou.
— Vamos partir logo — disse ela. — É melhor atacarmos quando a lua estiver sobre nossas cabeças.
Ambos assentiram.
Não muito longe dali, o acampamento de Miogve era uma visão de decadência e indulgência. Sentado com os pés apoiados sobre a mesa, o líder elfo negro observava um punhado de anéis valiosos.
Seus homens estavam espalhados pelo acampamento, imersos em uma atmosfera de celebração, bebendo e festejando com as mulheres humanas que haviam capturado.
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A poucos metros de Miogve, uma jaula abrigava diversas mulheres humanas, oferecidas como prêmios para os elfos bêbados que desejassem escolher uma companhia para a noite.
— Vamos cruzar o deserto de Caliman? — perguntou um dos capangas.
Miogve jogou os anéis de volta à mesa com desdém.
— Não, vamos avançar em direção ao império do Sul e nos estabeleceremos às portas de Runyra. — Ele abriu um sorriso perverso. — O rei de Runyra, ele tem duas esposas, todos dizem que suas belezas destoam bastante das demais. Quero tê-las para mim. Já tomou uma imperatriz antes, soldado?
Ele fez que não. — Será que o gosto é diferente?
— Claro que é, uma Santa deve ser deliciosa. Estou ansioso para saber como é. Não é justo um homem ter duas esposas, ainda mais duas esposas tão bonitas quanto dizem os boatos.
— É uma mania dos Elfos da floresta, eles estão sendo extintos, né?
— Se esse é o problema, a gente ajuda a aumentar a população.
— Hehe! É uma ótima ideia! Mas, senhor, tomá-las antes de Ghindrion não seria uma afronta?
— Ele não é como a gente. Depois que eu tiver feito, vocês ficam com as sobras.
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O capanga lambeu os beiços.
— Vou falar com os rapazes, eles devem ficar animados.
— Certo, vá.
Assim que o capanga deixou o cômodo, Miogve olhou para o canto. — E você, há quanto tempo está aí, espionando?
Elnan deixa a escuridão coberto por uma capa escura. Ele joga o capuz para trás e abre um sorriso de canto.
— É corajoso para vir até aqui sozinho.
— Ouvi o que disse ao soldado. Você fala tudo isso como se fosse fácil — Elnan olhou ao redor e caminhou até se sentar em uma cadeira. — Runyra pacificou o Norte, todo o Norte. Eles têm gigantes, as bestas do território hostil e os orcs sob seu comando, e vocês são quantos? Vinte? Trinta mil elfos negros?
Franzindo o cenho, Miogve tirou os pés da mesa.
— Veio me fornecer alguma informação, homenzinho misterioso?
Elnan assentiu com um sorriso.
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— Colin não está em Runyra, e para sua sorte, as esposas dele têm muitos filhos pequenos. Você é um homem de sorte, porque estou aqui em nome do imperador do sul, Lumur. Ele permite que marchem por seu território sem complicações, mas, em troca, ele quer que poupe os civis.
Miogve abriu um sorriso de canto.
— Por quê? — indagou o Elfo.
— Runyra é um estorvo para ele também. Se isso fosse resolvido, ele ficaria agradecido, mas o único problema é que Runyra é forte demais. Eles colocaram muitos nomes famosos tomando conta de regiões que fazem fronteira com a capital. Dentre eles, Leerstrom e Brag, o amputador.
Elnan enfiou a mão no interior da capa e retirou um pergaminho, entregando para o Elfo, que o desenrolou. Nele havia desenhos de Falone, Lettini e Dasken, especificando suas habilidades.
— Esses são os nomes por trás dos carniceiros do centro-leste. Se conseguir matá-los, desestabilizará Runyra. Se eles espalharem suas forças, a capital ficará mais fraca, é aí que meus parceiros entram.
— Parceiros?
Um portal se abriu atrás de Elnan, e de dentro, saiu Saeliel também coberto por uma capa escura, o mesmo errante que havia jurado destruir os Bëoranar.
Miogve relaxou na cadeira com uma expressão debochada.
— Um errante? — zombou. — Por que eu me juntaria a você? Um dia, vocês trouxeram Tiamat até nós e quase nos aniquilou.
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— Vocês, Elfos negros, não são fortes como pensam — disse Saeliel. — São bárbaros, selvagens e pensam que estão acima de qualquer um. Se quiser atacar Runyra, vá em frente, mesmo com a ajuda do Sul, você será aniquilado.
— Está me subestimando, errante?
— É a verdade. Runyra não é um país, é um império. Ayla ainda não posicionou seu exército, muito menos mobilizou seus homens. Ninguém a viu lutar na linha de frente, e mesmo assim ela nunca perdeu uma batalha. Se ela ainda não fez nada contra você, é porque ela tem um plano.
— Hehe! — Miogve gargalhou. — Então está dizendo que eu deveria ser cauteloso com uma mulher mestiça que acabou de parir?
Saeliel dá as costas. — Não há como fazer um acordo com Elfos Negros, eles não ouvem a razão. De qualquer modo, eu mataria os dois assim que Runyra estivesse aniquilada.
— É um Errante arrogante, garoto.
— Não preciso de vocês para agir — Saeliel deu alguns passos e assim que abriu a porta, percebeu algo estranho.
O som das festividades havia desaparecido, assim como os rastros de mana. Ele se virou, olhando para a jaula onde as mulheres estavam, e para sua surpresa, elas não estavam mais ali.
Miogve e Elnan também não haviam percebido.
“Uma habilidade do silêncio?” pensou Miogve erguendo-se apressado.
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— Atrás de você, errante!
Crunch!
Saeliel deu um passo para o lado e uma mão fez sua orelha e parte de sua bochecha desaparecer. Num piscar de olhos, ele adentrou um portal.
A ruiva estava ali, com o braço estendido e um sorriso no rosto.
— Parece que o efeito surpresa falhou — ela zombou.
Miogve sentiu um arrepio na espinha e virou-se, sacando sua cimitarra.
Ting!
Yuki cruzou olhares com ele.
— Ouvi que você também era um usuário do silêncio, Elfo.
Miogve respondeu com um sorriso.
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— A rainha de Runyra mandou vocês, né?
— Bingo!
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